Construção de metodologia para análise de plantas de apartamentos de interesse social

 

Mayara Silva Dias

 


Universidade de São Paulo l Escola de Engenharia de São Carlos l Departamento de Arquitetura e Urbanismo l Programa de Pós-Graduação em Arquitetura l Monografia apresentada à disciplina Habitação, metrópoles e modos de vida:uma relação moderna l Professor Dr. Marcelo Tramontano.

 

 

São Carlos_ Dezembro, 2004.

 

 

Apresentação     01

Introdução     02

Coleta de metodologias     03

Estudo preliminar dos possíveis critérios   04

Considerações Finais   05

Bibliografia   06

 

 

 

 

 

 

01

 

apresentação

 

Esta monografia traz um estudo preliminar sobre construção de metodologia de análise de plantas de apartamentos de interesse social. A necessidade de uma metodologia específica para análise desse tipo de habitação se faz necessária para a pesquisa de mestrado em desenvolvimento, intitulada “[DES]Interesse Social: a imagem dos apartamentos em São Paulo.

 

A disciplina “Habitação, metrópoles e modos de vida: uma relação moderna” contribui para minha dissertação no que diz respeito a abordagem de formas de habitar e novos modos de vida nos mais diferentes lugares e períodos. A apresentação de produções habitacionais na Europa, nos EUA e em países subdesenvolvidos, ajudou na reflexão desta monografia. O resultado deste estudo será de grande importância no contexto da elaboração da Dissertação de Mestrado.

 

 

 

 

 

 

 

02

 

Introdução

 

Esta monografia abrange a construção de metodologia de análise de plantas de apartamentos de interesse social questão da habitação no Brasil. O objetivo deste trabalho é realizar um primeiro estudo sobre possíveis critérios de análise das plantas, através da coleta de estudos já realizados por outros pesquisadores. As metodologias auxiliarão da elaboração de uma metodologia específica para ser aplicada à análise de plantas de apartamentos de interesse social.

 

Verifica-se que os estudos realizados não utilizam como suporte a planta do apartamento, mas sim o espaço construído. Através da metodologia construída e aplicada nas análises, deseja-se verificar como se deu a evolução dos desenhos dos espaços domésticos nesse tipo de habitação, quais as alterações de padrões e sua relação com a evolução social e analisar a qualidade do espaço a partir das plantas dos apartamentos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

03

 

Coleta de metodologias

 

Metodologia 01

 

 

TRAMONTANO, M. S Q C B : apartamentos e vida privada na cidade de São Paulo. Pesquisa apresentada à Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, como parte dos requisitos para obtenção do grau de livre-docente. São Carlo: EESC_USP, 2004.

 

 

Metodos de análise:

 

  1. Leitura transdisciplinar
  2. Leitura espacial: nomenclatura, forma, tamanho, posição em relação aos demais cômodos, usos que seus equipamentos e peças de mobiliário indicam.

 

 

 

Metodologia 02

 

 

SLOMIANSKY, A. P. Cidade Tiradentes: a abordagem do poder público na construção da cidade. Tese de Doutorado apresentada a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. São Paulo: FAU_USP, 2002.

 

Observação: A explicação desta metodologia ainda não está concluída.

 

Análise dos projetos produzidos entre 1965 e 1999 pela COHAB_SP, estudo detalhado do complexo cidade Tiradentes, incluindo os aspectos demográficos, territoriais e socio-econômicos do seu entorno de implantação.

 

  1. Levantamento e Registro dos projetos originais_Fichas:

Denominação oficial;

Localização;

Anos de início e entrega das etapas das obras;

Superfície das glebas;

Número e tipo de unidades construídas em cada etapa;

População estimada;

Situação fundiária;

Mapas de localização dos conjuntos na data de entrega das obras.

 

 

 

Metodologia 03

 

 

NAKANO, A. K. 4 COHABs da zona Leste de São Paulo: território, poder e segregação. Dissertação de Mestrado apresentada a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. São Paulo: FAU_USP, 2002.

 

 

Comparação, a partir de indicadores extraídos do IBGE, a realidade sócio espacial das COHABs com o conjunto de distritos da zona leste paulistana e com o município de São Paulo como um todo.

 

A partir de fotos aéres mostrando a área de cada COHAB em um momento antes e outro depois da implantação do empreendimento habitacional, verifica-se a sua relação com o processo de urbanização mais geral.

 

Entrevistas com algumas pessoas que estiveram diretamente envolvidas em um violento processo de disputa territorial na cidade de Sào paulo na última década.

 

Escolha dos conjuntos_2 Fatores:

  1. Características físicas marcadas pela grande dimensão e pela forte presença dos prédios de apartamentos com uma morfologia peculiar que marca a paisagem urbana local.
  2. Tempo de entrega das unidades habitacionais que necessitava ser anterior ao Censo do IBGE realizado em 1991.

 

 

Metodologia 04

 

 

ORNSTEIN, S. Avaliação pós-ocupação do ambiente construído. São Paulo: Studio Nobel / EDUSP, 1992.

 

  1. Materiais e técnicas construtivas: solos e fundações, estrutura linear, estruturas especiais, estruturas mistas, juntas de dilatação, cobertura, drenagem de águas pluviais, instalações, telefonia, paisagismo, impermeabilização, segurança contra incêndio, alvenarias, divisórias leves, revestimentos, forros, pinturas, acabamentos, caixilharia, vidraçaria.

 

  1. Avaliação Técnico-Funcional: planejamento / programa do projeto, áreas mínimas, dimensionamentos mínimos, armazenamento, circulação interna (usuários / cargas / equipamentos), fluxos de trabalho, áreas de lazer e descanso, flexibilização dos espaços, potencial para mudanças e / ou ampliações, adequação do mobiliário fixo / móveis e equipamentos especiais, sinalização / orientação interna e externa, circulação externa de pedestres e veículos (passeio, caminhões, carga e descarga, estacionamentos), adequação externa e interna a deficientes físicos e visuais (circulação, sanitários, etc), segurança contra acidentes pessoais / roubo, facilidade de manuseio e manutenção de órgãos do edifício (mobiliários e equipamentos – janelas, cobertura, etc.), relação entre área útil e área de circulação, relação entre área efetivamente ocupada e em uso e área eventualmente sem uso (ociosa).

 

 

Metodologia 05

 

 

ROMERO, M. A; ORNSTEIN, S. W. (coord.). Avaliação pós-ocupação – métodos e técnicas aplicados à habitação social. Coleção Habitare. Porto Alegre: ANTAC, 2003.

 

Estrutura básica da pesquisa_Avaliações:

 

  1. Avaliação dos aspectos funcionais: integração do solo residencial com outros usos, tratamento paisagístico ds áreas comuns do edifício, circulação vertical externa, número de pavimentos do edifício versus adequação à escala humana, flexibilidade / arranjo espacial do apartamento, facilidade de manuseio / limpeza das janelas, facilidade de abertura de portas a 90º em função do espaço de utilização, área útil do apartamento / morador, área útil do dormitório, área útil da sala, área útil da cozinha, área útil de serviços, área útil do banheiro / lavatório, pé-direito, circulação/integração entre cômodos no aparatamento, adequação ao uso / equipamento / mobiliário / intensidade de sobreposição de tarefas, área útil / área construída do apartamento, adequação e acessibilidade dos deficientes físicos aos apartamentos, entre outros;

 

  1. Avaliação dos sistemas construtivos: implantação / movimento de terra, infra-estrutura, superestrutura, alvenaria, cobertura e forros, pisos, revestimentos, caixilhos, vidros, pintura, impermeabilização, louças, metais, instalações hidrosanitárias, instalações elétricas e telefonia, águas pluviais, instalações de gás, segurança contra fogo, segurança de utilização, paisagismo, intervenções/usuários, patologias em geral, entre outros;

 

  1. Avaliação energética e do conforto ambiental:

3.1.            Iluminação natural: tipo de abódaba celeste, características do entorno do edifício, considerando-se, inclusive, obstruções, tarefa e campo visual, nível de iluminância, abertura, características do ambiente interno;

3.2.            Consumo de energia;

3.3.            Acústica arquitetônica: fontes de ruído, atividades, níveis máximos aceitáveis de intensidade sonora, reverberação, características e desempenho de materiais e componentes;

3.4.            Conforto higrotérmico: características climáticas e do entorno, atividades do ambiente, características dos ambientes, orientação, insolação, características e desempenhos de materiais e componentes;

3.5.            Ventilação: implantação urbana, distância entre edifícios, direção predominante dos ventos, dimensão e tipologia das aberturas, arranjo espacial da unidade e desempenho de cada ambiente e da unidade habitacional como um todo;

 

  1. Avaliação econômico-funcional: abrange uma análise de “custos versus benefícios”dos edifícios e unidades habitacionais, e leva em consideração as principais sugestões ou melhorias implementadas pelos moradores, tais como modificações do mobiliário, aumento da área construída, alterações das instalações hidráulicas e elétricas, mudança nos acabamentos, entre outras.

 

  1. Avaliação econômica: origem, tempo de moradia, tamanho e composição familiar, níveis de renda, consumo de energia, consumo individual e coletivo, faixa etária, nível de escolaridade, atendimento à demanda de escolas e hospitais, sociabilidade, situação do conjunto habitacional em relação ao bairro, entre outros;

 

  1. Avaliação da satisfação dos usuários: aspecto visual, densidade ocupacional do edifício versus conforto psicológico individual e grupal (privacidade / territorialidade), possibilidade de intervenção no apartamento versus adaptação ao uso, identificação dos moradores com o edifício e suas áreas comuns (manutenção / tratamento paisagístico), espaços e equipamentos qualificados e informais para convivência social, recreação e lazer para crianças/jovens/adultos/idosos, condições de estacionamento em áreas comuns dos edifícios, segurança contra crimes nas áreas comuns dos edifícios, nível organizacional dos moradores para intervir ou implementar programas coletivos de manutenção, e outros;

 

  1. Avaliação da infra-estrutura urbana e áreas livres em geral: disponibilidade de comécio e serviços, distância dos edifícios / habitações ao transporte coletivo, estacionamento de veículos em áreas públicas, rede de iluminação pública, distribuição físico-espacial dos pontos de ônibus / dos equipamentos de saúde / educação / dos espaços de recreação / lazer / comunitários, distribuição estimada do comércio e dos serviços formais e informais, de áreas públicas / comunitárias / calçadas, distribuição físico-espacial de telefones públicos e caixas de correio, segurança contra crimes nas áreas públicas do conjunto, segurança contra incêndio no conjunto (acessibilidade, combate), entre outros.

 

 

Metodologia 06

 

 

MARTUCCI, R.; BASSO, A. Uma visão integrada de análise e avaliação de conjuntos habitacionais; aspectos metodológicos da pós-ocupação e do desempenho tecnológico. In ABIKO, A. K.; ORNSTEIN, S. W. Inserção urbana e Avaliação Pós-Ocupação da Habitação de Interesse Social. Coleção Habitare-FINEP, v.1. São Paulo: FAUUSP, 2002.

 

 

Os estudos estão centrados aos processos interativos entre usuários de informações e:

 

  1. Do conjunto projetual/tecnológico:

1.1.            Avaliação do Produto

1.1.1.      Estudo da compatibilização e harmonia construtiva: estudo feito baseado nas informações obtidas pela pesquisa de campo em cada sistema construtivo, onde se identificam todas as características técnicas e tecnológicas de origem apresentadas pelas empreses para serem comparadas com os procedimentos projetuais, técnicos e construtivos efetuados pelo usuário (ou técnicos habilitados) ao longo do tempo nas unidades habitacionais;

1.1.2.      Estudo de novas possibilidades construtivas: leva-se em conta as necessidades ambientais dadas pelo conceito de moradia, o perfil social, econômico e cultural dos usuários e as características arquitetônicas das unidades em uso. Estudar as condições e possibilidades de ampliações, guardando as características de compatibilização e harmonia construtiva. Estudar os fatores indutores de cada sistema construtivo que propiciem o desenvolvimento de novas tipologias construtivas;

1.1.3.      Estudo do atendimento das necessidades funcionais e ambientais: este estudo estabelece os contornos comparativos entre as propostas físico-espaciais dadas pelos projetos arquitetônicos das unidades e as reais necessidades dos usuários nas suas práticas de uso dos ambientes. Assim se verifica o grau de satisfação dos usuários por ambientes necessários, analisando, entre outros elementos, a adequação de mobiliário à geometria ambiental, os padrões mínimos ergométricos, etc. Incluem-se aqui os estudos sobre eliminação de barreiras arquitetônicas;

1.1.4.      Atendimento aos princípios de racionalização do produto quanto à sua produção: modulação, padronização, precisão, normalização, permutabilidade, mecanização, repetitividade, divisibilidade, transportabilidade e flexibilidade;

1.1.5.      Estudo das características de habitabilidade: segurança etrutural, durabilidade, estanqueidade, segurança contra fogo, etc.

 

1.2.            Condições de habitabilidade:

1.2.1.      Conforto ambiental;

1.2.2.      Conforto luminoso;

1.2.3.      Conforto térmico;

1.2.4.      Conforto acústico.

 

1.3.            Avaliação de produção

1.3.1.      No canteiro de obras: definição e caracterização dos processos de trabalho, definição da trajetória da obra, programação da obra, projeto do canteiro de obras;

1.3.2.      Nas usinas: caracterização, dimensionamento, definição e caracterização dos processos de trabalho, definição da trajetória e do fluxo, projeto das usinas.

 

Equipamentos urbanos de uso coletivo;

Política tecnológica;

Tipologias construtivas;

Fábricas/usinas;

Edificações;

Setor urbano;

Reurbanização;

Zonas especiais de interesse social;

Política serviços públicos;

Estrutura organizacional e operativa: treinamento pessoal e equipamento imobiliário;

Rede integrada de serviços públicos

Educação / saúde / lazer / cultura / abastecimento / transporte / habitações;

Desenho urbano e legislação urbana: tipologia construtiva, mobiliário urbano, paisagismo, legislação urbana, vias, pavimentação, transporte coletivo.

 

 

Metodologia 07

 

 

PEREIRA, F. O. R.; PEREIRA, A. T. C.; SZÜCS, C. P.; PERES, L. F. B.; SILVEIRA, L. R. M. Características da habitação de interesse social na Região de Florianópolis: desenvolvimento de indicadores para melhoria do setor.In ABIKO, A. K.; ORNSTEIN, S. W. Inserção urbana e Avaliação Pós-Ocupação da Habitação de Interesse Social. Coleção Habitare-FINEP, v.1. São Paulo: FAUUSP, 2002.

 

Características projetuais:

  1. Padronização excessiva: implantação, aproveitamento do lote, drenagem, espaços residuais, personalização das unidades, plantas das quadras, fachadas;
  2. Inexistência de muros nos lotes: proteção, segurança, marcação do território, delimitação do espaço privativo, isolamento visual;
  3. Inexistência de espaço para as atividades de serviço: descentralização, proteção dos equipamentos, privacidade nas atividades familiares;
  4. Reservatório de água;
  5. Reformas realizadas sem orientação prévia;
  6. Transição entre espaço público e privado / Identificação da porta de entrada / Localização do portão de pedestres / Organização do acesso social: segurança e privacidade, acesso à casa, identificação do acesso, privacidade e comunicação da imagem do morador;
  7. Localização da área de serviço / Abrigo para veículo / Tratamento do lote / Relação com a área pública / Relação com a atividade produtiva: espaço para atividades diárias de apoio, conservação do patrimônio, drenagem do lote, segurança dos transeuntes, utilização e identificação da atividade comercial;
  8. Inter-relação dos usos / Dimensionamento, localização e quantidade do equipamento e/ou mobiliário / Dimensionamento do ambiente / Utilização do ambiente / Articulação espacial: higiene e conforto, privacidade e circulação, vida familiar, espaço pra atividades diárias;
  9. Espaço de refeições;
  10. Reforma interrompida;
  11. Instalação elétrica e/ou telefônica;
  12. Estado de conservação do edifício e/ou ambiente;
  13. Armazenamento de bujão de gás;
  14. Iluminação natural e ventilação;
  15. Uso de materiais de revestimento;
  16. Dimensionamento e/ou proteção da circulação vertical;
  17. Proteção e/ou manutenção dos ambientes e/ou equipamentos;
  18. Pé-direito;
  19. Relação do banheiro com a cozinha.

 

 

Metodologia 08

 

 

BRANDÃO, D. Q. Diversidade e Potencial de flexibilidade de arranjos espaciais de apartamentos:uma análise do produto imobiliário no Brasil. Tese de Doutorado. Forianópolis: UFSC, 2002.

 

Variáveis utilizadas e análise descritiva:

  1. Variáveis relacionadas à quantidade de cômodos: número de quartos, número de quartos máximo, número de leitos, número de suítes, número de banheiros, número de banheiros e lavabos, número de peças total, número de peças líquido, número de peças do setor de serviço, número de peças do setor social, número de peças do setor íntimo, número de peças da suíte principal;

 

  1. Variáveis para indicar a existência de cômodos específicos: existência de lavabo, existência de banheiro de serviço, existência de dependência completa de empregada, existência de sacada ou varanda, existência de cozinha americana, existência de sacada na suíte principal, existência de closet na suíte principal;

 

  1. Variáveis relacionadas ao tamanho do apartamento: perímetro total, área total, área do setor de serviço, área do setor social, área do setor íntimo, área total das peças que compõem a suíte principal;

 

  1. Variável de relação entre área e perímetro: índice de compacidade;

 

  1. Variáveis relativas à exteriorização: perímetro confinado, confinamento, índice de exteriorização;

 

  1. Variáveis relativas às áreas dos setores: área do setor de serviços em relação à área total, área do setor íntimo em relação à área total, área da suíte principal em relação à área do setor íntimo, área da suíte principal em relação à área total do apartamento;

 

  1. Variáveis relativas ao conforto espacial: relação entre área e número de peças, relação entre número de leitos e número de quartos máximo, relação entre área total e o número de leitos, relação entre a área íntima e o número de leitos, relação entre número de banheiros e área;

 

  1. Variáveis relativas à estrutura topológica: acessos ao apartamento, ligação entre os setores social e íntimo, ligação entre os setores social e de serviço, ligação entre os setores íntimo e de serviços;

 

  1. Variáveis relativas à forma geométrica: forma geométrica com base nas interfaces entre os três setores, forma do setor íntimo, proporção entre o comprimento e a largura do corredor íntimo, existência de porta de acesso ao corredor íntimo, forma básica da suíte principal, forma da cozinha, espaço para mesa de refeições na cozinha;

 

  1. Variáveis relativas aos banheiros do setor íntimo: relação de banheiros e prumadas, exteriorização / confinamento de banheiros, configuração dos banheiros em rlação aos quartos;

 

Obs: peças = número de ambientes

 

Legenda aplicada na análise das tipologias:

 

Tipologia

Ambientes

Banheiros

Escala

**** muito comum

***  comum

**   pouco comum

*    rara

 

__ Íntimo

__ Serviço

__ Social

 

 

 

 

Metodologia 09

 

 

PEDRO, J. B. Programa Habitacional: espaços e compartimentos. Lisboa: Laboratório Nacional de Engenharia Civil, 1999.

 

Níveis de qualidade

O programa habitacional foi definido segundo três níveis de qualidade, que representam diferentes patamares de satisfação das necessidades dos utentes:

 

1. O nível mínimo satisfaz as necessidades elementares de vida quotidiana dos utentes não concorrendo para os prejudicar pessoalmente nem para restringir significativamente o seu modo de vida;

 

2. O nível recomendável confere um maior grau de qualidade que o nível mínimo, o que permite suportar melhor diferentes modos de uso, assim como, a evolução previsível das necessidades dos utentes durante o período de vida útil das habitações;

 

3. O nível ótimo suporta uma resposta integral às necessidades dos utentes, e permite também o uso permanente por utentes condicionados de mobilidade após pequenas adaptações.

 

Exigências de desempenho da habitação

 

Exigência de habitabilidade

Agradabilidade

Conforto higrotérmico

Conforto acústico

Conforto visual

Conforto tátil

Qualidade do ar

Proteção / estanqueidade à água

Salubridade

Exigências de segurança

Segurança

Segurança estrutural

Segurança no uso normal

Segurança contra incêndio

Segurança contra a intrusão

Segurança viária

Exigências de uso

Adequação espaço-funcional

Capacidade

Espaciosidade

Funcionalidade

Articulação

Privacidade

Convivialidade

Acessibilidade

Comunicabilidade

Personalização

Adaptabilidade

Apropriação

Exigências esteticas

Aspecto e coerência

Atratividade

Domesticidade

Integração

Exigências de economia

Economia

Economia

 

 

Metodologia de definição

 

O programa habitacional foi desenvolvido segundo dois passos:

 

1. Foi realizada uma extensa recolha e síntese bibliográfica, que inclui o resumo e harmonização das disposições regulamentares e normativas aplicáveis em Portugal, e a síntese das especificações de qualidade apresentadas por diversos autores nacionais e estrangeiros. Na realização desta síntese foi ponderada a atualidade das especificações propostas e a proximidade da sociedade de referência para que foram realizadas à sociedade portuguesa contemporânea. Desta síntese resultou uma proposta de programa de exigências aplicável ao nível físico dos espaços e compartimentos;

 

2. Foi seguida uma via experimental com base nos dados recolhidos, constituída pelas fases seguintes:

 

2.1. Definição das necessidades de equipamento e mobiliário

Para cada função foram definidas as necessidades de equipamento e mobiliário, segundo o nível de qualidade e a lotação da habitação.

Os critérios para a seleção do equipamento e mobiliário a atribuir a cada função são variáveis, pelo que se optou por respeitar a seguinte ordem de prioridades:

 

·         Mobiliário cuja existência é indispensável ao desenvolvimento adequado da função;

·         Mobiliário que com maior freqüência é instalado pelos moradores na habitação, resultando este conhecimento do apuramento de observações, levantamentos e inquéritos;

 

2.2. Definição da dimensão física e de uso do equipamento e mobiliário

Para cada função foram definidas as dimensões físicas e de uso do mibiliário e equipamento, segundo o nível de qualidade.

As dimensões variam habitualmente entre uma gama limitada de valores, pelo que, para a sua definição, se optou por respeitar os seguintes critérios:

 

 

2.3. Definição das disposições mais freqüentes do equipamento e mobiliário

Os diversos elementos de equipamento e mobiliário formam, em regra, algumas configurações mais freqüentes, que resultam da conjugação dos seguintes fatores:

 

 

2.4. Realização de modelos de espaços funcionais

Para cada função foram realizados modelos de ensaio, segundo o nível de qualidade e lotação da habitação.

A realização de modelos conjugou os dados reunidos nos três pontos anteriores, designadamente: os elementos de mobiliário e equipamento previstos para cada função, representados segundo as dimensões físicas e de uso definidas, foram organizados segundo as disposições mais freqüentes.

Os modelos realizados não pretendem representar todas as possibilidades de conjugação do mobiliário e equipamento, mas ser exemplificados das disposições mais freqüentes.

 

2.5. Análise dos modelos

A análise dos modelos permitiu, para cada espaço funcional, estudar quais as disposições do mobiliário e equipamento mais vantajosas, e aferir as áreas úteis e dimensões mínimas atribuídas no programa.

A seleção das áreas úteis e dimensões mínimas de cada função foi realizada ponderando o grau de adaptabilidade pretendido, Isto é, no nível de qualidade mínimo, a área e dimensão adotadas apenas permitem um número reduzido de disposições do mobiliário e equipamento, enquanto que, no nível de qualidade ótimo, são suportadas a generalidade das disposições racionais.

 

Forma de Apresentação

A apresentação do programa habitacional é precedida por um capítulo em que se classificam os níveis de comportamento e espaços da habitação, e se apresenta uma lista resumo das funções de uso da habitação.

O programa é apresentado em dezessete capítulos que correspondem às dezessete funções em que foi classificado o uso da habitação. Em cada capítulo foi utilizada a estrutura de apresentação:

 

1. Dados do programa

a) Definição e conteúdo da função:

·         objetivo e papel da função na vida familiar;

·         descrição dos sistemas e atividades que compõem a função;

·         localização da função nos espaços e compartimentos da habitação;

·         descrição dos utentes envolvidos;

·         horário e freqüência de ocorrência da função.

 

b) Descrição de tipos de espaços funcionais.

 

2. Exigências de projeto

a) Agradabilidade (conforto ambiental e valor simbólico).

b) Segurança.

c) Adequação espaço-funcional.

- critérios de dimensionamento de mobiliário e equipamento;

- dimensões do mobiliário e equipamento;

- critérios de atribuição de mobiliário e equipamento;

- programa de mobiliário e equipamento.

 

- critérios de atribuição de área;

- áreas de espaços funcionais;

 

- critérios de dimensionamento;

dimensões dos espaços funcionais.

 

 

d) Articulação:

 

e) Adaptabilidade.

 

3. Modelos de espaços funcionais

Modelos exemplificativos da aplicação do programa de exigências proposto às disposições de mobiliário e equipamento consideradas mais freqüentes. Nos modelos as dimensões lineares são cotadas em metros, e as áreas parciais (área indicada junto a cada modelo) e de referência (A.R. indicada junto ao título) são apresentadas em metros quadrados.

 

 

04

 

Estudo preliminar dos possíveis critérios

 

 

§                   Descrição:

 

1.      Nomenclatura

2.      Posição em relação aos demais cômodos

3.      Quantidade de cômodos:

número de quartos,

número de banheiros,

número de peças total,

número de peças líquido,

número de peças do setor de serviço,

número de peças do setor social,

número de peças do setor íntimo,

número de peças da suíte principal;

 

4.      Existência de cômodos específicos:

existência de banheiro de serviço,

existência de sacada ou varanda,

existência de cozinha americana,

 

5.      Tamanho do apartamento:

perímetro total,

área total,

área do setor de serviço,

área do setor social, área do setor íntimo,

área total das peças que compõem a suíte principal;

 

 

6.      Relação entre área e perímetro;

 

7.      Áreas dos setores:

área do setor de serviços em relação à área total,

área do setor íntimo em relação à área total,

 

8.      Conforto espacial: relação entre área e número de peças,

 

9.      Estrutura topológica:

acessos ao apartamento,

ligação entre os setores social e íntimo,

ligação entre os setores social e de serviço,

ligação entre os setores íntimo e de serviços;

 

10.  Forma geométrica:

forma geométrica com base nas interfaces entre os três setores,

forma do setor íntimo,

proporção entre o comprimento e a largura do corredor íntimo,

existência de porta de acesso ao corredor íntimo,

forma básica da suíte principal,

forma da cozinha,

espaço para mesa de refeições na cozinha;

 

11.  Banheiros do setor íntimo: configuração dos banheiros em relação aos quartos;

 

 

§                   Avaliação Técnico-Funcional

 

1.                  áreas mínimas

2.                  dimensionamentos mínimos

3.                  armazenamento

4.                  fluxos de trabalho

5.                  áreas de lazer e descanso

6.                  flexibilização dos espaços

7.                  potencial para mudanças e / ou ampliações

8.                  adequação do mobiliário fixo / móveis e equipamentos especiais

9.                  relação entre área útil e área de circulação

10.              articulação: privacidade e acessibilidade

11.              atendimento das necessidades funcionais e ambientais: este estudo estabelece os contornos comparativos entre as propostas físico-espaciais dadas pelos projetos arquitetônicos das unidades e as reais necessidades dos usuários nas suas práticas de uso dos ambientes. Assim se verifica o grau de satisfação dos usuários por ambientes necessários, analisando, entre outros elementos, a adequação de mobiliário à geometria ambiental, os padrões mínimos ergométricos, etc. Incluem-se aqui os estudos sobre eliminação de barreiras arquitetônicas;

12.              Atendimento aos princípios de racionalização do produto quanto à sua produção: modulação, padronização, precisão, normalização, permutabilidade, mecanização, repetitividade, divisibilidade, transportabilidade e flexibilidade;

 

 

§                   Avaliação dos aspectos funcionais:

 

1.                  circulação vertical externa, número de pavimentos do edifício versus adequação à escala humana

2.                  flexibilidade / arranjo espacial do apartamento

3.                  facilidade de abertura de portas a 90º em função do espaço de utilização

4.                  área útil do apartamento / morador

5.                  área útil do dormitório

6.                  área útil da sala

7.                  área útil da cozinha

8.                  área útil de serviços

9.                  área útil do banheiro / lavatório

10.              circulação/integração entre cômodos no apartamento

11.              adequação ao uso / equipamento / mobiliário / intensidade de sobreposição de tarefas

12.              área útil / área construída do apartamento

13.              adequação e acessibilidade dos deficientes físicos aos apartamentos

14.              Inter-relação dos usos / Dimensionamento, localização e quantidade do equipamento e/ou mobiliário / Dimensionamento do ambiente / Utilização do ambiente / Articulação espacial: higiene e conforto, privacidade e circulação, vida familiar, espaço pra atividades diárias;

15.              Espaço de refeições;

16.              Dimensionamento e/ou proteção da circulação vertical;

17.              Relação do banheiro com a cozinha.

 

 

§                   Elementos que compõem as características da moradia, definidos pelo modo de vida dos usuários e pelos hábitos de uso da casa;

 

§                   Instrumentos operativos e indicadores sociais, culturais, econômicos e tecnológicos que definem o aparelhamento físico espacial dos setores urbanos, no que tange à rede de equipamentos urbanos de uso coletivo e infra-estrutura urbana;

 

§                   Equipamentos e mobiliário

 

1.                  usos e dimensionamento que seus equipamentos e peças de mobiliário indicam.

2.                  mobiliário cuja existência é indispensável ao desenvolvimento adequado da função;

3.                  Mobiliário que com maior freqüência é instalado pelos moradores na habitação, resultando este conhecimento do apuramento de observações, levantamentos e inquéritos;

4.                  dimensões físicas e de uso do mobiliário e equipamento

5.                  disposições mais freqüentes do equipamento e mobiliário(razões funcionais e modos idênticos - por exemplo, cozinha com bancada em “L” formando um espaço adequado para a colocação da mesa de refeições; permanência de valores culturais e simbólicos - por exemplo, mesa de refeições centrada e simétrica relativamente ao aparador)

 

04

 

Considerações Finais

O estudo apresentado nesta monografia foi uma primeira tentativa de identificar critérios para a construção de metodologia de análise de plantas de apartamentos de interesse social.

 

As próximas etapas a serem desenvolvidas para complementação desta metodologia consiste em:

·                           Aproximar novamente os critérios, item por item;

·                           Revisar, junto com outros pesquisadores do Nomads.usp, quais os critérios que ainda necessitam ser suprimidos e/ou incluídos, incluindo pontos específicos para a análise específica do banco de dados de apartamentos de interesse social, em desenvolvimento no Nomads.usp;

·                           Incorporar comentários dos pesquisadores do Nomads.usp;

·                           Realizar um pré-teste com alguns exemplares do banco de dados, de diferentes épocas e propostas, visando verificar os pontos positivos e negativos da metodologia desenvolvida;

·                           Nova revisão dos critérios;

·                           Fechamento dos critérios, descrevendo cada item e critérios;

·                           Redação final da metodologia de análise.

 

 

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Bibliografia

 

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