Objetivo

O objetivo do projeto pacto digital é o desenvolvimento de uma espacialidade híbrida que considera aspectos do espaço concreto e do espaço virtual. O projeto pacto digital é resultado da parceria entre o Nomads.usp e a Pacto Digital, empresa da área de integração de sistemas de automação com sede na cidade de Franca, São Paulo.

.A premissa base que orientou o processo pautou-se numa postura projetual que considera a inserção das tecnologias digitais no ambiente doméstico não só como facilitadoras das atividades cotidianas que dão forma aos modos de vidas atuais, mas também como mediadoras no fomento de novas experiências no espaço que vão além de respostas a questões funcionais que ali se apresentem.

Experiência

No espaço da Experiência, somaram-se às premissas iniciais colocadas princípios que consideram aspectos ligados aos novos modos de vida, às peculiaridades dessas atividades e às qualidades dadas por atributos arquitetônicos diversos do conjunto para construir uma proposta de conformação espacial composta de setores rígidos e flexíveis passíveis de serem reconfigurados em cômodos fechados ou não.

A Experiência compõe o espaço com característica predominantemente habitacional do conjunto e onde foram explorados conceitos que fomentassem experiências diferenciadas em torno de instâncias concretas, virtuais e híbridas do habitar, bem como que considerasse os novos modos de vidas contemporâneos.

Esse espaço é formado por dois blocos trapezoidais. Uma abertura zenital na cobertura, uma faixa de vedação em vidro exposta na fachada e uma faixa também vidro no piso marcam a separação entre esses dois blocos. Uma árvore está situada nesse limite que separa os dois blocos atravessando a faixa de vidro que veda o piso e a abertura zenital. Esses elementos arquitetônicos têm a função de atribuir qualidades peculiares aos espaços próximos a eles, construindo uma relação com a luz solar, o exterior, a passagem do tempo e, dessa forma, com a instância da Natureza.

Esse espaço de habitação é pensado também de maneira a romper com a tripartição burguesa que dá origem a cômodos concebidos para dar suporte à atividades definidas e tradicionalmente organizadas em três zonas espaciais: social, íntima e de serviços; visto que, na maiorias dos casos, essa forma funcionalista de pensar o espaço acaba oferecendo ao morador um rol muito limitado de possibilidades de trocas e experiências com o espaço e pouco corresponde as reais necessidades do homem contemporâneo.

A tecnologia surge nesse espaço viabilizando a reconfiguração do espaço por meio das vedações e armários de estocagem móveis agregados de dispositivos de automação. Estes dispositivos constroem também um canal de comunicação e interação entre o morador e a casa bem como com outros usuários, na medida em que a reconfiguração do espaço surge por meio de uma negociação entre todos os ocupantes daquele espaço que possuem igual liberdade para alterá-lo. Além disso, projeções de imagens e efeitos luminosos e sonoros são também explorados de maneira interativa, criando ambiências diversas e tendo como input a presença, a ausência e as próprias atividades domésticas que ali se realizam. Espaços fixos como o do banho, o do isolamento para higiene do corpo e o do ofurô, também compõem a instância da Experiência e constroem um contraponto com os espaços flexíveis e reconfiguráveis, referenciando o sujeito nesse processo re reorganização espacial. Essas possibilidades permitem ao morador que ele se reconheça nesse espaço de uma outra forma e lhe oferecem novas experiências em torno da apropriação do espaço e das atividades que nele realiza.

Dessa forma, essa instância espacial apresenta-se, sobretudo como um espaço para uma experiência que vai além de uma relação meramente funcionalista para com o espaço e com as atividades domésticas cotidianas. Nesse processo de projeto que objetiva a produção de uma espacialidade híbrida e de experiências no ambiente doméstico, além dos elementos convencionais que são explorados no processo de projeto de arquiteturas em geral, como vedações, aberturas e coberturas, outros atributos para o espaço de igual importância foram considerados essenciais para a formulação desse espaço, como a mediação, a interação, a comunicação exploradas pelo viés tecnológico e, sobretudo, a experiência que resulta da relação e sobreposição desses diversos atributos.

Formação

Essa instância é composta por um espaço multiuso, reconfigurável, objetivando receber eventos coletivos diversos como seminários, aulas, palestras e reuniões em geral. Apresenta-se como um espaço equipado com tecnologias de informação e comunicação que permitam explorar o aprendizado e o ensino por meio de experiências coletivas presenciais ou telepresenciais.

Comercialização

Compõe-se de um conjunto de espaços destinados a dar suporte as atividades comerciais realizadas dentro do edifício pelos funcionários. Além disso, da mesma maneira em que a instância da Experiência reúne sistemas de tecnologias passíveis de serem inseridos no espaço habitacional, o conjunto de espaços da Comercialização apresenta-se também como um amostra de sistemas tecnológicos que podem dar aporte a ambientes voltados para atividades empresariais e comerciais

Áreas técnicas

Situada no subsolo do conjunto, abrange atividades ligadas a manutenção, reparos e testes de equipamentos, além de área para carga e descarga e depósito dos mesmos.

Travessia

Apresenta-se como o espaço de chegada ao edifício e constrói uma ligação do mesmo com o espaço público externo da rua e da calçada. A Travessia induz ao um percurso que permite apreender o conjunto de forma total. É marcada por áreas de piso impermeável e ajardinadas tanto no trecho do interior do edifício quanto no exterior pelo calçamento que circunda o edifício. Constrói assim, um percurso uno que envolve e travessa o edifício. A apresenta-se como um espaço multiuso que pode abrigar exposições e para o qual as atividades realizadas nas instâncias da Comercialização, Formação e Experiência podem se estender.

Interface

Constitui uma instância de mediação e que promove a transição entre o espaço de chegada da travessia e as instâncias da Experiência, Formação, Comercialização e os espaços do subsolo. Apresenta-se como um bloco translúcido e luminoso, marcadamente linear que atravessa e estrutura a articulação de todo o conjunto. Por situar-se de maneira limítrofe aos espaços dos três maiores conjuntos de espaços que são a Comercialização, a Formação e a Experiência, a interação proposta pela Interface objetiva expor comportamentos e atividades que acontecem nesses conjuntos, explorando signos e estímulos e agregando outros significados simbólicos a essas atividades e comportamentos. A Interface apresenta também um espaço de exposições formado por um volume com altura tripla com parte sombreada e parte não, atravessado por uma circulação vertical que permite a sua visitação.

Natureza

Essa instância é composta pelos elementos naturais que envolvem o edifício. O próprio terreno natural que recebe a implantação que conforma um espaço livre central que qualifica os eixos visuais que se voltam para o interior do terreno apresenta-se com um desses elementos. A inserção da árvore no espaço na Experiência, bem como a exploração de aberturas zenitais nesse mesmo espaço reforça essa relação com a natureza.

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O conjunto resultante desses conceitos que orientaram o processo projetual organiza-se basicamente em 7 instâncias espaciais que dão unidade ao projeto, nomeadas de acordo com as atividades predominantes a que seus espaços se destinam: experiência, formação, comercialização, áreas técnicas, travessia, interface e natureza.

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pactodigital