internet e acesso livre
sérgio amadeu da silveira

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NT Qual a sua definição para exclusão digital?

SAS Exclusão digital é o não acesso da maior parte da população do mundo hoje às tecnologias de informação, principalmente a comunicação mediada, em rede, que atualmente é feita através de um computador, de uma linha telefônica e de um provedor de acesso. A maior parte da população do mundo é hoje excluída deste benefício das tecnologias de informação. Essas tecnologias têm servido, principalmente às elites mundiais, o que leva a um uso pelas grandes empresas da chamada economia da informação, como diria François Chesnet, que se organizam e se comunicam em rede, tendo na ponta não um terminal telefônico, mas uma máquina que processa informações velozmente. Os bancos e o capital financeiro apostam tudo nessas formas de comunicação e de processamento. Portanto, as principais atividades econômicas do mundo, assim como as principais universidades, encontram-se ligadas em rede, e existem pessoas que conseguem acompanhar esse processo de produção e armazenamento de informação, além da transformação de dados em informação, e de informação em conhecimento. O que vemos é que a grande maioria das pessoas está afastada desse processo.

NT Qual a sua opinião sobre programas da UNESCO que visam melhorar o acesso dessas pessoas à rede?

SAS Todos os programas de conectividade e de universalização do acesso tentam enfrentar o que os americanos chamam de Digital Divide, mas o grande problema é como esses programas são aplicados concretamente em cada país. Não basta ter boas intenções: o fato é que não existe nenhum fundo mundial que procure dar infra-estrutura para países pobres da África, Ásia ou da América Latina. Não basta apenas entregar-lhes um computador, pois hoje se necessita do computador conectado, já que a internet é a principal enciclopédia mundial da atualidade. É onde podemos buscar informações, nos comunicar, fazer campanhas virtuais, controlar governos eletrônicos, enfim, é primordial ter essa conexão.

O número de telefones no continente africano, no final da década de 1990, é menor do que o numero de linhas na ilha de Manhattan! Existem discrepâncias enormes, e isso não é enfrentado. No próximo ano, teremos a cúpula da Sociedade da Informação, que vai se realizar em Genebra, e que será a reunião de cúpula mais populista que o mundo já teve, organizada pela Unesco e a União Internacional de Telecomunicações, com o aval da ONU. Ela será o que foi a ECO 92 e a Conferência de Estocolmo de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, mas na área de Informação. Portanto, os temas não estão sendo discutidos por quem deveria, não há uma mobilização de educadores, as escolas não sabem que isso vai acontecer, os governos mal dão importância a este fato. Os candidatos à eleição presidencial vão falar nisso porque é obrigação, e por que acham que isso demonstra modernidade, mas não estão de fato assumindo que existe um grave problema que separa ricos e pobres no mundo, e que vai ser potencializado com as tecnologias da informação.

Eu defendo a tese que a tecnologia da informação, abandonada às forças de mercado, não gera uma menor desigualdade, mas a amplia. A Unesco, a ONU, o G-8 determinam diretrizes, mas, efetivamente, com tantos outros problemas da humanidade que têm vínculos com a pobreza, não há políticas globais para enfrentar estes problemas. Torna-se muito problemático o fato de que governos, como o brasileiro, não tenham ainda percebido que é necessário transformar a questão da exclusão digital em políticas públicas, e exigir, nesses fórum globais, recursos dos monopólios mundiais da informação. Quando se alfabetiza digitalmente a população, estamos dando dinheiro para estes monopólios. A Microsoft domina de 95% a 97% dos sistemas operacionais do mundo hoje. Ou seja, os computadores caseiros usam o Windows, e talvez não haja um produto de uma única empresa com tanta penetração em lares e empresas do mundo como os da Microsoft. Não é à toa que ela vale aproximadamente 35% do PIB brasileiro. Essas empresas fazem programas "para inglês ver", enquanto temos a necessidade de grandes políticas públicas de incorporação de pessoas na área de informação, para que nessa nova fase tecnológica se utilize da tecnologia para reduzir o problema da miséria.

NT O que você pensa de comentários muito recorrentes que priorizam outras necessidades básicas, como o combate à fome, por exemplo, em detrimento da inclusão digital?

SAS Acho importante a preocupação com a fome, e acho que essa colocação é sincera. Mas discordo com veemência dessas priorizações. Não se combate a pobreza com cesta básica, mas oferecendo formas de superá-la. Quando se fala que a população passa fome, têm que se encontrar maneiras de sobrevivência diárias. Mas isso não é para evitar a pobreza, e sim para que esta população não morra de fome. A pobreza se reduz superando-se as condições que a reproduzem. E isso significa colocar a população em condições de ter capacidades cognitivas, de manusear e de acessar o que existe de mais moderno na economia. Do contrário, não se apresenta a essa sociedade condições de ela se tornar rica. O problema da pobreza é um problema social.

Explicando de outra forma: eu pergunto a estas pessoas se elas conhecem um país de economia agrícola que não seja pobre. A participação de atividades agrícolas na economia de países como Estados Unidos representa 2% do PIB norte-americano. Os países ricos se apropriam das tecnologias de ponta, e a exemplo disso, se queremos sair do patamar de pobreza, temos que saber nos utilizarmos dessas tecnologias da informação. Não tenho dúvidas de que esse raciocínio simplista, que opõe inclusão digital e combate à miséria, é equivocado. Nosso país não está em piores condições porque na época da segunda revolução industrial nós resolvemos construir o que havia de mais moderno. Fizemos indústrias de base com dinheiro público, que poderia, ao invés disso, ter sido destinado para cestas básicas. Países que se desenvolveram velozmente têm uma coisa em comum: têm uma educação massiva e, ao mesmo tempo, têm centros de excelência de reprodução do que existia de mais moderno na tecnologia de suas épocas. Usando os termos dos capitalistas, se nosso país quer ter menos miséria, tem que fazer coisas que os países desenvolvidos já fizeram, ao mesmo tempo.

NT O que você acha do projeto Second Time Zone, de Claire Petetin e Philippe Grégoire?

SAS Nossa lógica de ação, em São Paulo, com o plano de inclusão digital da prefeitura, é muito parecida com esse projeto. Nós levamos tecnologias de informação à periferia, nas áreas de maior carência social, em espaços degradados, prédios públicos abandonados, recuperamos esses espaços, e, a partir deles, nós recuperamos o entorno, concentrando telecentros em áreas de maior carência. O primeiro telecentro que fizemos foi no bairro de Cidade Tiradentes, em São Paulo, uma área de grande adensamento e muita violência, um espaço que havia sido abandonado. O telecentro mudou completamente o entorno, que era controlado pelo crime organizado. Verdade ou não, o fato é que, quando introduzirmos o telecentro, oferecendo cursos básicos de informática e acesso livre à internet, houve um repovoamento daquele lugar. E várias mudanças ocorreram, desde ambientais, até convívio. E isso com recursos muitos pequenos, com um uso muito intenso destes aparelhos pela população. É uma outra experiência, mas é um lugar de uso múltiplo daquela comunidade, que passou a usar o direito de acesso à informação.

O acesso livre é de necessidade vital, pois a criança de classe média, que tem o computador em casa, se interessa mais e usa com destreza essa tecnologia, e isso desperta o prazer de conhecer aquilo pelo que ela tem interesse. Seria um equívoco se nos nossos telecentros não permitíssemos que as crianças pudessem jogar e se divertir com a informática. Isso é um aprendizado. A dimensão lúdica está presente na mídia e ela tem que saborear esta dimensão, sendo o que ela deve ser: criança. Mas estamos numa primeira fase do projeto, pois não existe software específico para as necessidades dessa população, já que os programas foram criados para outras camadas sociais. O desenvolvimento dessa identidade será uma fase próxima. Esta experiência do Second Time Zone parece ter, portanto, uma similaridade com várias outras experiências no mundo, usando-se da orientação básica e do acesso livre.

A pessoa começa a ser mais cidadã, com acesso a e-mails, com direito a se comunicar com velocidade e a pesquisar ou se divertir em rede. Temos um cálculo que indica que mil telecentros na cidade de São Paulo possibilitariam o acesso potencial a três milhões de pessoas. Existem hoje em São Paulo vinte telecentros, e até o fim de 2002, esse número pode aumentar para oitenta, sempre utilizados para a requalificação de espaços urbanos de grande carência, ou de grande fluxo de pessoas. Temos que fazer cada vez mais telecentros para que se estabeleça um impacto, para que as forças políticas se interessem em colocar recursos nesses projetos. Por isso, nossa idéia de transformar a inclusão digital em política pública. Num momento próximo, estaremos tentando integrar todas essas redes comunitárias, mas, no momento, estamos concentrados em resolver o acesso e a conexão.

NT Seguindo esse raciocínio, como seria então a segunda fase deste projeto, ou seja, quais serviços são necessários além dos telecentros?

SAS O telecentro é um equipamento comunitário, no nosso caso, apesar de ser da Prefeitura de São Paulo. A fase posterior é que a comunidade use as tecnologias da informação em benefício próprio, que consiga exercer a cidadania por meio digital. A primeira fase dessa cidadania é a liberdade de expressão, que na era da informação significa liberdade de usar a comunicação em rede. É, portanto, um direito de o cidadão poder usar a Internet, porque é ali que se comunica atualmente.

Mas não basta ter um governo eletrônico que presta serviços em rede e em broadcasting. As pessoas da comunidade precisam dar suas opiniões sobre o orçamento público, precisam exercer direitos democráticos pela rede, que o Estado não assegura, simplesmente pelo fato de existirem governos na Internet. Outra etapa é conseguirmos produzir software que seja do interesse específico de cada comunidade. Por exemplo: porque não existe software que permita que as pessoas troquem coisas na periferia?

Uma outra fase, ainda não muito detalhada, mas em que temos muita preocupação, é que existam tecnologias de informação sustentáveis no país. Para isso, eu coloco a discussão do software livre. Não há condições, num país como o nosso, de se gastar milhões de dólares em royalties para usar programas que poderíamos ter gratuitamente. Ao invés de se usar recursos públicos com software, eles seriam usados para formar pessoas capacitadas para programar e dar suporte a programas que nós desenvolvêssemos aqui. Penso em usar o sistema operacional Linux, que é um sistema de software livre, de código aberto, que se possa adequar à nossa realidade.

É um software produzido por uma comunidade de aproximadamente quatrocentos mil desenvolvedores no mundo, coordenados, esse ano de 2002, pelo brasileiro Marcelo Torsatti, procurando melhorar, coletivamente, esse software. Nisso se nota a inteligência coletiva se organizando, e não essa capacidade de compra e venda, possibilitada pelo mercado atual. O software livre detém 40% do atual mercado de Internet, de sistemas operacionais e servidores. Ele ainda não se encontra muito difundido nos computadores domésticos, onde a Microsoft domina. As redes de telecentros em São Paulo estão começando a ensinar informática básica para a população com software livre. A idéia é mostrar que funciona, e que todo mundo pode aprender. Isso vai contra os interesses da Microsoft, já que, quando se usa software livre, não se paga licença, criando-se uma possibilidade nova no país. Criam-se novos empregos em tecnologia, pois serão necessárias pessoas que dêem suporte na linguagem operacional do Linux.

Isso que eu chamei de fases são um conjunto de diferentes atividades que se desenvolvem em torno de um projeto de mudanças ambientais a partir das tecnologias de informação e de inclusão digital. Como exemplo, temos uma comunidade da COHAB, aqui em São Paulo, que já virá com os telecentros desde a fase de projeto. Isso passa a ser preocupação do administrador público: é dever do Estado assegurar o direito de se comunicar na área da informação. O ambiente urbano já é, então, pensado como centro de conexão.

NT Você poderia citar outras experiências, de importância semelhante?

SAS Existem várias, como o Comitê de Democratização da Informática (CDI), em São Paulo e no Rio de Janeiro, criado na década de 1990, época em que a Internet começava a ser difundida. Com o surgimento da rede, não bastava saber mexer em comutador, mas sim trabalhar em rede. Em São Paulo também há o Sampa.org, que é um projeto no Capão Redondo. No Paraná, criaram-se conexões entre as bibliotecas, chamados Faróis do Saber, por exemplo. Houve também uma tentativa no Brasil de se disponibilizar publicamente máquinas para acesso rápido à Internet, como nas agências dos Correios, o que não configura ainda um telecentro, mas coloca a possibilidade do cidadão exercer o direito de se comunicar. No Peru, na Bolívia e no Chile existem exemplos de experiências com telecentros de vários tipos, desde aqueles em que a comunidade paga quantias módicas, quase como cybercafés, até experiências onde o sindicato ou a associação ajuda o agricultor a acessar a Internet, para ter informações sobre o mercado agrícola, por exemplo.

NT Isso faz pensar naquela experiência feita no Peru, onde um telecentro institucionalizado pela comunidade foi usado por essa mesma comunidade para pressionar o governo a atentar para suas necessidades...

SAS Essa é mais ou menos a história de todos os telecentros. E que não é feita pela classe média, que não vai a um telecentro, por que tem computador em casa. Existem vários casos semelhantes, como o uso das tecnologias de informação pelos revolucionários mexicanos do sul, os Chiapas, que foi o primeiro movimento revolucionário em defesa dos direitos indígenas e dos camponeses agricultores pobres a usar a Internet, para a divulgação e ideais do movimento zapatista. Em Fortaleza, existe um grande centro cultural que disponibiliza computadores para professores e alunos acessarem a Internet, com orientadores capacitados. Existem várias experiências, mas não há um uso massivo. A Prefeitura de São Paulo tem tido a preocupação em fazer chegar a toda a massa: até o fim do ano, os cem telecentros estarão atendendo trezentas mil pessoas. E acho que o modelo mais completo é esse que temos aqui em São Paulo, um telecentro que serve para tudo. Em dois desses, aliás, existem comunidades fazendo agências de notícias, para divulgar as informações sob a ótica deles, como o da Brasilândia. As pessoas ainda estão descobrindo as possibilidades que existem além de mandar e-mails e entrar navegar na Internet.

NT Qual sua opinião sobre as relações entre espaços concretos, espaços virtuais e exclusão digital?

SAS Quando se fala em arquitetura concreta, falamos de espaços onde pessoas estão, efetivamente, presentes, enquanto que por espaços virtuais podemos entender tanto infra-estrutura, ou topologia das redes, das formas de conexão, como também da construção de portais de conexões lógicas, dentro desta rede que é uma estrutura de telecomunicações. Como essa rede, a telemática permite a comunicação em tempo real, permite processar bilhões de informações, o que era inimaginável antes. Isso é possível porque existe uma conectividade organizada.

Existe um ciberespaço, com uma lógica própria, que também possui muros, e que desterritorializou a presença humana. E quanto mais a arquitetura da informação ganha dutos de altíssima velocidade, mais aumenta-se a possibilidade de se executar um tele-trabalho, ou de se alterar as cidades concretas, possibilitando o surgimento de novos fenômenos sociais. No ciberespaço, todas as pessoas são identificáveis. Já nas cidades reais, existe a possibilidade de se esconder. O cidadão pode querer se esconder, como um direito à privacidade. Quando as pessoas estão em rede, elas podem ter várias identidades, exercendo sua dimensão lúdica, mas também podem ser mapeadas, caindo em mãos de grupos que desejam conhecer seu perfil exato, coisa inimaginável a dez anos atrás.

Não se imaginava que esse número tão grande de informações pudesse estar num único computador, que é a ponta de uma enorme teia que recobre as cidades concretas, espaços esses que serão cada vez mais alterados por essa arquitetura virtual. Hoje, não é necessária a existência de grandes bibliotecas, já que elas se encontram espalhadas e conectadas em rede. Hoje, não é necessário o mesmo deslocamento físico que se tinha no passado, ainda que, por outro lado, estes deslocamentos estarão acontecendo com mais intensidade, mas para atividades de lazer e integração das pessoas.

Então, os impactos que o ciberespaço causa no espaço real está por ser descrito, pois isto está acontecendo agora. Não sabemos o que vai acontecer. Como um exemplo, nós criamos um portal chamado Portal dos Mil Povos, que trata de todas as questões relacionadas às comunidades que ajudaram a construir a cidade de São Paulo, contando a história dos imigrantes. Para cada comunidade de imigrantes que ainda existe, e que tem uma lógica própria na cidade, como os italianos do norte e do sul, os alemães, os coreanos, que criaram espaços e eventos próprios dentro da cidade, cria-se um ciberespaço interligando virtualmente essas comunidades com seus países de origem. Todos os sites dessas comunidades do Portal dos Mil Povos seriam traduzidos para sua língua, a fim de criar uma cidade virtual.

Eu uso esta possibilidade de desterritorializar as pessoas, colocando isso no ciberespaço, tentando reunir trocas de experiências, buscando conhecer o que é o nosso país. São Paulo é construída por várias culturas, e, mesmo havendo algumas predominâncias, quando se trabalha no espaço virtual, podem-se construir pólos de interação que não existiam. Você pode reconstruir uma comunidade a partir da Internet, não restam dúvidas. O teórico antropólogo Gustavo Lins Ribeiro diz que a Internet vai construir uma opinião pública mundial. Assim como os jornais foram importantes para pautar o que estamos conversando além dos nossos limites domésticos, a Internet permite reduzir o mundo todo em um quarteirão. A TV também permite essa integração mundial, mas ela não oferece a possibilidade de interatividade. A maior diferença é a interatividade em massa. O telefone até oferece essa possibilidade de interação ao usuário, mas é de ponto a ponto, e não em rede mundial.

NT Os telecentros de São Paulo já estão aptos a oferecer à população oportunidades de tele-trabalho?

SAS Não, porque ainda estamos numa fase em que se estão oferecendo cursos de informática básicos, e os computadores para uso livre ainda são poucos. O tele-trabalho seria uma pessoa usar o terminal de computador para realizar trabalhos que não precisam estar centrados num local determinado. E também não sei se o telecentro é um espaço apropriado para isso ser feito, pois requereria um uso contínuo do computador, ocupando a vaga de outra pessoa. Então, para que se implante o conceito de se usar a rede para trabalhar, independentemente de onde se esteja, é necessário que a empresa coloque um computador à disposição de seu empregado. Existem, sim, crianças que usam o telecentro para trabalhos de escola, mas este uso vai depender de quantas pessoas estão na fila esperando para usar os aparelhos. Vai depender, na verdade, de cada conselho gestor que define as regras de cada telecentro.

NT Na sua opinião, qual a importância das interfaces que podem ser - e estão sendo - utilizadas como mediadoras nos processos de troca de informação à distância?

SAS Temos um projeto de construção de software popular, desenvolvido com o CDI, uma ONG, e com o Instituto de Estudos Avançados, da USP, no projeto Cidade do Conhecimento, onde a idéia é produzir inovações, e que será iniciado num futuro próximo. Nossa idéia é de nos apropriarmos do que existe de mais avançado dentro da USP, como na Matemática, na Computação, na Poli, que venha a auxiliar na apropriação popular dessas tecnologias.

A capacidade de processamento hoje é infinitamente maior do que as possibilidades que o modelo tela/CPU me permite. Com o aumento da capacidade de transmitir dados em rede, a Internet vai se tornar popular, podendo enviar trinta gigabytes por segundo. Como um exemplo quantitativo, seria como se somar toda a informação da biblioteca Mário de Andrade, multiplicar este volume dez vezes, e enviar em um segundo. Isso viabiliza o envio de informações tridimensionais, e me permite não mais necessitar da tela do monitor, que é bastante limitadora.

A tela é a interface de comunicação do computador com o usuário, permitindo uma interação, coisa que os primeiros computadores não permitiam. A partir da observação de telas de radares, chegou-se à conclusão de que aquela poderia ser uma interface para que o usuário interagisse com os primeiros computadores. Mas esse modelo de CPU e de tela plana é da década de 1950, e parece não ter se alterado muito, mesmo estando hoje com a capacidade de processamento esgotada. A tendência para o desenho de interfaces deve seguir a arte contemporânea, ultrapassando os limites de seu suporte.

 

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Sergio Amadeu da Silveira é sociólogo ex-coordenador da Coordenadoria do Governo Eletrônico da Prefeitura de São Paulo, e diretor do ITI Instituto Nacional de Tecnologia da Informação.

Entrevista ao pesquisador Nilton Trevisan, em 13 de agosto de 2002.

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