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Desígnio
> Design Ensaio sobre o Medium do Design: para além
do objecto Nota introdutória Contexto A Experimenta Design (ED) define este tema como “o que fica entre quem produz e quem consome, a matéria per se e os media, como se comunica, mas também os novos materiais e meios de sustentabilidade”[2]. Embora compreendamos que os temas neste tipo de eventos, são propostos para a consequente exploração do conceito em várias iniciativas, as declarações atendem para um significado desta frase a um raciocínio que é comum entre os designers, mas que incorre no erro ao englobar por si uma reflexão circular. Ao afirmar que o “meio é a matéria” cai-se na tentação de se afirmar que “a matéria é que é o meio”. Segundo esta definição, e partindo de leituras das bienais anteriores, podemos construir o seguinte modelo 1: Modelo 1
Esta interpretação e respectivo modelo, tem a haver no nosso entender, com uma leitura de alguns conceitos errados, sem elasticidade suficiente para explorar novos modelos, que permitam outras/novas interpretações pragmáticas e inovadoras. Por isso, neste ensaio, pretendemos defender que o Design tem como meio as relações entre objecto e indivíduos, e que o designer, como profissional e como indivíduo, pode e deve designá-las. Assim organizaremos este ensaio num sistema de pontos objectando pormenores do modelo 1, apresentado tacitamente pela ED. Desenhados assim a provar e suster a nossa tese.
i O design não é necessariamente orientado para o consumo. Por exemplo: o mapa do metro de Londres designado por Harry Beck em 1933, que utilizou uma forma inovadora de representar mapas fazendo a analogia a circuitos eléctricos com os seus múltiplos de 45 graus, tem um sentido informativo cujo objectivo final é ser-se consultado e não consumido. Essa posição é assumida claramente, permitindo um aumento de conhecimento. Mas vejamos outro exemplo como o estetoscópio, cujo princípio designado por Laennec em 1816, pensando que os ruídos respiratórios e outros sons poderiam ser ouvidos através de um tubo oco interposto entre o paciente e o médico. Este objecto foi totalmente re-designado para a sua versão biauricular, tal como é conhecido hoje, por Camman. Assim demonstrando que este objecto não foi projectado para ser consumido no ponto de vista comercialista, mas sim para empreender uma determinada função: ampliar a capacidade física humana. O design está relacionado assim com a resolução de problemas dos indivíduos, não com os problemas do consumidor. Por isso no modelo, mudaremos a nomenclatura de "consumidor" para "indivíduo", e de "quem produz" para "designer". Modelo 2-a
ii O meio no design não é necessariamente o objecto. Ele pode recorrer a um objecto (entenda-se objecto como o que é pensado, ou representado, enquanto distinto do acto pelo qual é pensado), para atingir um determinado fim e resolver um determinado problema, mas não necessariamente o terá de o materializar fisicamente. Mas se analisarmos as palavras perceberemos que o "meio" neste caso engloba outras leituras. A palavra "medium", traduzida do inglês como "meio" em português, significa um dispositivo veicular especificando-se num objecto e numa orgânica. Pode-se definir como recipiente de informação, mas também como relação dessa informação com o recipiente. Tem de ser entendido à luz da Mediologia (disciplina criada pelo filósofo Régis Debray, que estuda as relações entre as chamadas disciplinas superiores [como Filosofia, Arte, Religião, Política, et caetera], e os seus procedimentos materiais de memorizarão), como o conjunto de relações entre algo “recipiente de informação/cultura”, e algo “que recolhe e processa”, e vice-versa. "Media" é o plural de "medium", e não confundir com a palavra aportuguesada “media” que supostamente designa meios de comunicação. Esta confusão resulta de uma abreviação, à boa maneira pragmática inglesa, da expressão communications media englobando jornais, rádio e televisão para media. Mas não tem relação directa com o português, embora o Brasil a tenha adoptado como "mídia". Assim, neste modelo entendemos como meio, não o objecto materializado em si, mas sim a relação entre objecto-indivíduo e indivíduo-objecto. Modelo 2-b
iii Ao olhar para os pontos anteriores, apercebemo-nos do utilizador/indivíduo, e da relação entre objecto-indivíduo e vice-versa. Sugerindo assim que a relação se baseia numa comunicação entre os dois intervenientes. Mas mais uma vez aqui o pensamento tem de ser alargado e abrangente até porque a ED fala em valores de ordem social e ética. Mais uma vez aqui iremos socorrermo-nos da disciplina de Medilogia, para tentar perceber o sentido da palavra "comunicação". A comunicação é directa, imediata, sensível aos sentidos, em sincronia, com tempo curto, o-estar-junto-ao-mesmo-tempo, ligado à velocidade utilizando matéria organizada e orientada para a informação. Aqui se vê a consequência consumista do design de hoje em dia. Mas a necessidade de abordar valores sociais e éticos, obriga a uma outra aproximação para além da condição efémera de comunicação: a transmissão. Ora, a "transmissão" é mediata, tocada ao longo de gerações, diacrónica, o-estar-junto-sucessivamente, orientado para valores e saberes, englobando a comunicação através de uma matéria organizada e de uma organização materializada. A transmissão intensifica e aumenta aspectos cognitivos. Aspectos cognitivos que podem promover modificações processuais de pensamento, aumentando o nível de compreensão da informação atulhada hoje em dia, promovendo modificações. O design aqui tem um papel preponderante, em todas as outras vertentes, onde os designers têm de ser como designadores intelectuais de transmissões e aumentos cognitivos. Mudamos assim o modelo de acordo com essa relação entre objecto e indivíduo. Modelo 2-c
O design designa relações Penso que algumas destas perguntas foram respondidas nos pontos acima expostos, mas convém anotar com o máximo de atenção que aqui estamos a falar de relações e nada mais. Ao mesmo tempo que o design designa relações, ele próprio tem de ser designado. Numa situação idealista o design seria o meio entre um problema e a sua possível solução, uma ferramenta do trabalho, mas completamente neutra[3]. Por isso alguma atenção tem de ser direccionada para o indivíduo que faz design, não em termos de autoria na sua visão comercialista, mas em relação à cultura (no sentido etnológico) e recipientes éticos. Neste sentido o indivíduo que faz design é influenciado pela cultura circundante. O mesmo acontece com o indivíduo que é receptáculo da relação designada. Assim o novo modelo, a que iremos chamar de Modelo Medium do Design, exemplifica essas relações, e as suas maneiras próprias de interacção. Modelo Medium do Design
Notas:
Referências: Internet
Patrícia Bizarro & Luís Inácio |
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