projeto de doutorado | msc. denise mônaco dos santos
A reflexão sobre os espaços domésticos contemporâneos pressupõe o estudo das implicações da introdução das chamadas novas mídias na vida cotidiana e suas relações com os espaços de morar. Este trabalho busca discutir conceitualmente estas relações nos seus mais variados aspectos. Pretende apresentar e examinar dados a partir da intervenção em uma comunidade concreta, com a implantação de comunicação mediada por computadores e outros equipamentos informatizados, dotados com uma interface colaborativa. Pretende-se avaliar, entre outros, os efeitos desta nova mídia nas relações sociais, dentro e fora da comunidade, no espaço físico da comunidade e nas habitações. Pretende-se relacionar este estudo com o campo de ação das políticas públicas, e da inclusão digital, focando o universo das classes sociais menos favorecidas. [topo]
In other
words, there is no virtual world independent from the physical/social
world. There is continuity between family life, work life, face-to-face
sociablity, and electronic communication, with a pattern of interaction
that combines in different forms these various expressions of sociability.
[1]
No início do século XX, nos países onde o processo
de industrialização já estava efetivado ou em plena expansão, o automóvel
foi um dos grandes agentes determinantes de padrões urbanísticos e de
desenho das principais cidades, e, consequentemente, de suas habitações.
Paralelamente, no momento atual, é correto pensar que as novas Tecnologias
de Informação e Comunicação (comumente nomeadas TICs) poderão potencializar
novas formas de agrupamentos humanos, e que de certa forma, contribuirão
para moldar o desenho das cidades e das habitações do século XXI.
Aos planejadores urbanos e arquitetos contemporâneos,
seria pertinente refletir e propor urbanidades e espaços habitacionais
típicos da “era da informação”
[2]
, que, por suas especificidades, não poderiam ser implementados
em outro contexto. Mas a real dimensão da amplitude das alterações que
as novas tecnologias de informação e comunicação implantam na sociedade
deste princípio de século, e dos anos por vir, ainda é imensamente desconhecida,
embora não faltem estudos prospectivos a este respeito. As mudanças em
muitas instâncias da vida cotidiana daqueles que vivem já imersos nesta
realidade são potencializadas pela rápida difusão da informatização. Suas
implicações são sentidas em atividades de trabalho e produção, de lazer,
na educação, na saúde, assim como nas relações interpessoais, nas estruturas
de poder, na configuração das instituições, abrangendo o todo que compõe
a esfera social. Segundo Castells, a base material da nova sociedade é
a informação, sendo as tecnologias da informação as ferramentas para gerar
riquezas, exercer o poder, e criar códigos culturais.
[3]
Desde os anos 1970, novos instrumentos tecnológicos
de comunicação, processamento de informação e geração de conhecimento
estão em franco desenvolvimento, e nos anos 1990, uma parte deles passaram
a ser amplamente utilizados, graças à grande expansão e difusão da rede
mundial de computadores, a Internet. Mas o uso do computador como um importante
canal de comunicação é apenas um dos pilares centrais da sociedade baseada
na informação. O desempenho das esferas econômicas, produtivas, sociais,
institucionais e culturais está centrado no fluxo de informação, e, consequentemente,
na geração de conhecimento. Este novo padrão tecnológico está presente
nos mais diferentes países, e nos seus diferentes grupos e classes sociais,
com grande variação em extensão e profundidade. Isto quer dizer que, em
âmbito mundial e também local, há quem esteja totalmente imerso nesta
nova realidade em transformação, mas há também quem se encontre excluído
deste novo contexto.
Intrinsecamente vinculados a essas transformações
estão sendo construídos novos paradigmas sociais. O que parece ser relevante,
e que interessa particularmente aqui, são os impactos da revolução tecnológica
baseada na microeletrônica sobre a vida cotidiana. As alterações sociais
presentes no dia-a-dia, principalmente através da inserção das chamadas
novas mídias, são, de certa forma, profundas e já não passam despercebidas.
[4]
À mudança da relação das pessoas com o tempo e espaço
[5]
somam-se, concretamente, as novas facetas do trabalho
[6]
e a configuração da chamada sociedade da informação
[7]
– aquela vinculada à universalização do uso da Internet
e da sua instituição como um dos mais importantes meios
de comunicação. Novas formas de sociabilidade estão emergindo e
somando-se às existentes. As chamadas comunidades virtuais, embora apresentem
múltiplas características, constituem uma realidade difícil de ser contestada.
Mas está longe ainda o consenso entre os pesquisadores com relação às
novas questões no âmbito da sociabilidade. Entre as análises de cientistas
sociais que, de forma pessimista, enxergam no futuro o fim das relações
sociais face-a-face, e àquelas precavidas ao extremo, que ignoram alterações
significativas nos vínculos sociais, somam-se
ainda as que exploram as evidências disponíveis deste processo de construção
de novas bases das relações em sociedade, centrando parte de suas análises
nas comunidades virtuais. Em muitos destes estudos, parte-se do
princípio de que comunidade é não apenas uma sociabilidade local, baseada
em limites geográficos, centrada em relações face-a-face, mas uma instância
onde valores e interesses são partilhados, onde está presente a sensação
de pertencimento. Neste caso, o senso de comunidade seria o incentivador
da participação pública, dos princípios democráticos, e da civilidade,
como enunciado, por exemplo, por Keith Hampton, da Universidade de Toronto.
[8]
Frente ao contexto acima assinalado,
o entendimento dos novos
padrões de sociabilidade a partir da inserção das novas mídias na vida
cotidiana parece imprescindível para a construção dos atuais espaços da
cidade, em geral, e domésticos, em particular, sejam eles privados, coletivos
ou públicos. Ainda que certas alterações sejam
já visíveis no uso desses espaços, muitas
questões implicadas nas relações entre eles e um novo padrão de vida cotidiana, marcado pela inserção das novas
mídias, são desconhecidas. Parece que cidades e moradias, de certa forma,
vão se adaptando de forma improvisada aos
novos modos de vida e tentam permanentemente não só alocar novos equipamentos,
mas, principalmente, novos comportamentos, à espera de iniciativas
projetuais que substancialmente espelhem as tendências emergentes.
O estudo aqui proposto pretende pesquisar as
relações entre a introdução das chamadas novas mídias na vida cotidiana
e os espaços de morar. Pretende enfocar os novos comportamentos derivados
do uso da chamada comunicação mediada por computador, e, particularmente,
suas relações com os espaços concretos. Parte-se do princípio de que o
ambiente virtual é um novo locus
de interação social, em todos os níveis, e que as chamadas comunidades
virtuais podem ajudar na reapropriação dos espaços concretos sobre novas
bases.
[9]
Pretende-se direcionar o estudo, particularmente,
para comunidades virtuais potencializadas em meio às camadas sociais mais
pobres, que estão mais distantes das possibilidades oferecidas pelas novas
TICs, e destacar o papel das políticas públicas na reversão desta situação,
quando assumem o papel de agentes a favor da inclusão digital. A criação
de comunidades virtuais em meio a comunidades existentes pressupõe a criação
de novos níveis de sociabilidade – em abrangência e em
intensidade – que, no dia-a-dia, podem ser de fundamental importância
quando se trata de comunidades carentes. Além da comunicação e acesso
à informação de modo geral, das possibilidades de lazer e entretenimento,
muitos serviços, inclusive públicos, podem ser disponibilizados através
do uso da rede de computadores. É importante, neste sentido, que os dispositivos
eletro-eletrônicos de transmissão à distância
– por exemplo, os computadores –, sejam equipados com interfaces altamente interativas, já
que, nessas comunidades virtuais, os usuários não podem apenas ser espectadores
ou “navegadores”, mas devem ser agentes criadores. Devem participar da
criação de informações, podendo adicionar, editar e alterar conteúdos.
Assim, pretende-se entender o impacto da comunidade virtual num certo
recorte de espaço físico, sua contraposição ou complementação com relação
à comunidade concreta, refletindo como este novo locus
de sociabilidade pode estar alterando os espaços de morar – ou pode estar
mostrando-se capaz de fazê-lo – de determinados
grupos sociais. E de forma mais ampla, busca-se pensar sobre as possibilidades
do universo virtual que podem estar complementando experiências concretas,
ampliando visões de mundo.
Várias experiências, em diferentes níveis e
localizações, estão sendo desenvolvidas no sentido de possibilitar a criação
de comunidades virtuais. Elas vão desde pesquisas acadêmicas a iniciativas
de governos e empresas, passando por experiências patrocinadas por organizações
não governamentais. O que se busca é a expansão do uso e das possibilidades
das TICs, aprofundando os benefícios que a comunicação informatizada pode
gerar em determinados contextos, principalmente em comunidades carentes,
permitindo acesso à informação, ampliando interações sociais, e gerando
determinados serviços que podem garantir uma melhoria na qualidade de
vida. São realizações de diversas naturezas, status sócio-culturais e soluções técnicas,
que podem ir da instalação de computadores conectados em rede – via cabos
ou wireless – em determinados fragmentos urbanos,
à criação de interfaces usuário/computador colaborativas.
[10]
A seguir, apresentam-se resumidamente algumas realizações
que, de certa forma, estão ligadas à configuração de comunidades virtuais
e a iniciativas que visam relacionar a comunicação informatizada a localidades
físicas. Netville, no Canadá, Helsinki Virtual
Village, na Finlândia, VAN Bohechio, na República Dominicana,
Les Courtillières de Pantin, na França e Solonópole, no Brasil, são, de
certa forma, experiências que promovem a comunicação e trocas de informação,
em amplo sentido, via conexão de computadores em rede, centrada numa localidade
física.
Les Courtillières de Pantin, França
[17]
Construído
sob influência dos preceitos modernistas na periferia de Paris, degradado
materialmente e socialmente, o conjunto habitacional Les Courtillières de Pantin compõe-se de edifícios de apartamentos para população de baixa
renda, e foi objeto de intervenção dos arquitetos
Claire Petetin e Philippe Grégoire, visando
a integração social de seus moradores. Apoiados financeiramente pelo Ministério
da Cultura francês e pela Secretaria da Cultura da Prefeitura de Pantin,
eles planejaram, em
Podem-se citar ainda outros dois exemplos,
um de desenvolvimento de projeto de interface e outro de website, cujos objetivos estão voltados para a inclusão digital de
populações de baixa renda, através da criação de dispositivos de interatividade,
que facilitam o acesso à informação e a comunicação de pessoas de diferentes
realidades sócio-culturais. Interfaces colaborativas de diálogo homem-máquina
podem tornar-se um meio privilegiado de comunicação, como de acesso e
produção de informação, quando livres de intervenções ideológicas. Estas
duas experiências, embora distintas, podem também ajudar na compreensão
dos fenômenos aqui abordados.
www.tarahaat.com O website www.tarahaat.com é destinado à população
de comunidades carentes rurais da Índia. Criado pelo Development Alternatives Group, o site faz parte do projeto TARA - Technology and Action for Rural Advancement. A estrutura da interface
utilizada no portal é visual e sonora, facilitando a usabilidade pelas
pessoas com baixos níveis de escolaridade. Foi projetada para ser simples,
priorizando também a utilização por crianças e adultos analfabetos. Vários
serviços estão disponíveis no site,
desde notícias gerais, até informações sobre saúde, educação, economia,
informes sobre o governo, entretenimento e comércio.
Data Cloud
2.0 O Data Cloud 2.0 é um software de código fonte aberto, livre,
projetado pelos institutos holandeses ArchiNed e V2_Lab. Trata-se de uma
interface cujo objetivo é funcionar como ferramenta de informação que
pode servir de apoio a uma comunidade. O programa possibilita navegação
e interação com o usuário, que tem liberdade para explorar, adicionar
e editar conteúdos. A estrutura do Data Cloud é associativa, ou seja,
trabalha com proximidade de objetos por significados associativos. A navegação
pelo programa não é linear nem hierarquizada. Os usuários exploram e organizam
o espaço de informação como desejarem, mudando as características dos
dados e sua posição dentro da “estrutura espacial”.
[18]
O programa permite grande fluidez e audiência participativa,
possibilitando aos usuários realizarem mudanças que são elaboradas a cada
nova busca ou reconfiguração. Trabalha-se com mídias variadas, desde imagens,
a vídeos, textos, modelos 3D, arquivos de som, etc. Segundo seus criadores,
o programa busca desenvolver um conceito de interface abstrata, evitando
metáforas inadequadas com o mundo físico e representações diretas. Conceito
oposto ao desenvolvido no website
www.tarahaat.com e na interface criada para
Pantin, que recriam, na tela, imagens pertencentes ao cotidiano dos usuários.
3.
JUSTIFICATIVA – síntese da bibliografia fundamental
As respostas às indagações formuladas a partir das experiências acima descritas são urgentes. Os idealizadores de Hensinki Virtual Village esperam ver esclarecidos, a partir da iniciativa de comunidade virtual centrada em Arabianranta, os efeitos sociais de uma profunda conectividade. “A constante disponibilidade de conexão sem fios criará comunidades mais unidas ou mais isoladas? Como as pessoas equilibrarão preocupações de isolamento com as vantagens óbvias da extensão de alcance sem fios? E quanto de conexão – uma vez sendo o status quo – as pessoas realmente vão querer?” [19] Existem inúmeros pesquisadores e os mais diversos estudos que abordam as questões relativas ao universo das novas TICs, dentre os quais destacam-se Manuel Castells, Eric Hobsbawn, Philippe Quéau, Pierre Lévy, Jean Baudrillard, William Mitchell, Nicholas Negroponte, Henri-Pierre Jeudy, Paul Virilio, entre tantos outros. No campo das relações das TICs e o universo das relações sociais e comunitárias é importante sublinhar os trabalhos pioneiros de Howard Rheingold, e, particularmente, os de Barry Wellmam e Keith Hampton, também autores dos estudos sobre Netville. [20]
Para Wellmam, o que se está vivendo atualmente é uma
profunda mudança paradigmática, principalmente no modo como a sociedade
é organizada.
[21]
Segundo o autor, vive-se hoje em sociedades em rede
– networked societies. Na sociedade baseada em grupos, as pessoas se
relacionam com poucos membros de cada grupo dos quais participam, confinadas
de acordo com uma estrutura precisa, com limites para inclusão e exclusão,
e hierarquias profundas. Já nas sociedades em rede, as interações são
mais diversas, as hierarquias mais rasas, os limites mais permeáveis.
Em casa, no trabalho, e em outras instâncias, as trocas acontecem entre
redes múltiplas, sendo a rede de computadores – não uma rede social –
a infraestrutura tecnológica que aumenta a habilidade das pessoas e organizações
em comunicarem-se, de forma melhor ou pior. O viver em redes pressupõe,
segundo Wellmam, o aumento das habilidades para conectar muitos ambientes
sociais e a diminuição do controle que estes ambientes têm sobre as pessoas.
Também pressupõe interações baseadas nas características das pessoas,
no seu estilo de vida, seu pensamento e interesses, substituindo critérios
como idade, gênero, raça e etnia; cria vínculos indiretos ao invés de
isolamento, amplia a possibilidade de escolhas e reduz a identificação
e a pressão de se pertencer a grupos, aumentando a oportunidade de globalização.
Ao indagar-se a respeito dos efeitos do ciberespaço
nas relações sociais e discutir a natureza das comunidades virtuais, Keith
Hampton destaca o debate sempre presente no meio acadêmico, quando se
trata destes assuntos, entre aqueles que denomina não utopistas e os chamados
utopistas tecnológicos.
[22]
Os primeiros acreditam que na sociedade da informação,
na qual trabalho, lazer e vida social ocorrem em grande parte em ambientes
informatizados e virtuais, as pessoas podem rejeitar as relações sociais
centradas em vínculos baseados em localizações físicas e contatos pessoais.
Por outro lado, os segundos acreditam que a Internet criou uma forma totalmente
nova de comunidade, que libertou o indivíduo das restrições geográficas,
e das características sociais como gênero, raça e etnia. Segundo o autor,
este debate não reconhece que, perdida ou recriada, a comunidade já foi
libertada da geografia, do lugar físico, e que as novas TICs podem, por
um lado, assegurar a promessa de reencontro das comunidades baseadas em
lugares físicos, ou por outro, de libertá-las definitivamente. O autor
alerta que, apesar de estar claro que existem vínculos sociais baseados
em compartilhamento de espaços concretos, a similaridade de interesses
é a mais importante forma de manutenção de laços sociais. “Definem-se
comunidades como relações de vínculos informais de sociabilidade, apoio
e identidade, raramente limitando-se
a solidariedades de vizinhança ou até mesmo
a grupos unidos de família e amigos”,
escreve Hampton. “Comunidades consistem em afinidades distantes, de local
de trabalho, de vínculos de grupo de interesse e de vizinhança, que, juntos,
formam uma rede social que provê ajuda,
apoio, controle social e outros vínculos para ambientes múltiplos. Dentro
destas comunidades pessoais os indivíduos usam múltiplos métodos
de comunicação: contato direto, telefone, correio postal, e mais recentemente
fax, e-mail,
chats, e grupos de discussão
via e-mail. Procurar pelo lugar da comunidade
(seja em vizinhanças ou no cyberspace)
é um dos meios inadequados de revelar vínculos comunitários.” Interessa
particularmente aqui, o que Hampton revela, a partir de Netville: que
as TICs encorajaram uma comunidade no nível menos esperado, o de vizinhança,
que não tem tradição na América do Norte. Isto porque, na verdade, se
se der oportunidade para as pessoas interagirem e trocarem informações
num determinado local, é mais provável a formação de vínculos sociais
locais fortes. As TICs facilitam a troca de informação, comunicação e
outros recursos ao nível de vizinhança, encorajando comunidades baseadas
no espaço físico, ou seja, a oportunidade de interação social local é
a responsável pelo aumento do envolvimento comunitário. Isto pode ser
válido tanto para vínculos sociais locais como para um aumento de participação
pública. O estudo leva a crer que projetar comunicações mediatizadas por
computadores para facilitar a troca de comunicação e informação, em bases
locais, na falta de outras oportunidades institucionais para tal, pode
melhorar o fluxo de informação e ampliar redes sociais locais, aumentando
a rapidez de envolvimento comunitário.
Castells, ao indagar-se a respeito das implicações
do uso maciço da Internet como meio de comunicação, ressalta várias questões.
[23]
Primeiramente, destaca que a rede é um veículo que
não é facilmente controlável técnica ou politicamente, fato que abranda
os efeitos nocivos dos tradicionais sistemas de comunicação de massa.
Afirma que a universalização da rede não implica no aparecimento de uma
sociedade virtual que substituiria o que ele chama de “sociedade real”
e cita o trabalho de Barry Wellmam, que mostra que as redes sociais mediadas
por computador são largamente associadas às práticas sociais das pessoas
nas suas já existentes redes sociais, destacando que as comunidades eletrônicas
não são menos reais ou menos significantes que as comunidades territoriais,
fixadas espacialmente.
[24]
A Internet ampliaria cadeias sociais arraigadas, ao
invés de deslocá-las. Chama atenção para o fato de que o uso compartilhado
da Internet se dá em situações de interesses profissionais e pessoais,
e para isso são criadas redes com propósitos específicos, através de afinidades,
valores e interesses. Cita também estudos psicológicos que apontam que
o canal induz personalidades flexíveis e identidades mutáveis, mas que
são livres de constrangimentos e individualizadas no seu modo de interação.
Por fim, afirma que a sociabilidade na Internet pode ser forte ou fraca,
dependendo das pessoas e do conteúdo das suas relações, e que está, de
certo modo, ligada à comunicação não eletrônica.
Castells também destaca outro aspecto que interessa particularmente o trabalho aqui proposto, a questão das desigualdades na era da informação. Segundo o autor, “se há uma frase que capturaria a essência do atual registro empírico nas implicações sociais das novas TICs, provavelmente seria a de que há um buraco dramático entre nosso superdesenvolvimento tecnológico e nosso subdesenvolvimento social.” Como foi visto, se a comunicação mediatizada pode levar ao fortalecimento de vínculos sociais mais substanciais numa determinada localidade, vínculos que trazem consigo inúmeros benefícios às pessoas, seria importante que isto se desse em comunidades social e economicamente carentes. O subdesenvolvimento social pode ser combatido principalmente através de políticas públicas de inclusão digital. O sociólogo Sérgio Amadeu da Silveira, atual diretor do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, sublinha que cabe ao Estado “ampliar a cidadania a partir do uso intensivo das tecnologias da informação, inserir as camadas mais pauperizadas na sociedade da informação e do conhecimento e tornar o acesso à rede mundial de computadores um direito básico”. [25] Para que se possa pensar no direito de compartilhar a rede de forma qualitativa é primordial que se pense em interatividade, que pressupõe criatividade, incentivo à curiosidade, ao conhecimento e à própria sociabilidade. Também são importantes os softwares com código fonte aberto, livres de restrição proprietária, dispositivos que trazem vantagens econômicas substanciais, quando se trata de verbas públicas.
É sabido, no entanto, que novas demandas foram criadas a partir da introdução das novas mídias, e não só no campo das relações sociais. Os espaços a serem criados para a sociedade em rede também devem ser de uma outra ordem. Em meio a uma diversidade crescente de usuários, originários de grupos sociais distintos e diferentes formatos familiares, a habitação e os espaços coletivos que se implantam na maioria das localidades providas com equipamentos de alta tecnologia de comunicação ainda é convencional. Jussi Kautto, arquiteto-chefe responsável pela equipe que trabalha com os projetos das moradias em Arabianranta acredita que “durante os próximos dez anos os arquitetos se voltarão a técnicas de construções ‘abertas’, oferecendo moradias que possam ser reestruturadas de acordo com o aumento e as mudanças das famílias, com a transformação de quartos em escritórios, de banheiros em cozinhas, e assim por diante. Isso permitiria mover cômodos como se fossem mobília. As casas”, diz Kautto, “têm que se tornar mais multifuncionais.” [26]
Dentro do Nomads.usp - Núcleo de Estudos sobre Habitação
e Modos de Vida há várias pesquisas em andamento que buscam delimitar
as alterações no espaço doméstico equipado com
dispositivos de comunicação informatizados.
[27]
Segundo Tramontano, Pratschke
e Marchetti
[28]
, cinco níveis principais de alterações podem ser identificados.
Num primeiro nível – o da relação
dos membros do grupo com as novas mídias –, a interatividade que muitas
delas oferecem simulam as relações interpessoais concretas, transportando-as
para o universo de representação da realidade. Num segundo nível, o da
relação entre os membros do grupo familiar, a escolha entre convívio e
isolamento, e o controle pessoal à distância são fatos que merecem atenção.
No que concerne à relação dos membros do grupo com pessoas extra-grupo,
o isolamento pode significar conectar-se ao mundo, principalmente com
as relações interpessoais que se nutrem exclusivamente de encontros no
espaço virtual cada vez mais comuns e socialmente aceitas. Com relação
à alteração da função dos cômodos, definida principalmente pela introdução
de novos equipamentos de telecomunicação, somam-se as questões relativas
à sobreposição de funções, que não está prevista na habitação convencional,
à realidade de justaposição de diferentes atividades realizadas num espaço
habitacional sempre mais exíguo. Por fim, trata-se da migração de funções
entre as esferas privadas, coletivas e públicas, a partir da apropriação
de novas mídias. Algumas das atividades tradicionalmente realizadas na
esfera privada do lar, como conversas pessoais ao telefone, passam a ser
realizadas nas esferas coletiva ou pública, e inversamente, atividades
tradicionalmente realizadas na esfera coletiva ou pública, como o trabalho
remunerado, podem passar para o espaço doméstico. Isto aponta para a necessidade
de se rever o desenho do espaço doméstico, e de se prever novos equipamentos
coletivos ou públicos. Segundo Tramontano, “a relação entre moradia e cidade também tende a ser revista”.
[29]
As habitações, agora
providas por cada vez mais avançados sistemas de telecomunicação,
estão próximas às fontes de informação, e “conquistam
a liberdade teórica de funcionar à distância, relacionando-se entre si
e com redes de serviços em uma instância virtual, e, sob muitos aspectos,
independentemente do espaço concreto. Isso significa que uma crescente
parcela de atividades quotidianas dos moradores urbanos, incluindo o uso
de serviços públicos, e atividades profissionais e de lazer, parece tender
a prescindir de espaços concretos. Diferentemente da sociedade
industrial, na qual a população agrupa-se em polos urbanizados onde a
informação se concentra, na emergente sociedade pós-industrial, como tem
sido chamada, a informação é que seria levada aos indivíduos, e o lugar
físico onde eles efetivamente se encontram importa pouco.”
[30]
Fica claro que as novas tecnologias de informação e comunicação, e seu universo virtual, criam ininterruptamente novas demandas no complexo campo das relações e interações sociais, e consequentemente nos espaços de morar. Grande parte destas demandas não são manifestas, e portanto merecem ser objeto permanente de análises, interpretações, leituras e inferências. [topo]
OBJETIVO GERAL
O objetivo da pesquisa é entender as implicações da introdução das chamadas novas mídias na vida cotidiana e suas relações com os espaços de morar. Além da discussão conceitual, o estudo pretende apresentar e examinar dados a partir da intervenção em uma comunidade concreta, através da implantação de comunicação mediada por computadores e outros equipamentos informatizados, dotados com uma interface colaborativa. Pretende-se avaliar, entre outros, os efeitos desta nova mídia nas relações sociais, dentro e fora da comunidade, no espaço físico da comunidade e nas habitações. Pretende-se relacionar este estudo com o campo de ação das políticas públicas, e da inclusão digital, focando o universo das classes sociais menos favorecidas.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
5.
PLANO DE TRABALHO E CRONOGRAMA
PLANO
DE TRABALHO
1ª etapa: Revisão bibliográfica: consulta a fontes de dados secundárias.
A partir da bibliografia proposta, será realizada uma análise crítica,
visando caracterizar conceitualmente os diversos temas relacionados com
a pesquisa, de acordo com os seguintes sub-temas:
- As novas tecnologias de informação e comunicação e aspectos gerais
da cultura contemporânea;
- As implicações das novas mídias nos espaços de morar: habitações e espaços coletivos;
- A questão da comunidade: conceitos;
- Comunidades virtuais: conceitos e experiências;
- Internet, softwares
livre e interfaces colaborativas;
- As políticas públicas de inclusão digital.
2ª etapa:
Mapeamento, via Internet, de software livre e interfaces colaborativas
que poderiam ser utilizadas nas etapas posteriores;
3ª etapa: Consulta a fontes de dados primárias: Coleta de dados e material
de pesquisa em localidades onde foram implantadas experiências com comunidades
virtuais, prevendo:
- Visitas ao espaço físico;
- Entrevistas com os idealizadores, implementadores e gestores
de tais realizações;
- Entrevistas informais com usuários, eventualmente em focus groups;
- Pesquisa das soluções tecnológicas adotadas, incluindo as interfaces,
através da usabilidade;
4ª etapa:
Elaboração do Memorial de Qualificação:
organização de todo o material produzido nas etapas anteriores;
5ª etapa: Implantação de comunicação
mediada por computadores em uma comunidade fisicamente delimitada.
[31]
Esta etapa será subdividirá nas seguintes sub-etapas:
1.
Definição de critérios metodológicos
baseados em análises desenvolvidas nas etapas anteriores, incluindo a
definição da interface interativa a ser utilizada;
2.
Definição de plano de trabalho
para sub-etapas específicas com os parceiros – gestores públicos, organizações
do terceiro setor, empresas privadas e instituições acadêmicas;
3.
Caracterização da localidade
física e desenvolvimento do cronograma de intervenção;
4.
Implantação dos equipamentos
e diferentes interfaces, de forma progressiva: site, lista de e-mails, fórum de discussões, interface colaborativa. Informação,
estímulo e auxílio aos usuários;
5.
Coleta contínua de dados,
através de procedimentos metodológicos previamente definidos. Boa parte
da coleta e sistematização de dados deverá ser feita através das próprias
interfaces implantadas.
6ª etapa: Sistematização contínua
do material coletado e avaliação e registro dos resultados;
7ª etapa: Análise do material obtido
com a experiência de campo relacionando-o à contextualização teórica e
crítica desenvolvidas nas etapas 1 e 2;
8ª etapa: Elaboração das conclusões
do trabalho e redação final da tese.
CRONOGRAMA RESUMIDO
§
2º semestre de 2003: Disciplinas
obrigatórias, atividades programadas, revisão bibliográfica e mapeamento
de dados, via Internet. (Etapas 1 e 2)
§
1º semestre de 2004: Disciplinas
obrigatórias, atividades programadas, revisão bibliográfica e mapeamento
de dados, via Internet. (Etapas 1, 2 e 3.)
§
2º semestre de 2004: Exame
de Qualificação (Etapa 4)
§
1º semestre de 2005: Desenvolvimento
de atividades preliminares à pesquisa de campo. (Etapa 5, sub-etapas 1,
2 e 3)
§
2º semestre de 2005: Pesquisa
de campo. (Etapa 5, sub-etapas 4 e 5)
§
1º semestre de 2006: Sistematização
do material coletado, avaliação e registro dos resultados. (Etapa 6)
§
2º semestre de 2006: Análise
a experiência de campo relacionada à contextualização crítico-teórica.
(Etapa 7)
§
1º semestre de 2007 : Redação
final da tese e defesa. (Etapa 8)
A pesquisa irá utilizar procedimentos metodológicos
de várias naturezas. É importante destacar que o desenvolvimento do trabalho
será permeado por consultas a fontes de dados secundárias, como livros,
dissertações e teses, artigos, revistas, sites
na Internet, entre outros. O
objetivo é, por um lado, o embasamento teórico e crítico, e, por outro,
a coleta de alguns materiais que são objeto de estudo da própria pesquisa,
como software livre, e determinados sites, ambos disponíveis na Internet.
Em momento determinado, será realizada consulta a fontes primárias através de visitas a localidades onde foram implantadas experiências em comunicação mediada por computador ou por outras mídias, preferencialmente através do uso de interfaces colaborativas, realizando entrevistas com os idealizadores, implementadores e gestores de tais realizações.
O mais significativo instrumento de investigação será
a implementação de uma experiência com uma comunidade virtual, através
da implantação de dispositivos de comunicações mediatizadas em uma comunidade
urbana geograficamente delimitada, cuja população pertença às classes
sociais pobres.
[32]
Será proposta a intervenção em uma localidade específica
e delimitada, mediante a implantação de computadores e set-top
boxes equipados com interface colaborativa, selecionada em etapas
anteriores da pesquisa, com o objetivo de se implementar uma comunidade
virtual.
[33]
Algumas estratégias para o processamento de dados e
avaliação desta intervenção podem ser citadas, como a observação do uso
dos espaços, in loco, o uso de questionários, aplicados em princípio via Internet, para obtenção de informações
junto aos usuários envolvidos na experiência, a realização de discussões
em grupos focais, o monitoramento de um fórum digital da comunidade e
da interface colaborativa.
[34]
Deve-se, entretanto, ressaltar que, dado o caráter
inédito da pesquisa, é possível que certos procedimentos metodológicos
sejam desenvolvidos a partir de problemas apresentados.
7.
FORMA DE ANÁLISE DOS RESULTADOS
O desenvolvimento
teórico e conceitual da pesquisa é um processo de construção contínuo,
e se concretiza à medida em que se aprofundam as consultas a fontes de
dados, sejam primárias ou secundárias. Neste sentido, pode-se pensar em
um processo de análise contínuo. Porém, após algumas etapas de coleta
cumpridas, são imprescindíveis avaliações e a obtenção de resultados parciais,
para dar prosseguimento prático do trabalho. A análise das interfaces
colaborativas, por exemplo, resultará na seleção de uma interface que
será aplicada na intervenção proposta, com conteúdo gerado especificamente.
A partir da intervenção, serão apresentados novos dados que alimentarão
a análise das diversas questões abordadas pela pesquisa.
É importante destacar
que esta pesquisa é um estudo inicial sobre o assunto, o que imprime-lhe
um caráter amplo, panorâmico. Neste sentido, faz-se importante reconhecer
o conjunto de implicações relacionadas ao tema proposto e não priorizar
questões particulares. Em determinado sentido, trata-se de verificar as
relações intimamente atreladas ao experimento proposto, explorando seus
vários aspectos. Se, por um lado, o ineditismo da pesquisa imprime-lhe
abrangências, por outro, afasta-a da superficialidade.
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IBGE: http://www.ibge.gov.br
Instituto Brasil Digital, da Telesp Celular:
http://www.ibd.org.br/
Interface
colaborativa DataCloud 2.0: http://datacloud2.v2.nl/research.html
Interface
colaborativa DataWolk: http://www.dwhw.nl/
Nomads:
http://www.nomads.usp.br/site
Prefeitura
Municipal de Solonópole: http://www.solonopole.ce.gov.br
Programa
Sociedade da Informação:
http://www.socinfo.org.br
Projeto On-Line Cidadão http://www.onlinecidadao.com.br
SAMPA.ORG:
http://www.sampa.org.br
Seade:
http://www.seade.gov.br
Site oficial de VAN Boechio: http://edev.media.mit.edu/vanbohechio.html
Site oficial do Helsinki Virtual Village: http://www.helsinkivirtualvillage.com/ (em construção)
Site sobre exclusão digital da UFCe: http://www.exclusao.hpg.ig.com.br
somos @telecentros - Red de Telecentros
en América Latina y El Caribe: http://www.tele-centros.org
Telecentros
Brasil: http://www.regency.org/telecentro.htm
[1]
CASTELLS, M. The
Social Implications of Information & Communication Technologies.
Report prepared for UNESCO's World Social Science Report, 1999.
Disponível
em http://www.chet.org.za/oldsite/castells/socialicts.html
[2]
Termo usado pelo sociólogo espanhol Manuel Castells, professor da Universidade
de Berkeley – USA, um dos principais estudiosos da contemporaneidade.
Sua trilogia A Era da Informação:
Economia, Sociedade e Cultura, analisa profundamente as mudanças
paradigmáticas dos últimos anos.
[3]
CASTELLS, op. cit.
[4]
Além dos computadores e da Internet, são novos
veículos de comunicação também os sistemas
televisivos a cabo, os sistemas de telefonia móvel, e as econômicas
set-top boxes, menos difundidas no Brasil, para citar apenas alguns.
[5]
É sabido, no universo das Ciências Sociais, que a prática e a construção
social do espaço e tempo está amplamente ligada ao processo de transformação
histórica. Neste sentido, Manuel Castells discute a emergência, na era
da informação, de “espaços de fluxos” e de “tempos infinitos” que afetariam
profundamente as noções tradicionais de tempo e espaço.
[6]
A configuração do trabalho vem se alterando nos últimos anos. Pode-se
citar, como exemplo inicial, o crescente aumento da migração, para o
espaço doméstico, de atividades relacionadas ao trabalho remunerado.
Trabalhadores e empresas não necessariamente precisam ocupar o mesmo
espaço físico, graças às possibilidades de comunicação garadas pelas
TICs.
[7]
Expressão e definição utilizadas por pensadores como Paul Virilio, Pierre
Lévy, Henri-Pierre Jeudy, Nicholas Negroponte e William Mitchell, entre
outros, e amplamente aceitas em programas governamentais de diversas
nações.
[8]
Ver HAMPTON, K. N. Place-based and it mediated “community”. Planning
Theory & Practice 3(2), p. 228-231, 2002.
[9]
É importante destacar que o conceito de comunidade virtual é amplo,
podendo designar desde grupos de interesses, em vários níveis, existentes
na Internet, às redes Intranet. O que interessa especificamente aqui,
quando se trata de comunidades virtuais, são os grupos de pessoas que
se comunicam virtualmente e que, ao mesmo tempo, pertençam a uma mesma
localidade delimitada fisicamente, ou seja, pertençam a um certo espaço
geográfico reconhecido, como conjunto residencial, bairro, vizinhança,
comunidade rural, entre outros.
[10]
Interfaces computacionais em que diversos usuários interagem comunicando-se
em tempo real, utilizando a internet, como certos jogos, e programas
conhecidos como instant messagers.
[11]
Em sua maioria famílias nucleares, de classe média-baixa.
[12]
As informações aqui apresentadas referem-se ao texto In Helsinki Virtual Village... de Willian Shaw disponível em <http://www.wired.com/wired/archive/9.03/helsinki.html>
[13]
Qualquer informação criada num determinado sistema operacional de um
determinado equipamento poderá ser decodificada em diferentes versões
para serem disponibilizadas em outros equipamentos.
[14]
A implantação de telecentros LINCOS conta também com o patrocínio da
Fundação para o Desenvolvimento Sustentável da Costa Rica e de outras
instituições públicas e privadas de vários países.
[15]
Na região de Bohechio, o índice de analfabetismo gira em torno de 40%.
A experiência está descrita em SHAKEEL, H. U. Community
Knowledge Sharing:
an Internet application to support communications
across literacy levels. Thesis
for the degree of Master of Science in Technology and Policy, submitted
to the Engineering Systems Division at the Massachusetts Institute of
Technology, 2001.
[16]
Informações sobre a experiência de Solonópole podem ser encontradas
no site oficial do município: http://www.solonopole.ce.gov.br
[17]
As informações a respeito desta experiência foram extraídas de TRAMONTANO,
M. Vozes Distantes: organização e sociabilidade em comunidades
informatizadas. In: SILVEIRA, S. A., CASSINO, J. Inclusão digital e software livre, São Paulo: Conrad, 2003.
[18]
Segundo seus criadores, a organização do programa é espacial, inspirada
no design, na arquitetura, nas representações
científicas das estruturas atômicas, jogos, realidade virtual, cartografia
em 3D. Disponível para descarga gratuita em http://datacloud2.v2.nl
[19]
SHAW, W. , In: Helsinki Virtual Village Disponível em <http://www.wired.com/wired/archive/9.03/helsinki.html>
[20]
Vale lembrar que, aspectos relativos ao tema ‘comunidades’ já mereceram
nossa particular atenção, através do desenvolvimento de um olhar aguçado
sobre os conjuntos estudados na pesquisa de mestrado “Atrás dos Muros:
unidades habitacionais em condomínios horizontais fechados”.
[21]
WELLMAN,
B. Living networked in a wired
world. For Marti Hearst and Dick Price, “Trends and Controversies”
section of IEEE Intelligent Systems, January-February, 1999.
[22]
HAMPTON,
K. N. Place-based and it mediated “community”. Planning Theory & Practice 3(2), 2002, p. 228-231
[23]
CASTELLS, M., op.
cit..
[24]
CASTELLS faz referência a Wellman, Barry et alter (1996)
“Computer networks as social networks: collaborative work, telework
and virtual community", Annual Reviews of Sociology, 22: 213-38
e Wellman, Barry and Gulia, Milena (1998) "Net surfers don't ride
alone: virtual communities as communities" in: Wellman, Barry (editor)
"Networks in the global village", Boulder: Westview Press.
[25]
SILVEIRA, S. A. Exclusão digital:
a miséria na era da informação. São Paulo: Perseu Abramo, 2001,
p. 43.
[26]
SHAW, W., op. cit.
[27]
É importante destacar que o Nomads.usp também possui um razoável banco
de dados relativo às experiências com comunidades virtuais, e à implantação
de telecentros. Alguns pesquisadores do grupo, graduandos e pós-graduandos,
também desenvolvem estudos voltados à questão da inclusão digital.
[28]
TRAMONTANO, M., PRATSCHKE, A., MARCHETTI, M. Um toque de imaterialidade:
o impacto das novas mídias no projeto do espaço doméstico. In: DEL RIO, V., DUARTE, C., RHEINGANTZ, P. (orgs.) Projeto do lugar: colaboração entre psicologia,
arquitetura e urbanismo. Rio de Janeiro: ProArq, 2002.
[29]
TRAMONTANO, M. Vozes Distantes: organização
e sociabilidade em comunidades informatizadas. In: CASSINO, J., SILVEIRA,
S. A., Inclusão digital e software livre, São
Paulo, Conrad, 2003.
[30]
TRAMONTANO, M., op. cit.
[31]
É importante destacar que esta intervenção faz parte de uma pesquisa
mais ampla, em fase de projeto, que evolve o Nomads.usp - Núcleo de
Estudos sobre Habitação e Modos de Vida, do Departamento de Arquitetura
e Urbanismo da EESC-USP, e outros parceiros, como gestores públicos,
como o Governo Eletrônico da Prefeitura de São Paulo, organizações do
terceiro setor, empresas privadas, e pesquisadores de outras instituições,
inclusive do Exterior, como FAUUSP, EPUSP, UFMG, University of New South
Wales, da Austrália, V2_Lab Institut for Unstable Media, da Holanda,
e ZKM Center for Media Art, da Alemanha. O início da realização da pesquisa
propriamente dita está previsto para o mês de setembro de 2003.
[32]
No momento da elaboração deste plano, duas áreas encontram-se em avaliação
pelo Nomads.usp, juntamente com parceiros tecnológicos e de gestão pública:
uma em São Paulo (Cidade Tiradentes) e outra em Ribeirão Preto.
[33]
A concepção e construção da interface colaborativa a ser utilizada não
faz parte dos objetivos da pesquisa aqui proposta, mas a avaliação de
seu uso e seus possíveis efeitos sobre os usuários.
[34]
Todas estas práticas serão desenvolvidas com o consentimento absoluto
dos usuários envolvidos nesta experiência, e inspiram-se nos procedimentos
metodológicos usados por Hampton e Wellman, em Netville, Canada.
< para pessoas
< to crew