Vários
fatores vêm contribuindo nas últimas décadas para grandes
mudanças no âmbito social: a inserção da mulher
no mercado de trabalho, os avanços da informática
e a introdução desta no espaço doméstico, impulsionando
o trabalho à distância, a liberação
sexual, etc. Esses e outros fatores têm gerado
mudanças no cotidiano doméstico,
porém, este espaço continua, na grande maioria dos casos,
seguindo o modelo da tripartição burguesa
oitocentista parisiense em zonas de serviço, social e íntima,
como mostram diversos trabalhos realizados no Nomads.Usp. Estes estudos
apontam a recorrência emblemática desta tripartição
na quase totalidade dos apartamentos oferecidos pelo mercado imobiliário
paulistano e brasileiro, bem como na grande maioria das demais modalidades
de habitação.
Diante
desta constatação, diversas discussões têm sido
realizadas destro do Núcleo, analisando cuidadosamente espaços
propostos para adquirir subsídios que auxiliem na busca de novas
possibilidades de adequar o espaço doméstico
às necessidades reais dos atuais moradores. As conclusões
preliminares têm apontado uma substituição da rigidez
do modelo pela flexibilidade de espaços
reconfiguráveis capazes de atender às novas demandas da sociedade.
Além
destas questões, o grupo também vem estudando os impactos
ambientais causados por diversos materiais, sejam eles usados
na construção civil, sejam eles usados na produçãode
mobiliário. Nestes estudos, é avaliado o ciclo de vida
do material, da extração ao descarte, e portanto pode-se listar
quais são materiais que são menos agressivos ao ambiente.
Os
trabalhos do NOMADS.USP tem buscando esta flexibilidade através da
sobreposição de funções
em diversos elementos: divisórias, mobiliário, equipamentos,
componentes construtivos, procurando ampliar este conceito e potencializar
seu uso no desenho do espaço doméstico, aliado às preocupações
ambientais.
Esta
pesquisa propõe uma leitura
comparativa entre duas compilações,
uma internacional e uma nacional, já realizadas pelo Nomads.usp,
de mobiliários e equipamentos para espaços domésticos,
produzidos no Brasil durante a última década do século
XX e uma internacional abrangendo o período de 1998 a 2000, veiculados
pela mídia impressa especializada em Arquitetura e Design de Interiores.
Busca-se obter indicadores de quantidade e qualidade, comparando
em que medida aspectos relativos aos novos
modos de vida ou às preocupações
ambientalistas tem
feito parte de sua concepção.