Equipamento e mobiliário:
que diferenças entre estes objetos? Quais prerrogativas melhor os definiriam,
hoje? Ou ainda mais: seria o equipamento capaz, por si, de estruturar o
espaço arquitetônico? Não é o que crêem convencionalismos bem aceitos, que
vêem no comumente chamado 'equipamento' apenas o objeto que possibilita
a realização de tais e tais funções em um espaço previamente estruturado
pelo projeto de arquitetura.
Lembremo-nos de três momentos
na curta história dos equipamentos e mobiliário modernos, tal como os conhecemos
hoje. O primeiro deles, o seu nascimento: a partir da industrialização,
surgem os primeiros equipamentos desempenhando suas funções em espaços completamente
desdenhados pelo arquiteto-artista de então - cozinhas, banheiros, etc.
A partir do segundo pós-guerra, a consagração da casa como bem de consumo
confere importância a estes cômodos, dentro das colocações modernistas que
passam a considerá-los equipamentos em si, cômodos de serviços ou de higiene
realizados de acordo com projeto arquitetônico específico. Hoje, o que se
percebe é o desenho destes objetos dialogando e, muitas vezes, sobrepondo-se
à própria concepção do espaço que, em princípio, os contém, determinando-a.
O início desta reviravolta situa-se, provavelmente, nos turbulentos anos
1960, quando, nos lofts norte-americanos, a casa convencional passa a ser
sistematicamente reduzida a fragmentos, rearranjados em amplos espaços destinados
inicialmente para outras atividades.
Alguns trabalhos de pesquisa
vêm sendo produzidos há alguns anos pela equipe do Nomads, constituindo
coletâneas de registros de objetos que buscam expressar este atual e peculiar
caráter de definidores do espaço. Seus autores são arquitetos e designers
preocupados com os novos rumos que tem tomado o projeto da habitação em
si, ao considerar as novas solicitações de uma sociedade cujo perfil demográfico
e os modos de vida encontram-se em acelerada transformação. Em alguns casos,
os objetos agrupam equipamentos com diversas funções. É este simples ato
de justapô-los espacialmente que vai alterar radicalmente o caráter e o
uso do espaço onde eles se situam, transformando cômodos tradicionalmente
estanques, funcionalmente falando, em novos ítens do programa de uma habitação
que está ainda apenas se esboçando na prancheta - ou no computador - de
arquitetos atuais.
Neste ponto de sua história,
a definição de equipamento confunde-se, irremediavelmente, com a de mobiliário.
Sobre rodízios ou trilhos, o equipamento desloca-se pelo espaço doméstico
requalificando-o continuamente, deixando de ser artigo do mercado formal
da construção civil, escolhido entre pias e tanques, para figurar entre
os ítens dos chamados objetos de design, ao lado de luminárias, cadeiras
e mesinhas. A noção de flexibilidade assim impressa ao desenho do objeto
é a própria garantia da flexibilização de usos do espaço, contrariando noções
arquitetônicas eventualmente ultrapassadas, que exigiam vedações verticais
móveis para que o espaço pudesse ser considerado flexível.
Por outro lado, esta
preocupação precisa estender-se à Habitação Social, eterna preterida das
discussões sobre espacialidade arquitetônica. É neste sentido que o Nomads
propõe que caminhe a pesquisa de interiores domésticos de interesse social:
tanto quanto os projetos de edificações produzidos pelo grupo, cuja premissa
básica é a produção de habitação social alternativa àquela consagrada pelos
órgãos e investidores responsáveis pela produção de unidades habitacionais
no país, os mobiliários e equipamentos aqui imaginados devem proporcionar
alternativas à estanqueidade funcional normalmente encontrada na habitação
convencional, empregando materiais alternativos àqueles disponíveis no mercado
formal de materiais, ou, ainda, propondo usos alternativos de materiais
convencionalmente comercializados neste mercado.
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e s u m o |
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o n c e i t o |
O b j e t i v o s | T
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