A investigação aqui apresentada insere-se em um linha de pesquisa mais ampla, em curso, sobre o tema Habitação Contemporânea, sob a coordenação do Prof. Associado Dr. Marcelo Tramontano, cujo principal objetivo é o estudo e a produção de alternativas espaciais e tecnológicas àquelas comumente utilizadas no projeto da habitação brasileira urbana, procurando rever esses modelos convencionais, e fazendo um questionamento de seu desenho em relação às novas necessidades da sociedade brasileira: seu novo perfil demográfico, seus modos de vida emergentes, a diversidade de composição de seus grupos domésticos. Mais informações sobre o Nomads.usp e suas pesquisas no site do núcleo: www.nomads.usp.br.
Foi proposta nesta pesquisa a leitura de peças gráficas de apartamentos internacionais contemporâneos, considerados pela crítica arquitetônica como exemplares inovadores e de boa qualidade arquitetônica e espacial, construídos a partir do ano 2000 em território europeu e publicados em periódicos internacionais. A partir da sistematização do material coletado foi produzida uma base de dados sobre estes edifícios, nos moldes do banco de dados existente sobre edifícios de apartamentos produzidos na cidade de São Paulo, desenvolvido em outras pesquisas do Nomads.usp.
A catalogação e análise de plantas de apartamentos paulistanos, assim como textos e gráficos explicativos sobre os usos de seus espaços, têm sido objetivo de diversas pesquisas no Nomads.usp, que têm identificado, quantificado e analisado a recorrência de suas configurações, comparando-as com padrões internacionais e de outras regiões brasileiras. Muito foi produzido nos últimos anos por bolsistas de doutorado, de mestrado e de iniciação científica através de levantamentos bibliográficos diversos e aquisição de obras no Brasil e no Exterior, da consulta a arquivos de acervos diversos em São Paulo, de coleta de dados nos arquivos de grandes jornais leigos e de revistas de Arquitetura, de dados obtidos junto à Embraesp, ao Secovi-SP, à Fundação Seade, ao IBGE, escritórios de arquitetura, construtoras, grandes agências do mercado imobiliário, e peças publicitárias retiradas de jornais diários durante anos. Conseguiu-se reunir informações detalhadas sobre o assunto Apartamentos, desde sua suposta gênese, na Europa medieval, passando por sua funcionalização, a partir da Renascença, sua completa revisão e higienização no século XIX, a exportação de seu modelo a várias partes do mundo, incluindo o Brasil, e a evolução de seu desenho ao longo do século XX, no Brasil e, em especial, na cidade de São Paulo.
Sobre São Paulo, especificamente, produziu-se uma investigação do espaço doméstico das habitações em edifícios coletivos verticalizados, construídos na cidade desde 1910 até os lançamentos da década de 2000, compondo um banco de dados amplo e inédito. O arquivo assim formado contém também o registro de diversos dados sobre cada edifício, muitos deles obtidos a partir de uma leitura atenta das peças iconográficas e publicitárias sistematizadas. A constante atualização, complementação e análise desse material se justificam inclusive pelo grande interesse que seus resultados representam para pesquisadores externos ao grupo e à USP, assim como para órgãos da grande imprensa, como revistas e jornais, o que se verifica em freqüentes consultas feitas ao núcleo sobre o tema.
Devido à influência que a produção internacional de edifícios de apartamentos tem sobre alguns exemplares da produção paulistana recente – particularmente em projetos que apresentam características espaciais inovadoras – e com a finalidade de alargar o universo da pesquisa em relação ao estudo de soluções projetuais possivelmente coerentes com as alterações dos modos de vida da população, foi proposto nesta pesquisa alargar o âmbito geográfico dessa investigação, buscando iniciativas de revisão dos modelos técnico-espaciais convencionais de apartamentos no Exterior.
Interessou-nos, nesse trabalho, mapear e produzir leituras preliminares dessas propostas espaciais, procurando verificar potencialidades e limitações que as mesmas teriam frente ao perfil demográfico e comportamental da população urbana brasileira. Acreditamos que, a partir do entendimento das características que confeririam um caráter de inovação a esses projetos, seja possível auxiliar na revisão da espacialidade de apartamentos brasileiros.

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