Nas últimas três décadas, novas tendências comportamentais tem sido percebidas, com clareza, em todo o mundo ocidentalizado. Por trás disso estão, com toda certeza, a liberação da mulher e sua inserção no mercado de trabalho, que acabaram induzindo modificações radicais nas relações entre pais, mães e filhos, e permitiram o aparecimento de novos formatos familiares - jovens vivendo sós, casais DINKs, ou Double Income No Kids, casais não casados oficialmente, etc. Até a família nuclear, formada por pai, mãe e filhos, padrão dominante no Brasil, também mudou, já que dos filhos não mais se espera obediência cega mas, principalmente, sucesso profissional. Novos modos de vida tem surgido, sobretudo nas grandes cidades, incluindo a volta do trabalho-em-casa, eventualmente plugado a alguma rede de transmissão de informações, o culto ao próprio corpo, as preocupações de caráter ambiental, o super-equipamento do espaço doméstico, a demanda por espaços públicos protegidos onde possam encontrar-se indivíduos de uma sociedade cuja tendência é a de ser cada vez mais composta por solteiros, descasados e viúvos.

Esses e outros fatores têm gerado mudanças no cotidiano doméstico, porém, no Brasil, o espaço que o abriga continua, na grande maioria dos casos, seguindo o modelo da tripartição burguesa oitocentista parisiense em zonas de serviço, social e íntima, como mostram diversos trabalhos realizados no Nomads.usp.