O Take 01 aproxima dois envios com fortes narrativas visuais, ambos discutindo aspectos das corporalidades em sua relação com espaço. Ao aproximar estes dois envios, buscou-se cruzar as ideias de desconforto em um espaço insuficiente com os anseios de sair, ou cruzar a fronteira do ambiente doméstico, a síntese desses sentimentos reforça a ideia de que o confinamento nos coloca em situação de desconforto, de incômodo. Assim os elementos textuais são inseridos para redirecionar essas angústias, reforçando a necessidade do isolamento. A narrativa central deste experimento reconhece a sensibilidade da situação enfrentada por todos nós, mas reforça que apesar dos anseios de retomar a “normalidade” este ainda não é o momento.

O Take 02 continua a debater as questões da corporalidade no confinamento, partido de uma provocação colocada através de falas e elementos textuais. O que te confina? O experimento tenda desdobrar essa questão, sem apontar respostas, mas sim provocações instigadas pela performance de um dos participantes. Esta performance foi editada para promover a ideia de um sujeito multifacetado, complexo e imprevisível. Para isso, o efeito de espelhamento foi resgatado junto às múltiplas exposições, combinados em um registro mais complexo que o utilizado na etapa anterior, buscando romper as expectativas e potencializar sua contribuição na leitura do vídeo. O debate central deste experimento está nas potências criativas deste momento solitário, também nas novas fronteiras que desenhamos neste momento. 

O Take 03 busca conectar fragmentos que falam sobre estes novos rituais de higiene e proteção, dando continuidade a construção de um dos autores e encaminhando esta narrativa para um caminho diferente. Assim são reproduzidos sobre os demais fragmentos a linguagem da sequência inicial, reconstruídos os tratamentos de imagem e os elementos textuais, para apenas no fim introduzir uma nova questão. A combinação da imagem do sujeito dentro da máquina de lavar roupas tem o intuito de levantar provocações sobre as angústias colocadas pelo vírus. O quanto as questões de higiene e o cuidado sanitário estão se desdobrando em nosso habitar e em nossos corpos? 

O Take 04 também procura dar continuidade à ação de um dos autores, expandindo a estratégia da participante e incorporado outros envios. Assim a intenção final deste experimento era manter-se fiel a narrativa da autora, acrescentando contudo contribuições do acervo para esta narrativa. Assim se conecta envios próximos em uma abordagem temática, que lança um novo olhar para o espaço doméstico, mas se estabelece também o diálogo formal desta narrativa.

O Take 05 assumiu uma alteração mais drástica na reconstrução da narrativa dos produtos, construindo uma nova leitura usando apenas trechos do material do acervo. Este exercício explorou mais a edição de áudio recombinando os relatos recebidos, na construção de um discurso fragmentado que empresta diferentes vozes para contar sobre questões que são em grande parte comuns aos indivíduos deste sistema confinado. Para contribuir com essa narrativa o vídeo combina distintos rostos sobre a máscara de um desses sujeitos, reforçando a ideia que estes diferentes sujeitos contam uma narrativa semelhante. 

O Take 06 também assume essa postura mais incisiva em sua construção, propondo uma brincadeira que tenta retratar uma nova rotina a partir dos registros do cotidiano dos participantes. Assim a questão central colocada por este experimento é a percepção que apesar de estarmos vivendo experiências individuais existem muitas questões que se aproximam. Dessa forma usando recursos simples de montagem este produto ilustra uma das muitas possíveis rotinas que poderiam ser construídas por este conjunto de envios.

Por fim, o Take 07 retoma essa abordagem mais sutil estruturando pequenos elementos das sequências para construir uma narrativa que dialoga com os envios, propondo contudo novos significados para os mesmos elementos. A mensagem principal deste produto se assemelha bastante à do primeiro vídeo, reconhecendo o desconforto e a angústia desta realidade confinada, mas lembrando que ainda não é o momento de nos descuidarmos.