ADELINE GIL e DORIVAL ROSSI

Adeline Gil é diretora de arte na Quiçá Design Produções 3D, professora e coordenadora da Graduação em Design Digital da UNIARA. Seus interesses são: processos de criação em artes e design, design de interação, design colaborativo, filosofia e prática do design. Doutoranda em Artes Visuais pela UNICAMP, mestra em comunicação midiática pela FAAC - UNESP e graduada em Desenho Industrial com habilitação em Programação Visual.

Dorival Rossi é doutor em Comunicação e Semiótica (PUC 2003), Mestre em Comunicação Visual (USP 1996) e Arquiteto (USP 1990). Professor da Universidade Estadual Paulista - UNESP BRASIL. Experiência Transdisciplinar em Design, Arquitetura, Comunicação, Artes e Novas Tecnologias. Criador do programa de pós-graduação especialização Lato Sensu em Game Design UNESP. Pesquisador em Semiótica e Complexidade no Design.


Como citar esse texto: Como citar esse texto: GIL, A. G. S., ROSSI, D. C. PROCESSOS DE CRIAÇÃO DE ESPAÇOS E SEUS COMPONENTES DE PASSAGEM. V!RUS, São Carlos, n. 9 [online], 2013. Disponível em: <http://www.nomads.usp.br/virus/virus09...>. [Acessado em:dd m ano]. Disponível em: <http://www.nomads.usp.br/virus/virus09/?sec=4&item=7&lang=pt>. Acesso em: 17 Abr. 2024.

Resumo

O objetivo do artigo é de investigar, sob o fundo referencial principal de Deleuze Guattari, o processo criativo mediado pelas tecnologias digitais, discutindo conceitos como: virtualização, atualização e emergência. Nos processos de criação analisados, é examinada a forma como a mídia digital condiciona, mas não determina tais processos. As tecnologias digitais atuam como fator que produz diferenças em acontecimentos nos quais se criam novos territórios e subjetividades.  Os processos de criação pesquisados foram divididos em 2 grupos: a) intervenções urbanas, destacando o processo criativo da instalação AirCity:arte#ocupaSM,  e b) a participação da mídia digital no campo social e político, analisando o fenômeno das Smart Mobs. O artigo ainda propôs a identificar elementos capazes de atuar na criação de espaços de representação, bem como detectar linhas de desterritorialização e reterritorialização, ou ainda, potências que circulam nos territórios de tais processos de criação e as forças que concorrem para atualizá-los.

Palavras chave: processo criativo, espaços, mídia digital, subjetividades, virtual.

1. Introdução

O espaço da cidade contemporânea, em transformação pelas novas práticas comunicacionais, não é “[...] um problema dentre outros; é o problema número um, o problema-cruzamento das questões econômicas, sociais e culturais” (GUATTARI, 1992, p. 173). Nesse sentido, se faz relevante entender como se dá a emergência dessas práticas em seus contextos e como elas participam na criação de novos espaços.

Estamos vivendo em uma era na qual se evidencia a possibilidade de uma reapropriação da mídia por uma multidão de grupos-sujeito, capazes de geri-la numa via de ressingularização” (GUATTARI, 1990, p. 47). Em uma era, chamada por  Guattari (1990; 1992) de pós-midia, seria possível pensar na participação das máquinas informacionais e comunicacionais para a criação de novos agenciamentos de enunciação, transformar as coordenadas, as referências. Lévy (1993; 1999) identifica um espaço em que isso já estaria ocorrendo: a tomada de consistência de um espaço de significação sensível, vivo, podendo se desdobrar em outros, segundo a interação de um coletivo.

O intuito da presente investigação é entender o espaço da cidade, seus contextos de comunicação e de autoprodução, em seus componentes de passagem, mais do que em suas composições de ordem. Nota-se, em intervenções atuais, que existe um tipo de comunicação que se cria mediante as misturas, processos e variações que ela possibilita, de forma recursiva. A mídia digital entra como uma condição e não como um determinante de um acontecimento, como afetabilidade, que pode aumentar ou diminuir a sua potência, onde o conceito de tempo real se coloca como a alteração, a passagem, a mudança de natureza e não de grandeza.

Seguem explicitações de alguns conceitos: Interatividade e Afetabilidade, Individuação e Território, com o intuito de apreender os processos de criação das produções analisadas nos itens 2 e 3 deste artigo, bem como seus modos de afetar e serem afetadas nos encontros entre sujeitos e seus espaços em permanente virtualização e atualização.

1.1. Interatividade e Afetabilidade

O conceito de interatividade é muito amplo e não está relacionado apenas às tecnologias digitais. Segundo o conceito de obra aberta (ECO, 1991), uma obra só existe com a inclusão do interator.  Suely Rolnik (2007a) menciona as políticas de subjetivação e de relação com o outro em produções artísticas criadas nos anos 1960 - um período marcado por uma intensa experimentação de outras maneiras de viver. Segundo diversos autores (PRIMO; CASSOL, 2006; PLAZA, [s.d.]), podem-se identificar diferentes graus ou níveis de interatividade, como: a) interatividade em que o feedback já está pré-programado no sistema, ou seja, o usuário interage e o sistema já possui as respostas pré-programadas; b) o usuário interfere no conteúdo e o sistema responde de uma maneira personalizada e c) um tipo de interatividade capaz de articular diferentes esferas: tecnológica, social, cultural e política.

A classificação em níveis de interatividade é importante para entender os fenômenos de comunicação que se dão no espaço da cidade. Porém, para se obter uma concepção mais ampla e abrangente desses fenômenos, é necessário um olhar que apreenda possíveis linhas e tendências que circulam nos territórios de produções contemporâneas.

O termo afetabilidade, criado por Deleuze/Guattari/Espinosa 1 , parece ser um termo mais adequado do que interatividade, pois aborda a dimensão afetiva/sensível do encontro com as mídias digitais, encontro que envolve subjetividades, coletividades e os espaços da cidade, constituindo-se mutuamente. A afecção não diz respeito a um estado do corpo enquanto induzido por outro corpo, e sim à passagem deste estado a um outro. Os afetos são devires, potencialidades que podem ora aumentar, ora diminuir nossa potência de agir. A questão deixa de ser a respeito do grau de interatividade, e passa a ser: de que afetos este corpo é capaz2?

1.2. Modos de individuação em co-dependência com o meio

O conceito de individuação tem como referência o filósofo francês Gilbert Simondon. O autor desenvolve o conceito de individuação não como algo propriamente humano: a individuação seria uma mistura dos indivíduos e dos meios, e a informação, nesse contexto, não se restringe aos sinais ou suportes numa mensagem. A informação atua como a invenção de uma forma, ou seja, ela participa na formação de um indivíduo/meio associados (SANTOS, 1994).

Simondon pensou algo o que chamou de equilíbrio instável, ou seja: “um regime capaz de ganhar novas configurações sem, contudo, se desfazer, um sistema onde novas formas emergem e, no entanto, pela própria instabilidade do sistema, essas mesmas formas podem dar lugar a outras” (SANTOS, 1994). Opera juntamente com o conceito de modulação. Em vez de pensar o indivíduo como aquele que recebe uma forma, ele se auto-modula, e o que permite essa auto-modulação é seu regime de metaestabilidade, uma estabilidade que se faz e se refaz a cada ruptura de sentido, incorporando composições de forças que levaram a cada ruptura (ROLNIK, 1999). Quando uma diferença intensiva irrompe, pequenas percepções entram em relação, gerando um redesenho na distribuição estatística de potenciais ocorrências, ou de saliências num campo (PIMENTA, 1999), buscando uma tensão metaestável (em equilíbrio instável).

A transdução, em Simondon, são as transformações através das quais as formas, não mais identificadas em categorias de sujeito ou objeto, são modificadas a partir de seu nível pré-individual.

O psiquismo se abre a um coletivo transindividual. “O conhecimento passa a ser simultaneamente ativação de um mundo e construção de um corpo” (SANTOS, 1994). A individuação é, assim, uma atividade permanente, uma problemática que se resolve por saltos, fases de devires que conduzirão a novas operações.

Ganhamos novos sentidos de nós mesmos, novas aptidões, ao transitar e/ou estar simultaneamente em mundos distintos: o virtual e o atual, segundo Ascott (1998). O autor designa um tipo de percepção transindividual, cuja emergência é acelerada pelos avanços tecnocientíficos. Nas palavras do autor:

a cibercepção envolve tecnologia transpessoal, a tecnologia de comunicar [...]. A tecnologia transpessoal é a tecnologia das redes, da hipermídia e do ciberespaço [...]. É através da cibercepção que podemos apreender os processos de emergência da natureza, o fluxo dos media e as forças e campos invisíveis de muitas de nossas realidades. [...] criamos e habitamos mundos paralelos e abrimos trajetórias divergentes de acontecimento” (ASCOTT, 1998, p. 165-167).

Para Ascott, a cidade, ou o espaço, enquanto amálgama de sistemas de interfaces e nós de comunicação, também nos percebem.

No entanto, faz-se relevante diferenciar como a percepção e a sensação podem referir-se a potências distintas do corpo sensível. A percepção, operada pela sensibilidade em seu exercício empírico, traz do outro sua existência formal à subjetividade, existência que se traduz em representações visuais, auditivas, etc. A sensação, operada pela sensibilidade em seu exercício intensivo, engendrada no encontro entre corpo, como campo de forças, e as forças do mundo que o afetam, traz para a subjetividade a presença viva do outro, presença passível de expressão, não de representação. Esse exercício intensivo do sensível é designado por Rolnik (2007b) como corpo vibrátil.

Para a autora, há um paradoxo entre esses dois modos de apreensão do mundo, um paradoxo constitutivo da sensibilidade humana. Os modos ou políticas de subjetivação variam, entre outros fatores, segundo a flexibilidade de modulação deste duplo exercício do sensível, ou seja, da relação que se estabelece com este paradoxo, com um “mal-estar provocado pela tensão entre a infinitude dos processos de produção de diferença e a finitude das formas em que essas diferenças ganham sentido” (ROLNIK, 1996, n.p.). Dependendo da relação que se estabelece, mobiliza-se na subjetividade “a vida enquanto potência de criação e de resistência” (ibid., n.p.). Da mesma forma, “de tais políticas depende o quanto um modo de subjetivação favorece ou constrange a processualidade da vida, sua expansão enquanto potência de diferenciação” (ibid., n.p.).  Assim, a informação, em uma comunicação que possa tornar o intensivo sensível, não é dada por uma instância emissora, ela se cria mediante afecções. Segundo Bergson (2005), conhecemos o mundo de dentro mediante afecções, não de fora mediante percepções, ainda que não haja muito sentido essa distinção dentro/fora, nesse momento. Experimentações nos campos das artes e do design permitem atingir uma subjetividade não-psicológica, da ordem da sensação, dos afectos; diferente da psicológica, que é relativa à inteligência e à percepção, associadas à vontade ou ao sentimento de um eu. Uma produção afetiva quebra os sentimentos de um eu que se reconhece e reconhece o mundo sob uma forma, permitindo criar novas formas.

As multiplicidades se definem por uma relação com o “exterior”, com o fora: “pela linha abstrata, linha de fuga ou de desterritorialização segundo a qual elas mudam de natureza ao se conectarem às outras” (DELEUZE; GUATTARI, 1995, v. 1, p. 16), daí a possibilidade de se falar em multiplicidades de multiplicidades. Daí, também, surge a dificuldade em focar apenas nas multiplicidades espaciais, como se pudessem ser isoladas de outras, como a subjetividade e o tempo.

1.3. Território, desterritorialização e reterritorialização

A dimensão móvel da comunicação digital e as relações com o espaço físico é um tema que vem sendo estudado pelo Grupo de Pesquisa em Cibercidades, coordenado por Lemos 3 . Para o Grupo de Pesquisa, os dispositivos eletrônicos de comunicação não só desterritorializam, como reterritorializam um usuário. Em certa acepção do termo cibercidades, o que ocorre é a instauração de uma dinâmica que faz com que o espaço e as práticas sociais sejam reconfigurados com o advento das redes telemáticas. Assim, estão sendo criados novos espaços políticos, econômicos, sociais, culturais e subjetivos.

Já o Núcleo de Estudos de Habitares Interativos da Universidade de São Paulo, Campus São Carlos, o Nomads 4 , se interessa pela exploração e pelo design de espaços híbridos, produzindo leituras transdisciplinares sobre a temática do habitar contemporâneo e sobre os processos projetuais dessas espacialidades.

No Media Lab 5, Massachusetts Institute of Technology, Estados Unidos, diversas pesquisas também exploram relações com o território via mídias digitais, envolvendo tecnologias de realidade aumentada, mídias baseadas na localização, etc. Entre seus objetivos, está a participação cívica no processo de decisão governamental, na rede social e na vida cultural. 

Pode-se dizer que os agenciamentos que ocorrem nas práticas contemporâneas envolvendo as cidades, redes e mídias digitais, podem funcionar de modo a permitir um tipo de desterritorialização que estabelece relações com o virtual, no sentido em que o território se relaciona consigo mesmo e com circunstâncias exteriores. O conceito de virtual como potencial está intimamente relacionado ao conceito de design: projeto, potência de projeção. Para uma maior compreensão desse conceito de virtual, vejamos os conceitos de terra, território, desterritorialização e reterritorialização, segundo Deleuze e Guattari (1995).

Terra e território são componentes de um plano com duas zonas de indiscernibilidade: a desterritorialização e a reterritoralização.

A desterritorialização pode ser relativa quando existem relações históricas entre a terra e os territórios que nela se desenham e se apagam, como por exemplo, o Estado, que remete diferentes territórios a uma unidade superior, e a cidade, que estende seu território a circuitos comerciais. A desterritorialização absoluta, por sua vez, só pode ser pensada segundo certas relações não dadas, isto é, por determinar, com as desterritorializações relativas, afirmando uma reterritorialização como a criação de uma nova terra por vir. Sua relação com condições históricas é outra: ela desvia de um conjunto de condições para criar algo novo. O território surge numa margem de certa descodificação, de certa liberdade, possibilitando a emergência de qualidades expressivas. Isso quer dizer que, quando há qualidades expressivas, há território e este se torna território de passagem, aberto a novas desterritorializações.

As mídias digitais estabelecem relações qualitativas entre signos, operando como um território de passagem. Um espaço marcado por signos pode desencadear uma linha de fuga, definida por descodificação e desterritorialização, ou, em um só termo, virtualiza-se; ao mesmo tempo, traduz ou atualiza potências do virtual: diferencia-se.

1.4. Interface Maquínica

Em circuitos de territorialidade se dão as linhas de desterritorialização. Então, quando Deleuze e Guattari falam em linhas em vez de pontos, acontecimento e processo em vez de estrutura, não é simplesmente por oposição:

Não se trata, no entanto, de opor os dois tipos de multiplicidades [...], segundo um dualismo que não seria melhor que o do Uno e do múltiplo. Existem unicamente multiplicidades de multiplicidades que formam um mesmo agenciamento, que se exercem no mesmo agenciamento: as matilhas nas massas e inversamente (DELEUZE; GUATTARI, 1995, v. 1, p. 46).

A própria web, enquanto multiplicidade, com seus microprocessos, encontra-se em agenciamentos diversos com as máquinas unificadoras. Ações de hackers, certa margem de indeterminação dos sistemas, softwares colaborativos e tantos outros exemplos, indicam processos emergentes que se mantém ligados, em configurações mutantes, a grandes sistemas de telecomunicação, instituições, sistemas econômicos e sociais entre outros.  

Os acontecimentos envolvendo as mais diversas formas de interatividade tendem a disseminar processos estéticos, operando hibridizações de espaços, passagens de intensidade, sensações que não se deixam representar. Guattari (1992) utiliza o termo interfaces maquínicas para colocar o problema das passagens, articuladas por uma transversalidade que relaciona diferentes sistemas de modelização, sistemas estes, colocados na forma de um hipertexto. A interface maquínica opera a aglomeração/articulação de intensidades e de diferentes territórios existenciais.

Segundo Guattari, “o que distingue uma modelização de uma metamodelização é o fato de ela dispor de um termo organizador das aberturas possíveis para o virtual e para a processualidade criativa” (GUATTARI, 1992, p. 44).

Ao apreender o objeto de estudo em sua dimensão criativa e processual, existe uma potencialidade do aumento de complexidade informacional, uma recomposição de territórios, sendo também aberta a microacontecimentos, refazendo-se continuamente.  É o termo organizador de aberturas, citado por Guattari, aquilo que poderia tornar possível uma nova prática que integrasse ciência e arte e que envolveria a investigação estética de tecnologias avançadas, como componentes de passagem, criando novos territórios.

Conforme aponta Pimenta (1999), o que possibilita a passagem pode estar relacionado à sua desprogramabilidade. Segundo essa lógica, todas as conclusões passam a ser relativas e provisórias, em permanente refutabilidade, conjunções e disjunções de linguagens de naturezas diferentes. A desprogramabilidade, para o autor, projeta-se como fundamento do novo pensamento espacial.

2. Intervenções artísticas urbanas

Para identificar as diversas formas como a mídia digital atua como componente de diferenciação nos processos de criação, subjetivação, bem como suas relações com o virtual como potencial, dividimos em a) intervenções urbanas e b) ativismo mediado pelas tecnologias digitais.

Durante o evento internacional de arte Arte#ocupaSM 6,  participantes ocuparam o prédio da Administração Central da Viação Férrea de Vila Belga, na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, bem como seus arredores:

O trabalho prevê a “ocupação” da Vila Belga que é patrimônio histórico e está em desuso desde 1997, quando a Companhia Férrea foi privatizada.  A Vila foi construída de 1901 a 1903 para ser moradia dos funcionários [...]. A “ocupação” apropriou-se do espaço físico e virtual do Prédio, sendo desenvolvida através de redes e conexões organizadas, especialmente, para o evento. (HILDEBRAND, OLIVEIRA, FOGLIA, 2012, p. 25).

Nesse espaço-tempo do evento, através das diversas obras, a realização de encontros e experiências transformadoras provocaram ressonâncias no campo social, político e tecnológico. Por meio das práticas artísticas colaborativas, com foco na preservação do patrimônio cultural, foi possível ’tornar visível o que era invisível‘, como por exemplo, na obra Air City (HILDEBRAND,OLIVEIRA; FOGLIA, 2012), que explorava possibilidades de elaboração de narrativas coletivas através de dispositivos móveis. Nas palavras dos autores:

Esta proposta pretende ser um “sistema como obra de arte”, onde o público pode ativar espaços e narrativas (...). As mídias emergentes e locativas, dotadas de dispositivos e recursos de geolocalização, agregam conteúdo digital a uma localidade, a um território, servindo para monitoramento, mapeamento, localização, construção de territórios e atualização de narrativas e memórias (...). O projeto faz parte de um processo de pesquisa que explora as possibilidades de ação no espaço digital público através de transmissões alternativas sem o uso das redes institucionais” (ibid., p. 27).

Intervenções artísticas como a mencionada estimulam outras maneiras de se relacionar com o espaço da cidade, e fazem o usuário produzir outras espacialidades dentro da cidade.

Destaca-se também como a cidade torna-se, de forma complexa, produto e ao mesmo tempo produtora, em um contexto no qual as práticas artísticas colaborativas que se dão como ações locais, geram uma dinâmica que envolve outras esferas em outro nível: social, cultural, econômico, político.

3. Participação da mídia digital no campo social e político

O chamado ativismo digital tem sido objeto de estudos no campo acadêmico e repercutido nas mais diversas mídias. Um exemplo que se destaca é um acontecimento que ocorreu nas Filipinas no começo dos anos 2000, quando um grupo de protestantes, organizado via mensagens de texto, cresceu rapidamente e foi parcialmente responsável pela deposição do presidente Estrada por motivo de corrupção.

O fenômeno de auto-organização de multidões via rede tem sido denominado como multidões intelligentes ou Smart Mobs (RHEINGOLD, 2002), ou seja, uma multidão que se organiza utilizando a mídia digital com algum objetivo, que pode ser político, social ou artístico. A multidão se organiza, realiza o movimento e se dispersa rapidamente.

Em casos como esses, ao mesmo tempo em que podemos falar em autopoiese - já que acontece uma auto-produção, especificando continuamente seus limites - sua existência só é possível segundo relações com elementos exteriores. Assim, o conceito de autopoiese acaba por se estender a “sistemas sociais, coletivos e evolutivos, que mantém diferentes tipos de relações de alteridade” (GUATTARI, 1992, p. 52).

O encontro das Smart Mobs com as tecnologias de comunicação, as quais, por sua vez, introduzem qualidades de interação nos espaços, envolve uma multiplicidade de sistemas e de agenciamentos, envolvendo conteúdo e expressão como variáveis desses agenciamentos, nos quais os signos se organizam de diferentes maneiras, se desdobram em cadeias semióticas que podem se desviar de sua função significacional, evidenciando a dimensão processual desse tipo de encontro.

Assim, antes de classificar essas multidões como massas constituídas de “indivíduos [...] que vão exercer o sentimento de igualdade” (LEMOS, 2004, p. 36) considerou-se que esses movimentos envolvem singularidades em um campo pré-individual, constituindo e dissolvendo agenciamentos.  Operam com códigos, colocam diferenças em conexão, provocando assim ressonâncias e fazendo a consistência de um acontecimento.

Se tomamos esses movimentos e seus desdobramentos segundo certo sistema de modelização de natureza discursiva, com sua função significacional, que cria territórios estratificados/significantes, corremos o risco de perder as passagens de intensidade, passagens entre topos e entre tempos, que são da ordem da processualidade criativa. O que constitui seus desdobramentos são suas articulações, seus agenciamentos. Portanto, para apreender esses movimentos em sua processualidade, prosseguimos segundo um paradigma “que toma de empréstimo outros procedimentos, mais coletivos, mais sociais, mais políticos...” (GUATTARI, 1992, p. 42).

Assim, o espaço da cidade, em transformação pelas tecnologias de comunicação, vai muito além das estruturas visíveis e funcionais.

As alterações no ritmo cotidiano, causadas por movimentos como as Smart Mobs - mas também por diversos outros, como: intervenções urbanas, instalações, performances, que podem ou não fazer uso das tecnologias digitais - podem ser exemplos de comunicação enquanto passagem. Nesse processo, os signos expressam acontecimentos, ao mesmo tempo em que são criados no cruzamento de diversas forças coletivas, como perceptos e afectos, forças que forçam a pensar:

Percepção não é mais um estado de coisas, mas um estado do corpo enquanto induzido por outro corpo, e “afecção” é a passagem deste estado a um outro, como aumento ou diminuição do potencial-potência, sob a ação de outros corpos: nenhum é passivo, mas tudo é interação, mesmo o peso (DELEUZE; GUATTARI, 1992, p. 199).

A lógica dos conjuntos discursivos trabalha com referentes que rebatem ao vivido e já sentido, o que é diferente de uma lógica multirreferencial, multidirecional, que “desterritorializa a contingência, a causalidade linear, o peso dos estados de coisas e das significações que nos assediam” (GUATTARI, 1992, p. 42) para daí produzir sentido. A operação sobre um plano de consistência que se desenha segundo esta lógica é a experimentação; e o nomadismo é o movimento.

3.1. Políticas na transversal

As Smart Mobs indicam uma tendência de uso das tecnologias de comunicação que tornam sensíveis, e também visíveis, diferentes relações de poder que interferem no processo do viver. Porém, suas linhas de fuga correm sempre o risco de serem reterritorializadas, sobrecodificadas, capitalizadas, tornadas mais um componente do espetáculo, ou seja: tais manifestações correm o risco de se tornarem meio de comunicação a serviço de uma máquina unificadora.

É numa velocidade tão grande que o capitalismo mundial integrado incorpora os microprocessos em seu favor, que eles têm que se criar continuamente em todos os espaços 7. Pode existir, inclusive, a possibilidade da introdução de um vírus da hipermáquina na própria potência de disparação desses microprocessos. Daí a urgência de se criarem zonas autônomas temporárias (BEY, 2001) à luz dessa velocidade (VIRILIO, 1994).

Rolnik (2007a) sugere que estaria se estabelecendo uma nova aliança entre arte e ativismo na contemporaneidade: uma articulação entre macro e micropolítica, que são diferentes maneiras de enfrentar as tensões da vida humana, sendo distintas as ordens de tensões que cada uma enfrenta. Enfrentar, aqui, diz respeito à criação a partir das forças em jogo, e não à denegação dessas forças.

Assim, “a operação própria da ação macropolítica intervém nas tensões que se produzem na realidade visível, estratificada, entre pólos em conflito na distribuição dos lugares estabelecidos pela cartografia dominante em um dado contexto social” (ibid., p. 9), ou seja, no plano das estratificações que definem sujeitos, objetos e suas representações; enquanto:

a operação própria à ação micropolítica intervém na tensão da dinâmica paradoxal entre, de um lado, a cartografia dominante com sua relativa estabilidade, e de outro, a realidade sensível em constante mudança [...]. Do lado da micropolítica, estamos diante das tensões entre este plano e o que já se anuncia no diagrama do real sensível, invisível e indizível. (ibid., p. 9-10).

Movimentos artísticos e/ou políticos, inovações tecnológicas no campo da comunicação e do design que, muitas vezes, são criadas com finalidades mais democráticas, podem ser máquinas de guerra potenciais, não que tenham a guerra por finalidade, mas como forma de resistência. É próprio da máquina de guerra desfazer, se desfazer e criar-se em outro ’lugar‘. Podem, ainda, operar como vetores de desterritorialização ou aceleradores de um processo maior, que envolve macro e micropolíticas, ocasionando a reterritorialização do conjunto.

As produções no campo do design da comunicação também têm participação na construção de cartografias que favoreçam “a abertura de possíveis na existência individual e coletiva” (ROLNIK, 2007a, p. 8). Podem, assim, serem criados territórios nos quais a experiência estética e a liberdade de criação voltem a pulsar.

4. Considerações finais

Deleuze e Guattari apontam que existe uma tendência na ciência em tornar-se cada vez mais ciência dos acontecimentos, em vez de estrutural. O desaparecimento dos esquemas de arborescência em prol de movimentos rizomáticos é um sinal disso. Os cientistas ocupam-se, cada vez mais, com acontecimentos singulares, de natureza incorporal, que se efetuam em corpos, em estados de corpos, agenciamentos totalmente heterogêneos entre eles, daí o apelo à interdisciplinaridade (DELEUZE; PARNET, 1998, p. 76).

Segundo os autores, as dimensões de criatividade se encontram não na representação, já tomada em relações de espaço e tempo, mas nas relações não-discursivas. Nessa outra lógica, capaz de apreender a dimensão criativa do encontro que envolve subjetividades, coletividades e os espaços da cidade, constituindo-se mutuamente, é o movimento, a intensidade dos processos que é levada em conta. Suas operações podem estar ligadas a:

• uma multiplicidade caracterizada pela inseparabilidade das variações, uma multiplicidade intensiva;

• um conceito de tempo real que responda a essa lógica de intensidades – o conceito de Duração, criado pelo agenciamento Bergson/Deleuze/Guattari;

• a produção de sentido no encontro com formações representativas e não-representativas;

• uma relação complexa que envolva tanto esquemas arborescentes quanto linhas rizomáticas.

A comunicação enquanto passagem pode funcionar como um meio para desviar, criar e abrir para um virtual como a coexistência das diferenças. Essa abertura implica ética e estética, pois segundo Guattari, em uma era pós-mídia, é possível transformar as referências, os sistemas de valorização, ou seja, é possível pensar em uma comunicação não consensual, que inclui as diferenças, os ruídos.

Com a mídia digital existe a possibilidade de uma nova prática como um meio para a concretização de um objetivo extra-estético, ou ainda, ético-estético, que implica uma condição de alteridade na relação com o mundo e com a vida. É ético, pois trata da construção de mundos, de escolhas que envolvem, ao mesmo tempo, dimensões sociais, tecnológicas, científicas, culturais, ecológicas, entre outras. Essas escolhas são da ordem do método, ou seja, do projeto, mas de um projeto enquanto processo.

Entender o espaço da cidade, seus contextos de comunicação e de autoprodução em seus componentes de passagem, implica pensar numa condição de criação arquitetônica e urbana que evolui com as transformações da cidade contemporânea.

Referências

ASCOTT, R. Arquitetura da Cibercepção. In: GIANETTI, C. (org). Ars telemática. Telecomunicação, internet e ciberespaço. Lisboa: Relógio D’Água, 1998.
BERGSON, H. A Evolução criadora. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
BEY, H. TAZ. Zona autônoma temporária. São Paulo: Conrad Livros. 2001.
DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil Platôs. Capitalismo e esquizofrenia. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1995, v. 1.
DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil Platôs. Capitalismo e esquizofrenia. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1996, v. 3.
DELEUZE, G.; PARNET, C. Diálogos. São Paulo: Escuta, 1998.
DELEUZE, G. Espinosa. Filosofia prática. São Paulo: Escuta, 2002.
ECO, Umberto. Obra aberta. 8. ed., São Paulo: Perspectiva, 1991.
FLUSSER, V.  O universo das imagens técnicas. São Paulo: Annablume, 2008.
Grupo de Pesquisa em Cibercidades. Disponível em:  http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/ andrelemos/. Acesso em: 30 mar. 2013.
GUATTARI, F. As Três Ecologias. Campinas: Papirus, 1990.
GUATTARI, F. Caosmose. Um novo paradigma estético. Rio de Janeiro: 34, 1992.
JOHNSON, S. Emergência: a vida integrada de formigas, cérebros, cidades e softwares. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
LEMOS, A. Cibercultura e mobilidade. In: Leão, L. (org). Derivas: cartografias do ciberespaço. São Paulo: Annablume, 2004.
LÉVY, P. As Tecnologias da Inteligência. O Futuro do pensamento na era da informática. Coleção Trans, Rio de Janeiro: 34, 1993.
LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999.
HILDEBRAND, H.; OLIVEIRA, A.; FOGLIA, E. AIRCITY - arte#ocupaSM - Terrítórios da Memória Urbana. In: ARTECH 2012 - Proceeding of 6th International Conference on Digital Arts, Faro/Portugal, 2012, v. 1, p. 25-34.
MIT Media Lab. Disponível em: http://www.media.mit.edu/. Acesso em: 30 mar. 2013.
MORIN, E.; MOIGNE, J. A inteligência da complexidade. São Paulo: Peirópolis, 2000.
Núcleo de Estudos de Habitares Interativos. Disponível em: http://www.nomads.usp.br/site/. Acesso em: 30 mar 2013.
PIMENTA, E. Teleantropos. A desmaterialização da cultura material. Arquitectura enquanto inteligência e metamorfose planetária. Lisboa: Estampa, 1999.
PLAZA, J. Arte e interatividade: autor, obra, recepção. Disponível em: <http://www.cap.eca.usp.br/ars2/arteeinteratividade.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2013.
PRIMO, A.; CASSOL, M. Explorando o conceito de interatividade: definições e taxonomias. [s/d]. Disponível em: <www.psico.ufrgs.br/~aprimo/pb/pgie.htm>. Acesso em: 30 mar 2013.
RHEINGOLD, H. Smart Mobs: the Next Social Revolution. Nova York: Perseus Books, 2002.
ROLNIK, S. Despedir-se do absoluto: Entrevista a Lira Neto e Silvio Gadelha. Número especial da Revista Cadernos de Subjetividade: Gilles Deleuze. 1996. (Entrevista).
ROLNIK, S. Novas figuras do caos. Mutações da subjetividade contemporânea. In:  SANTAELLA, L.; VIEIRA, J. (orgs). Caos e Ordem na Filosofia e nas Ciências. São Paulo: Face e Fapesp, 1999.
ROLNIK, S. Com o que você pensa? Núcleo de Estudos da Subjetividade - PUC - SP, 2007a [apostila]. Disponível em: http://goo.gl/swi8O. Acesso: em 30 mar. 2013.
ROLNIK, S. Cartografia Sentimental. Transformações contemporâneas do desejo. 3a. ed. Porto Alegre: Sulina, 2007b.
SANTOS, R. Gilbert Simondon: vestígios da autopoiese. Transcrição de uma conferência no encontro sobre “As ciências cognitivas e a subjetividade”, UFF, 1994. (Gentilmente cedido pelo autor).
VIRILIO, P.. A Máquina de Visão. Rio de Janeiro: José Olímpio, 1994.

1 O pensamento de Gilles Deleuze e Felix Guattari se compõe com outros, ou seja, é permeado pelo pensamento de outros autores, como é o caso do conceito de afetabilidade, advindo de Espinosa (DELEUZE, 2002), e que acaba sendo transformado por um processo que não separa mais os autores.

2 Um corpo não se reduz a um organismo. Ver Deleuze, G. e Guattari, F. (1996), v. 3.

3 Grupo de Pesquisa em Cibercidades: http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/ andrelemos/. Acesso em: 30 mar 2013.

4 Núcleo de Estudos de Habitares Interativos: http://www.nomads.usp.br/site/. Acesso em: 30 mar 2013.

5 MIT Media Lab: http://www.media.mit.edu/. Acesso em: 30 mar 2013.

6 Evento realizado em 2012 em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, Brasil, com duração de 5 dias e com a participação de mais de 40 artistas e pesquisadores de diversos países  - Para mais informações, ver:  http://arteocupasm.wordpress.com/.  Acesso em: 30 mar 2013.

7 Como o caso do Napster, o primeiro programa de compartilhamento massivo de arquivos através de tecnologia peer-to-peer, que mudou a indústria da música e, mais recentemente, o Youtube <http://www.youtube.com>, um site que permite que seus usuários carreguem, assistam e compartilhem vídeos em formato digital, que acabou sendo comprado pela gigante Google. A própria internet, quando criada, tinha finalidade de troca de informações entre universidades, e não um fim comercial ou político em si.

ADELINE GIL and DORIVAL ROSSI

Adeline Gil is art director at Quiçá Design 3D Productions, professor and coordinator of Graduation Course of Digital Design at UNIARA (Brazil). Her interests are the processes of creation in arts and design, interaction design, collaborative design, philosophy and practice of design. She is Doctoral candidate in Visual Arts at UNICAMP, Master in media communication by FAAC - UNESP and graduated in Industrial Design with specialization in Visual Programming.

Dorival Rossi is PhD in Communication and Semiotics (PUC 2003), Master in Visual Communication (USP 1996) and Architect (USP 1990). Professor at Universidade Estadual Paulista - UNESP BRAZIL. Experience in Transdisciplinary Design, Architecture, Communication, Arts and New Technologies. Creator of the Postgraduate Program: Specialization in Game Design Lato Sensu at UNESP. Researcher in Semiotics and Complexity in Design..

How to quote this text: How to quote this text: GIL, A. G. S., ROSSI, D. C., 2013. PROCESS OF CREATING SPACES AND THEIR TRANSITION COMPONENTS. V!RUS, São Carlos, n. 9 [online]. Translated from Portuguese Luis R. C. Ribeiro. [online] Available at: <http://www.nomads.usp.br/virus/virus09/?sec=4&item=7&lang=en>. [Accessed: 17 April 2024].

Abstract

The aim of this paper is to investigate, in light of Deleuze and Guattari’s theoretical framework, the creative process mediated by digital technologies, discussing concepts such as virtualization, actualization, and emergence. It examines how digital media affects, but does not determine, the creation processes in question. Digital technologies act as producers of differences at events in which new territories and subjectivities are created. The creation processes under investigation are divided into two groups: (a) urban interventions, emphasizing the creation of the installation AirCity:arte#ocupaSM; and (b) participation of digital media in social and political spheres, analyzing the Smart Mobs phenomenon. It is also the purpose of this article to identify elements capable of acting to create spaces of representation as well as detect lines of deterritorialization and reterritorialization or even potencies circulating in these creation territories and the forces that concur to actualize them.

Keywords: creative process; spaces; digital media; subjectivities; virtual.

1. Introduction

The contemporary city space, continually transformed by new communication practices, is not “[…] a problem among others, it is the number one problem, the problem-intersection of economic, social and cultural issues” (Guattari, 1992, p. 173). In this sense, it is relevant to understand how these practices emerge in their settings and how they participate in creating new spaces.

We are living in an era that indicates the possibility of “reappropriation of the media by a multitude of subject-groups, capable of managing it via resingularization” (Guattari, 1990, p. 47). In this post-media era, according to Guattari (1990, 1992), one might think it is possible for informational and communicational machines to participate in creating new agencies of enunciation, transforming coordinates, references. Lévy (1993, 1999) identifies a space where this is already happening: assuming the consistency of a sensitive, lively space of signification, capable of becoming other spaces, in keeping with a collective interaction.

The purpose of this article is to shed light on the space of the city, its communication and self-production settings, as regards its transition components rather than its compositions of order. In current interventions, it is possible to notice that there is some form of communication created by those mixtures, processes, and variations recursively enabled by it. Digital media are a condition and not a determinant of an event, as affectability, which can increase or decrease its potency, where the concept of real-time arises as variation, transition, change in nature and not greatness.

There follows the definition of some concepts: interactivity and affectability; individuation and territory, in order to apprehend the creation processes of the productions analyzed in Sections 2 and 3 below, as well how they affect and are affected when subjects encounter spaces in continuous process of virtualization and actualization.

1.1. Interactivity and Affectability

Interactivity is a very broad concept and is not related to digital technologies alone. According to the concept of open work (ECO, 1991), a work exists only when the interactor is included. Suely Rolnik (2007a) mentions the politics of subjectivation and relationship with the other in artistic productions from the 1960s — a period marked by intense experimentation with new ways of living. According to several authors (Primo Cassol, 2006; Plaza, [nd]), it is possible to identify different degrees or levels of interactivity: (a) interactivity in which feedback is built into the system, i.e., users interact and the system already has preprogrammed answers; (b) users interfere with contents and the system responds in a personalized way; and (c) a type of interactivity capable of coordinating different spheres: technological, social, cultural, and political.

It is important to classify interactivity under different categories in order to understand the communication phenomena that take place in the city space. However, in order to obtain a broader and more comprehensive grasp of these phenomena, there is the need for a perspective that can encompass all possible lines and trends circulating in territories of contemporary productions.

The term  affectability , coined by Deleuze/Guattari/Espinosa 1,appears to be more adequate than interactivity, since it addresses the affective/sensitive dimension of the encounter with digital media, an encounter that involves subjectivities, collectivities, and city spaces, which constitute one another. Affection is not related to the state of a body qua inducted by another body, but the transition from this state to another. Affections are becomings or potentialities that can increase or reduce our power to act. The degree of interactivity is no longer an issue; this becomes: what affections is this body capable of?2

 1.2. Modes of individuation in co-dependency with the medium

The concept of individuation was elaborated by French philosopher Gilbert Simondon. The author construed individuation as something not exactly human. For him, individuation is the amalgam of individuals and the media; information in this context is not restricted to message supports or signals. Information creates form, i.e., it participates in the creation of an individual/medium combination (Santos, 1994).

Simondon called unstable equilibrium “a regime capable of achieving new settings without discarding itself, a system in which new forms emerge, and yet, because of its very instability, these forms can give rise to others” (Santos, 1994). It acts in conjunction with the concept of modulation. Instead of viewing an individual as the recipient of form; it modulates itself. What allows this self-modulation to occur is its meta-stability regime, a stability made ​​and remade at every rupture of meaning, incorporating the compositions of forces that have led to each rupture (Rolnik, 1999). When intensive difference bursts, small perceptions come into play, generating a redesign of the statistical distribution of potential occurrences or saliences in a field (Pimenta, 1999) in search of metastable tension (in unstable equilibrium).

Simondon defines transduction as transformation through which forms, no longer categorized as subject or object, are modified at their pre-individual level.

Psychism opens to a trans-individual collective. “Knowledge becomes simultaneously activator of a world and builder of a body” (Santos, 1994). Individuation is, thus, an ongoing activity, a problem to be solved by leaps, phases of becomings that will lead to new operations.

We gain new senses of ourselves, new skills, by transiting and/or being simultaneously in different worlds: the virtual and the present, according to Ascott (1998). The author refers to a type of trans-individual perception, whose rise is accelerated by techno-scientific advances. In the author’s words:

cyberception involves transpersonal technology, communication technology […]. Transpersonal technology is network, hypermedia, and cyberspace technology […]. It is through cyberception that we are able to apprehend nature emergence processes, media flow, and invisible fields and forces of our multiple realities. […] We create and inhabit parallel worlds and open divergent paths to events” (Ascott, 1998, p. 165-167).

To Ascott, the city space, qua an amalgam of systems of interfaces and communication nodes, also perceives us.

However, it is important to differentiate how perception and sensation may refer to distinct powers of the sensitive body. Perception, driven by empirical exercise of sensitivity, brings the other’s formal existence to subjectivity, an existence translated into visual and auditory representations, and so forth. Sensation, driven by intensive exercise of sensitivity, engendered by the encounter between the body, qua a field of forces, and the world forces that affect it; it brings the other’s living presence to subjectivity, a presence capable of expression, not representation. Rolnik (2007b) called this intensive exercise of the sensitive vibrating body.

For the author, there is a paradox between these two modes of apprehending the world, a constitutive paradox of human sensitivity. Subjectivation modes and politics , among other factors, vary according to the modulation flexibility of this dual exercise of the sensitive, i.e., of the relationship established by this paradox with a “malaise caused by the tension between the infinitude of processes of production of differences and the finitude of forms in which these differences make sense” (Rolnik, 1996, [n.p.]). Depending on the relationship, it mobilizes “life qua power for creation and resistance” in the subjectivity (Rolnik, 1996, [n.p.]). Likewise, “the degree to which a subjectivation mode favors or constrains life processuality -- its expansion as a differentiation power -- is dependent on such politics” (Rolnik, 1996, [n.p.]). Thus, information — in a type of communication that can make the intensive sensitive — is not given by an emitter, it is created via affections.

According to Bergson (2005), we know the inner world through affections, not the outer world through perceptions, even though this inner/outer distinction is meaningless at this point. Experimentations in art and design have helped to achieve a non-psychological subjectivity, of the order of sensations, affections; different from psychological subjectivity, which is related to intelligence and perception, associated to willpower or sense of self. An affective production breaks down the idea of a self that acknowledges itself and the world as forms, thereby allowing the creation of new forms.

Multiplicities are defined by means of relationships with the “exterior,” with the outside: “through the abstract line, escape route or deterritorialization according to which their nature changes when they connect to others” (Deleuze, Guattari, 1995, v. 1, p. 16); hence the possibility of referring to multiplicities of multiplicities and the difficulty in focusing on spatial multiplicities alone, as if they could be isolated from others, such as subjectivity and time.

1.3. Territory, deterritorialization, and reterritorialization

The mobile dimension of digital communication and its relationship with physical space have been studied by Grupo de Pesquisa em Cibercidades, coordinated by Lemos.3 For Grupo de Pesquisa, electronic communication devices both deterritorialize and reterritorialize the individual. From some angle of cybercities, it may be stated that there is the establishment of dynamic forces reconfiguring space and social practices in light of telematic networks. Thus, new political, economic, social, cultural, and subjective spaces are created.

On the other hand, Núcleo de Estudos de Habitares Interativos from University of São Paulo at São Carlos, Nomads,4 focuses on transdisciplinary knowledge about contemporary living and design processes of these spatialities.

Media Lab5, at Massachusetts Institute of Technology, USA, conducts several studies on relationships with the territory via digital media technologies involving augmented reality, locative media, and so forth. Among their goals is to promote civic participation in governmental decisions, social networks, and cultural processes.

It may be said that agencies occurring today involving cities, networks, and digital media can work in the direction of allowing some kind of deterritorialization that establishes relationships with the virtual in the sense that the territory relates to itself and external circumstances. The concept of virtual qua potential is closely related to the concept of design: project, projection power. For a better understanding of the concept of virtual, we should refer to Deleuze and Guattari’s (1995) concepts of land, territory, deterritorialization, and reterritorialization.

Land and territory are components of a scheme with two indiscernibility zones: deterritorialization and reterritorialization.

Deterritorialization can be relative when historical connections between land and territories are sketched and erased in it, e.g., the State, which takes different territories to a higher unit, and the city, which extends its territory to commercial circuits. Absolute deterritorialization, in turn, can only be considered under certain non-given relationships, that is, to be determined, with relative deterritorializations, affirming reterritorialization as the creation of a new land to come. Its relationship with historical conditions is different: it deviates from a set of conditions to create something new. The territory appears at the margin of certain decoding process, certain freedom, allowing the emergence of expressive qualities. This means that when there are expressive qualities, there is territory and it becomes a transition territory, open to new deterritorializations.

Digital media promote qualitative relationships among signs, acting as a transition territory. A space characterized by signs can lead to an escape route, defined by a process of decoding and deterritorialization or, in short, it is virtualized; at the same time, it translates or actualizes powers of the virtual: it is differentiated.

1.4. Machinic Interface

Deterritorialization lines are given in territoriality circuits. Thus, when Deleuze and Guattari refer to lines instead of points, event and process rather than structure, these should not be simply understood as opposed to each other:

It is not, however, about placing the two types of multiplicities in opposition […] according to a dualism that could not be better than that between the one and the multiple. There are only multiplicities of multiplicities forming a single agency, exerted in the same agency: hordes in masses and vice-versa (Deleuze & Guattari, 1995, v. 1, p. 46). 

The web itself, qua multiplicity, with its micro-processes is in several agencies with unifying machines. Hackers’ actions, some indeterminacy degree in systems, collaboration software, and many other examples, indicate emerging processes that remain connected, in mutant settings, to large telecommunication systems, institutions, economic and social systems, among others.

Events involving many modes of interactivity tend to disseminate aesthetic processes, operating space hybridizations, transitions of intensity, sensations that do not lend themselves to representation. Guattari (1992) uses affectability machinic interfaces to place the problem of transitions, coordinated by a transversality related to different modeling systems, systems in the form of hypertexts. The machinic interface manages the agglomeration/articulation of intensities and different existential territories.

According Guattari, “that which distinguishes modeling from meta-modeling is the fact that it possesses an organizer of possible openings to the virtual and to creative processuality” (Guattari, 1992, p. 44).

By apprehending the object of study in its creative and processual dimension, it is possible to increase informational complexity, a re-composition of territories, also open to micro-events, remaking itself continuously. It is Guattari’s term ‘organizer of openings’ what that which could allow a new practice integrating science and art and involving aesthetic research of advanced technologies, qua transition components, creation of new territories.

As pointed by Pimenta (1999), that which allows transitions may be related to its de-programmability. According to this logic, all conclusions become relative and provisional, in continual falsifiability, conjunctions and disjunctions between different kinds of language. For Pimenta, de-programmability is designed as the basis for new spatial thinking.

2. Urban artistic interventions

In order to identify the various ways in which digital media act as a differentiation component in creation and subjectivation processes, and its relationship with the virtual qua potential, a division is required: (a) urban interventions and (b) activism mediated by digital technologies.

During the international art event Arte#ocupaSM,6 participants occupied the Vila Belga Railways Central Administration building in Santa Maria, Rio Grande do Sul, as well as its surroundings:

The event involves the “occupation” of Vila Belga, a historical site in disuse since 1997, when the railway company was privatized. Vila Belga was built from 1901 to 1903 to house employees […]. The “occupation,” conducted through networks and connections organized especially for the event, appropriated the physical and virtual space of the building (Hildebrand, Oliveira, Foglia, 2012, p. 25). 

In the space-time of the event, through various projects, conducting meetings and transformative experiences resonated in social, political and technological spheres. By means of collaborative artistic practices, aimed at preserving cultural heritage, it was possible ‘to make visible what was hitherto invisible,’ e.g., the project Air City (Hildebrand, Oliveira, Foglia, 2012), which explored the possibilities of compiling collective narratives via mobile devices. In the authors’ own words:

This project seeks to be a “system qua work of art,” where the public can activate spaces and narratives […]. Emerging and locative media, equipped with devices and geo-location features, integrate digital content to a locality, a territory, for monitoring, mapping, localizing, building territories and actualizing narratives and memories […]. The project is part of a research process that explores possibilities of action in public space through alternative digital transmission without using institutional networks” (Hildebrand, Oliveira, & Foglia, 2012, p. 27).

Artistic interventions, like the aforementioned ones, encourage other ways to interact with the city space, and inspire users to produce other spatialities within the city.

It is also important to remark that the city is, in a complex fashion, both product and producer, in a setting where collaborative art practices, manifested as local actions, give rise to a dynamic process involving other spheres at a different level: social, cultural, economic, and political.

3. Participation of digital media in social and political spheres

The so-called digital activism has been studied by academics and has reverberated in numerous media. One remarkable example of this activism is an event that occurred in the Philippines in the early 2000s, when a group of protesters, organized via text messages, grew rapidly and was partially responsible for ousting President Estrada due to corruption.

The phenomenon of self-organization of crowds via social networks has been termed as smart mobs (Rheingold, 2002), i.e., a crowd that is organized through digital media for whatever political, social or artistic purpose. Smart mobs come together, perform a given act, and disperse quickly.

In cases like these, while we can speak of autopoiesis, since self-production takes places, continuously specifying its limits, its existence is only possible in relation to outside elements. Thus, the concept of autopoiesis eventually extends to “social, collective, and evolutionary systems, which maintain different types of alterity relationships” (Guattari, 1992, p. 52).

The encounter between smart mobs and communication technologies, which bring interaction qualities to spaces, involve a multiplicity of systems and agencies, including content and expression as variables of these agencies, in which signs are organized in different ways, are deployed in semiotic chains that can deviate from their signifying function, evidencing the processual nature of this kind of encounter.

Therefore, before classifying these multitudes as masses composed of “individuals […] who will exercise the sense of equality” (Lemos, 2004, p. 36), it is necessary to consider that these movements involve singularities at a pre-individual level, constituting and dissolving agencies. They operate with codes, connect differences, promote dissonances, and create the consistency of an event.

If these movements and their deployments are judged according to some modeling system of a discursive nature, with its signifying function, which creates stratified/signified territories, we run the risk of missing transitions of intensity, transitions between spaces and times, which are of the order of creative processuality. That which constitutes their deployments is their assemblages, agencies. Therefore, in order to apprehend these movements in their processuality, we should proceed according to a paradigm “that borrows other more collective, more social, more political procedures[…]” (Guattari, 1992, p. 42).

Thus, the space of the city, continuously transformed by communication technologies, transcends visible and functional structures.

Changes in everyday rhythm, caused by movements such as smart mobs — but also by others, e.g., urban interventions, installations, performances, which may or may not make use of digital technologies — can be examples of communication qua transition. In this process, signs express events at the same time as they are created at the meeting point of many collective forces, as percepts and affects, forces that compel us to think:

Perception is no longer a state of affairs, but a state of the body as induced by another body, and “affection” is the transition from this state to another, such as increasing or decreasing the power-potential, under the action of other bodies: none is passive, but it is all interaction, even weight (Deleuze & Guattari, 1992, p. 199). 

The logic of discursive assemblages works with references alluding to lived and felt experiences, which is different from a multi-referential, multidirectional logic that “deterritorializes contingency, linear causality, the weight of states of affairs and meanings that beset us” (Guattari, 1992, p. 42) in order to produce meaning. The operation over a plane of consistency drawn according to this logic is experimentation; and nomadism is movement.

3.1. Transversal Politics

Smart mobs point to the use of communication technologies that make sensitive, and also visible, different power relationships that interfere with the process of living. However, their escape routes are always in danger of being reterritorialized, over-codified, capitalized, made into ​​one more component of the show, i.e.: such events are at risk of becoming a means of communication in the service of a unifying machine.

Integrated global capitalism incorporates micro-processes in its favor at such a high rate that they have to be continuously created in all areas.7 In addition, it is possible to introduce a hypermachine virus in the very power of triggering microprocesses. Hence the urgency of creating temporary autonomous zones (Bey, 2001) in light of this speed (Virilio, 1994).

Rolnik (2007a) suggests that a new alliance is being established between art and activism in contemporary society: a combination of macro and micro, which are different ways to cope with tensions of life, at different levels of tension faced by every individual. Facing here concerns the creation based on the forces at play, not the denial of these forces.

Hence, “the operation characteristic of the macro political action intervenes in tensions arising in visible, stratified reality, between poles of conflict in assigning places established by the dominant cartography in a given social context” (Rolnik, 2007a, p. 9), i.e., at the level of stratification that defines subjects, objects, and their representations, while:

the operation characteristic of micro-political actions interferes with the tension of paradoxical dynamics between the dominant cartography with its relative stability and an ever-changing sensitive reality […]. At the micro-political level, we face tensions between this level and that which is already foreshadowed in the diagram of the sensitive, invisible, and ineffable real (Rolnik, 2007a, p. 9-10). 

Artistic and/or political movements, technological innovations in communication and design, often created with more democratic purposes, may be potential war machines, not that they aim at war, but as a form of resistance. It is proper of a war machine to disassemble, be disassembled and reassembled in another ‘place.’ They can also work as vectors of deterritorialization or accelerators of a larger process involving macro and micro-politics and leading to reterritorialization of the assemblage.

Communication design productions have also played an important role in constructing cartographies that favor “an opening to the possible in individual and collective existence” (Rolnik, 2007a, p. 8). Thus, territories can be generated in which aesthetic experience and freedom of creation can vibrate again.

4. Final remarks

Deleuze and Guattari point out that science tends to become gradually more the science of events, instead of structural. The disappearance of arborescence schemes in the interest of rhizomatic movements is a case in point. Scientists are increasingly concerned with singular events, of an incorporeal nature, which are conducted in bodies, in bodily states, totally heterogeneous agencies among them, hence the call for interdisciplinarity (Deleuze, Parnet, 1998, p. 76).

According to Deleuze and Guattari, the dimensions of creativity are not found in representation, already considered in space and time relationships, but in non-discursive relations. Through this logic, capable of grasping the creative dimension of the encounter among subjectivities, collectives, and spaces of the city, becoming one another, the movement and process intensity are taken into account. Their operations may be connected to:

•       a multiplicity characterized by the inseparability of variations, an intensive multiplicity;

•       a concept of real time that can respond to this logic of intensities — the concept of duration, created by Bergson/Deleuze/Guattari;

•       the production of sense in the encounter with representative and non-representative formations;

•       a complex relationship involving both arborescent schemes and rhizomatic lines.

Communication qua transition can function as a means of diverting, creating, and opening to coexistence of differences. This openness implies ethics and aesthetics, because, according to Guattari, in a post-media era, it is possible to transform references, valuing systems, i.e., it is possible to think of a non-consensual type of communication that encompasses differences, noises.

After the advent of digital media, there is the possibility of a new practice as a means to achieve an extra-aesthetic or even ethical-aesthetic objective, which implies a condition of alterity in relation to the world and life. Is it ethical, because it is about building worlds, choices involving social, technological, scientific, cultural, and ecological dimensions all at once. These choices are of the order of the method, i.e., the project, but a project qua process.

Understanding the city space, its communication and self-production contexts in its transition components, implies conceiving a condition for architectural and urban creation that evolves as the contemporary city changes.

References

ASCOTT, R., 1998. Arquitetura da Cibercepção. In: GIANETTI, C. (org). Ars telemática. Telecomunicação, internet e ciberespaço. Lisboa: Relógio D’Água.

BERGSON, H., 2005. A Evolução criadora. São Paulo: Martins Fontes.

BEY, H., 2001. TAZ. Zona autônoma temporária. São Paulo: Conrad Livros.

DELEUZE, G.; GUATTARI, F., 1995. Mil Platôs. Capitalismo e esquizofrenia. Rio de Janeiro: Ed. 34, v. 1.

DELEUZE, G.; GUATTARI, F., 1996. Mil Platôs. Capitalismo e esquizofrenia. Rio de Janeiro: Ed. 34, v. 3.

DELEUZE, G.; PARNET, C., 1998. Diálogos. São Paulo: Escuta.

DELEUZE, G., 2002. Espinosa. Filosofia prática. São Paulo: Escuta.

ECO, U., 1991. Obra aberta. 8. ed., São Paulo: Perspectiva.

FLUSSER, V., 2008.  O universo das imagens técnicas. São Paulo: Annablume.

Cybercities Research Group, 2013 Available at: http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/ andrelemos/. [Accessed 30 march 2013].

GUATTARI, F., 1990. As Três Ecologias. Campinas: Papirus.

GUATTARI, F., 1992. Caosmose. Um novo paradigma estético. 
Rio de Janeiro: 34.

JOHNSON, S., 2003. Emergência: a vida integrada de formigas, cérebros, cidades e software. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

LEMOS, A., 2004. Cibercultura e mobilidade. In: Leão, L. (org). Derivas: cartografias do ciberespaço. São Paulo: Annablume.

LÉVY, P., 1993. As Tecnologias da Inteligência. O Futuro do pensamento na era da informática. Coleção Trans, Rio de Janeiro: 34.

LÉVY, P., 1999. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34.

HILDEBRAND, H.; OLIVEIRA, A.; FOGLIA, E. AIRCITY, 2012 - arte#ocupaSM - Terrítórios da Memória Urbana. In: ARTECH 2012 - Proceeding of 6th International Conference on Digital Arts, Faro/Portugal, v. 1, p. 25-34.

MIT Media Lab., 2013. Available at: http://www.media.mit.edu/. [Accessed 30 march 2013].

MORIN, E.; MOIGNE, J., 2000. A inteligência da complexidade. São Paulo: Peirópolis.

Núcleo de Estudos de Habitares Interativos, 2013. Available at: http://www.nomads.usp.br/site/. [Accessed 30 march 2013].

PIMENTA, E., 1999. Teleantropos. A desmaterialização da cultura material. Arquitectura enquanto inteligência e metamorfose planetária. Lisboa: Estampa.

PLAZA, J., 2013. Arte e interatividade: autor, obra, recepção. Available at: <http://www.cap.eca.usp.br/ars2/arteeinteratividade.pdf>. [Accessed 30 march 2013].

PRIMO, A.; CASSOL, M., 2013. Explorando o conceito de interatividade: definições e taxonomias. [s/d]. Available at: <www.psico.ufrgs.br/~aprimo/pb/pgie.htm>. [Accessed 30 march 2013].

RHEINGOLD, H., 2002. Smart Mobs: the Next Social Revolution. Nova York: Perseus Books.

ROLNIK, S., 1996. Despedir-se do absoluto: Entrevista a Lira Neto e Silvio Gadelha. Número especial da Revista Cadernos de Subjetividade: Gilles Deleuze. (Interview).

ROLNIK, S., 1999. Novas figuras do caos. Mutações da subjetividade contemporânea. In:  SANTAELLA, L.; VIEIRA, J. (orgs). Caos e Ordem na Filosofia e nas Ciências. São Paulo: Face e Fapesp.

ROLNIK, S., 2007a. Com o que você pensa? Núcleo de Estudos da Subjetividade - PUC – SP. Available at: http://goo.gl/swi8O. [Accessed 30 march 2013].

ROLNIK, S., 2007b. Cartografia Sentimental. Transformações contemporâneas do desejo. 3a. ed. Porto Alegre: Sulina.

SANTOS, R., 1994. Gilbert Simondon: vestígios da autopoiese. Transcript of a lecture at the meeting on "The cognitive sciences and subjectivity”, UFF, (Courtesy of author).

VIRILIO, P., 1994. A Máquina de Visão. Rio de Janeiro: José Olímpio.

1 Gilles Deleuze and Felix Guattari's thought  encompasses many others, i.e., it is permeated by the thought of other authors, such as Spinoza's concept of affectability (Deleuze, 2002), and it ends up being transformed by a process

2  A body cannot be reduced to an organism.  See Deleuze, G. & Guattari, F. (1996), v. 3

3 Cybercities Research Group: http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/andrelemos/. Accessed on: March 30, 2013.

4 Núcleo de Estudos de Habitares Interativos: http://www.nomads.usp.br/site/. Accessed on: March 30, 2013.

5 MIT Media Lab: http://www.media.mit.edu/. Acesso em: 30 mar 2013.

6 Event held in Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brazil, in 2012, lasting five days with the participation of over 40 artists and researchers from several countries. For more information, go to:  http://arteocupasm.wordpress.com/.  Accessed on: March 30, 2013.

7 As is the case of Napster, the first massive program for peer-to-peer sharing of files, which changed the music industry and, more recently, Youtube, <http://www.youtube.com>, a site that allows its users to upload, watch, and share videos in digital format, which was eventually bought by giant Google. At its origin, the Internet itself was originally conceived to share information among universities; it did not have a commercial or political purpose per se.