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O corpo, a alma, o tempo:
pequenas histórias [1] [2] [3] [4]
CORPOTRABALHO
 

ENTRE BRUXELAS E A GRÉCIA ANTIGA, UM CORPO DESGRAÇADAMENTE REAL

Certa vez, Ilya Prigogine - químico ganhador do Prêmio Nobel de 1977 - para discutir a existência ou não do tempo reconheceu que, curiosamente, poderia recorrer tanto ao cientista Albert Einstein quanto ao escritor Jorge Luis Borges. E então escolheu o pensamento poético, lembrando uma de suas famosas passagens:

"... O tempo é a substância de que sou feito. O tempo é um rio que me arrebata, mas eu sou o rio; é um tigre que me destroça, mas eu sou o tigre; é um fogo que me consome, mas eu sou o fogo. O mundo, desgraçadamente, é real; e eu, desgraçadamente sou Borges".

O que dizer de algo que é outra coisa mas também ele mesmo (e ao mesmo tempo)? Isso valeria para o

corpo? Neste caso, o corpo é o que é inseparável do que o constrói e o consome. Ou seja, pensar em uma alma como algo distinto é sugerir o improvável. Aristóteles afirmava que a alma era o princípio da vida e a essência, a multiplicidade dos seres e a mudança incessante. O ser da Natureza existia e era real. O seu modo próprio de existir seria a mudança - e esta não era uma contradição impensável. A essência seria a unidade interna e indissolúvel entre uma matéria e uma forma, unidade que lhe dá um conjunto de propriedades ou atributos que a fazem ser necessariamente aquilo que ela é. Mas os conceitos de alma e essência estiveram sempre em transformação a partir de outros pensadores que antecederam ou partiram de Aristóteles. Outros filósofos - Parmênides, por exemplo - falavam na realidade única do ser que não morre, nem nasce, nem evolui. Platão já

afirmava que se a verdade está ligada ao ser, então precisamos tanto do ser, da realidade estável, como do devir, daquilo que ainda será (sempre em processo de mudança). Com o Cristianismo, alma ganhou a configuração de espírito e (ops!) ... saiu fora do corpo, tornando-se de outra natureza distinta da vida terrena. A essência tornou-se algo preservado e não a diversidade e a mudança incessante. O que fazer? Toda esta discussão está permeada pelo fluxo do tempo. Tempos simultâneos que nos obrigam a conviver com suas qualidades distintas de ser. E não vivemos o tempo inteiro imersos em simultaneidades? O tempo do relógio, dos sonhos, do drama, do corpo, das estações ...

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Texto de Chris Greiner
Texto de Carlos Roberto
Monteiro de Andrade
Texto 'O corpo, a alma, o
tempo: pequenas
histórias', de Chris Greiner