nomads

O fenômeno de globalização mundial das trocas de informações, fruto de desenvolvimentos tecnológicos principalmente em áreas relacionadas às telecomunicações, parece apresentar-se em diferentes roupagens na decorrer da história, sugerindo possíveis estreitamentos nas relações entre pessoas geograficamente distantes entre si. Nas palavras de Nicolau Sevcenko, “o surto vertiginoso das transformações tecnológicas não apenas abole a percepção do tempo: ele também obscurece as referências do espaço. Foi esse o efeito que levou os técnicos a formular o conceito de globalização, implicando que, pela densa conectividade de toda a rede de comunicações e informações envolvendo o conjunto do planeta, tudo se tornou uma coisa só.”
Os desenvolvimentos tecnológicos aplicados à construção deste espaço virtual de intercâmbio de informação, relacionados aos seus distintos momentos históricos, podem sugerir desdobramentos diretos deste conceito, como algumas alterações nos modos de vida em áreas geográficas sob influência cultural das metrópoles, que vêm sendo o foco de atenção dos trabalhos de autores incontornáveis à discussão da evolução das TICs, como Paul Virilio, Nicholas Negroponte, Philippe Quéau, Oliver Grau e Pierre Lévy, por exermplo.
Ao abordar questões referentes à evolução das TICs, tornam-se evidentes várias relações entre deslocamentos no espaço concreto e espaço virtual de comunicação à distância. Aparentemente, o caminho trilhado pela mídia impressa no surgimento da metrópole industrial, talvez já houvera sido indicado quando Gutenberg propiciou o registro tipográfico em série, e uma conseqüente difusão do conhecimento em escalas sem precedentes até então. Respirando primeiros ares de modernidade, ao utilizar seu processo como primeira forma de mediatizar a mensagem a partir da reprodução serial da palavra escrita, estaria, provavelmente, alicerçando as bases conceituais das formas de comunicação atuais. Algo semelhante poderia ser descrito a partir das primeiras viagens marítimas, atentando para a possível relação entre deslocamentos nos espaços concreto e virtual, no que diz respeito aos esforços de criar redes mercantis de trocas de bens de consumo e informação.