Corpo idoso, memórias e narrativas do centro de João Pessoa

Marcela Dimenstein, Jovanka Scocuglia

Marcela Dimenstein é Mestre em Arquitetura e Urbanismo, Professora Assistente do Curso de Arquitetura e Urbanismo, do Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ), membro do grupo de pesquisa Cidades, Culturas Contemporâneas e Urbanidade. Pesquisa experiências urbanas desviantes na contemporaneidade e novos modos de apreensão da cidade.

Jovanka Baracuhy Cavalcanti Scocuglia é Doutora em Sociologia Urbana, Professora e pesquisadora do Departamento de Arquitetura, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), líder do grupo de pesquisa Cidade, Cultura Contemporânea e Urbanidade e membro do Réseau Ambiances/CRESSON/ Grenoble/França.


Como citar esse texto: DIMENSTEIN, M.; SCOCUGLIA, J. B. C. Corpo idoso, memórias e narrativas do centro de João Pessoa. V!RUS, São Carlos, n. 13, 2016. Disponível em: <http://www.nomads.usp.br/virus/virus13/?sec=4&item=5&lang=pt>. Acesso em: 20 Abr. 2024.


Resumo:

O centro da cidade de João Pessoa, além de sua importância histórica como lugar de memória e detentor de um valor patrimonial e arquitetônico, também é local de diferentes experiências da vida social e é onde podemos encontrar personagens que ativam a cena urbana cotidiana, se destacando como figuras subversivas em meio a tempos tão difíceis. Nesse artigo, objetivamos identificar um grupo específico de pessoas – os idosos – que usam o Centro da cidade fazendo das ruas, calçadas e praças seus locais de verem e serem vistos. Como estratégias metodológicas foram utilizadas a observação de campo e a entrevista semiestruturada, ferramentas importantes no campo da arquitetura e urbanismo que foram complementadas pela fotografia. Assim, considera-se que esse estudo repensa questões como a política recente de renovação dos espaços centrais na cidade e a sua utilização/atualização pela população idosa. Busca contribuir com pesquisas que evidenciam a percepção da população na cidade, sobretudo a partir de memórias e relatos dos mais velhos. Dessa forma foi possível investigar mudanças e permanências relativas ao espaço central, descobrir elementos da história e cultura da área, como as festas, relações sociais de trabalho e lazer, transporte, segurança, e enxergar a relação entre os idosos e o local estudado como uma forma desviante à problemática do empobrecimento da ação urbana.

Palavras-chave:: Idosos; Memória; Experiência urbana; Espaço público


Introdução

Foi observando o Centro da cidade de João Pessoa, a fim de investigar corporeidade e permanências urbanas que escapam à lógica de homogeneização1 e espetacularização2 fortemente observadas na contemporaneidade, que identificamos, em pesquisa concluída no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFPB, um grupo específico de pessoas – os idosos – que flanam, usam e experimentam a área central da capital, fazendo das ruas, calçadas e praças seus locais de verem e serem vistos.

Neste artigo, buscamos identificar em que medida os idosos têm oferecido resistência à padronização e efemeridade na cidade contemporânea, em especial, na área central que passou por muitas mudanças ao longo das últimas décadas e que ainda atrai um público que o utiliza como lugar de lazer, moradia, circulação e trabalho, se conformando como importantes atores para a legitimação da área enquanto local da cultura, memória e afetos.

A crítica ao processo atual de mercantilização e pacificação da cidade tem sido discutida por autores como Carlos (2004), Jacques (2008) e Bauman (2009) que tornam evidente a atual estratégia das políticas urbanas e das operações urbanísticas de eliminar dissensos e conflitos e de esconder tensões, criando um espaço esterilizado, domesticado e distanciado do que é a própria vivência na cidade. Entretanto, é nesse contexto hostil e sob essas circunstâncias que símbolos de resistência e crítica à ideia de perda da corporeidade3 nos espaços públicos vêm adquirindo relevância, sendo valorizado o “homem ordinário” (CERTEAU, 1990), que caminha pela cidade, vivencia-a, atém-se aos espaços e às marcas do tempo em um tecido urbano antigo alterado e inserido de novos valores e práticas urbanas. Destacamos nesse artigo o idoso, personagem presente no Centro de João Pessoa e que vivencia um espaço, por ventura descaracterizado e agressivo, com suas limitações e criatividade, anunciando-se como uma boa notícia em meio a tempos difíceis.

O locus privilegiado desta pesquisa é a cidade de João Pessoa, capital do Estado da Paraíba, localizada no Nordeste brasileiro. Segundo os dados do Censo 2010, a cidade concentra 723.515 habitantes, dentre esses, 74.087 são idosos e 3.644 moram na área central da cidade (ver Figura 1). O Centro, além de sua importância histórica como lugar de memória, detentor de um valor patrimonial e arquitetônico, é também o principal setor de comércio e serviço da cidade, o que atrai muitas pessoas para a região.

Fig. 1: Mapa do Brasil com a localização do estado da Paraíba e mapa da cidade de João Pessoa com indicação da área central. Fonte: Dimenstein, 2016.

As vias do Centro concentram grande fluxo de pessoas e veículos, misturam residências e comércios, possuem a singularidade de surpreender pela diversidade de atividades a cada espaço público percorrido. É, assim, um local polifuncional com capacidade de surpreender por apresentar pessoas em atividades diversas, processos de improviso, vendedores ambulantes, transversais estreitas, becos, sons diversos, cheiros diversos, produtos variados, arquitetura diversificada, além de ter espaços para lazer, compras, religiosidade e transações financeiras, todas com dinâmicas diferentes dependendo do dia, horário e período do mês.

Estes aspectos o configuram como lugar de diferentes experiências da vida social e onde é possível encontrar, em sua grande maioria, personagens que ativam a cena urbana cotidiana com diversas atividades e nos mais diversos espaços. Vale ressaltar que no decorrer do século XX, o Centro de João Pessoa passou por várias transformações que, aliadas à expansão urbana para novas áreas da cidade, contribuíram para construir uma imagem do Centro marcada pela ideia de decadência, violência e abandono.

As transformações urbanas e a decorrente mobilidade social, gradativamente, modificaram o perfil original de uso e ocupação da área central, reduzindo de modo significativo os usos residenciais, enquanto se reafirmava uma tendência potencial a abrigar atividades de comércio e serviços. Entretanto, com relação especificamente à população idosa, segundo os dados coletados pelo Censo 2010, em comparação com outros bairros, o local ainda detém o maior percentual de idosos, acusando 20,49% da população da cidade concentrada na área central.

Esta pesquisa procura, por meio da articulação entre campos de conhecimentos afins à arquitetura e ao urbanismo, elucidar aspectos da vivência que os idosos têm da cidade contemporânea, em especial de seus espaços públicos. Esta abordagem traz como contribuição a possibilidade de ativar a memória afetiva aguçando as suas percepções sobre a cidade, com destaque aqui para o bairro central.

A escolha pelos idosos partiu do princípio de que são pessoas que testemunharam e construíram a história da cidade e, nessa perspectiva, podem ser considerados como um dos agentes que contribuem para os estudos e pesquisas que abordam a cidade contemporânea do ponto de vista humano e social, articulado à dimensão espacial. Através de relatos, narrativas e observações de hábitos de um passado tal como foi vivenciado, como, por exemplo, vestir-se de forma especial para ver o movimento nas ruas, sentar, conversar e jogar nos bancos das praças, bater papo nas calçadas, botecos e passear pelo comércio e feiras, é possível desvendar elementos relativos à história, à cultura, à memória e aos afetos de um local, principalmente quando se leva em consideração os aspectos da vida cotidiana relacionados às mudanças e permanências nos usos da cidade no presente e no passado.

Esse artigo será abordado sob a ótica arquitetônico-urbanística em articulação com outras disciplinas afins, como a sociologia e a antropologia urbana, bem como a geografia e a psicologia ambiental, que muito acrescentaram à nossa compreensão e apreensão das dimensões da vida urbana contemporânea em foco. Consideramos, assim, que o campo da arquitetura e do urbanismo é abrangente e complexo, e deve incluir não apenas suas construções físicas concretas, mas também a forma como a cidade é percebida e representada pelo sujeito em sua vivência cotidiana. Todavia, a interface com essas áreas do saber se fez ainda com relação às ferramentas e aos recursos metodológicos tais como o uso da fotografia, da cartografia, da observação de campo e da entrevista semiestruturada, pois se compreende que estas são ferramentas importantes e contribuem de forma significativa na apreensão do espaço urbano, forma, uso e simbologia.

Aqui, buscamos identificar as corporeidades e permanências nos espaços do Centro de João Pessoa a partir de usos e relatos de idosos em ação nos espaços públicos da cidade. Descobrimos, dessa forma, elementos da história cotidiana e da cultura da área relativos a hábitos e costumes, bem como festas, relações sociais de trabalho e lazer, transporte, segurança e, assim, intencionamos contribuir para ampliar os estudos que valorizam as formas desviantes à problemática do empobrecimento da ação urbana contemporânea, muitas vezes usadas como justificativas para ampliação dos mecanismos de controle, vigilância e higienização dos espaços centrais das cidades.

Apropriação e uso do espaço pelo corpo idoso

No Brasil, Fraya Frehse (2005, 2011) pesquisou as transformações nas regras de conduta de pedestres na rua do Centro de São Paulo com o advento da modernidade e o modo como as pessoas percebem as transformações nas ruas a partir de finais do século XIX. Em Salvador, o foco foi o ritmo dos transeuntes, as interações entre estranhos estabelecidas no local, o uso do espaço a partir da identificação de suas ações e trajetos (URIARTE; CARVALHO FILHO, 2014). Buscaram verificar se nas ruas do velho Centro de Salvador poderíamos afirmar que os transeuntes têm comportamento superficial, impessoal, atitudes blasés , “cada um por si”.

A categoria transeunte é entendida como um papel momentâneo e situacional, assumido por homens e mulheres no momento que passam, transitam ou circulam na rua, a pé. Para Caiafa (2007, p. 57), “o transeunte tem seu movimento ditado pela agitação urbana e não frui de sua caminhada. O flâneur , ao contrário, é um habitante da cidade que deambula a seu bel–prazer […] percorre as ruas em ritmo próprio”. Já para Frehse (2005, p. 33), o transeunte:

[…] passa a caracterizar, a partir de então, qualquer indivíduo – homem, mulher, criança, negro ou branco, rico ou pobre – nos momentos fugazes em que transita (de preferência a pé, mas também modernos meios de transporte) por ruas cada vez mais cheias de outros transeuntes, e marcadas pelo caráter de mero local de passagem que distingue esse espaço no mundo moderno.

Contudo, para Uriarte e Carvalho Filho (2014, p.44),

Não há características associadas à categoria de transeunte na medida em que este se limita ao papel de pedestre que está na rua. Suas características advirão, por tanto, do tipo de rua e do tipo de sociedade. É na forma como usamos e concebemos as ruas que está o futuro da sociabilidade urbana.

Acompanhar, descrever e interpretar os transeuntes, a diversidade de usos e discrepâncias entre representação e delimitação formal, associados aos diversos desafios metodológicos que advém do trabalho com uma população em movimento, em trânsito, urge na pesquisa sobre os espaços urbanos contemporâneos.

Damos nossa contribuição nesta pesquisa concentrando nas relações amplas e fugazes dos idosos transeuntes que circulam e vivenciam cotidianamente o Centro da cidade de João Pessoa.

Destacamos ainda as abordagens de autores como Jan Gehl (2009) e Jean Paul Thibaud (2012), que em suas publicações trazem à tona a questão do ambiente urbano, não como algo neutro e homogêneo dentro do qual se inscrevem as práticas, ao contrário, como um meio heterogêneo formador de práticas que o afetam.

Gehl, em seu livro La Humanización del espacio urbano (2009), explora a relação entre os usos e atividades existentes no espaço público das cidades com a sua qualidade urbanística. Para o autor, o ser humano necessita realizar uma série de atividades exteriores e a cidade deveria ter características que propiciassem essas atividades. Elas podem ser influenciadas por diversos fatores e o entorno físico é um dos principais. Nesse sentido expõe:

Quando os ambientes exteriores são de pouca qualidade, só são realizadas as atividades estritamente necessárias. Quando os ambientes exteriores são de boa qualidade, as atividades necessárias ocorrem claramente por mais tempo, pois as condições físicas são melhores. Porém, também haverá uma ampla gama de atividades optativas, pois agora o lugar e a situação convidam as pessoas a parar, se sentar, comer, jogar etc (GEHL, 2009, p. 19, tradução nossa4).

Jan Gehl ressalta também a importância que os arquitetos e urbanistas devem dar ao projeto desses espaços, uma vez que podem interferir nas inúmeras possibilidades de contato, encontros, de vê-lo, ouvi-lo e vivenciá-lo. Não contesta a importância do caminhar como oportunidade de ter experiências intensas na cidade e como ponto inicial para o desenrolar de interações mais complexas.

Jean Paul Thibaud (2012) insere o termo “ambiência urbana” na discussão contemporânea sobre novas formas de conceituar e experimentar a cidade. Ambiência é definida como espaço-tempo experimentado pelos sentidos. Sua hipótese é que a noção de ambiência permite pensar o efeito mútuo entre o espaço construído e as práticas sociais. Alerta que muitas vezes os contextos sensíveis de um espaço repousam apenas em parte sobre as características formais e físicas desse espaço construído, tirando grande poder expressivo dos corpos em movimento.

O corpo constitui-se como o elo fundamental de ligação do homem com o mundo. É o veículo utilizado por nós para expressar diariamente nossas relações com outros corpos e com os lugares.

Quando tratamos do corpo idoso no ambiente urbano, uma série de questões manifestam-se a respeito da sua relação com a cidade. As diferentes posturas corporais e as mudanças nas competências motoras acabam revelando novos pontos de vista dos espaços, uma vez que estes são capazes de colocar o corpo mais frágil em situações de desvantagem e reforçam suas deficiências. Logo, atividades básicas como caminhar nas ruas e se sentar nos bancos podem trazer novas percepções e experiências, influenciando nas suas reações emocionais, sensações e identificações com a cidade.

Mariele Correa (2009, p. 37) fala que, ao procurar entender o conceito de velhice, pediu para que os participantes idosos representassem a partir de gestos e comportamentos típicos as várias idades da vida. Ao se solicitar que a velhice fosse representada, eles a caracterizaram como uma fase decrépita, como se o corpo estivesse em franco estágio de degenerescência e ruína. Entretanto, os próprios participantes não se encontravam naquela condição.

Debert (2007) questiona se não estamos restringindo o entendimento do envelhecer ao nos determos somente aos dados visíveis e cronológicos. Aponta que recentes estudos em diferentes culturas constataram diferentes formas de envelhecer, colocando em desuso a ideia de que o envelhecimento é uma condição biológica a que o indivíduo se submete passivamente, visto que é um fenômeno tanto biológico quanto social/cultural e ao qual as pessoas reagem com base no que adquirem ao longo da vida.

Motta (2002, p.40) exprime que o “gestual humano”, como a postura do corpo, é particularmente diferente segundo as idades e gerações. No caso dos idosos, isso é enfatizado e o comportamento corporal é demandado de fora para que se adeque ao modelo cristalizado de espaços públicos que estão sendo construídos.

Logo, partindo da ideia de que a configuração dos edifícios e dos espaços urbanos afeta nosso jeito de interagir com o outro, influencia também nossa forma de usar determinados lugares, interferindo nas localizações das atividades e apresentando barreiras e permeabilidades que favorecem ou restringem os possíveis usos. Identificamos algumas atividades e apropriações da área central pelos idosos:

Fig. 2, 3 e 4: Senhores que trabalham nas praças como vendedor de livros, engraxate e negociante de moedas raras ou antigas. Fonte: Dimenstein, 2014.

Fig. 5, 6, 7 e 8: Senhores olham o movimento, descansam nos bancos, leem o jornal nas praças e ruas. Fonte: Dimenstein, 2014.

Fig. 9: Sequência de fotos de senhor se aproximando para conversar na frente de um comércio e depois se afastando para fumar um cigarro nos bancos da praça. Fonte: Dimenstein, 2014.

Fig. 10, 11, 12 e 13 - Senhores se encontram nas esquinas das praças, conversam nos assentos disponíveis, jogam xadrez nos bancos e se reúnem para descansar no café da praça. Fonte: Dimenstein, 2014.

Fig. 14, 15, 16 e 17: Idosos lavando as mãos em canteiro de plantas, urinando no local do busto de Vidal de Negreiros, comprando frutas com ambulantes e jogando xadrez nos bancos das praças. Fonte: Dimenstein, 2014.

Relatos e permanências urbanas

Partimos da premissa que, ao desvendar dissensos nas cidades, evidenciamos diversas interfaces do processo de resistência urbana e das relações entre o urbanismo e o corpo. As experiências urbanas no Centro da cidade de João Pessoa-PB-Brasil revelam a diversidade de experiências dos idosos que vivenciam a cidade cotidianamente e se baseiam em observações e relatos do grupo de idosos pesquisado.

As pesquisas de campo ocorreram entre 2013 e 2014. As áreas privilegiadas foram aquelas de grande concentração comercial e serviços, também locais de shows, festas e manifestações políticas, o que lhes confere uma intensa movimentação diária de pessoas. Elegeu-se estudar os trechos indicados na Figura 18, das Ruas Duque de Caxias e Visconde de Pelotas, em especial as seis praças e o trajeto pedestrianizado da Rua Duque de Caxias.

Fig. 18: Mapa da área de estudo. Fonte: Dimenstein, 2016.

As primeiras etapas de pesquisa e observações de campo possibilitaram encontrar participantes que visitavam a área sistematicamente nos mesmos horários e realizavam as mesmas atividades. Vale dizer que, como as visitas de campo ocorreram em todos os períodos do dia, foi possível observar sujeitos que apareciam apenas pela manhã, sujeitos que apareciam apenas pela tarde/noite e outros que apareciam de manhã, tarde e noite.

Dessa forma, acabamos por delimitar quem seriam os idosos a serem contatados para a realização das próximas etapas da pesquisa. Chegamos a um total de 14 participantes, ressaltando que, por se tratar de uma pesquisa qualitativa, o objetivo do número de pessoas é produzir informações profundas e ilustrativas, não a quantificação de valores. A partir dos primeiros contatos, iniciamos as entrevistas cujo conteúdo é apresentado nesse artigo de forma sintética.

O primeiro aspecto da experiência urbana na área central está marcado por um claro desequilíbrio entre homens e mulheres. A grande maioria das mulheres estava sempre em trânsito e as poucas vezes que estavam desfrutando do espaço, sentadas e conversando, ocorriam mediante a realização de algum evento promovido pela Prefeitura, como, por exemplo, as feiras de artesanato ou de flores. Este certamente foi um fator decisivo que marcou a preponderância de homens dentre os sujeitos entrevistados.

Para estes grupos masculinos contatados, o Centro sempre esteve presente em suas vidas como local de moradia, de trabalho e de diversão. Mesmo com grande parte dos entrevistados não morando mais na área, eles ainda a enxergam como um lugar que guarda muitas memórias, reafirma seus costumes e ainda desperta afetos. A arquitetura ali existente reflete a sociedade de uma época e está cheia de valores, de sentidos e significados que revelam fatos que os marcaram.

As várias mudanças que o espaço central sofreu ao longo dos anos acabaram por destruir vários dos referenciais urbanos, e com isso, uma parte da memória foi se perdendo e em seu lugar apareceram novas formas e relações.

Foi possível perceber que os espaços onde se concentravam mais idosos eram os que possibilitavam maior contato com outras pessoas, estimulantes e propiciadores de diferentes experiências, os que tinham mais atividades ocorrendo, os com melhor localização, ou seja, que estavam perto de paradas de ônibus e dos eixos principais de circulação, os arborizados e, por fim, os que despertavam mais lembranças do passado.

Eu fico aqui no Ponto de Cem Réis (Praça Vidal de Negreiros), depois dou um passeio em outras praças, na João Pessoa, mas ali é muito parado. (Pedro, 72 anos).

Eu gosto de ficar aqui no Ponto de Cem Reis, é onde tá o movimento. As outras praças não têm nada pra ver. Aqui sempre foi o lugar da muvuca (Joel, 64 anos).

A maioria dos entrevistados relatou que se dirige ao Centro em busca de amigos e conhecidos para conversar e passar o tempo. Os que vão necessariamente à área para trabalhar também afirmaram que, nos horários vagos, sempre procuram amigos para um bate-papo nas praças e estabelecimentos do bairro. Outra parcela dos entrevistados afirmou ir para passear, caminhar pelas praças e ruas, ir à livraria e, eventualmente, comprar alguma coisa que esteja faltando em casa, pagar contas ou ir ao banco. Uma mínima parcela vai diretamente ao comércio da região para comprar algo que esteja necessitando em casa.

Com relação ao meio de transporte utilizado, a grande maioria se locomove até o Centro de ônibus. Os participantes que moram ali ou em bairros vizinhos fazem seus percursos a pé, desfrutando da paisagem e do movimento existente. Apenas uma minoria se utiliza do carro: os que conseguem carona, os que vão rapidamente resolver suas necessidades no comércio e um dos participantes que trabalha na área.

No que diz respeito à frequência dos participantes na área, a grande maioria afirmou ir ao Centro de segunda a sexta em algum período do dia. Os que trabalham como ambulantes geralmente vão no período da manhã, já os que trabalham em órgãos públicos frequentam as praças apenas nos horários de almoço e após o expediente. Os que trabalham com o comércio local estão sempre no Centro, de segunda a sábado, até o final do horário comercial, e às vezes no domingo de manhã. Já os aposentados em geral não têm um horário fixo, alguns preferem ir pela manhã, alguns no começo da tarde e outros no final da tarde/ início da noite.

Quanto às atividades realizadas, identificamos respostas variadas. Muitos gostam de ficar sentados nas praças conversando, reencontrando amigos e/ou fazendo novas amizades. Alguns gostam de passear pelas ruas, caminhar, ver o movimento, ir às livrarias, ao Camelódromo ou às bancas de jornais, tomar um café com os amigos ou um caldo de cana com pastel em um antigo bar da área. Outros aproveitam para ir ao banco, lotéricas e comprar algo no comércio local. Um dos participantes chegou a dizer que utiliza a orla da Lagoa para fazer exercícios físicos. Outro falou que alguns dias da semana frequenta as discussões sobre atualidades e política na Livraria. Uma das entrevistadas que mora no Centro, vai com frequência a mercadinhos, mercearias e farmácias. Existem os que trabalham no espaço como ambulantes. Outros entrevistados relatam que frequentam ou já frequentaram os eventos existentes nas praças.

Eu venho todo dia conversar com amigos no Ponto de Cem Réis e na livraria. Faço feira, aproveito pra comprar algo que está faltando em casa. Tem tudo aqui por perto (Lígia, 76 anos).

Eu fico mais aqui, às vezes eu vou no banco, mas eu gosto de ir ali em um bequinho onde tem a livraria. Eu passo na livraria do Luiz quase todo dia (Josias, 72 anos).

Quanto às reformas recentes que ocorreram no Centro, houve unanimidade entre os informantes em reconhecer as melhorias na infraestrutura física do espaço. Alguns ponderaram que a configuração atual estava ótima, outros declararam não terem notado mudanças. Poucos avaliaram ruim ou péssimo. A grande maioria sugeriu mudanças e acréscimos para que o espaço ficasse mais apropriado para eles, como abertura de banheiros públicos, conserto de pisos quebrados, plantio de mais árvores, instalação de bancos mais confortáveis etc.

Os entrevistados que frequentavam o espaço antes da reforma de 1970 apontaram que ela nunca deveria ter ocorrido, pois visava resolver problemas que acometiam a área criando um viaduto sob a Praça Vidal de Negreiros5 (Ponto de Cem Réis), recortando o espaço e gerando passagens de nível entre a Cidade Baixa e o Parque Solón de Lucena. Já os que começaram a frequentar o Centro após essa reforma declararam que agora está bem melhor. Todos os entrevistados eram frequentadores do Centro antes das reformas realizadas em 2009 pela Prefeitura Municipal.

Os assuntos que mais renderam conversas entre os idosos entrevistados e a pesquisadora se relacionaram aos transportes de antigamente, como o bonde, as marinetes e os carros. Relataram práticas de lazer como os cinemas, as sorveterias, as festas e os carnavais etc. Comentaram dos seus trabalhos, de suas casas, das suas famílias, da segurança, das gestões públicas, dos colégios, da igreja e da história da cidade.

Eu vinha sempre ao cinema e trazia uma namorada ou vinha só mesmo. Era muito bonito. Vinha comer muita pipoca. Tinha muito pipoqueiro. Tinha algodão doce… Eu só vivia no Ponto de Cem Réis antigamente e também na Lagoa porque era o ponto mais animado da época, sempre tinha gente dançando e música nas esquinas. Adorava assistir (Severino, 60 anos).

Na Festa das Neves antes tinha uma missa e, depois que acabava a missa, tinha um palco montado na frente da igreja. Na General Osório, tinha várias barraquinhas com cachorro quente, até o pavilhão do chá. Eu tomei muita cachaça na bagaceira, era muito bom, mas não tinha nada de bagaceira ali não, era um pessoal muito arrumado (Jair, 60 anos).

Certa nostalgia se revelou na ideia unânime de que os tempos de hoje não são mais como os de antes em nenhum dos aspectos citados acima. Lamentam que seus netos nunca saberão como eram saudáveis e divertidas as Festas das Neves[6] e os carnavais. Que a cidade hoje não tem a segurança de antes, e que as pessoas não podem apreciar tão bem a vida como se fazia antigamente.

Sem dúvida a sensação de insegurança e a violência urbana vêm influenciando na maneira como esses idosos usam e se movimentam na área central. Assaltos e agressões foram relatados como motivos da não permanência na área à noite, o que compele os entrevistados a voltarem para casa enquanto ainda existe movimento nas ruas e nas paradas de ônibus.

Logo, o que vemos aqui é um grupo de pessoas que diariamente tem que se adaptar ao mundo contemporâneo e criar referências que as ajudem a preservar suas identidades. Destacamos alguns obstáculos que estão presentes no dia a dia desses participantes e que poderiam ser encarados como desestimulantes para muitos. Entretanto, flanam na cidade e resistem às perdas de referência e ao isolamento socioespacial.

Resistentes, esses idosos necessitam resguardar o local que residem ou residiram, onde se divertiram, sofreram, trabalharam e circularam diariamente. Todos declararam que, mesmo com todas as mudanças pelas quais o Centro passou, este ainda lhes desperta muitos afetos e lembranças. Afirmaram que, enquanto puderem ir até a área, irão.

Fig. 19 e 20: Idosos nos bancos das praças e tomando um café com os amigos – Centro. Fonte: Dimenstein, 2014.

Conclusão

Portanto, retomamos a hipótese inicial desse trabalho para indicar a possibilidade real de uma experiência urbana de idosos no Centro da cidade de João Pessoa. Ou seja, observamos a existência de experiências urbanas que escapam à lógica de homogeneização e espetacularização marcantes na contemporaneidade (JACQUES, 2008), tendo o idoso como importante elemento para a vitalidade e diversidade dos centros urbanos.

Podemos dizer que, em meio a um contexto marcado pela mercantilização e espetacularização urbana, um outro lado adquire relevância e se anuncia como uma luz no fim do túnel. Encaramos as experiências cotidianas no Centro como uma forma desviante à problemática do empobrecimento da ação urbana e da perda da corporeidade nos espaços públicos. Os idosos observados e entrevistados são personagens que resistem à pacificação urbana de forma anônima e dissensual, muitas vezes ultrapassando dificuldades e grandes distâncias para ativá-lo com as mais diversas práticas.

A imprescindibilidade desse público na área central se torna clara, pois sua presença nas ruas, calçadas e praças, além de trazer dinamismo ao espaço público, o coloca em visibilidade, exprimindo as demandas do corpo idoso que muitas vezes é forçado a se adequar ao modelo padronizado e cristalizado de espaço (MOTTA, 2002), evidenciando a necessidade real de projetos de intervenções/requalificações apropriados através de um estudo mais aprofundado sobre o contexto, suas particularidades e a memória que guardam, dando voz aos praticantes da cidade.

Com esse trabalho nos aproximamos dos instrumentos de investigação da antropologia e da sociologia, bem como foi possível um maior reconhecimento do papel importante dos idosos na construção de pontes entre o presente e o passado das cidades e suas relações com o tipo de espaço público instituído pela gestão pública contemporânea. Identificamos a urgência da incorporação dos desejos, atitudes, afetos e comportamentos dos praticantes da cidade nos processos de planejamento e de intervenção urbana.

Reafirmamos a necessidade urgente de revermos os instrumentos de pesquisa e de planejamento no campo da arquitetura e do urbanismo diante das novas dinâmicas socioespaciais e a importância de uma maior inserção de praticantes no processo projetual em áreas urbanas.

Notas

1 Autores como Milton Santos (1994) e Henry Lefebvre (2001) apontam que novos espaços cada vez mais parecidos tendem a aparecer nas cidades, buscando seguir a lógica cultural, política e de mercado da sociedade. Em geral, se caracterizam como locais de trocas de interesses, imersos em um tempo mundial e onde se instalam as forças reguladoras dos demais locais, intencionando atrair mais capital mercantil. Tal modelo se manifesta com a padronização de diversos espaços que precisam seguir um modelo imposto por seus financiadores, a exemplo dos shopping centers , grandes cadeias de hotéis, fast food , dentre outros.

2 Termo que se remete ao processo de mercantilização das cidades através da publicidade, do marketing e do branding urbano tencionando construir uma imagem cada vez mais homogeneizada e pacificada destas. Os Situacionistas – grupo de artistas, pensadores e ativistas na década de 1960 – lutavam contra o espetáculo e a cultura espetacular, ou seja, eram contra a não participação, alienação e passividade da sociedade. Afirmavam que o antídoto contra o espetáculo seria o seu oposto: a participação ativa dos indivíduos em todos os campos da vida social, principalmente no da cultura (JACQUES, 2003, p.13).

3 Para Jacques (2008), o processo de espetacularização parece estar diretamente relacionado a uma diminuição da própria experiência corporal das cidades enquanto prática cotidiana. Ou seja, a redução da ação urbana leva a uma perda da corporeidade, e os espaços urbanos se tornam simples cenários, sem corpo, espaços desencarnados. Contudo, entende-se que a errância urbana, caminhadas, práticas e usos do dia a dia trazem uma corporeidade ao espaço, criando uma oposição à ideia de cidade tradicional da disciplina urbana e da própria noção de diagnóstico urbano.

4 Do original em espanhol: “Cuando los ambientes exteriores son de poca calidad, sólo se llevan a cabo las actividades estrictamente necesarias. Cuando los ambientes exteriores son de buena calidad, las actividades necesarias tienen lugar claramente a durar más, pues las condiciones físicas son mejores. Sin embargo, tambíen habrá una amplia gama de actividades optativas, pues ahora el lugar y la situación invitan a la gente a detenerse, sentarse, comer, jugar, etcétera” (GEHL, 2009, p.19).

5 A praça foi criada em 1924, com a demolição da centenária Igreja do Rosário dos Pretos. Em 1951, passou pela segunda reforma, na gestão do prefeito Oswaldo Pessoa. A terceira ocorreu na década de 1970, na gestão de Damásio da Franca, e em 1982 o mesmo prefeito realizou mudanças no local. Em 1996, a praça sofreu a quinta investida, dessa vez na gestão de Francisco Franca. Recentemente, em 2009, a praça passou pela sexta reforma.

6 A festa é uma homenagem religiosa à padroeira da cidade de João Pessoa, Nossa Senhora das Neves. Acontece na Rua General Osório, onde está situada a Basílica de Nossa Senhora das Neves, que é paralela à Rua Duque de Caxias.

Referências

BAUMAN, Z. Confiança e medo na cidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009.

CAIAFA, J. P. S. Aventuras na cidade. Rio de Janeiro: FGV, 2007.

CARLOS, A. O Espaço urbano: novos escritos sobre a cidade. São Paulo: Contexto, 2004.

CERTEAU, M. A Invenção do Cotidiano. Petrópolis: Vozes, 1990.

CORREA, M. Cartografias do envelhecimento na contemporaneidade: velhice e terceira idade. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009.

DEBERT, G. A antropologia e o estudo dos grupos e das categorias de idade. In: BARROS, M. M L. (Org.). Velhice ou terceira idade? Rio de Janeiro: Editora FGV, 2007. p. 69-85.

DIMENSTEIN, M. Experiências urbanas de idosos no Centro de João Pessoa . 2014. Dissertação (Mestrado) - Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2014.

FREHSE, F. Ô da Rua! O transeunte e o advento da modernidade em São Paulo. São Paulo: Imprensa Oficial, 2011.

FREHSE, F. O tempo das Ruas na São Paulo de Fins do Império. São Paulo: Edusp, 2005.

GEHL, J. La humanización del espacio urbano : La vida social entre los edificios. Barcelona: Reverté, 2009.

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico e Contagem populacional. Brasil, 2010.

JACQUES, P. B. (Ed.). Apologia da deriva: Escritos situacionistas sobre a cidade. Rio de Janeiro: Casa da palabra, 2003.

JACQUES, P. B. Corpografias urbanas. Revista Arquitextos , São Paulo, 093.07, ano 08, 2008.

MOTTA, A. Envelhecimento e Sentimento do Corpo. In: MINAYO, M. C. S.; COIMBRA JR., C. E. A. (Orgs.). Antropologia, Saúde e Envelhecimento . Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2002.

SANTOS, M. Técnica espaço e tempo: globalização e meio técnico-científico informacional. São Paulo: Hucitec, 1994.

THIBAUD, J. P. Por uma gramática geradora das ambiências. In: SCOCUGLIA, J. B. C. (Ed.). Cidade, Cultura e Urbanidade. João Pessoa: Editora Universitára UFPB, 2012. p. 27-70.

URIARTE, U. M.; CARVALHO, M. J. F. Panoramas urbanos. Salvador: Edufba, 2014.

The elderly body, memories and narratives from the centre of João Pessoa

Marcela Dimenstein
Jovanka Scocuglia

Marcela Dimenstein is Master in Architecture and Urbanism, Assistant Professor of Architecture and Urbanism course, at University Center of João Pessoa (UNIPÊ), member of Laboratory of Studies on Cities, Contemporary Culture and Urbanity. She researches devious urban experiences in contemporaneity and new ways of city apprehension.

Jovanka Baracuhy Cavalcanti Scocuglia is Doctor in Urban Sociology, Professor and researcher at Department of Architecture, at Federal University of Paraíba (UFPB), leader of Laboratory of Studies on Cities, Contemporary Culture and Urbanity and member of Réseau Ambiances/CRESSON/Grenoble/França.


How to quote this text: Scocuglia, J. B. C. and Dimenstein, M., 2016. The elderly body, memories and narratives from the center of João Pessoa. V!RUS, [e-journal] 13. [online] Available at: <http://www.nomads.usp.br/virus/virus13/?sec=4&item=5&lang=en>. [Accessed: 20 April 2024].


Abstract:

The city center of João Pessoa, in addition to its historical importance as a place of memory and its patrimonial and architectural value, is also a place of different experiences in social life, where we find characters that activate the everyday urban scene and stands out as subversive figures during difficult times. In this article, we aimed to identify a specific group of people - the elderly - who use the city centre and make the streets, sidewalks and squares places where they can see and be seen. The methodological strategies used were field observation and semi-structured interview, which are important tools in the field of architecture and urbanism, complemented by photography. Thus, we consider that this study rethinks issues such as the recent renovation policy of the central areas in the city and its use / renewal by the elderly. We seek to contribute to researches that show the population’s perception of the city, especially regarding the memories and stories of the elders. In this way, it was possible to investigate changes and continuities related to the center space, discover elements of the history and culture of the area, such as parties, work and leisure social relations, transportation, security, and see the relationship between the elderly and the location studied as a way to deviate the problem of urban action impoverishment.

Keywords:: Elderly; Memory; Urban experience; Public space.


Introduction

Observing the city centre of João Pessoa to investigate the corporeality and continuities of the urban space that escape the logic of homogenization1 and spectacularization2, both strongly felt in contemporary times, we have identified, in research completed in the UFPB’s Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo [Graduate Program in Architecture and Urbanism at Federal University of Paraíba], a specific group of people - the elderly - which stroll, use and experience the central area of ​​the capital, making the streets, sidewalks and squares places where they can see and be seen.

In this article, we seek to identify to what extend the elderly have offered resistance to the standardization and transience of the contemporary city, especially in the central area, which has undergone many changes over the past decades and still attracts an audience that uses it for leisure, housing, circulation, and work, becoming important actors for the legitimization of the area as a place of culture, memory, and affections.

The criticism of the current process of mercantilization and the pacification of the city has been discussed by authors such as Carlos (2004), Jacques (2008) and Bauman (2009), that make evident the strategy of urban policies and operations to eliminate dissent, conflicts and hide tensions, creating a sterile space, domesticated and distanced from the real experience in the city. However, it is in this hostile environment and under these circumstances that symbols of resistance and criticism to the idea of ​​loss of corporeality3 in public spaces are acquiring relevance. The "ordinary man" (Certeau, 1990) has been increasingly valued, the person who walks the city, experiencing it, living its spaces and marks of time of an ancient urban fabric that has been changed and where new values ​​and urban practices were inserted. We emphasize in this article the elderly, a character found in the city center of João Pessoa that experiences the space, sometimes mischaracterized and aggressive, with their limitations and creativity, announcing themselves as good news during hard times.

This research took place in the city of João Pessoa, capital of the state of Paraíba, located in northeastern Brazil. According to the latest data from the Censo 2010, the city had 723,515 inhabitants, 74,087 of which are elderly, and of these 3,644 live in the city center (see Figure 1). In addition to its historical importance as a place of memory, the center holds a patrimonial and architectural value and is also the main sector of trading industry and city service, which attracts many to its surroundings.

Fig. 1: Location of Paraiba and João Pessoa indicating the central area of ​​the city. Source: Marcela Dimenstein, 2016.

The streets of the city center concentrates a large traffic of people and vehicles, mixing residences and business establishments, and have the uniqueness of surprising with the diversity of activities in each public space covered. It is thus a multi-functional site, able to surprise by presenting people in various activities, improvisation processes, street sellers, narrow crosses, alleys, different sounds, different smells, various products, diverse architecture, besides having spaces for leisure, shopping, religious activities, and financial transactions, all with different dynamics depending on the day of the week, the time of the day, and the time of the month.

These aspects characterize it as a place of different experiences of social life and where you can find, in its majority, people that activate the everyday urban scene with various activities, in various spaces. It is noteworthy that during the 20th century, the city center of João Pessoa has undergone several transformations which, along with urban expansion into new areas of the city, built an image of a Centre marked by the idea of ​​decadence, violence and abandonment.

Urban transformations and the resulting social mobility gradually modified the original profile of use and occupation of the central area, significantly reducing residential uses while reaffirming a potential trend to house commercial and service activities. However, regarding specifically the elderly, according to data collected by Censo in 2010, compared to other neighborhoods in the city, it still holds the highest percentage of elderly, accounting for 20.49% of the population concentrated in the area.

This research aims, through the articulation between fields of knowledge related to architecture and urbanism, to elucidate aspects of the experience that older people have of the contemporary city, especially its public spaces. This approach brings as contribution the possibility of utilizing affective memory to enhance their perceptions of the city, especially on the central district.

The choice for the elderly assumed that they are people who witnessed and built the city's history and, from this perspective, can be considered as one of the contributing agents in studies and research that address the contemporary city from the human and social point of view, along with the spatial dimension. Through reports, narratives and observation of habits from a past that was actually experienced, such as, for example, dressing in a special way to people-watch in the streets, talking and playing on squares’ benches, chatting on sidewalks and bars, and strolling through commerce establishments and street fairs, it is possible to unveil details about the history, culture, memory and affections of a place, especially when taking into consideration the aspects of daily life related to changes and continuities of city uses in the present and the past.

This article will address the architectural-urbanistic perspective in conjunction with other related disciplines such as sociology and urban anthropology, as well as geography and environmental psychology, which greatly added to our understanding and grasp of the dimensions of contemporary urban life on which we focused. We therefore considered that the field of architecture and urban planning is comprehensive and complex, and should include not only their concrete physical buildings, but also the way the city is perceived and represented by individuals in their daily life. However, interfacing with these areas of knowledge also concerned the tools and methodological resources such as the use of photography, mapping, field observation and semi-structured interviews, because we understand that these are important and contribute significantly in capturing the urban space, form, use and symbolism.

We seek to identify here the corporeality and continuities in the spaces of João Pessoa’s city center from uses and accounts of the elderly in action in the city’s public spaces. We discovered, in this way, elements of the area’s culture and everyday history regarding habits and customs, as well as festivals, social relations of work and leisure, transportation, and security. Thus, we intend to contribute to expand the studies that value deviant forms of the problem of impoverishment in contemporary urban action, often used as justification for expanding the mechanisms of control, surveillance, and cleansing of the central areas of cities.

Ownership and the use of space by the elderly body

In Brazil, Fraya Frehse (2005, 2011) investigated the changes in pedestrians’ rules of conduct on the streets of the city center of São Paulo with the advent of modernity and the way people perceive the street changes from the late 19th century. In Salvador, Bahia (Uriarte and Carvalho Filho, 2014) the focus was the pace of passersby, interactions established between strangers, the use of space after identifying their actions and paths. They sought to verify that if, in the streets of the old city center of Salvador, passersby had superficial and impersonal behavior, blasé attitudes, "every man for himself."

The passerby category is understood as a momentary and situational role assumed by men and women when they pass or circulate in the street on foot. For Caiafa (2007, p.57), "the passerby has their movements dictated by the urban bustle and does not enjoy their walk. The flaneur, in contrast, is an inhabitant of the city that moves at his pleasure [...] going through the streets at their own pace". As for Frehse (2005, p.33), the passerby.:

[...] shall characterize, from then on, any individual - man, woman, child, black or white, rich or poor – in the fleeting moments when transiting (preferably on foot, but also modern means of transport) through streets increasingly full of other passersby, and marked by the character of mere place of passage that distinguishes this space in the modern world.

However, for Uriarte and Carvalho Filho (2014, p.44),

There are no characteristics associated with the passerby category, since it is limited to the role of walking in the street. Its features will come, therefore, from the type of street and the type of society. The future of urban sociability is in how we use and conceive the streets.

The research on contemporary urban spaces is seriously lacking in attempts to track, describe and interpret passersby, the diversity of uses and differences between their representation and formal definition, associated with the various methodological challenges that come from working with a moving population, in transit.

We give our contribution in this research focusing on large, fleeting relationships of elderly passers circulating and experiencing daily the city center of João Pessoa.

We also highlight the approaches of authors such as Jan Gehl (2011) and Jean Paul Thibaud (2012), which in their publications bring up the issue of urban environment, not as something neutral and homogeneous within which are inscribed practices, but in contrast, as a heterogeneous medium forming practices that affect itself.

Gehl in his book Life Between Buildings: using public space (2011) explores the relationship between existing uses and activities in the public space of cities and their urban quality. According to the author, human beings need to perform a series of outdoor activities and the city should have characteristics to propitiate these activities. They can be influenced by several factors and the physical environment is a major one. In this sense, he says:

When outdoor areas are of poor quality, only strictly necessary activities occur. When outdoor areas are of high quality, necessary activities take place with approximately the same frequency – though they clearly tend to take a longer time, because the physical conditions are better. In addition, however, a wide range of optional activities will also occur because place and situation now invite people to stop, sit, eat, play, and so on. (Gehl, 2011, p.11).

Jan Gehl also underscores the importance that architects and urban planners should give to the design of these spaces, since they can interfere with the many possibilities of contact, meetings, of seeing it, hearing it and experiencing it. Gehl does not deny the importance of walking as an opportunity to have intense experiences in the city and as a starting point for the development of more complex interactions.

Jean Paul Thibaud (2012) inserts the term "urban ambiance" into the contemporary discussion of new ways to conceptualize and experience the city. Ambiance is the space-time as experienced by the senses. His hypothesis is that the notion of ambiance allows us to consider the mutual effect between the built environment and social practices. He alerts that often, sensitive contexts of a space are based only partially in the formal and physical characteristics of the built environment, and that great expressive power comes from the bodies in movement.

The body constitutes the key link in man's connection with the world. It is the vehicle used by us daily to express our relationships with other bodies and places.

When we discuss the elderly body in the urban environment, a number of issues manifest themselves on their relationship with the city. The different body postures and changes in motor skills reveal new points of views of spaces, since they put a most fragile body in disadvantageous situations and evidence their shortcomings. Therefore, basic activities such as walking on the streets and sitting on benches can bring new insights and experiences, influencing their emotional reactions, sensations and identity relationships with the city.

Mariele Correia (2009, p.37) says that trying to understand the concept of old age, he asked that the elderly participants represented as gestures and typical behaviors the various stages of life. When asked how old age could be represented, they characterized it as a decrepit stage, as if the body was in evident degeneracy and ruin. However, the participants themselves were not in those conditions.

Debert (2007) questions if we are not restricting the understanding of aging to only the visible and chronological data. He points out that recent studies in different cultures have found different ways of aging, leaving the idea that aging is a biological condition to which the individual submits passively aside, as it is both biological phenomenon and a social/cultural one to which people react based on lifelong acquired experiences.

Motta (2002, p.40) expresses that "human gestures" such as body posture is particularly different for each age and generation. In the case of the elderly, this is emphasized and body behavior is demanded from others so that it suits the crystallized model of the public spaces being built. Thus, starting from the idea that the configuration of buildings and urban spaces affects our way of interacting with others as well as influence our way of using certain places, interfering with the locations of activities and presenting barriers and permeabilities that favor or restrict the possible uses, we have identified some activities and appropriations of the central area by the elderly:

Fig. 2, 3 and 4: Older men working in squares as book sellers, shoeshines, and dealers of rare or ancient coins. Source: Dimenstein, 2014.

Fig. 5, 6, 7 and 8: Elderly men look at the movement, rest on benches, read newspapers in the squares and on streets. Source: Dimenstein, 2014.

Fig. 9: Photo sequence of an elderly man as he approaches a shop to chat and then moves away to smoke a cigarette in the square benches’. Source: Dimenstein, 2014.

Fig. 10, 11, 12 and 13: Elderly men meet on squares, talk in the available seats, play chess in benches, and gather to relax in the square’s café. Source: Dimenstein, 2014.

Fig. 14, 15, 16 and 17: Senior citizens washing hands in flowerbeds, urinating on the Vidal de Negreiros bust, buying fruits from street sellers, and playing chess on square benches. Source: Dimenstein, 2014.

Urban reports and continuities

We start from the premise that once we unravel dissent in cities, we notice several interfaces of the process of urban resistance and the relationship between urbanism and the body. Urban experiences in the city center of João Pessoa reveal the diversity of experiences of older people who live in the city daily, based on observations and reports of the elderly group researched.

The field research took place between 2013 and 2014. The privileged areas were the ones of great concentration of commercial and service establishments, as well as locations where concerts, parties, and political protests take place, which make them have an intense daily movement of people. We chose to study the segments of the streets of Duque de Caxias and Visconde de Pelotas indicated in Figure 18, in particular the six squares and walking path on Duque de Caxias Street.

Fig. 18: Map of the study area. Source: Dimenstein, 2016.

The first stages of research and field observations made it possible to find participants who visited the area systematically at the same times and performed the same activities. It is worth noting that since field visits occurred at all times of the day it was possible to observe subjects that appeared only in the morning, subjects that appeared only in the afternoon/evening and others that appeared in the morning, afternoon and evening.

Thus, we defined who would be the elderly contacted to carry out the next steps of the research. We came to a total of 14 participants, since it is a qualitative research, the goal of having that many people is to produce deep and illustrative information, and not to quantify values. From the first contact on, we started the interviews whose content will be summarized in this article.

The first aspect of the urban experience in the central area is marked by a clear imbalance between men and women. The vast majority of women was always in transit and the few times they were enjoying the space, sitting and talking, occurred during a city sponsored event, for example, craft or flowers fairs. This was certainly a decisive factor that marked the preponderance of men among the interviewees.

For these male groups contacted, the Centre has always been present in their lives as place of residence, work, and fun. Even with most respondents no longer living in the area, they still see it as a place that holds many memories, reaffirms their traditions, and still arouses emotions. The existing architecture there reflects the society of an era and is full of values and meanings that reveal the events that marked them.

The various changes the central space has undergone over the years ultimately destroy several urban references, and therefore, a portion of memory has been lost and in their place appeared new forms and relations.

It was observed that areas which concentrated more elderly people were those that allowed greater contact with other people, stimulating and conducting different experiences, had the most activities taking place, were the best located, i.e. were close to bus stops and the main axes of movement, were filled with trees, and, finally, awakened more memories of the past.

I stay here in the Ponto de Cem Réis (Vidal Negreiros Square), then I take a walk in other squares, in João Pessoa, but out there is too boring. (Pedro, 72).

I like to stay here in Ponto de Cem Réis, it’s where the movement is. There’s nothing to see in other places. Here has always been the place for crowds (Joel, 64).

Most respondents reported that they go to the city center in search of friends and acquaintances to chat with and pass the time. Those who need to go to the area to work also stated that during unoccupied time, they seek friends for a chat in the streets and neighborhood shops. Another portion of respondents said they were going to the center to sightsee, walk through the squares and streets, go to bookstores, and eventually to buy something that is needed at home, pay the bills, or go to the bank. A very small portion goes straight to a local shop to buy something they don’t have at home.

Regarding transport, the vast majority can get to the Centre by bus. Participants who live in the city center or in neighborhoods make their journeys on foot, enjoying the landscape and the movement. Only a minority uses a car: those who can get a ride, the ones who will simply do some errands in a nearby shop and one of the participants who works in the area.

Regarding the frequency of the participants in the area, most said they go to the city center at some period of the day, from Monday to Friday. Those who work as street vendors usually go in the mornings, and people working in public agencies are only on the squares during lunch and after hours. Those who work on local shops are always in the center, from Monday to Saturday until the end of business hours, and sometimes on Sunday morning. The ones retired generally do not have a fixed schedule, some prefer to go in the morning, some in the early afternoon and others in the late afternoon/early evening.

As for the activities carried out in the center, we identify various responses. Many like to sit and talk at squares, reuniting with friends and/or making new friends. Some like to stroll the streets, to walk, to see the movement; to go to bookstores, to Camelódromo, to newsstands; to have coffee with friends, or to eat in an old bar of the area. Others take the opportunity to do some errands by going to the bank, the lottery or the local market. One of the participants went on to say that he uses the sidewalk by the local pond to exercise. Another said that some days of the week, he attends discussions on current affairs and politics in the bookstore. One of the interviewees who lives in the center, often goes to grocery stores and pharmacies. There are those who work as street sellers. Other respondents reported attending or to have attended the square events.

I come here every day to talk to friends at Ponto de Cem Réis square and the bookstore. I shop, buy something that is needed at home, there’s a little something for everybody here (Ligia, 76).

I stay here longer, sometimes I go to the bank, but I like to go there to the alleyway where the bookstore is. I go to Luiz’s bookshop almost every day (Josiah, 72).

As for the recent reforms that have taken place in the center, there was unanimity among the interviewed to recognize improvements of the space’s physical infrastructure. Some reasoned that the current setting was great, others said they had not noticed changes. Few rated poor or very poor. Most suggested changes and additions to the space that made it more appropriate for them, such as opening public toilets, repairing the broken pavement, planting more trees, more comfortable seats, etc.

All of the interviewed frequented the center before the reforms occurred in 2009 by the Municipality. Those who started attending the center after the 1970 reforms declared that now is better than before. But those attending the space before the 1970 reform pointed out that it should never have occurred. It intended to solve problems that affected the area by building a viaduct under the Vidal Negreiros Square4(Ponto de Cem Réis), cutting through the space and generating level crossings between the Lower Town and the Solón de Lucena Park.

The issues that generated most conversations among the elderly interviewed and the researcher were related to the old transports, such as the tram, old buses, and cars. They reported their leisure activities as cinemas, ice cream parlors, festivals and carnivals, etc. They commented on their jobs, their homes, their families, security, public administrations, the schools, the church and the history of the city.

I always went to the movies and brought a girlfriend or maybe I came alone. It was very beautiful. I used to eat lots of popcorn. There were loads of popcorn sellers. There was cotton candy ... I was always at the Ponto de Cem Reis back then, and also by the pond because it was the most joyful place at the time, there was always people dancing and music on street corners. I loved to watch. (Severino, 60)

On the Festa das Neves back then there was a Mass, and after Mass ended there was a stage set up in front of the church. At General Osório, there was several hot dog stalls, up until the tea pavilion. I drank a lot of alcohol, it was very good, and there was nothing messy about it, no, they were very tidy people (Jair, 60).

Certain nostalgia was revealed in the unanimous view that the present times are no longer as they were before in any of the aspects mentioned above. They regret that their grandchildren will never know how healthy and fun the Festa das Neves5 and carnivals were. The city now is not as safe as it was before, and people can not enjoy life as well as they did before.

No doubt the feeling of insecurity and urban violence have influenced the way these seniors use and move through the central area. Robberies and assaults were reported as reasons for not staying in the area at night, which made them return home while there is still movement in the streets and bus stops.

So what we see here is a group of people who have to adapt daily to the modern world and create references to help them preserve their identities. We highlight some obstacles that are present in the everyday life of these participants and could be seen as discouraging for many. However, they stroll through the city and resist the reference loss and socio-spatial isolation.

Strong, these elderly people need to safeguard the place where they reside or resided, where they have rejoiced, suffered, worked, and circulated daily. All of them stated that even with all the changes that the city center has undergone, it still arouses many emotions and memories in them. They said that will go to the area for as long as they can.

Fig. 19 and 20: Senior citizens sat down on the square’s benches and having coffee with friends. Source: Dimenstein, 2014.

Conclusion

We return to the initial hypothesis of this paper to indicate the real possibility of an urban experience of elderly people in the city center of João Pessoa. That is, we observe the existence of urban experiences that escape the logic of homogenization and spectacularization in contemporary society, with the elderly as an important element for the vitality and diversity of urban centers.

We can say that amid a context marked by commodification and urban spectacle, another side becomes relevant and is announced as a light at the end of the tunnel. We see every day experiences in the city center as an alternative to the problem of impoverishment of urban action and the loss of corporeality in public spaces. The elderly observed and interviewed are characters who resist the urban pacification in dissenting anonymous form, often surpassing difficulties and long distances to activate it with diverse practices.

The indispensability of this public in the central area becomes clear, since its presence in the streets, sidewalks and squares not only bring dynamism to the public space, but also put it in evidence, highlighting the real need for appropriate projects of intervention/requalification through a more in depth study of the context, its particularities, the memory that it stores, giving voice to the city’s practitioners.

With this paper, we approach the anthropological and sociological research tools, as well as a greater recognition of the important role of older people in building bridges between the present and past of cities, and their relationship to the type of public space established by contemporary public management. We identify the urgency of incorporating the desires, attitudes, feelings, and behaviors of practitioners of the city in the process of planning and urban intervention.

We reaffirm the urgent need for reviewing the research and planning tools in the field of architecture and urbanism concerning the new socio-spatial dynamics and the importance of greater integration of practitioners in the design process in urban areas.

Notes

1 Authors such as Milton Santos (1994) and Henry Lefebvre (2001) point out that new spaces increasingly similar tend to appear in the cities, seeking to follow a cultural, political, and market-centered social logic. In general, they are characterized as local exchanges of interests, immersed in a world and time where they settle regulatory forces of other sites intending to attract more commercial capital. This model manifests itself as the standardization of several areas that need to follow a model imposed by its funders, like shopping malls, large hotel chains, fast food franchises, among others.

2 Term that refers to the mercantilization of cities through advertising, marketing and urban branding that intend to build an increasingly homogenized and pacified image of cities. The Situationists - group of artists, thinkers and activists of the 1960s - were fighting the spectacle and the culture of the spectacle. That is, they were against non-participation, alienation and passivity of society. They believed the antidote to spectacle would be its opposite: active participation of individuals in all fields of social life, especially in cultural aspects (Jacques, 2003, p.13).

3 For Jacques (2008), the process of spectacularization seems to be directly related to a decrease in the very bodily experience of cities as a daily practice. That is, the reduction of urban action leads to a loss of corporeality, and urban spaces are simply scenarios, bodiless, disembodied spaces. However, urban wanderings, hiking, practices, and daily use bring physicality to the space, creating an opposition to the idea of traditional city of urban discipline and the very notion of urban diagnosis.

4 The square was created in 1924 with the demolition of the centuries-old Rosário dos Pretos Church. In 1951, the second reform was passed by the administration of Mayor Oswaldo Pessoa. The third reform took place in the 1970s, in Damasio Franca’s administration, and in 1982 the same mayor made changes on the site. In 1996, the square has undergone its fifth reform, this time in Francisco Franca’s management. Recently, in 2009, the square had a sixth reform.

5 The party is a religious homage to the patron saint of the city of João Pessoa, Nossa Senhora das Neves (Our Lady of the Snows). It happens at Rua General Osório, where is located the Basilica of Nossa Senhora das Neves, which is parallel to Rua Duque de Caxias.

References

Bauman, Z., 2009. Confiança e medo na cidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

Caiafa, J. P. S., 2007. Aventuras na cidade. Rio de Janeiro: FGV.

Carlos, A., 2004. O Espaço urbano: novos escritos sobre a cidade. São Paulo: Contexto.

Certeau, M., 1990. A Invenção do Cotidiano. Petrópolis: Vozes.

Correa, M., 2009. Cartografias do envelhecimento na contemporaneidade: velhice e terceira idade. São Paulo: Cultura Acadêmica.

Debert, G., 2007. A antropologia e o estudo dos grupos e das categorias de idade. In: M. M L. Barros, org. 2007. Velhice ou terceira idade? Rio de Janeiro: Editora FGV, pp.69-85.

Dimestein, M., 2014. Experiências urbanas de idosos no Centro de João Pessoa. Master Universidade Federal da Paraíba.

Frehse, F., 2005. O tempo das Ruas na São Paulo de Fins do Império. São Paulo: Edusp.

Frehse, F., 2011. Ô da Rua! O transeunte e o advento da modernidade em São Paulo. São Paulo: Imprensa Oficial.

Gehl, J, 2011. Life between buildings; using public space. Washington: Island Press.

IBGE, 2010. Censo Demográfico e Contagem populacional. Brasil.

Jacques, P. B., ed. 2003. Apologia da deriva: Escritos situacionistas sobre a cidade. Rio de Janeiro: Casa da palabra.

Jacques, P. B., 2008. Corpografias urbanas. Revista Arquitextos, 093.07, year 08.

Motta, A., 2002. Envelhecimento e Sentimento do Corpo. In: M. C. S. Minayo and C. E. A. Coimbra Jr., org. 2002. Antropologia, Saúde e Envelhecimento. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ.

Santos, M., 1994. Técnica espaço e tempo: globalização e meio técnico-científico informacional. São Paulo: Hucitec.

Thibaud, J. P., 2012. Por uma gramática geradora das ambiências. In: J. B. C. Scocuglia, ed. 2012. Cidade, Cultura e Urbanidade. João Pessoa: Editora Universitária UFPB. pp.27-70.

Uriarte, U. M. and Carvalho, M. J. F., 2014. Panoramas urbanos. Salvador: Edufba.