Cibernética de Segunda Ordem

Segundo Brier, a Semiótica de Peirce não é suficiente para uma análise completa dos sistemas observados, e necessita de teorias de auto-organização, sistemas complexos, encerramento, autopoiesis, e acoplamentos estruturais para explicar o papel da corporeidade na sua conceituação. A referência central para introduzir estas teorias pode ser fornecida pelo pensamento de “Sistema” de Luhmann[1], que recorre a autopoiesis e as teorias da Cibernética de Segunda Ordem. (BRIER, 2003 p.04) Por sua vez, enquanto a Cibernética de Primeira Ordem se baseava em observar os sistemas em termos de controle e comunicação, colocando o observador fora do sistema e independente deste, a Cibernética de Segunda Ordem produz um deslocamento de percepção, porque reconhece que o observador faz parte do sistema, como uma entidade inseparável, orientada a um propósito. Esta mudança de percepção situa a Cibernética de Segunda Ordem dentro da explicação dos processos cognitivos como determinados pela dinâmica de junção entre agente e ambiente (... no coração da primeira ordem há uma assimetria no ciclo fechado de feedback (causalidade circular), que posiciona o observador fora do loop, e que depois a cibernética de segunda ordem irá desconstruir, através da inclusão de um observador humano no loop. (BISHOP et al., 2005 p. 1311). 

Portanto, a Cibernética de Primeira Ordem é o estudo dos sistemas observados e a Cibernética de Segunda Ordem é o estudo dos sistemas de observação. (FOERSTER et al, 1974). Sistemas de Observação Significativos.




[1] Niklas Luhmann (Lüneburg, 8 de dezembro de 1927Oerlinghausen, 6 de novembro de 1998) foi um sociólogo alemão, sendo hoje considerado, juntamente com Jürgen Habermas, um dos mais importantes representantes da Sociologia alemã atual.Adepto de uma teoria particularmente própria do pensamento sistémico, Luhmann teorizou a sociedade como um sistema autopoiético.