Entendendo o potencial urbano de Jeppe através da moda e dos quadrinhos.

Hannah le Roux, Nonthokozo Mhlungu e Stephen Hoffe

Hannah le Roux é Arquiteta, desenvolve pesquisa em artes na Faculdade de Arquitetura e Arte da Universidade Católica de Leuvain, leciona na Universidade de Witwatersrand. Sua pesquisa atual trata da observação da mudança, no tempo, de espaços modernistas, propondo e mapeando práticas de design que catalisam a apropriação social do espaço.

Nonthokozo Mhlungu é Arquiteta e desenvolve pesquisa em Arquitetura na Universidade de Witwatersrand. Sua pesquisa explora estratégias de sobrevivência de refugiados na cidade de Joanesburgo.

Stephen Hoffe estuda Arquitetura na Universidade de Witwatersrand e seu projeto atual estuda o centro de Janesburgo e a relação entre pedestres e o espaço através de histórias em quadrinhos.


Como citar esse texto: LE ROUX, H.; MHLUNGU, N.; HOFFE, S. Entendendo o potencial urbano de Jeppe através da moda e dos quadrinhos. Traduzido do inglês por Paulo Ortega. V!RUS, São Carlos, n. 7, julho 2012. Disponível em: <http://www.nomads.usp.br/virus/virus07/?sec=4&item=3&lang=pt>. Acesso em: 26 Abr. 2024.


Resumo

Jeppe, na área central de Joanesburgo, e é uma área densa de comércio varejista e administrado por imigrantes pan-africanos, dominada pela diáspora etíope. A áre tem dinamismo sem precedentes e atrai vendedores ambulantes e consumidores particulares de todo sul da África. O comércio se estende por até seis andares nos quarteirões da cidade e transformou a cidade de uma forma mais abrangente do que as empresas e iniciativas formais. Nossa intenção em documentar esse comércio e seus espaços é de contestar a falta de reconhecimento oficial, pela cidade de Joanesburgo, da a área de Jeppe. Através de mapeamento, produção de imagens e prática performática, queríamos documentar a capacidade transformadora desses espaços ambivalentes, permitindo que a opção de reconhecimento seja considerada.

Nosso mapeamento, ocorrido entre julho de 2009 e o final de 2011, revelou grande inteligência espacial em Jeppe, minimizando a perda de espaço, combinando recursos que apoiam os processos em torno do varejo com pequenos espaços e as micro-technés dos comerciantes. Nossos dois estudos de casos, aqui apresentados, primeiramente abordam os interelações entre lugar e moda na área, através das práticas competitivas e criativas pelas quais os vendedores e consumidores participam em atos de transformação mútua igualmente. No segundo estudo, histórias em quadrinhos são usadas para criar novos relacões entre o pesquisador e os usuários da área, e para obter conhecimento aprofundado dos padrões de uso da área.

Palavras-chave: transformação urbana, Joanesburgo, pesquisa-ação.


Jeppe, também conhecido como Little Addis, fica na área central de Joanesburgo, seis quadras da cidade que vieram a formar o epicentro do comércio varejista na região nos últimos cinco anos. Utensílios domésticos baratos e roupas de grife falsificadas fabricadas na Ásia são vendidos juntamente com cortinas e aventais costurados na área, em negócios envolvendo homens de negócio chineses, imigrantes forçados da Etiópia e Eritréia, donos de loja paquistaneses, alfaiates malásios e vendedores ambulantes sul africanos. A área apresenta um dinamismo que é inédito na cidade e até mesmo no subcontinente africano. Os níveis crescentes de comércio estendem-se horizontalmente na cidade e também acima dela, e até mesmo através dos quarteirões da cidade. Os comerciantes arranjaram sua própria companhia seguradora, e empurradores de carrinhos para transportar mercadorias comercializadas. A economia da área é grande e baseada em dinheiro, e trabalha com margens de lucro baixas e volumes muito elevados. Enquanto todos os prédios da cidade permanecem vazios ou abandonados, na Jeppe eles são inteiramente utilizáveis e cheios de vida. Nas palavras de Chabal, a África acontece aqui (CHABAL; DALOZ, 1999).

Nosso interesse como pesquisador na Jeppe se formou através de uma admiração inicial com os negociantes que conseguiram construir um império comercial em menos de uma década, e no processo rejuvenescedor da parte mais pobre da cidade, onde reformas formalmente planejadas tiveram muito menos impacto. Para muitos negociantes, Jeppe é o curto prazo, lugar transitório, onde eles ganham dinheiro antes de imigrar para o oeste. Devido à transitoriedade de sua situação, eles sofrem de ansiedade, mas também construíram uma comunidade coesa, eficiente e vigilante, expressa pelo sucesso econômico de curto prazo. Em uma análise mais profunda, suas práticas geralmente combinam potencial extraordinário para transformar vidas e espaços, com extrema desconsideração para com as normas de ordem existentes. Ainda assim, dentro destas micro práticas há maneiras altamente eficientes de negociar com o mundo contemporâneo, que questiona pré-concepções em voga a respeito da construção de cidades.

Queríamos perturbar a 'política de “irreconhecimento”, o que tem sido praticada para com Jeppe pelas autoridades urbanas. Temos a intenção de explorar várias ações para trazer a identidade da área e práticas do território "acizentada" à tona através da arte e da política do reconhecimento. Reconhecimento alteraria a tênue estabilidade da situação existente. Mas dentro do escopo de escolhas na área de despejo/abandono, tolerância, formalização/investimento, também existe a possibilidade de reconhecer e estimular as ações que criaram a situação atual. O papel da nossa investigação, através do mapeamento, a imagem de decisões e a prática performativa, é de informar tal escolha, por evocar a capacidade transformadora dos seus espaços ambivalentes.

Nosso mapeamento, que ocorreu entre julho de 2009 e o final de 2011, revelou grande inteligência espacial agindo em Jeppe. A reutilização de edifícios vagos é feita de uma forma que minimiza os resíduos espaciais e combina os recursos de muitos jogadores. Seu equilíbrio dos espaços estáticos com sistemas fluidos de distribuição de bens, dinheiro e pessoas. Serviços pessoais são acessíveis a pouca distancia. Vazios são clamados e relacionados novamente ao padrão circulatório na área, ou usadas como espaços tranquilos de apoio tais quais os inúmeros cafés. As plataformas abertas dos edifícios permitem vigilância e sinalização na área, criando por sua vez formas de reivindicação e incluindo o espaço público na rede de comércio. E em toda parte micro-technés, incluindo os sistemas digitais, móveis e de rodas que proliferam para dar suporte aos processos pertinentes ao varejo.

Este artigo apresenta dois desses estudos da micro-arquitetura de Jeppe que ocorreram na segunda metade de 2011. O primeiro analisa as inter-relações entre o lugar e moda da região, através de práticas competitivas e criativas que comerciantes e clientes igualmente participam em atos de transformação mútua. Estilos são desenvolvidos historicamente e hoje por designers e consumidores negros como algo exclusivo para Joanesburgo e seus espaços de varejo. Para demonstrar estes fatores, Nonthokozo copiou sua maneira de andar e fazer compras a fim de juntar três trajes por bons preços, e argumenta que é se esta forma de estilo próprio móvel fosse promovida, clientes de classe média dominariam a área.

No segundo estudo, Stephen usou o gênero dos quadrinhos para criar novas relações entre o pesquisador e usuários da área. Em uma área onde as entrevistas diretas e nomes formais de lugares são difíceis de encontrar, ele descobriu que contar histórias e reencenar situações desenhando-as permitiu acessar o profundo conhecimento dos padrões de uso em toda a área. As histórias em quadrinhos podem ser reinseridas na área para criar um fluxo de comunicação entre os grupos.

Primeiro estudo de caso: nova imagem da cidade

Marca urbana e identidade da cidade

A moda, como a arquitetura, é uma manifestação física chave da cultura. Ambas traduzem um sonho para a forma material e oferecem este sonho às pessoas para vestir e representar sua identidade, através do uso das roupas que a moda produz, da ocupação dos prédios que a arquitetura produz, nós vivemos este sonho (FRANCK; LEPORI, 2000, p. 95, tradução nossa).

Nos últimos anos, Joahannesburgo implantou numerosas agências e projetos para iniciar a estratégia de desenvolvimento de toda a cidade, na tentativa de rejuvenescer socialmente e economicamente a parte mais pobre da cidade. A Agência de Desenvolvimento de Joanesburgo (JDA) assumiu um papel de liderança na implementação destas estratégias. Projetos como a criação da delegacia de Newtown, o desenvolvimento de Constitutional Hill, a introdução do corredor Braamfontein conhecido como arco cultural, o rejuvenescimento da estação de Jeppestown, a delegacia de Faraday, a cidade de Jewel c e, finalmente, o bairro da moda no setor oriental mais pobre da cidade, são parte do portfólio da JDA (JDA, 2012).

Figura 01.Mapa aéreo, Rua Jeppe. Fonte: Autores.

O bairro da moda, particularmente, foi criado para ser um dos projetos mais bem sucedidos da JDA ao recapturar a porção vibrante do centro da cidade (JDA, 2004, p.5), com o objetivo de fornecer ampla gama de oportunidades para o rejuvenescimento da cidade. Compreendendo 20 quadras, o bairro da moda está confinado entre as ruas Kerk, End, Mearket e Von Wellig, tendo seu núcleo ao redor das ruas Polly, Troye, Pritchard e President” (DAWSON; DAVIE, 2004; JDA, 2011). Uma pequena parte do antigo setor formal de fabricantes e pontos de venda ainda está presente na área, e com a tentativa de rejuvenescimento pela JDA, poucos recém-chegados estão retornando. Logo ao norte do bairro, na divisa da rua Kerk, ao longo das ruas Jeppe e Bree existe uma área que está pesquisa irá se referir como “Jeppe”.

Ao contrário de seu vizinho recentemente formalizado e renovado (bairro da moda), a região da rua Jeppe passou pelo seu próprio processo de rejuvenescimento. Dinâmica e informal, esta área parece ter criado com êxito uma rede economicamente sustentável e funcional dos espaços de varejo de moda, que engloba a vibração urbana buscada pelo bairro da moda formal, sem, no entanto ter obtido sucesso.

Apesar de sua imagem de parte pobre da cidade ainda ressoar, esta área consegue traduzir criativamente seus arredores abandonados e em ruínas em uma rica tapeçaria de mercado urbano. Uma constelação de edifícios outrora vagos, degradados e calçadas negligenciadas têm sido reativada em um centro de varejo movimentado, congestionado de ruas de varejo lineares e shoppings centers verticais, que se estendem em até cinco andares de compras em edifícios renovados como Praça Delver e o shopping Joburg e África. As calçadas não são diferentes, os comerciantes mais informais são alinhados a suas barracas de gaiola de aço são firmemente presas nas bordas das ruas em calçadas ao redor dos quarteirões. Embora não exista um ambiente atraente e seguro de entretenimento, como pretendido pelo bairro da moda, Jeppe tem um papel econômico-crítico na cidade.

Estilos Urbanos

Viver em Johanesburgo nos anos 1980, a África urbanizada, entendeu que moda não se trata apenas de roupas. Era então uma declaração de identidade, sobre a sociedade e novas alianças recém-formadas, que eles haviam costurado na cidade grande (DRUM, 2001, tradução nossa).

Como um jovem crescendo, estilos de vida urbanos e estilos de moda, tal como as “Swenka”, “maDzansansa's” e “Pantsula” eram um fenômeno cultural sempre fascinante, no entanto, um fenômeno cultural estrangeiro, que seria introduzido por um parente ou irmão que tinha mudado, ou que visitado recentemente Joanesburgo. Conhecido como "oSwenka base Kliptown" que se traduz em "os que estão na moda de Kliptown", esses caras eram consideradas ícones da moda em municípios de inclinação mais rural do norte de Zululand. A reputação da cidade de Sophia e as tendências da moda do gangsta Kliptown, de longe as precediam para qualquer novato "Jozi-bela' (habitantes de Jo'burg), ao adotar um estilo urban hip, proporcionava muita “moral nas ruas”.

Figura 02. Os estilos na cidade. Fonte: Autores.

Como exemplos destas identidades africanas urbanas, a Figura 2 apresenta três estilos de vestuário contemporâneo originários na cidade: Pantsulas, Hip Hop e Smarteez. Orgulhosamente Sul-Africana, Pantsula é um estilo de vestir, ou melhor, "uma vida urbana", tirada dos anos 1960 e 1970, associado com os gangsters (FOURIE, 2005, p.1). "Este modo de vestir passou a inspirar uma forma urbana Sul Africana de dançar e vestir-se nas décadas de 1980 e 1990, que incorpora camisas coloridas, calças Dickies, um chapéu de pano e tênis Converse All Star" (FOURIE, 2005, p.1 tradução nossa ). Moda de rua e chapéus Kangol de abas maleáveis (estilo floppy) usados com uma nova atitude, exibindo simultaneamente um passos háveis e extravagantes ao dançar ou apenas ao andar nas ruas são o que separam Pantsula do resto. Para jovens negros urbanos, marcas de moda americana como Dickies, All-star e, recentemente, vários estilistas locais, como Soweto, nascido Wandie de "Loxion kulcha", viram a enorme abertura no mercado local para uma marca que atende a esta tendência exclusivamente Sul-Africana.

Através de muitas influências internacionais que se infiltraram na moda Sul Africana nas últimas duas décadas, hip-hop street wear (moda urbana do hip hop) tornou-se uma tendência muito dominante para a juventude atual. E como o estilo de Pantsula, o visual é composto de itens de marca, que frequentemente são caros, marcas da América influenciadas por 'Hollywood'. Pesquisando o mercado da Jeppe, era evidente que Jeppe tem uma enorme variedade de lojas que atendem a este olhar na moda, mas a preços bastante razoáveis. É mais nas lojas de nigerianos em que você vai encontrar marcas de hip–hop, como Jordan, Sean John e Roca-wear, particularmente porque a cultura urbana nigeriana talvez tenha um séquito de admiradores do hip-hop americano maior do que toda a África do Sul. Agora abre - se uma oportunidade para Jeppe para se tornar um jogador de peso ao fornecer este visual aos entusiastas seguidores da moda hip-hop que não podem arcar com o visual caro de shoppings e lojas de hip-hop personalizadas.1

Depois de descobrir os jovens casuais estilistas urbanos de Soweto conhecidos como "os Smarteeez" ou Millenium Swankas, ficou claro que eles não eram apenas uma sensação passageira. Através da leitura de suas entrevistas esclarecedoras em várias publicações importantes, uma delas sendo na gigante da moda "Elle", parecia evidente que estes rapazes estavam rapidamente se tornando uma força não para ser reconhecida, não só na indústria da moda, mas também na cultura urbana sul africana como um todo. Celebrados como o novo 'cool', os Smarteeez conseguiram a proeza de "mudar mentalidades, revivendo o velho para torná-lo interessante para a nova era” (ELLE DECORATION, 2010, p.10), tradução nossa ). Os Smarteeez começaram a mudar a face da cultura urbana, e lentamente, mas certamente, eles têm alterado a percepção negativa sobre o centro de Joanesburgo. Descrevendo seu estilo como lúdico, espontâneo, nervoso, colorido, vintage-encontra-novo, Mngomezulu elabora que ser um Smarteeez é mais do que apenas a roupa que você veste. "É sobre o livre-arbítrio, fazer o que quer de forma inteligente. As pessoas que gostam do nosso trabalho compartilham nossos princípios de indivualismo” (ELLE DECORATION, 2010, tradução nossa ). O conceito era de reviver estilos ecléticos vintage encontrando-se com novos itens de vestuário. E o que parece ter sido a parte mais importante ao estabelecer este visual foi o preço baixo com que ele pode ser composto.

Proclamando que centro de Joanesburgo, foi 'o' lugar para fazer compras, Mngomezulu confessa que encontrou os melhores itens para a apresentação de sua coleção de moda em lojas de segunda mão das mais incríveis, situada na rua Bree e a rua Presidente: "As pessoas não percebem que o centro CBD é uma joia, em termos de compra de vintage exclusivo mais barato e itens de última moda" (ibid., tradução nossa ). Para o Smarteeez o processo de compras na parte pobre da cidade tornou-se parte do que é o seu estilo. “Ultimamente quando vamos às compras, isto se torna um evento de moda, nós reconhecemos que o processo se tornou maior do que nossos shows na passarela” (ibid., tradução nossa ) referindo-se a como, quando o grupo vem para a cidade, seguida por fotógrafos e equipes de câmera, a rua de Jozi ganham vida com esta comitiva colorida e vibrante de jovens estilista urbanos que serpenteiam dentro e fora das lojas de moda de segunda mão, boutiques locais e mercados informais das nas ruas e do subterrâneo. “No fim do dia, nós vamos para casa com uma variedade de itens baratos que irão agraciar as passarelas de Cape Town & Semanas de Moda da África do Sul e as revistas” diz Mngomezulu (ibid., p.11, tradução nossa ). Isto, novamente, começa a confirmar o grande potencial que o centro tem de se estabelecer como capital da moda de Johanesburgo.

1 A diferença de preços entre os shopping centers e o Jeppe pode ter relação com os meios com que as roupas de marca entram no país. Por todo o ano passado, oficiais da alfândega, aconselhados por advogados das marcas internacionais, tem efetuado inúmeras batidas em Jeppe e confiscando estoques.

Experiência informal de cidade e intervenções inteligentes existentes

A moda desempenha um papel primário ainda intenso e informal na estimulante vitalidade comercial de Jeppe. Ao mesmo tempo em que se tenta estrategicamente avançar (sem ser assaltado), através dos empurradores de carrinhos, múltiplas barracas de brim e calçadas congestionadas de consumidores, frequentemente fica-se obstruído pelas figuras humanóides, os manequins, que também interferem no já limitado caminho dos pedestres. Estes manequins, inevitáveis, porém, estrategicamente colocados no caminho, para atrair a atenção do freguês, tornam-se o primeiro e último limiar da loja.

Os comerciantes desenvolveram suas próprias ferramentas e técnicas, com as quais eles criaram formas inovadoras de transformar espaços de escritório anteriormente rígidos em espaços de varejo urbanos eficientes e fluidos. Os diagramas mostram a maneira na qual os comerciantes desenvolveram suas próprias ferramentas e técnicas, com o qual eles criaram formas inovadoras de transformar espaços de escritório anteriormente rígidos em espaços de varejo urbanos eficientes e fluidos (Figura 3). O conceito de lojas de atacado maiores acomodando a barraca menor de jeans ou tênis é uma demonstração de como esta concepção espacial flexível serve para o ritmo acelerado em que os desenvolvimentos acontecem sem qualquer regulamentação formal. Consumidores são bombardeados com 'exibições diretas' das bolsas de mão mais recentes, vestuário da moda e sapatos que os obrigam a envolver-se com produtos vendidos. A maneira em que os manequins são exibidos ocorre em lugares bem frente a entrada da loja é inteligente em sua capacidade de atrair clientes para a loja da calçada e corredores de ruas internas, dando-lhes uma experiência tridimensional do aparato anunciado.

Figura 03. Diagrama de moda. Fonte: Mhlungu, 2011.

A última e provavelmente, mais exclusiva e eficiente inovação urbana de varejo é a exibição de manequins no teto das lojas. Estrategicamente situados em uma prateleira pendente no teto, permite com que o consumidor possa ver as roupas dos dois lados. A altura a que os manequins se encontram também permite com que os consumidores vejam o produto mesmo estando distantes.

O modo delicado em que grande parte do tecido urbano tem sido redefinido ilustra a sensibilidade e a compreensão pelos comerciantes informais, de como uma alteração simples e não tão intrusiva de espaço pode criar um ambiente que é tanto versátil quanto eficiente. Todas essas transformações realizadas pelos comerciantes informais na paisagem urbana no centro de Johanesburgo, "demonstra-nos, sob a forma de gestos espaciais frágeis, uma nova visão do potencial da cidade, de reinventar-se" (LE ROUX, 2009, p.1, tradução nossa).

Estratégia de Nthokozo: pesquisa-por-compras

Tentar conduzir qualquer tipo de pesquisa na área de Jeppe provou ser um desafio, e pela volatilidade de seu status sócio-econômico, os comerciantes da comunidade etíope pareciam demonstrar mais hostilidade e ansiedade em relação a forasteiros, como eu, que aparecem fazendo perguntas sobre seus negócios. Os proprietários de loja e comerciantes ambulantes nigerianos pareciam estar mais abertos quanto aos seus objetivos econômicos e a operação de seus negócios, mas tive que usar uma aproximação diferente e menos direta para me envolver com os comerciantes etíopes. Minha estratégia foi ser uma “compradora infiltrada” e utilizar a interação entre freguês e comerciante como um tipo de entrevista indireta sobre as últimas tendências, seu público-alvo e como também fontes, distribuição e vendas das diferentes roupas. Tendo uma quantia de R400 (US$50), eu fui passar o dia comprando em Jeppe, tentando encontrar barganhas para itens idênticos da última moda que normalmente compraria de lojas de alto padrão como Mr. Price, em vários varejistas de baixo preço na Rua Jeppe.

Na manhã de uma terça-feira ensolarada fui à minha visita semanal à vibrante e movimentada rua do centro da cidade, exceto que nesse dia eu não era uma pesquisadora estrangeira invasiva, com câmera fotográfica, caneta e caderno, circulando e levantando suspeitas. Nesse dia minha intenção era fazer me adaptar e ser uma jovem fashionista ousada procurando as últimas tendências pelo melhor preço. Saltando do taxi na esquina das ruas Bree e Von Welligh, fiz meu caminho até as primeiras persuasivas “boutiques do centro” que chamaram minha atenção. Alex’s Fashions, destacada pela sua sinalização verde brilhante e sua calçada indiscreta, mas com manequins elegantes bem à beira da rua. Intintivamente decidida de que uma calça jeans na vitrine combinaria com sandálias que eu tinha, eu soube que a Alex’s Fashion era uma loja que deveria visitar.

Tão despreocupadamente quanto poderia ser, fiz um caminho passando pela desagradável segurança na porta, descendo uma escada e para dentro de um pequeno paraíso de sensuais e brilhantes vestidos de verão, calças legging e sandálias com uma série de acessórios e bolsas para combinar, tudo por preços inacreditáveis. Animadamente continuei o caminho pelas prateleiras de moda, esperando encontrar algo do meu tamanho. Reparei que estava sendo vigiada por uma assistente da loja que me seguia em cada corredor. Normalmente eu acharia isso irritante, tomaria como ofensa e provavelmente sairia da loja, mas sabendo da atual natureza do centro de Joanesburgo, eu reconheci isso como uma precaução e, ao contrário, decidi utilizar isso em minha vantagem. Chamando a jovem mulher e pedindo por assistência, comecei a fazer algumas perguntas obscuras, que normalmente não interessariam um consumidor comum, sobre os diferentes tamanhos, desenhos e estilos em que os vestidos chegam à loja. Também me apresentando como alguém que estava fazendo compras para uma amiga em casa, perguntei se poderia tirar fotos de alguns itens para enviá-las a essa “amiga” que, então, me responderia dizendo qual roupa ela preferiu. Essa estratégia astuciosa me permitiu o privilégio de tirar fotografias na loja, o que é altamente proibido nessas áreas, enquanto entusiasmadamente me engajava numa conversa casual sobre de qual país essas roupas são trazidas, bem como sobre o transporte e os processos de identificação de tendências que os proprietários da loja utilizam para estar a par das últimas modas.

Não é necessário dizer que usei essa mesma estratégia simples e social nas outras lojas que fui. E naquele dia consegui mais informação de pesquisa do que em todas outras visitas prévias juntas. Sem mencionar que voltei para casa com três sacolas cheias de roupas novas por um terço do preço que normalmente pagaria em um shopping center (fig. 4). Isso me fez perceber que dentro dessa comunidade bastante fechada, aparentemente assistemática e vulnerável, havia uma organização altamente sofisticada de empresários e pessoas de negócio que estabeleceram um mercado muito lucrativo e acessível para o varejo da moda, que retira toda a suposição preconceituosa de que a alta moda boa é determinada pelo nome e endereço da loja.

Figura 04. Fashion Looks. Fonte: Mhlungu, 2011.

Contrastando com a visão oficial do bairro da moda e a realidade de Jeppe, vemos diferentes dinâmicas de comprar e exibir produtos, com o último rico em inovação. Esta informalmente animada economia de varejo é densa e apresenta uma sinalização elaboradamente compacta e colorida de moda, e com estratégias de atração do consumidor, corajosamente ostentando o melhor das tendências da moda e varejo e vendas por atacado. Tendo identificado o relacionamento multifacetado que moda e a natureza arquitetural de varejo da Jeppe têm com seu grupo de consumidores, parece que imagens negativas pré-concebidas sobre a parte pobre da cidade que resultou no seu setor comercial atraindo somente uma maioria com 'menor faixa de renda' como grupo de consumidores. Maneiras "inteligentes" de redefinir o espaço pretendem começar a mudar a imagem negativa do bairro. Correndo o risco de despir totalmente a característica emocionante, dinâmica e não conformista que tornam as cidades africanas tão distintas, estratégias de renovação urbana devem "espelhar as práticas de design, como o planejamento participativo, reutilização adaptativa e tomada de forma mínima" (LE ROUX, 2009, p.1, tradução nossa ). Este tipo de abordagem de planejamento urbano serve para acomodar tanto o formal quanto o informal, criando uma emocionante gama de novas experiências urbanas e de dinâmica de varejo para os comerciantes e seu 'novo' mercado de consumidores economicamente diversificados.

Estratégia de Stephen: quadrinhos como narrativa

Decidi explorar um único restaurante quanto a sua habilidade de cultivar redes. Portanto, ao longo do projeto de pesquisa eu visitei e explorei o potencial de um restaurante que me intrigou desde a primeira vez que o visitei: Meski’s. Através desse restaurante tornei-me meu próprio sujeito de teste, e decidi usar o restaurante para familiarizar-se com a área. Eu era, em certo sentido, um imigrante nesta área pois, embora tenha nascido e sido criado em Joanesburgo, eu havia passado comparativamente pouco tempo na área central da cidade. Isto me fez mais consciente de mim como um forasteiro nesta área e, mesmo que inconscientemente, tornou-se a origem da minha hipótese de restaurantes como refúgios dentro da área. A natureza essencialmente frenética e alheia das ruas justaposta a relativa calma destes restaurantes é algo que experimentei nas densas áreas urbanas de Gana. Estar fora das ruas em um restaurante, ou em um “spot bar”, como são chamados lá, era sempre uma mudança bem vinda. Gastei uma grande parcela de tempo nesses “spot bars”; em Accra, Korforidua, Kumasi e outros lugares, onde cultivei muitas amizades e aprendi bastante sobre as pessoas e a região. Eu estava certo que poderia fazer o mesmo na rua Jeppe. Porém, desta vez, estaria fazendo isso como um estudante de arquitetura e iria, portanto, estar interessado em mais do que uma relação amigável, estaria procurando por implicações de um espaço no cultivo dessas parcerias e redes.

Como se documenta o cultivo de uma rede de comunidade? Os métodos tradicionais de coleta de dados iriam certamente se provar ineficiente no registro de um processo experimental de descobrimento de um lugar. Edward Tufte refere-se a este desafio em seu livro Envisioning Information. Ele fala sobre informação ser descrita nas “terras planas”, referindo se a telas de vídeo e papel. Ele pergunta na introdução “como nós representamos o rico visual do mundo de experiência e medição em mera terra plana?” (Tufte, 1990, p. 9, tradução nossa ). O livro então elenca vários métodos que tentam lidar com este problema ainda que falhe em destacar uma ferramenta que Stephen tem utilizado por anos, uma combinação de papel e telas de vídeo: a história em quadrinhos.

Quadrinhos contam histórias. Eles provêm compreensão das situações através da narração, palavra dita e contexto visual. São capazes de exprimir as histórias nas cabeças através de um meio onde os outros podem lê-la e visualizá-la. Quando uma história é baseada na realidade ao invés da imaginação isto se torna uma ferramenta de pesquisa como a história sendo retratada baseada em entrevistas e cenas baseadas em locações reais. Se for dada atenção suficiente aos detalhes destes aspectos, uma história em quadrinhos possui a habilidade de gravar e representar contextos culturais, sociais e arquiteturais em um único documento coeso capaz de transcender barreiras de linguagem devido a sua natureza visual. Quadrinhos e desenhos como ferramentas de documentação de eventos são explorado em Researching the Visual (2000), onde é discutido que “o registro histórico que está disponível em relação aos desenhos pode, algumas vezes, ser mais completo do que aquele para fotografias” (SMITH; EMMISON, 2000, p.82, tradução nossa ). A criação de uma história em quadrinhos, portanto, se tornou minha metodologia de pesquisa.

Quadrinhos já haviam sido usados como ferramentas de pesquisa de arquitetura antes. O Estúdio Basel suíço ETH conduziu um estudo urbano de Basel e utilizou a revista em quadrinhos como seu meio de publicação. Dentro desta narrativa a informação arquitetônica ao visitante é fornecida com documentação visual para criar um atraente relatório acadêmico sobre uma parte da vida em Basel. Isso proporciona ao leitor um entendimento muito maior da área do que um relatório escrito de modo tradicional ao incorporar a experiência humana de uma maneira visual. A intenção de Stephen era a de fazer o mesmo com a rua Jeppe. Ele queria mostrar às pessoas que nunca haviam visitado a área, como seria se elas realmente fossem para lá, mostrar a vida e, mais importante, a própria área como um personagem.

A pesquisa de Suzanne Hall em práticas diárias e espaços comuns que indivíduos e também grupos utilizam para envolver-se com o ambiente urbano multicultural de Walworth Road em Londres (Hall, 2009) inspirou o uso de um único lugar de que cobre uma variedade de interações sociais entre ambos os grupos e indivíduos, e que com nenhum destes ela possuía uma afiliação. Ela, portanto, começou sua pesquisa com um único lugar onde ela poderia objetivamente estabelecer-se. De uma maneira similar, eu utilizei o restaurante Meski’s como uma base de coleta de histórias. Kasu (2011, s.p.), um coproprietário, me apresentou aos frequentadores, que ele achou serem prováveis contatos interessantes para mim. Ele começava contando as pessoas como ele estava criando uma história em quadrinhos para a área e estava procurando por histórias. A maioria das pessoas ficava extremamente intrigada com isto e o que se seguia era uma conversa em vez de uma entrevista.

Estas conversas eram centradas em tópicos tais como imigração, negócios, segurança, o restaurante, etc. Comecei a gravar essas estórias através de poucas palavras, pequenos esboços e ocasionais fotografias, tornando-se, enquanto isso, mais familiarizado com a área e sentindo-se menos estrangeiro. Esta reunião de informações, portanto, se tornou uma documentação qualitativa dentro de um livro de rascunhos, provendo “pistas” para vários enredos acontecendo dentro de locações específicas da área. Estas histórias eram então esboçadas em casa em forma de história em quadrinhos em torno de um mapa. Através deste método de coleta de histórias, comecei a desenvolver um sentido de lugar através das histórias. Esse sentido de lugar é então transformado em histórias em quadrinhos é um registro de conversas tidas dentro de um espaço, conversas que o espaço permite e encoraja. Este sentido de lugar é então transformado em quadrinhos que se tornam uma documentação de conversas dentro de um espaço, conversas em que o espaço permitiu e encorajou.

Figura 05: Mapa dos quadrinhos. Fonte: Autores.

No mapa dos quadrinhos, fig. 5, colecionei uma variedade de histórias dignas de quadrinhos ao longo da minha pesquisa. Para este documento, escolhi três que melhor representam a área. Estas histórias estão mapeadas como trilhas dentro da cidade e certos enquadramentos dos quadrinhos se relacionam a pontos da cidade, com cor e número correspondente. Meski’s está no último andar do prédio destacado: Madibas.

Figura 06: Quadrinhos de Stephen. (Fonte: Autores)

Minha própria estória, fig. 6, é a jornada da ponte da rua Twist até o restaurante Meski’s. Para mim, cruzar a ponte e andar ao longo do mercado da Rua Plein, sinaliza o início da Jeppe. Não leva muito tempo para ouvir as palavras “Umlungu”... que significa “pessoa branca” em Zulu. Isto é sempre dito de maneira amigável então ele retorna a saudação. A partir daí a caminhada para o Meski’s é curta, porém movimentada, onde ele sempre escolhe as escadas em vez do elevador suspeito para subir. Seu progresso é geralmente lento devido a entregadores que trazem produtos para várias lojas fora da escadaria. Ao atingir o topo, ele é recebido por Kasu (2011, s.p.), o co-proprietário, que o apresenta a novas pessoas juntamente com um copo de café etíope.

Figura 07: Desta Wolde (2011, s.p.) – Problema com taxis. (Fonte: Autores)

Desta Wolde, fig.7, um proprietário de um salão em Marble Towers, é um frequentador assíduo do Meski’s e frequentemente almoça lá. Para chegar ao Meski’s ele deve cruzar a intersecção de Jeppe com Delvers – uma intersecção muito congestionada onde taxis minibus reinam. Desta diz que os taxis não desaceleram por NADA, uma lição que ele aprendeu um dia que teve que fazer um serviço em casa...

Figura 08: Nova chegada – primeiras impressões de Jeppe. (Fonte: Autores)

Eu ouvi esta estória em Nova chegada - primeiras impressões de Jeppe, fig. 8, de um homem chamado Solomon (2011, s.p.), no Meski’s. Um etíope havia chegado a Joanesburgo e estava instalado em Yeoville, parte nordeste da Jeppe. Ele queria sair para buscar comida, mas não tinha ideia para onde ir. Ele entrou um pequeno taxi não muito longe de onde estava, e entrou. Seu inglês era ruim, mas o taxista reconheceu que ele era etíope e lhe disse: “deixe-me levar-lhe para seus irmãos, você encontrará tudo que precisa lá”.

Ele foi levado para a área Jeppe e deixado próximo a um ponto de taxi na Rua Plein onde ficou bem desorientado. Não demorou muito, entretanto, para que ele ouvisse alguém falando em Amharic, e fosse capaz de pedir ajuda. A pessoa que ele ouviu falar era Solomon, que o levou até o Meski’s para tomar café e comer Injera, uma comida tradicional etíope.

Espaços de restaurantes em uma área como a Rua Jeppe tem um papel crucial para a comunidade nacional estrangeira. Eles agem como uma embaixada em espaços onde é servida comida tradicional, notícias “locais” são ouvidas e também ocorrem conversações entre os compatriotas imigrantes. O restaurante Meski’s é um exemplo perfeito de exibição destes atributos e foi essencial para minha pesquisa na área, pois promoveu uma plataforma em que pude estabelecer minhas próprias conexões com a comunidade, e também, ao fazer isso, na replicação da chegada de imigrantes na área. Esta jornada foi documentada através da criação de uma história em quadrinhos que requereu conversações para determinar narrativas e entendimento arquitetônico de espaços para fornecer contextos detalhados. Quando todos estes elementos foram combinados, eu fui capaz de sintetizar minha experiência de pesquisa no Meski’s em um único documento visual que tem a função de dar aos leitores como poderia ser se resolvessem fazer o mesmo. Essencialmente, esta história em quadrinhos é um microcosmo do espaço do restaurante, pois coletou e distribuiu histórias da mesma maneira que as pessoas tomam café e comem Injera.

Conclusão

A dificuldade da pesquisa urbana em um ambiente como Jeppe, com sua multiplicidade de códigos e estratégias, pode espantar um pesquisador atrelado a uma convenção, especialmente aqueles presos a linguagens officiais. Não é surpreendente que a região seja terra incognito no mapeamento da cidade, e destino escolhido dentre os milhares de compradores, cuja navegação na cidade é baseada em boatos. No decorrer de poucas semanas, Nthokozo e Stephen estrategicamente fizeram uma transição de estranhos-pesquisadores para participantes-narradores, expondo descontraidamente seus registros para seus informantes enquanto obtinham informações necessárias para seus estudos. Suas alianças com as pessoas que estavam registrando cresceu, bem como seu respeito por suas práticas e sua intenção de trazer benefícios a partir do projeto de pesquisa. Realizadas em um nível de trabalho performático, tais estratégias, embora modestas, apontam caminhos para apoiar os potenciais de Jeppe e romper a ignorância oficial da cidade sobre essa área.

Referências

BRILLEMBOURG, A.; FEIREISS, K.; KLUMPNER, H. (Ed.). Informal city: Caracas case: urban think. Munique: Prestel, 2005.

CHABAL, P.; DALOZ, J.P. Africa works: disorder as political instrument. Bloomington, Oxford: Indiana University Press, 1999.

DAWSON, H; DAVIE, L. Revamp makes Fashion District all the vogue. Disponível em <http://www.jda.org.za/fashiondistrict/6dec04_designs.stm> Acesso em 27 ago. 2011.

EMMISON, M.; SMITH, P. Researching the visual. London: SAGE, 2000.

ETH STUDIO BASEL. MetroBasel: a model of a european metropolitan region. Basel, Switzerland, 2009.

FOURIE, S. South African streetwear. iFashion Blog. Disponível em <http://www.ifashion.co.za/index.php/Jobs/South-African-streetwear>.

FRANCK, K. A.; LEPORI, B. R. Architecture inside out. Academy Press, 1 ed., nar. 2000.

HALL, S. Visualising difference: picturing a multi-ethnic street. Researching the Spatial and Social Life of the City, v.1, 2009, p. 49-65.

HELLER, P. Reclaiming democratic spaces: civics and politics in post-transition Johannesburg. In: TOMLINSON, R.; BEAUREGARD, R. A.; BREMNER, L.; MANGCU, X. (Ed.). Emerging Johannesburg: perspectives on the post-apartheid city. Londres: Routledge, 2003.

JDA, 2004. Development business plan: Fashion District development. Johannesburg: Johannesburg Development Agency. Disponível em <http//www.jda.co.za/fashiondistrict/docs/business_plan> Acesso em 07 set. 2011.

JOHANNESBURG DEVELOPMENT AGENCY 2012. Business Plan 2012/13. Johannesburg.

KASU. Entrevistado por Stephen Hoffe, 21 set. 2011 e 04 out. 2011.

LE ROUX, H. Coffee manifesto: sampling instant and slow spaces in the African city. Johannesburg: Wits Press, 2009.

MURRAY, L. Interview: The Smarteeez. ELLE Decoration, ago. 2010. Disponível em <http://www.elledecoration.co.za/2010/08/interview-the-smarteez/>. Acesso em 11 set. 2011.

SKINNER, C. AAPS planning education toolkit: the informal economy. Cape Town, South Africa: African Association of Planning Schools, 2011.

SOLLEN, H. T. Entrevistado por Stephen Hoffe, 04 out. 2011.

SOLOMON. Entrevistado por Stephen Hoffe, 28 set. 2011.

STEELE, F. The sense of place. Massachussetts: Cbi Publishing Company, 1981.

TUFTE, E. R. Envisioning information. Connecticut: Graphics Press LLC, 1990.

WHYTE, W. H. The social life of small urban spaces. Tuxedo: Printers II, 1980.

WOLDE, D. Entrevistado por Stephen Hoffe, 04 out. 2011

ZIQUBU-ZWANE, M. It’s here! 60 years of DRUM. Drum Magazine. Disponível em: < http://www.drum.co.za/articles/News/Its-here-60-years-of-DRUM >Acessado em 27 agosto 2011.

Engaging Jeppe’s urban potential through fashion and comics.

Hannah le Roux, Nonthokozo Mhlungu and Stephen Hoffe

Hannah le Roux is an Architect and a researcher in the Arts at the Faculty of Architecture and Art of Lieven Katholieke Universiteit, she teaches at the University of the Witwatersrand. Her current research, lived modernism, is based on the observation of change in time of modernist spaces, and proposes and maps designerly practices that catalyze the social appropriation of space.

Nonthokozo Mhlungu is an Architect and a researcher at the University of the Witwatersrand. Her current project explores refugee survival strategies in the city of Johannesburg.

Stephen Hoffe studies Architecture at the University of the Witwatersrand and his current project studies Johannesburg’s inner city and relationship between pedestrians and space through comics.


How to quote this text: Le Roux, H. Mhlungu N. and Hoffe S., 2012. Engaging Jeppe’s urban potential through fashion and comics, V!RUS, n. 7. [online] Available at: <http://www.nomads.usp.br/virus/virus07/?sec=4&item=3&lang=en>. [Accessed: 26 April 2024].


Abstract

Jeppe in Johannesburg’s downtown area is a dense area of retail trade run by pan-African immigrants, dominated by the Ethiopian diaspora. The area has an unprecedented dynamism and attracts hawkers and private customers from all over Southern Africa. The trade extends up to six floors into the city blocks and has transformed the city more comprehensively than formal initiatives and businesses. Our intention in documenting this trade and its spaces is to contest the lack of official recognition by the City of Johannesburg of the Jeppe area. Through mapping, image making and performative practice, we wanted to document the transformative capacity of its ambivalent spaces to allow for the choice of recognition to be considered.

Our mapping, which took place between July 2009 and the end of 2011 has revealed great spatial intelligence at work in Jeppe, minimizing spatial waste, combining resources supporting the processes around retail with small spaces and the micro-technés of the traders. Our two case studies here look first at the interrelationships between place and fashion in the area, through the competitive and creative practices by which traders and customers alike partake in acts of mutual transformation. In the second study, the genre of comics is used to create new relationships between the researcher and the area’s users and to access deep knowledge of the patterns of use across the area.

Keywords: Urban change, Johannesburg, action research.


Jeppe, otherwise Little Addis, is in Johannesburg’s downtown area, six city blocks that have come to form the epicentre of retail trade in the region in the last five years. Cheap household goods and counterfeit designerwear from Asia is sold alongside curtains and pinafores sewn in the area, in deals involving Chinese businesspeople, Ethiopian and Eritrean forced migrants, Pakistani shop owners, Malawian tailors and South African hawkers. The area has a dynamism that is unprecedented in the city and maybe even on the African subcontinent. The ever-growing levels of trade extend laterally in the city and upwards and even right through the city blocks. The traders have arranged their own security company, and trolley pushers transport goods on demand. The economy of the area is large and cash-based, working with low margins and very high turnovers. While elsewhere in the city buildings stand empty or derelict, in Jeppe they are fully used and lively. In Chabal’s words, Africa Works here (Chabal and Daloz, 1999).

Our interest as researchers in Jeppe has come about through an initial admiration with the traders who have managed to build a trading empire in barely a decade, and in the process rejuvenating the inner city, where formally planned renewals have had much less impact. For many traders, Jeppe is a short term, transit place, where they make money prior to emigration on to the West. Because their situation is so fluid, they suffer anxiety, but have also built a tight-knit, efficient and vigilant community, bent on short term economic success. On closer examination, their practices often combine extraordinary potential to transform lives and space, with extreme disregard for existing norms of order. Yet within these micro-practices there are highly effective ways of negotiating the contemporary world, that question current preconceptions of city building.

We wanted to disturb the ‘politics of un-recognition’ that has been practiced towards Jeppe by urban authorities. We intend to explore several actions to bring the area’s “greyed” identity and practices to the light through the art and politics of recognition. Recognition would alter the tenuous stability of the existing situation. But within the range of choices in the area from eviction/leaving, to tolerance, to formalising/investment, there is also a possibility to acknowledge and stimulate the gestures that have created the current situation. The role of our research, through mapping, image making and performative practice, is to inform such a choice, by evoking the transformative capacity of its ambivalent spaces.

Our mapping, which took place between July 2009 and the end of 2011 has revealed great spatial intelligence at work in Jeppe. The reuse of vacant buildings is done in a way that minimizes spatial waste and combines the resources of many players. Its static spaces balance with fluid systems of distribution of goods, cash and people. Personal services are accessible at very close range. Voids are claimed and related back to the circulation pattern in the area, or used as supportive quiet spaces such as the many coffee shops. The open platforms of the buildings allow for surveillance and signage in the area, creating in turn ways of claiming and including public space in the web of trade. And everywhere, micro-technés including digital, mobile and wheeled systems proliferate to support the processes around retail.

This paper presents two of these studies of the micro-architecture of Jeppe that took place in the second half of 2011. The first looks at the interrelationships between place and fashion in the area, through the competitive and creative practices by which traders and customers alike partake in acts of mutual transformation. Styles are developed historically and today by black consumers and designers as something unique to Johannesburg and its retail spaces. To demonstrate this points, Nonthokozo followed their ways of walking and shopping in order to put together three outfits at good prices, and argues that is this form of mobile self-styling was promoted, middle class customers would patronize the area.

In the second study, Stephen used the genre of comics to create new relationships between the researcher and the area’s users. In an area where direct interviews, and formal place names are hard to come by, he found that telling stories and reenacting situations by drawing them allowed him to access deep knowledge of the patterns of use across the area. The comics can be reinserted into the area to create a communication flow between groups.

Case study one: new city image

Urban branding and city identity

‘Fashion, like architecture, is a key physical manifestation of culture. Both translate a dream into material form and offer that dream to people to clothe and represent their identity, by wearing the clothes fashion has produced, by occupying the buildings architecture has produced, we live that dream’ (Franck and Lepori, 2000, p.95).

Over recent years Johannesburg has deployed numerous agencies and projects to initiate the wide-city development strategy, in attempt to socially and economically rejuvenate its inner city. The Johannesburg Development Agency (JDA) has assumed a leading role in the implementation of these strategies. Projects such as the establishment of the Newtown precinct, the development of Constitutional Hill, the introduction of the Braamfontein corridor known as the cultural arc, the rejuvenation of Jeppestown station, Faraday precinct, Jewel city and finally the Fashion district in the eastern sector of the inner city, have all been part of the JDA’s portfolio (JDA, 2012).

Figure 01. Aerial Map, Jeppe Street. Source: Authors.

The fashion district in particular was intended to be one of the more successful JDA projects to re-capture a vibrant portion of the inner city (JDA, 2004, p.5), with the goal of providing a wealth of opportunities for city rejuvenation. Incorporating 20 city blocks, the fashion district is confined within Kerk, End, Market and Von Welligh streets, with its central core around Polly, Troye, Pritchard and President Street” (Dawson and Davie, 2004; JDA, 2011). A small portion of former formal sector manufacturers and retail outlets are still present in the area, and with the attempted rejuvenation by the JDA, few newcomers have made their way back. Just north of the district, boundary of Kerk Street, along Jeppe and Bree street exists is an area that this research refers to as “Jeppe”.

Unlike its newly formalized and revamped neighbour (the fashion district), the Jeppe street region has undergone a rejuvenation process of its own kind. Dynamic and informal, this area seems to have successfully created an economically functional and sustainable network of fashion retail spaces that encompass the urban vibrancy that the formalised fashion district sought, but failed to execute.

Although its poor inner city image still resonates, this area manages to creatively translate its dilapidated and neglected surroundings into a rich urban market tapestry. A constellation of previously vacant rundown buildings and neglected pavements have been re-activated into bustling, congested hub of linear retail streets and vertical malls, which extend up to five floors of shopping in renovated buildings like Delver Square and Africa and Joburg Mall. The pavements are no different as the more informal traders are aligned their steel cage retail stalls tightly up against the street edges, on pavement all around the blocks. Although lacking the secure attractive environment intended by the fashion district, Jeppe plays a critical economic role in the city.

Urban styles

‘Living in Johannesburg in the 80’s, the urbanized African understood that fashion was not just about clothes. It was now a statement about identity, about society and about new found allegiances, they had made in the big city’ (Drum, 2011).

As a youngster growing up, urban life styles and fashion styles such those of the ‘Swenkas’, ‘maDzansansa’s’ and ‘Pantsula’s’ were always a fascinating, yet foreign cultural phenomenon, that would be introduced by a relative or sibling who had moved or recently visited Johannesburg. Referred to as “oSwenka base Kliptown” which translates to “the trendy ones from Kliptown” these guys were regarded as fashion icons in the more rurally inclined townships of Northern Zululand. The reputation of Sophia town and Kliptown gangsta’s fashion trends far preceded them, and for any new “Jozi-bela”’ (Jo’burg inhabitant), adopting a hip urban style earned you a lot of ‘Street cred’.

Figure 02. The styles in the city. Source: Authors.

As examples of these urban African identities, Figure 2 shows three contemporary clothing styles sourced in the city: Pantsula’s, Hip Hop and Smarteeez. Proudly South African, Pantsula style is a style of dress or rather “an urban lifestyle” taken from the 60’s and 70’s associated with gangsters (Fourie, 2005, p.1). “This dress sense went on to inspire an urban South African form of dancing and dressing in the 80’s and 90’s that incorporates colorful shirts, Dickies trousers, a cloth hat and Converse All Star sneakers” (ibid). Street threads and floppy Kangol hats worn with a new attitude, whilst displaying savvy fancy footwork when dancing or even just walking down the street are what separate Pantsula’s from the rest. For young urban blacks, American fashion brands such as Dickies, All-star and recently several local designers like Soweto born Wandie of “Loxion kulcha” have seen the huge opening in the local market for a brand that caters for this uniquely South African trend.

With the many international influences that have infiltrated South African fashion in the past two decades, hip-hop street wear has become a very dominant trend for today’s youth. And like the Pantsula style, the look is made up of branded items that are often expensive, ‘Hollywood’ influenced America brands. Researching Jeppe’s retail market, it was evident that Jeppe has a huge selection of stores that cater to this trendy look but very reasonable prices. It is more so the Nigerian owned stores that you will find hip–hop brands such as Jordan, Sean John and Roca-wear, particularly because Nigerian urban culture perhaps has a larger following for American hip-hop than the whole of South Africa. This now opens up an opportunity for Jeppe to become a potential major player in delivering this look to trend-following hip-hop enthusiasts who cannot afford the expensive gear from malls and customized hip hop stores.1

After finding the street-savvy young Soweto designers called “the Smarteeez” or New Millenium Swankas, it became clear they were not just a seasonal sensation. Through reading their enlightened interviews with numerous major publications, one of them being fashion giant ‘Elle’ magazine, it seemed apparent that these young guys were fast becoming a force not to be reckoned with, not only in the fashion industry, but also to South African urban culture as a whole. Celebrated as the ‘new cool’, the Smarteeez have achieved the task of “changing mind-sets, reviving the old to make it appeal to the new age”. The Smarteeez have begun to change the face of urban culture, and slowly but surely they have altered negative perception about downtown Johannesburg. Describing their style as playful, spontaneous, edgy, colourful, vintage-meets-new, Mngomezulu elaborates that being a Smarteeez is about more than just the clothes you wear. “It’s about free will, doing what we want in a smart way. People who like our work share our principle of individualism” (Elle Decoration, 2010, p.10). The concept was to revive eclectic style of vintage meets new items of clothing. And what seems to have been the most important part of establishing this look was the cheap price at which this look can be put together.

Proclaiming that downtown Johannesburg, was ‘thee’ place to shop, Mngomezulu confesses to finding the best items for their fashion show collection at the most amazing second hand shops on Bree street and President street: “people don’t realize that downtown CBD is a gem when it comes to purchasing unique cheaply priced vintage and latest fashion items” (ibid, p.10). To the Smarteeez the process of shopping in the inner city has become part of what their style is about. “Lately when we go shopping it becomes like a whole fashion event, we reckon the process has become bigger than our shows on the runway” (ibid, p.10) referring to how when the crew comes into town, followed by photographers and camera crews the street of Jozi come alive as this colourful and vibrant entourage of savvy young designers weave their way in and out of second hand fashion stores, local boutiques and the underground and street level informal markets. “At the end of the day, we go home with a variety of cheap items that are worthy to grace the runways of Cape Town & SA Fashion Weeks and magazines” says Mngomezulu (ibid., p.11). This again begins to confirm the major potential that downtown has to establish itself as Johannesburg’s fashion capital.

1 The price differences between Jeppe and the malls may relate to the channels through which the branded clothes enter the country. Over the last year Customs officials, advised by lawyers for the international brands, have made numerous raids on Jeppe traders and confiscated stock.

Informal city experience and existing smart interventions

Fashion plays a primary yet intense and informal role in stimulating commercial vitality of Jeppe. Whilst trying to strategically thrust your way (without being pick-pocketed) through the trolley pushers, multiple denim stalls and consumer congested pavements, one frequently gets obstructed by the human-like figures of the fashion store mannequins that also encroach on the pedestrians’ already limited path. These mannequins, unavoidably, yet strategically placed in the way to grab the customer’s attention, become the first and last threshold of the store.

The traders have developed their own tools and techniques with which they have set innovative ways of transforming previously rigid office spaces into efficient and fluid urban retail spaces. The diagrams show the way in which the traders have developed their own tools and techniques with which they have set innovative ways of transforming previously rigid office spaces into efficient and fluid urban retail spaces (Figure 3). The concept of larger wholesale stores accommodating the smaller denim or sneaker stall is a demonstration of how this flexible spatial design caters for the rapid pace at which developments happen without any formal regulation. Consumers are bombarded with ‘in your face displays’ of the latest hand bags, trendy garments and shoes that forces them to engage with the products being sold. The way in which the manikin displays are places right outside the store entrance is clever in its capability to attract customers inside the store from the pavement and corridors of internal streets, by giving them a close up three-dimensional experience of the advertised apparel.

Figure 03. Fashion diagram. Source: Mhlungu, 2011.

The last and probably most unique and effective urban retail innovation is the rooftop display of store manikins. Strategically placed along the edge of the concrete overhang ledge, location of the mannekins allows them the consumer to view the clothing from both sides of the block. The height at which the manikins sit also allows for audience viewing from as far as a block away.

The delicate manner in which, much of the urban fabric has been redefined, illustrates the sensitivity and understanding by the informal traders, of how a simple and not too obtrusive alteration of space can create an environment that is both versatile and efficient. All of these transformations made by the informal economy traders Johannesburg’s downtown urban landscape , “demonstrates to us, in the form of fragile spatial gestures, a fresh vision of the city’s potential to reinvent itself” (le Roux, 2009, p.1).

Nthokozo’s strategy: research-by-shopping

Trying to conduct any type research in the area of Jeppe proved to be a challenge, and because of their volatile socio-economic status, the traders from the Ethiopian community seemed to show more hostility and anxiety towards outsiders, such as myself, who come around asking questions about their businesses. The Nigerian shop owners and street traders seemed to be more open about their economic objectives and the operation of their business, but I had to use a different and less direct approach when engaging with the Ethiopian traders. My strategy was to be an ‘undercover shopper’ and to use the interaction between customer and the trader as a kind of indirect interview about the latest trends, their target market as well as sourcing, distribution and sales of the different garments. Having given myself a budget of R400 (US$50) I was going to spend a whole day shopping in Jeppe, trying to find bargains on identical items of the latest fashion that I would normally buy from up market retailers like Mr. Price, in various low end retailers in Jeppe Street.

On a sunny Tuesday morning I embarked on my weekly visit to the vibrant bustling street of the inner city, only today I wasn’t the invasive foreign researcher with a camera, pen and a sketchbook, going around arousing suspicion. On this day my intention was to fit in and be a sassy young fashionista looking for the latest trends at the best price. Hopping off the Noord taxi at the corner of Bree and Von Welligh Street, I made my way into the first enticing ‘downtown boutiques’ that caught my interest. Alex’s Fashions, stood out with its bright green guerrilla advertising signage and their pavement obtrusive, yet stylishly dressed mannequins that stand right on the street edge. Instinctively deciding that a particular pair of jeans on the window display would match perfectly with a pair of sandals I owned, I knew Alex’s fashion was definitely a store I had to visit.

As nonchalantly as can be, I made my way past the unpleasant female security at the door, down a staircase and inside into a little paradise of sexy bright summer dresses, leggings and sandals with an array of accessories and handbags to match, all at an unbelievable steal. I excitedly ravaged my way through the fashion racks, hoping to find something in my size. I noticed I was being physically surveillance by one of the shop assistant that kept following me around every aisle. Normally I would find this annoying, take offense, and probably leave the store, but knowing the current nature of downtown Johannesburg, I recognized it as precaution and instead decided to use it to my advantage. Calling the young lady for assistance I began asking obscure questions, which would normally not interest an average consumer, about the different sizes, design and styles that the dresses came in. Also fronting as someone who was shopping for a friend back home, I asked if I could take photographs of various items in order to BBM them to this “friend” who would then reply and tell me which outfit she preferred. This rather crafty strategy allowed me the privilege to take photographs in the store, which is highly forbidden in these areas, whilst enthusiastically engaging in a casual conversation about which country these clothes are stocked from, as well as the shipping and the trend identifying process that the store owners utilizes to keep up with the latest fashions.

Needless to say I used this very, simple and social strategy in the rest of the shops I went to. And on that day I acquired more research information than in my entire previous site visits put together. Not to mention that I went home with three bags full of new clothes for a third of the price I would normally pay at a shopping mall (fig 4). This made me realized that within this very close knit, seemingly unsystematic and vulnerable community was a highly sophisticated organization of entrepreneurs and business people that have established a very rewarding and affordable market for fashion retail, that strips away all the prejudiced assumption that good high fashion is determined by the name and address of the shop.

Figure 04. Fashion Looks. Source: Mhlungu, 2011.

Contrasting the official vision of the Fashion District and the reality of Jeppe, we see different dynamics of shopping and display, with the latter rich in innovation. This informally animated retail economy is dense with colorful and intricately compact fashion signage and consumer attraction strategies by boldly boasting the best fashion trends and retail and wholesale deals. Having identified the multifaceted relationship that fashion and the retail architectural nature of Jeppe have with their consumer group, it seems it is preconceived negative images about the inner city that has resulted in its commercial sector only attracting a majority ‘lower income bracket’ consumer group. “Smart” ways of redefining the space aims to start changing the precinct’s negative image. At the risk of totally stripping away the exciting, dynamic and non-conformist characteristic that make African cities so distinct, urban renewal strategies should “mirror design practices such as participatory planning, adaptive reuse and minimal form making” (le Roux, 2009, p.1). This kind of urban planning approach serve to accommodate both the formal and informal, creating an exciting range of new urban experience and retail dynamics for the traders and their ‘new’ economically diversified consumers market.

Stephen’s strategy: comics as narrative

I decided on exploring a single restaurant in terms of its ability to cultivate networks. Therefore, over the course of the research project I visited and explored the potential of a restaurant which intrigued me from the first time I visited: Meski’s. Using this restaurant I became my own test subject and set out to use the restaurant to become familiar with the area. I was, in a sense, an immigrant to the area because although I was born and raised in Johannesburg I had spent comparatively little time in the inner city. This made me more aware of myself as an outsider within the area and, even if subconsciously, became the origin of my hypothesis of restaurants as havens within the area. The frantic and essentially alien nature of the streets juxtaposed with the relative calmness of restaurants is something I experienced in the dense urban areas of Ghana. To be off the streets in a restaurant, or “spot bar” as they’re referred to there, was always a welcomed change. I spent a great deal of time in those spot bars; in Accra, Korforidua, Kumasi and elsewhere, and it was there where I cultivated many friendships and learnt a great deal about the people and the area. I was certain that I could do the same on Jeppe Street. Only this time I would be doing it as an architectural student and would therefore be interested in more than friendly banter, I would be looking at the implications of a space on the cultivation of these friendships and networks.

How does one document the cultivation of community networking? The traditional methods of data collection would surely prove ineffectual at recording an experiential process of place discovery. Edward Tufte refers to this challenge in his book Envisioning Information. He talks of information being depicted on “flatland”, referring to video screens and paper. He asks in the introduction “how are we to represent the rich visual world of experience and measurement on mere flatland?” (Tufte, 1990, p.9). The book then charts various methods which have attempted to address this issue yet fails to highlight a tool which I had been using for years, a combination of paper and video screen: the comic book.

Comics tell stories. They provide insight into situations through narration, spoken word and visual context. They are able to convey the stories in one’s head in a medium that others can read and visualise. When a comic is based on reality instead of imagination it becomes a research tool as the story being portrayed is one based on interviews and the scenes based on real locations. If enough attention is given to the detail of these aspects, a comic has the ability to record and portray cultural, social and architectural contexts in a single cohesive document capable of transcending language barriers due to its visual nature. Comics and cartoons as tools for recording events is explored by Emmison and Smith (2000:82) who is argued that “the historical record that is available in relation to cartoons can sometimes be more complete than for photographs”. The creation of a comic therefore became my research methodology.

Comics have been used as architectural research tools before. Switzerland’s ETH Studio Basel (2009) conducted an urban study of Basel and used the comic book as their medium for publication. Within this narrative the visitor’s architectural input is coupled with visual documentation to create an engaging academic report on a part of life in Basel. This gives the reader a much greater understanding of the area than a traditional written report as it incorporates the human experience in a visual way. My intention was to do the same with Jeppe Street. I wanted to show people who had never visited the area what it might be like if they were to go there, to show life and, more importantly, the area itself as a character.

Suzanne Hall’s research on everyday practices and ordinary spaces that individuals and groups use to engage with in the multi-cultural urban environment of Walworth Road in London (Hall, 2009) inspired the use of a single place from which to cover a variety of social interactions between both groups and individuals, none of which she had any affiliation with. She therefore began her research with a single place where she could objectively establish herself. In a similar way, I used Meski’s Restaurant as a base for story collection. Kasu, a co-owner, introduced him to patrons who he thought would be interesting contacts for him. I would begin by telling people how I was creating a comic book for the area and was looking for stories. Most people were highly intrigued by this and what ensued was a conversation instead of an interview.

The conversations were centered on topics such as immigration, business, safety, the restaurant etc. I began recording these stories through single words, small sketches and the occasional photograph, all the while becoming more familiar with the area and feeling less alien. The information gathering therefore becomes qualitative documentation within a sketchbook, providing “clues” to various plots happening within specific locations of the area. These stories were then sketched out at home in comic book form around a map. Through this method of story collection I began to develop a sense of place through stories. This sense of place is then turned into comics which become a record of conversations had within a space, conversations which that space allowed and encouraged. Spaces facilitate narratives. These can be recorded just like any other aspect of a space with comics. The architectural context becomes a character in the scene and the interaction between human and built environment becomes a story.

Figure 05. The comic map. (Source: Authors)

In the comic map, fig 5, I locate the variety of comic worthy stories I collected during the course of my research. For this document I chose three which provided the most interesting insight into the area. These stories are mapped out as foot paths within the city and certain frames in the comics relate to story points on the map with the corresponding colour and number. Meski’s is on the top floor of the highlighted building: Madibas.

Figure 06. Stephen’s comics. (Source: Authors)

My own story, fig 6, is the journey from the Twist Street bridge to Meski’s restaurant. To me, crossing the bridge and walking along the Plein Street market signals the start of Jeppe. It doesn’t take long to hear the words “Umlungu”...which means “white person” in Zulu. This is always spoken in a friendly manner though so he welcomes the greeting. From here it’s a short but busy walk to Meski’s where I always choose the stairs over the dodgy elevator and make my way up. My progress is usually slowed, however, by delivery guys bringing goods to the various shops off the stairwell. Upon reaching the top I am greeted by Kasu, a co-owner, who introduces me to new faces over a cup of Ethiopian coffee.

Figure 07. Desta Wolde (2011, s.p.) – problems with taxis.(Source: Authors)

Desta Wolde, fig 7, a hair salon owner in Marble Towers, is a regular patron of Meski’s and often has his lunch breaks there. To get to Meski’s he must cross the intersection of Jeppe and Delvers - a very busy interchange where minibus taxis reign supreme. Desta says that the taxis don’t slow down for ANYTHING, a lesson he learned one day when out on an errand for work...

Figure 08. New arrival - first impressions of Jeppe. (Source: Authors)

I heard the story in New arrival - first impressions of Jeppe, fig 8, from a man named Solomon at Meski’s. An Ethiopian had arrived in Johannesburg and was staying in Yeoville, north east of the Jeppe area. He wanted to go out for food but had no idea where to go. He found a small taxi not far from where he was staying and climbed in. His English was poor, but the taxi driver recognised he was Ethiopian and said to him: “let me take you to your brothers, you’ll find everything you need there”.

He was taken to the Jeppe area and dropped off close to the taxi rank on Plein Street where he became quite disorientated. It didn’t take long, however, before he heard someone speaking Amharic and was able to get some help. The person he heard was Solomon, who brought him to Meski’s for coffee and injera, a traditional Ethiopian food.

Restaurant spaces in an area such as Jeppe Street provide a crucial role to the foreign national community. They act as embassy like spaces where traditional food is served, “local” news is heard and conversations with fellow immigrants occur. Meski’s restaurant is a perfect example for showcasing these attributes and was pivotal in my research into the area as it provided me with a platform to establish my own connections with the community, and in so doing replicate the arrival of an immigrant to the area. This journey was documented through the creation of a comic book which required conversations to determine narratives and architectural understanding of spaces to provide detailed contexts. When all these elements were combined I was able to synthesise my experience of researching Meski’s into a single visual document which has the ability to give outsiders insight into what it might be like for them to do the same. Essentially, this comic book is a microcosm of the restaurant space because it has collected and distributed stories in the same way that people might over coffee and Injera.

Conclusion

The difficulty of urban research in an environment like Jeppe, with its multiplicity of codes and strategies, can frighten off a researcher tied into any single convention, especially those tied to official languages. It is not surprising that the area is a terra incognito in the mapping of the city, and a destination of choice amongst the thousands of shoppers whose navigation of the city relies on hearsay. In the course of a few weeks, Nthokozo and Stephen strategically made a transition from outsider-researchers to participant-narrators, playfully exposing their recordings to their informants while gathering the information they required for their studies. Their allegiances to the people they were recording grew, along with their respect for their practices and their intention to feedback benefits from the research project. Carried through to a level of performative work, such strategies, although modest, signal ways to support the potentials of Jeppe and break through the city’s official ignorance of this precinct.

References

Brillembourg, A. Feireiss, K. and Klumpner,H., 2005. Informal city: Caracas case: urban think. Munich: Prestel.

Chabal, P. and Daloz, J.P., 1999. Africa works: disorder as political instrument. Bloomington, Oxford: Indiana University Press, James Currey, in association with the International African Institute.

Dawson, H. and Davie, L., 2004. Revamp makes Fashion District all the vogue. Available at <http://www.jda.org.za/fashiondistrict/6dec04_designs.stm> [Accessed 27 August 2011].

Emmison, M. and Smith, P., 2000. Researching the visual. London: SAGE.

ETH STUDIO BASEL, 2009. MetroBasel: a model of a european metropolitan region. Basel, Switzerland.

Fourie, S., 2005. South African streetwear. iFashion Blog. Available at <http://www.ifashion.co.za/index.php/Jobs/South-African-streetwear>.

Franck, K. A. and Lepori, B. R., 2000. Architecture inside out. Academy Press, 1 ed., Mar. 2000.

Hall, S., 2009. Visualising difference: picturing a multi-ethnic street. Researching the Spatial and Social Life of the City, vol.1, pp.49-65.

Heller, P., 2003. Reclaiming democratic spaces: civics and politics in post-transition Johannesburg. In: R. Tomlinson, R. A. Beauregard, L. Bremner and X. Mangcu (ed.), 2003. Emerging Johannesburg: perspectives on the post-apartheid city. London: Routledge.

JDA, 2004. Development business plan: Fashion District development. Johannesburg: Johannesburg Development Agency.<http//www.jda.co.za/fashiondistrict/docs/business_plan>[07 September 2011].

JOHANNESBURG DEVELOPMENT AGENCY 2012. Business Plan 2012/13. Johannesburg.

Kasu, 2011. Interviewed by Stephen Hoffe, 21 Sep. 2011 and 04 Oct. 2011.

Le Roux, H., 2009. Coffee manifesto: sampling instant and slow spaces in the African city. Johannesburg: Wits Press.

Murray, L., 2010. Interview: The Smarteeez. ELLE Decoration, Aug 2010. Available at <http://www.elledecoration.co.za/2010/08/interview-the-smarteez/>. [Accessed 11 September 2011].

Skinner, C., 2011. AAPS planning education toolkit: the informal economy. Cape Town, South Africa: African Association of Planning Schools.

Sollen, H.T., 2011. Interviewed by Stephen Hoffe, 04 Oct. 2011.

Solomon, 2011. Interviewed by Stephen Hoffe, 28 Sep. 2011.

Steele, F., 1981. The sense of place. Massachussetts: Cbi Publishing Company.

Tufte, E. R., 1990. Envisioning information. Connecticut: Graphics Press LLC.

Whyte, W.H., 1980. The social life of small urban spaces. Tuxedo: Printers II.

Wolde, D., 2011. Interviewed by Stephen Hoffe, 04 Oct. 2011.

Ziqubu-Zwane, M. It's here! 60 years of DRUM. Drum Magazine June 2011. Available at < http://www.drum.co.za/articles/News/Its-here-60-years-of-DRUM >[Accessed 27 August 2011].