Poéticas, Sonoridades e Processos Colaborativos

Eduardo Néspoli, Lucas Almeida e Thiago Salas

Como citar esse texto: NÉSPOLI, E.; ALMEIDA, L.; SALAS, T. Poéticas, sonoridades e processos colaborativos. Entrevista. V!RUS, São Carlos, n. 6, dezembro 2011. Disponível em: <http://www.nomads.usp.br/virus/virus06/?sec=2&item=1&lang=pt>. Acesso em: 19 Abr. 2024.

Começamos uma conversa com os integrantes do AQUARPA. Projeto do Laboratório de Construção de Instrumentos Musicais do Departamento de Artes e Comunicação da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), o grupo integra instrumentos musicais experimentais, improvisação musical, vídeo e tecnologia digital. Os integrantes desenvolvem instrumentos musicais acústicos, eletrônicos e digitais, interfaces digitais de vídeo improvisação, e criam performances em som e vídeo.


V!RUS 06: Dentre os muitos processos de criação, tema dessa edição da V!RUS, interessam-nos especialmente processos coletivos como o de vocês. Gostaríamos de começar procurando entender como o Aquarpa faz, traçando uma relação entre o trabalho do Aquarpa e os princípios dos processos criativos na área de produção sonora.

Eduardo Néspoli: No Aquarpa, trabalhamos com a ideia de Arte Sonora, improvisação musical contemporânea, e relações sinestésicas entre imagens e sons. Os trabalhos são realizados em sessões de criação de instrumentos e, posteriormente, em improvisações livres. Elas se tornam, pouco a pouco, improvisações com roteiros, os quais são desenvolvidos por meio da participação dos músicos.

A imagem coopera bastante. Não "decoramos" uma sequência de improvisação, mas, sim, um espaço de improvisação, com diversos sons, acionados e expressados coletivamente em tempo real. É um espaço poético, que chamamos de cenários sonoros. Por exemplo, em Mnemorfoses, ocorrem três cenários com poéticas distintas. A primeira delas, trata de sons estridentes, metálicos, e as imagens são de tecnologias mecânicas, engrenagens, ferro, etc.. São usados instrumentos de cordas de metal e um metalofone.

Lucas Almeida: Os princípios que tomamos para que o processo criativo se efetue no grupo são diversos. Entretanto, na maioria das vezes, partimos da experimentação dos instrumentos que confeccionamos para, em seguida, selecionar gestos e timbres e com isso definir os momentos da improvisação, para que haja forma dentro da linguagem que propomos.

Thiago Salas: Arte sonora é como vêm sendo chamadas essas propostas de trabalho multidisciplinar com o som. Estamos trabalhando com a hibridização de linguagens, mantendo nosso foco de atenção no som.

V!RUS 06: O que vocês estão chamando de hibridização de linguagens?

Thiago Salas: Falei de hibridização referindo-me a uma arte que mescla linguagens visuais - audiovisuais - com o som à disposição das pessoas e do aparato técnico nos espaços de performance. Pensamos a hibridização dessas linguagens como possibilidade de potencializar uma percepção sinestésica no momento da ação artística. Ação, apresentação, performance.

Eduardo Néspoli: O espaço poético é híbrido. Ele trata de estabelecer relações entre formas sonoras, plásticas e visuais, assim como com gestos de execução e corporeidades. De certo modo, toda arte é hibrida, assim como a memória. A memória articula esses conteúdos e trabalhamos com essa transição entre meios.

Tenho usado o termo Transdução. Passagens entre meios de condução, isto é, memória transformada em gesto, que é, por sua vez, transformado em som, e depois em energia elétrica, etc.

V!RUS 06: Como se dá a colaboração coletiva nesse processo? Parte-se de uma ideia inicial proposta por uma pessoa, ou o conceito inicial já é formulado a partir de discussões do grupo?

Eduardo Néspoli: Há discussões... os conceitos surgem dos sons, das imagens relacionados, não é anterior. A ação inicia-se na exploração da matéria que compõe o espaço. Isto é parte da música, a relação com as matérias para se produzir sonoridades...

Thiago Salas: Penso que talvez possamos descrever os procedimentos que utilizamos na criação artística partindo da construção de um ambiente físico de manipulação de sons. E a partir deste ambiente e da experimentação dele são criadas poéticas de criação.

Eduardo Nespoli: A meu ver trata-se de uma apropriação da cultura material e intelectual.

Lucas Almeida: Geralmente partimos de conversas para sugerir movimentos, sensações ou mesmo gestos que podem servir de possibilidade sonora, para se desdobrarem em novas ideias. Então, o papel da experimentação é muito importante para a criação coletiva, até que naturalmente, partindo de uma ideia principal que desdobra-se nas seguintes, estruturamos os momentos da música conjuntamente com a performance.

V!RUS 06: Sobre a reflexão sobre processos de criação, gostaríamos de fazer um zoom out: como trabalha a área de estudos da produção sonora, e como se relaciona o trabalho do Aquarpa com os princípios mais comuns da área que o Aquarpa se insere prioritariamente?

Thiago Salas: Trabalhamos no contexto da música contemporânea e misturamos várias técnicas e estéticas desta arte.

Eduardo Néspoli: A arte sonora devolve, de certo modo, a música à arte no sentido da hibridização de meios. Surgem então conceitos como escultura sonora, instalação sonora, música experimental, etc... São conceitos que articulam diversos meios, mas principalmente relações entre o som e o espaço... A arte sonora é mais espacial, e na medida que temos como objetivo alterar a forma do mundo, construindo os instrumentos com materiais não convencionais, estamos criando um processo híbrido...

Thiago Salas: Muito da estética eletroacústica está também presente em nossa música. Muito dos procedimentos ligados à livre improvisação constituem uma boa parte dos recursos utilizados por nós na composição. Esta última, livre improvisação, configura como um procedimento essencial na elaboração das obras do grupo.

V!RUS 06: Vocês consideram que o resultado do trabalho de vocês é música? Vocês vêem diferenças conceituais entre som e música?

Eduardo Nespoli: As sonoridades surgem do embate com as matérias. Parece ser música.... ou arte sonora? O que não é música pura... nem música universal.

Thiago Salas: Através de improvisações livres nós vamos inventariando as possibilidades de extrair sons dos materiais e de relacionar estes sons.

Eduardo Néspoli: Mas dizer que é arte sonora ajuda a diferenciar do processo ocidental, engessado na partitura e na dimensão temporal exclusivamente. A arte sonora é mais imprecisa, mais corporal, espacial, mais colaborativa e menos autoral.

Lucas Almeida: Não deixa de ser música, porém é feita sob outro enfoque que tem como base a improvisação do espaço e dos materiais para se produzir o som. A diferença é que agrega outros elementos estéticos e não lineares para compor sua totalidade.

Thiago Salas: Na arte audiovisual, uma parte do trabalho é focado em música. Essa é a parte em que eu estou trabalhando mais especificamente. É "musica expandida"

Eduardo Nespoli: À vezes chamamos de música experimental. Estes termos se confundem no próprio processo histórico. Eu prefiro arte sonora ou arte sônica, mas música experimental tem sido um termo muito usado, assim como soundscape. São formas híbridas.

Há uma visão, muito divulgada nos últimos 500 anos, de "música pura". Estes termos se opõem a esta visão.

Thiago Salas: Acho que os nomes se estabilizam melhor com distanciamento espaço/temporal.

V!RUS 06: Qual a importância dos meios digitais na construção dessa música?

Eduardo Néspoli: O digital traz uma nova oralidade. O computador permite integrar sons e imagens, criar correspondências entre eles e, sobretudo, tornarem manifestações antes "invisíveis" em manifestações visíveis, por via dos sistemas de comunicação.

O computador permite, do ponto de vista musical, trabalhar todo e qualquer som (ruídos) com novos gestos e novas interfaces. Sob o ponto de vista social hoje em dia podemos ver na América latina um grande número de manifestações de auto-produzires, são coletivos buscando espaços de articulação. E as redes sociais cooperam com o processo de trazer à tona os ruídos sonoros do mundo, na forma de arte.

Thiago Salas: Os softwares de processamento digital permitem uma relação interessante entre som e imagem, o que vai interferir também no gesto, na fisicalidade perante esses recursos. O digital integra a imagem com o som permitindo alterações em um por via da manipulação do outro.

Lucas Almeida: Os meios digitais compõem também o aspecto de criação e de performance, uma vez que dialogam com a improvisação dos materiais. Temos influência da música eletroacústica de meados do século XX, que caracteriza bem essa inserção digital e tecnológica no projeto.

Thiago Salas: Essa experiência gera novos modos de construção musical, pois percebemos esses dois aspectos sendo modificados em tempo real. Por meio de manipulação de áudio modificamos parâmetros do vídeo e isso gera novas posturas no ato da realização musical. Estimulamos os parâmetros do vídeo e somos estimulados.

Lucas Almeida: Por exemplo, as alterações digitais que ocorrem nas imagens no mesmo momento da performance, ocorrem pela própria programação que varia os efeitos de imagem a partir da intensidade e do instrumento que tocamos...

V!RUS 06: Gostaríamos de fazer uma pergunta final para vocês, mais geral. Tendo em mente todo o potencial do que vocês descreveram, a área de estudos da arte sonora, e as perspectivas do Aquarpa, o futuro lhes parece promissor?

Lucas Almeida: Se mantivermos ao longo do projeto um constante crescimento nas experimentações e na construção de instrumentos, acredito que vamos expandir muito as concepções experimentais do som, música e plástica sonora. A partir de criações que possibilitem novas perspectivas na maneira de pensar e de fazer música.

Thiago Salas: A meu ver, sim! Estamos realizando diversos trabalhos e encontrando meios interessantes de confrontá-los com o publico. E o gosto pela exploração dos sons e das coisas com que eles se relacionam aumenta a cada nova descoberta.

Eduardo Néspoli: Creio que as pessoas estão tomando algum tipo de consciência sobre a importância do espaço sonoro e dos sons para a vida... Ou para a transformação de um tipo de vida que estamos presenciando neste momento histórico, e creio que revirar os materiais, a cultura material, os espaços, as formas de ação, sejam eventos relevantes para o mundo. E uma forma de micro politica que pode ser mais eficaz socialmente. Mas isto não há muito como saber. O que é possível é gerar experiência, microexperiências... Penso que criar interrupções pode ser algo interessante. Wolf Vostell pensou nesta propriedade do som interrompendo acontecimentos, ou gerando novos acontecimentos.

Eu acho isto promissor...

Para podermos expressar ideias relevantes que estamos pensando e usando em nosso processo, e sinto que o Nomads.usp se aproxima bastante de muitas perspectivas que colocamos aqui.

V!RUS 06: Muito obrigado pela entrevista. Podemos continuar essas conversas. Abraços a vocês!

Thiago Salas: Obrigado pela oportunidade de falar um pouco sobre esses assuntos!

Eduardo Nespoli: Agradecemos a oportunidade. Abraço a vocês também, a todos do Nomads...

Poetics, Sonorities and Collaborative Processes

Eduardo Néspoli, Lucas Almeida e Thiago Salas

How to quote this text: Néspoli, E., Almeida, L. and Salas, T. Poetics, sonorities and collaborative processes. Translated from Portuguese by Vitor Locilento Sanches. V!RUS, [online] n. 6. [online] Available at: <http://www.nomads.usp.br/virus/virus06/?sec=2&item=1&lang=en>. [Accessed: 19 April 2024].

We begin our conversation with AQUARPA. A project of Laboratório de Construção de Instrumentos Musicais at Departamento de Artes e Comunicação at Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), the group integrates experimental musical instruments, musical improvisation, video, and digital technology. Its members develop acoustic, electronic and digital musical instruments, digital interfaces of video improvisation, and create performances in sound and video.

V!RUS 06: Among the many processes of creation, theme of this edition of V!RUS, especially interest us collective processes such as yours. We would like to start trying to understand how Aquarpa does, tracing the relationship between the work of Aquarpa and the principles of creative processes in the area of ​​sound production.

Eduardo Néspoli: In Aquarpa, we work with the idea of ​​sound art, contemporary musical improvisation and kinesthetic relationship between images and sounds. The works are realized in sessions of instruments development and, later, free improvisations. They become, little by little, improvisation with scripts, which are developed through the participation of musicians.

The image cooperates a lot. We don't "memorize" a sequence of improvisation, but rather a space for improvisation, with different sounds, triggered and expressed collectively in real time. It is a poetic space, which we call scenarios sounds. For example, in Mnemorfoses, there are three scenarios with different poetics. The first one, it sounds shrill, metallic, and the images are of mechanical technology, gears, iron, etc... Metallic stringed instruments and a metallophone are used.

Lucas Almeida: The principles that we take so the creative process is done on the group are several. However, in most cases, we start from the experimentation of the instruments that we manufactured for, then, select gestures and tones and thus define the moments of improvisation so that there is form into the language that we propose.

Thiago Salas: Sound art is how these proposals of multidisciplinary work with sound have been called. We are working with the hybridization of languages, while maintaining our focus on the sound.

V!RUS 06: What are you calling hybridization of languages​​?

Thiago Salas: I spoke hybridization referring to an art that merges visual languages ​​- audiovisual - with the sound at people’s disposal and the technical apparatus in the performance spaces. We think the hybridization of these languages as a possibility to potentiate a kinesthetical perception during the artistic performance. Action, presentation, performance.

Eduardo Néspoli: The poetic space is hybrid. It deals with relationships between forms of sound, visual and plastic, as well as performance actions and corporealities. Somehow, all art is hybrid, as well as memory. Memory articulates these contents and we work with the transition between media.

I have been using the term Transduction. Passages between modes of conduction, that is, memory turned into gesture, which is in turn transformed into sound and then into electrical energy, etc.

V!RUS 06: How does the collective collaboration occur in this process? It starts with an initial idea proposed by a person, or the initial concept is already formulated from discussions of the group?

Eduardo Néspoli: There are discussions... the concepts arise from the sounds and images related, not before. The action starts in the exploration of the matter that composes the space. This is part of the music, the relationship with the materials to produce soundscapes...

Thiago Salas: I think maybe we can describe the procedures we use in artistic creation from the construction of a physical environment of manipulation of sounds. And from this environment and its experimentation are created poetics of creation.

Eduardo Néspoli: The way I see it is an appropriation of material and intellectual culture.

Lucas Almeida: We often start from conversations to suggest movements, sensations, or even gestures that can serve as a sound possibility to unfold into new ideas. So, the role of experimentation is very important for the collective creation, until that naturally, from one main idea that unfolds in the following, we structure the moments of music together with the performance.

V!RUS 06: About the reflection on the processes of creation, we would like to make a zoom out: how does it work the area of sound production studies, and how does Aquarpa’s work relate to the most common principles in the area Aquarpa mainly inserts itself?

Thiago Salas: We work in the context of contemporary music and mix together various techniques and aesthetics of this art.

Eduardo Néspoli: The sound art returns, in a way, music to art in the same sense of media hybridization. Then emerge concepts such as sound sculpture, sound installation, experimental music, etc... These concepts articulate various media, but mainly relations between sound and space... The sound art is more spatial, and as we aim to change the form of the world, building instruments with unconventional materials, we are creating a hybrid process...

Thiago Salas: Lots of electroacoustic aesthetic is also present in our music. Many of the procedures related to free improvisation are a good part of the resources used by us in the composition. This last, free improvisation, configures as an essential procedure in the preparation of the works of the group.

V!RUS 06: Do you consider that the result of your work is music? Do you see conceptual differences between sound and music?

Eduardo Néspoli: The soundscapes emerge from the encounter with the materials. Does it seems to be music.... or sound art? What is not pure music... neither universal music.

Thiago Salas: through free improvisations we will inventory the possibilities of extracting sound of the materials and to relate these sounds.

Eduardo Néspoli: But to say that it is sound art helps to differentiate from western process, cast in the score and time dimension exclusively. The sound art less precise, more bodily, spatial, more collaborative and less authorial.

Lucas Almeida: It's still music, but it is made ​​under another approach that is based on the improvisation of space and materials to produce sound. The difference is that it adds other aesthetic’s and nonlinear elements to compose its whole.

Thiago Salas: In audiovisual artwork, one part of work is focused on music. This is the part where I'm working more specifically. It is "expanded music".

Eduardo Néspoli: Sometimes we call it experimental music. These terms are confused in the historical process itself. I prefer sonic artwork and sound art, but experimental music has been a term widely used, as well as soundscape. They are hybrid forms.

There is a view, widely publicized in the last 500 years of "pure music". These terms are opposed to this view.

Thiago Salas: I think the names stabilize better with distance from space / time.

V!RUS 06: What is the importance of digital media in the construction of this music?

Eduardo Néspoli: The digital brings one new orality. The computer allows you to integrate sounds and images, to create matches between them, and especially, prior "invisible" manifestations become visible manifestations, via the communication systems.

The computer allows, from a musical point of view, working with each and every sound (noise) with new gestures and new interfaces. Nowadays, from the social point of view we can see in Latin America a large number of manifestations of self-produce, they are collectives looking for spaces of articulation. And social networks cooperate with the process of bringing out the sound noises' in the world, the art form.

Thiago Salas: The digital processing software allows one interesting relationship between sound and image, which will interfere also in the gesture, in the physicality in view of these resources. The digital integrates image with sound allowing changes to one by the manipulation of the other.

Lucas Almeida: Digital media also make up the aspect of creation and performance, once they dialogue with the improvisation of materials. We have the influence of electroacoustic music from the middle of twentieth century, which well characterizes this insertion and digital technology in the project.

Thiago Salas: This experience generates new modes of musical construction, as we perceive these two aspects being modified in real time. Through the manipulation of audio we modify video’s parameters, and this generates new postures on the musical realization act. We stimulate the parameters of the video and we are stimulated by it.

Lucas Almeida: For example, the changes that occur in digital images at the same time of performance, occur by the programming that varies the image effects from the intensity and the instrument we play...

V!RUS 06: We would like to make one final question for you, more general. Keeping in mind the potential of what you described, the study area of the sound art, and perspectives of Aquarpa, does the future looks promising to you?

Lucas Almeida: If we maintain through the project a constant growth in experimentation and in the construction of instruments, I believe we will greatly expand the concepts of experimental sound, music and sound plastics. From creations that allow new perspectives in thinking and making music.

Thiago Salas: In my view, yes! We are doing several works and finding interesting ways of confronting them with public. And a taste for exploration of sounds, and things that they relate, increases with each new discovery.

Eduardo Néspoli: I believe that people are taking some kind of awareness about the importance of sound space and sounds to life... or the transformation of one kind of life that we are witnessing this historical moment, and I believe that turning materials, material culture, the spaces, forms of action, are relevant events to the world.

And one form of micro politics which may be more socially effective. But there isn’t much how to know this. What is possible is to generate experience, micro-experiences... I think that creating interruptions can be something interesting. Wolf Vostell thought this property of sound breaking happenings, or creating new events.

I think this promising...

In order to express ideas that are relevant in thinking and using of our process, and I feel that Nomads.usp is very close to many of the perspectives shown here.

V!RUS 06: Thank you for the interview. We can continue these conversations. Regards to you!

Thiago Salas: Thank you for the opportunity to talk a bit about these subjects!

Eduardo Néspoli: We appreciate the opportunity. Regards to you too, to all Nomads...