Susa Pop é diretora do Public Art Lab que ela fundou juntamento com Hans J. Wiegner em 2003. Ela realiza conferências em todo o mundo e workshops na área de mídias urbanas e é professora na University of Potsdam / European Media Science e no FH Potsdam / Arts Management and Cultural Work.
Antes da palestra "Fachadas multimídia: desafios e potencialidades", ocorrida no dia 4 de dezembro de 2012 no âmbito do SP Urban Digital Festival, em São Paulo, tivemos o prazer de realizar uma curta mas instigante entrevista com a diretora do Berlin Public Art Labhttp://www.publicartlab-berlin.de/
Public Art Lab (PAL) é uma plataforma interdisciplinar para intercâmbio de projetos interculturais - localizado em Berlim. Foi fundado por Susa Pop, artista e diretora cultural junto com o artista Hans J. Wiegner em 2001. (Do website do PAL), Susa Pop. Susa Pop interessa-se pela construção de comunidades através de projetos de arte em rede, especialmente através de media facades. Ela é curadora e produtora cultural, lida com tecnologias digitais em obras artísticas em espaços públicos, com atuação nas áreas de desenvolvimento urbano e economia. A revista V!RUS é grata a Susa Pop por esta entrevista.
V!8: Você poderia dizer-nos algo sobre o seu atual projeto Connecting Cities?
SP: Iniciamos a rede Connecting Cities com parceiros de doze cidades europeias além de Montreal e São Paulo, com dois objetivos principais: criar uma comunidade visando compartilhar conhecimento sobre mídia urbana e produzir projetos artísticos que possam circular em outras cidades. Nós também queremos criar esta infraestrutura de urban screens e media facadesFachadas de edifícios associadas a telas super-dimensionadas e animadas, localizadas em espaços urbanos. Utilizam meios digitais para transmitir mensagens. em rede, de modo que, no futuro, muitas iniciativas culturais possam usá-las de forma sustentável para o desenvolvimento de nossas cidades.
V!8: Como a noção de representar é o tema dessa oitava edição da revista V!RUS (Re:pre:sentar), estamos particularmente interessados em como funciona a conexão entre essas cidades através de mediação artística.
SP: Eu acho que as media facades são uma plataforma de comunicação realmente nova para o espaço público. Elas são uma espécie de membrana entre o mundo digital e o espaço urbano físico. Usando essas interfaces tecnológicas, é possível incluir espectadores de espaços públicos em processos artísticos. Por essa via, também é possível criar valores de construção de comunidades, da participação pública e de uma espécie de fórum, ou ágora Praça principal da cidade grega na antiguidade clássica que constituía um local de encontro e discussão pública dos cidadãos..
Faz já seis anos que venho trabalhando na área de urban screens e media facades, e acho extremamente importante investigar o potencial comunicativo desse novo meio. A maioria das media facades ou urban screens exibe, principalmente, conteúdo comercial. Mas como estão implantadas no espaço público, também devem pertencer a espectadores públicos. Por isso, iniciamos o Media Facade Festival como uma espécie de plataforma de experimentação, um campo de experimentação, e geramos novos conteúdos para o espaço público. Em estreita colaboração com artistas, realizamos oficinas e muitos testes de transmissões para aproximar esse novo meio. Fazendo isso, descobrimos que ele tem um enorme potencial para a participação, e que, quando equipadas com tecnologias baseadas na Internet, é possível conectá-las para além das cidades.
A representação é uma noção muito interessante para este meio, porque as media facade têm uma enorme visibilidade e enormes equipamentos também, mas nós as usamos de uma forma mais experimental, em uma espécie de processo com os espectadores em espaços públicos. Eu penso que é interessante ter, por um lado, um meio de representação que, por outro lado, é utilizado para a experimentação.
V!8: Como você antevê o uso de media facades urbanas de forma mais ampla e mais intensa?
SP: Todo esse campo de urban media ou urban media facade é um muito novo, como eu disse antes. Ele é principalmente ocupado por publicidade. Então eu acho que a perspectiva, como nós do Public Art Lab defendemos, é incluir muitos artistas e media designers para desenvolver novas formas para esse meio. Elas devem ter a possibilidade e o potencial para participar e para incluir o público, para conectar cidades. Também são muito interessantes para a visualização de dados. Esta questão sobre cidades visuais e cidades invisíveis significa que temos, de um lado, uma infraestrutura visível de espaços públicos, como ruas, edifícios, parques, etc., e, por outro lado, uma infraestrutura invisível através das novas tecnologias de informação e comunicação que estão inter-evoluindo umas com as outras, ao mesmo tempo. Eu acho, portanto, que toda essa questão sobre a visualização de dados é interessante, tornando uma informação que é invisível - sobre sentir a cidade - visível nas media facades através de cenários artísticos, criando uma espécie de consciência nos espectadores.
V!8: Sabemos que reunir pessoas para ações culturais em locais públicos é muito difícil, e convencê-las a pensar sobre seus ambientes pode ser ainda mais difícil. No contexto do projeto Connecting Cities, como você acredita que as media facades podem auxiliar nessa tarefa?
SP: Eu acho muito importante criar uma referência local se você trabalha com media facades. Você sempre tem que trabalhar considerando as especificidades locais e este é o ponto de partida. As pessoas que passam por esta media facade podem ver algo novo no dia seguinte, e assim talvez tomem consciência do lugar onde estão. Isso também pode influenciar sua percepção pessoal. Esta referência local é importante e, é claro, com esta referência local, as pessoas falam sobre o que veem. Fazendo isso, começam a se encontrar, a se comunicar e até mesmo a participar, se se tratar de um projeto interativo ou participativo. Se elas participam, o próximo passo seria voltar novamente, e assim esse começa a se tornar um lugar de comunidades e vizinhanças.
Susa Pop is managing director of Public Art Lab which she founded together with Hans J. Wiegner in 2003. She holds worldwide conferences and workshops in the field of urban media and is lecturer at the University of Potsdam / European Media Science and at the FH Potsdam / Arts Management and Cultural Work.
Before the lecture "Multimedia Facades: Challenges and Potentials", which took place on December 4th 2012 in connection with the SP Urban Digital Festival, in São Paulo, we were pleased to conduct a short but inspiring interview with the Berlin Public Art Labhttp://www.publicartlab-berlin.de/
Public Art Lab (PAL) is an interdisciplinary platform for intercultural exchange projects - based in Berlin. It was founded by Susa Pop, artist and cultural manager together with the artist Hans J. Wiegner in 2001. (From the PAL website) manager director Susa Pop. Susa Pop is interested in community building through networking art projects, especially through media facades. She is a curator and cultural manager dealing with digital technologies in artworks in public places, working in the urban development and economy areas. V!RUS journal is very grateful to Susa Pop for this interview.
V!8: Could you please tell us about your ongoing project Connecting Cities?
SP: We initiated the Connecting Cities network with partners from twelve European cities and also from Montreal and São Paulo with two main goals: to create a community in terms of sharing knowledge about urban media and to produce artistic projects which can circulate in other cities. We also want to create this networked infrastructure of urban screens and media facadesBuildings facades associated with over-dimensional animated screens, within urban places. They use digital media for exchanging messages., so that in future times a lot of cultural initiatives can use it in a sustainable way for the development of our cities.
V!8: Since the notion of representing is the central subject of V!RUS journal #8 (Re:pre:sent), we are particularly interested in how the connection between cities through artistic mediation works.
SP: I think that media facades are a really new communication platform for the public space. They are a kind of membrane between the digital world and the urban physical space. Using these technological interfaces you can include the public audience in artistic processes. By this means it is also possible to create values of community building, public participation and a kind of forum, or agoraágora: the main square of Greek classical antiquity that constituted a citizens venue for public discussions..
Six years now, I work in the field of urban screens and media facades and I think it is extremely important to investigate the communicative potential of this new medium. Most of media facades or urban screens are mainly displaying commercial content, but as they are based in the public space they should also belong to the public audience. Therefore we initiated the Media Facades Festival as a kind of experimentation platform, an experimentation field, and generated new content for the public space. In close collaboration with artists, we conducted workshops and a lot of test screening to approach this new medium. In doing so we found out that it has a huge potential for participation. We also realized that whenever new media facades are equipped with internet-based technology you can connect them beyond cities.
Representation is a very interesting notion for this medium, because media facades have a huge visibility and huge outfits as well. Nevertheless we use them in a more experimental way, in a kind of process with the public audience. I think it is interesting (in a comparison) to have on the one hand a representation medium, which on the other hand is used for experimentation.
V!8: How do you foresee the use of urban media facades in a broader, more intensive way?
SP: This whole field of urban media or urban media facades is a very young field, as I said before. It is mainly occupied by advertisement. So I think the perspective, how we from PublicArtLab argue, is to include a lot of artists and media designers to develop new forms for this medium. They should have the possibility and the potential to participate and to include the public audience, to connect cities. Urban media facades are also extremely interesting for data visualization. This issue about visual cities and invisible cities means that you have on the one hand a visible infrastructure of public spaces like streets, buildings, parks and so on, and on the other hand the invisible infrastructure through new information and communication technologies that are inter-evolving with each other at the same time. Therefore I think that this whole issue about data visualization is interesting, making this invisible information, of sensing the city, visible on media facades through artistic scenarios, creating a kind of awareness for the public audience.
V!8: We know that gathering people for cultural actions in public places is very difficult, and to persuade people to think about their environments can be still harder. Within the context of Connecting Cities project how do you believe media facades can help in this task?
SP: I think that it is very important to create a local reference if you work with the medium of media facades. So you always have to work site-specifically, and this is the starting point. People who pass by this media facade may see something new the next day so that they maybe get aware of the place where they are. This can also influence their personal perception. This local reference is important and then, of course, with this local reference people talk about what they see. In doing so they start to encounter, they start to communicate and even to participate if there is an interactive or participatory project. When they participate, the next step would be to come back again and then it starts to become a place of communities and neighborhoods.