Chiara Del Gaudio é designer, Doutora em design. Professora de Design, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Estuda design participativo e colaborativo, inovação social, design estratégico, a ação do designer em áreas urbanas frágeis e afetadas por conflitos.
Andrea Botero é designer. Pesquisadora do Departamento de Ciência do Processamento da Informação, na Universidade de Oulu. Estuda Serviços, mídia e tecnologias para comunidades.
Alfredo Gutiérrez Borrero é zootecnólogo, especialista em docência universitária. Professor Associado de Design Industrial, da Universidad Jorge Tadeo Lozano. Membro permanente do Conselho Eidtorial da revista Proyectodiseño, desde 1995.
Como citar esse texto: DEL GAUDIO, C.; BOTERO, A.; BORRERO, A. G. Ensaiando uma polifonia polilocal para produção de conhecimento acadêmico. V!RUS, São Carlos, n. 17, 2018. [online] Disponível em: <http://www.nomads.usp.br/virus/virus17/?sec=4&item=6&lang=pt>. Acesso em: 15 Out. 2024.
ARTIGO SUBMETIDO EM 28 DE AGOSTO DE 2018
Resumo
Neste artigo, refletimos sobre possibilidades e formas alternativas para processos de produção de conhecimento acadêmico que sejam colaborativos e participativos, bem como sobre suas potencialidades. Em particular, analisamos o conceito de polylogue e como o usamos para experimentar um formato para a produção coletiva de conhecimento, ao atuar como editores convidados de um número especial do Strategic Design Research Journal (SDRJ). Descrevemos as motivações e origens do nosso polylogue experimental e apresentamos seus processos e desafios. Concluímos propondo que um polylogue torna pública e acessível meta-reflexões e conversas, pois promove a poligamia comunicativa, a polifonia de posições e um fórum policardinal. Estas três situações articulam algumas das possibilidades e limitações deste formato, que precisamos continuar a explorar e ensaiar.
Palavras-Chave: Colaboração, Produção de conhecimento, Periódicos acadêmicos, Polylogue, Escrita científica
1Introdução
O número especial Designing, sensing, thinking through autonomía(s), publicado em agosto de 2018 pelo Strategic Design Research Journal (SDRJ), apresenta uma seção especial chamada polylogue. Este polylogue é, em termos práticos e diretos, uma conversa coletiva multi-autoral tecida conjuntamente por meio de comentários e pelo processamento coletivo de vários textos escritos individualmente, discutindo a Chamada de Trabalhos desse número especial. Os autores dos textos participaram ativamente na produção de conhecimento de cada um, e colaboraram, trabalhando juntos e compartilhando suas contribuições para um objetivo comum ao longo do processo da chamada e do seu resultado. Além disso, optamos por tornar públicas e visíveis algumas partes do processo de pensamento, assim como os recursos que, individual ou coletivamente, disponibilizamos de forma plural para materializar nossa participação. O polylogue é o resultado de uma busca contínua por espaços de intercâmbio, coprodução e crescimento colaborativo dentro da academia e, no nosso caso específico, no âmbito da comunidade de pesquisa em Design. Trata-se de uma atividade experimental para entender o que é necessário para produzir e fomentar este tipo de espaços participativos para produção de conhecimento, para a tomada de decisões e para a atividade cotidiana do Design.
Nosso interesse em explorar novos formatos emerge de dois problemas interligados. Por um lado, como pesquisadores, temos percebido e vivenciado a atual falta de espaço de discussão e de produção coletiva de conhecimento em diversos ambientes acadêmicos e científicos. Por outro lado, como estudiosos e profissionais do design participativo (PD), temos experimentado maneiras de criar espaços públicos onde vozes diferentes e divergentes podem se expressar em processos de design. Notamos que houve uma dissonância entre nossas formas de atuação e engajamento: os relatos acadêmicos pareciam mais solitários e restritos do que nossas práticas de design. Poderiam as práticas participativas informar melhor nossas práticas de produção de conhecimento?
As limitações e a crise dos atuais processos de produção e comunicação do conhecimento no ambiente acadêmico vêm ganhando atenção em diversos âmbitos. Existem muitos fatores envolvidos nisso. Um dos principais aspectos-chave da crise diz respeito ao tempo. Como apontam Berg e Seeber (2016), o processo de corporativização pelo qual as universidades vêm passando fez com que os processos fossem valorizados em relação à sua capacidade produtiva. Franck Donoghue (apud BERG; SEEBER, 2016, p. 8) enfatiza como “as categorias de mercado de produtividade, eficiência e competitividade, e não inteligência ou erudição, já impulsionam […] o mundo acadêmico”. Como consequência, parece haver uma falta de recursos para pesquisar e para iniciarem-se processos coletivos de produção de conhecimento. Os processos participativos de produção de conhecimento exigem recursos tangíveis e intangíveis, que levam tempo para se desenvolver e cujo retorno não é imediato. Exigem também atitudes que favoreçam as dimensões coletivas em vez das individuais. Tais processos precisam ser estimulados e nem sempre cabem confortavelmente no âmbito das métricas estritas de produtividade.
Um segundo fator decisivo que contribui para este fenômeno é a estrutura dos eventos científicos. Em nossa própria área de Design, podemos observar ampla oferta e proliferação de eventos acadêmicos que, no entanto, servem principalmente como locais de divulgação. Apenas alguns deles são projetados para promover discussões e trocas reais, já que apenas alguns prevêem tempo suficiente para uma discussão intensa e aprofundada dos trabalhos apresentados. A maioria dos eventos abre espaço para apresentação do maior número possível de artigos. Por exemplo, é comum organizarem-se muitas sessões paralelas, alocar um tempo curto para apresentações, e um tempo ainda menor para perguntas. Como participantes de vários desses eventos, também observamos que o tempo para perguntas raramente é usado para debates construtivos. Em vez disso, as pessoas parecem insistir mais em pedir detalhes. Esta é uma dinâmica que, em nossa opinião, não constitui uma troca, mas sim um processo de doação unilateral.
Além da falta de tempo e das estruturas problemáticas dos encontros presenciais, os periódicos e os fóruns, que são espaços por excelência para o avanço do conhecimento e da comunicação, assincronamente também se tornam barreiras. De fato, as revistas acadêmicas tendem a atuar como meios unilaterais de comunicação. Com notáveis exceções, os artigos de periódicos acabam sendo considerados como espaços através dos quais certos indivíduos, os autores, elaboram suas descobertas e expressam pensamentos sobre um tópico específico, e os direcionam para outras pessoas, o público. É claro que o público pode ler, aprender e, eventualmente, conseguir implementar esse conhecimento. No entanto, na maioria dos periódicos da nossa área, não há espaços para trocas mais significativas, nem para produção de conhecimento colaborativo entre pesquisadores. Há, é claro, uma troca entre revisores e editores, e com autores cujos trabalhos precisam ser melhorados. São-lhes dadas sugestões para ajudá-los a melhorar a qualidade dos seus trabalhos, ou, em casos específicos, o leitor pode entrar diretamente em contato com os autores, por iniciativa própria. Tais tipos de trocas não são documentados nem incluídos no projeto original do modus operandi de uma revista. Chamadas de Trabalhos configuradas com base em tópicos específicos constituem uma situação particular. Chamadas específicas permitem que os envolvidos obtenham contribuições e informações (através de artigos) sobre outros que trabalham com questões semelhantes. No entanto, esta é, novamente, uma maneira muito unilateral de troca.
De um modo geral, mesmo que os periódicos permitam comunicar pesquisas, eles também fortalecem formas particulares de argumentação e ideias específicas de autoria, fáceis de medir. Por essa razão, eles constituem uma das medidas de avaliação de produtividade preferidas nas áreas científicas. Além do impacto da medição, no atual panorama acadêmico da pesquisa em design, os periódicos também valorizam tipos específicos de produção de conhecimento: conhecimento codificado em textos escritos e comunicados principalmente em Inglês. De um lado, isso significa que os artigos devem ser escritos de acordo com convenções e lógicas próprias à língua inglesa. Essas lógicas tornaram-se um padrão para a racionalidade científica (VISVANATHAN, 2009) e põem em perigo a pluralidade. O predomínio do Inglês traz consigo várias oportunidades enquanto um meio comum, e certos critérios compartilhados para se avaliar os resultados. Ao mesmo tempo, também impede que pesquisadores (e o design) adotem formas mais participativas, inclusivas, transculturais, interdisciplinares e transdisciplinares de produção e comunicação de conhecimento. Essa situação impede, ainda, contribuições de pesquisadores que não dominam o idioma inglês, ou cuja cultura e práticas não se encaixam no inglês, nem na sua racionalidade científica específica. Ao menos na pesquisa em Design, há um predomínio de certos debates, teorias e preocupações do Norte global, que excluem ou invisibilizam as vozes laterais e do Sul (ver PÉREZ-BUSTOS, 2017 para questionamentos similares). Isso, por sua vez, reflete-se na educação e na prática profissional, em que apenas certas teorias e debates são replicados por professores e monitores de cursos universitários de design, em todo o mundo. Levando em consideração os pontos acima, colocamos várias questões ao trabalhar em nossa edição especial. Como poderia a escrita de pesquisas acadêmicas em design ser mais inclusiva e participativa? Como poderíamos estimular o intercâmbio Norte-Sul e a participação, colaboração e troca de conhecimento? Como poderíamos encorajar a participação e a colaboração entre pessoas com interesses comuns, mas que não podem encontrar-se e trabalhar em conjunto devido a questões de infra-estrutura?
Ao longo dos últimos anos, temos trabalhado em configurações alternativas para eventos científicos: por exemplo, introduzindo mesas-redondas para discussão no Simpósio Brasileiro de Design Sustentável (SBDS) desde a sua quinta edição, e testando o formato das discussões fishbowl na Participatory Design Conference. Este artigo tem como objetivo apresentar um outro passo neste processo: a nossa tentativa de transformar revistas científicas em espaços de produção de conhecimento participativo e colaborativo através de campos dispersos de pesquisa em design. O experimento apresentado neste artigo busca questionar ideias simplistas de autoria, fomentar formas de colaboração na escrita acadêmica, e estimular a participação na produção de conhecimento de outros pesquisadores. Para isso, este artigo introduz um processo experimental de design, promoção e implementação de espaços de conhecimento colaborativo por meio de um “polylogue” (que se expande pelo diálogo) em uma revista científica.
2Polylogue
A palavra polylogue é uma combinação de dois conceitos gregos: poly - que significa “muito, muitos” e logos - que significa “discursos” ou “razões”. Ao desenvolver essa ideia, identificamos três referências que constituem as origens do termo para nós. Em primeiro lugar, nos referenciamos na linguista francesa Catherine Kerbrat-Orecchioni (2004), que usa esse termo para se referir a interações comunicativas entre múltiplos participantes. Em seu trabalho, ela identifica e questiona a tendência arraigada de se presumir interações comunicativas como algo que ocorre apenas entre dois indivíduos, o que leva à suposição de que essa forma de interação é o protótipo de todas as formas de interação. No entanto, como ela percebe que essa suposição é dificilmente questionada, Kerbrat-Orecchioni (2004) prefere usar o conceito de polylogue, em vez de diálogo, para chamar a atenção explicitamente para a multiplicidade.
A segunda origem pode ser rastreada até o trabalho do filósofo taiwanês Hsueh-i Chen (2010). Hsueh-i Chen toma emprestado o conceito de polylogue do filósofo austríaco contemporâneo Franz Martin Wimmer. Em seus trabalhos, polylogue representa um meio de superar o eurocentrismo no pensamento filosófico para a comunicação intercultural. Segundo Chen (2010), muitas (poly) palavras, vozes, discursos ou razões (logos) se cruzam de duas maneiras. A primeira é uma espécie de cacofonia ruidosa, na qual todos falam (ou escrevem) ao mesmo tempo e ninguém escuta (ou lê) ninguém, produzindo um estado de não comunicação ou troca. O segundo é mais otimista (e ideal), e considera o polylogue como um meio de conciliar e articular razoavelmente muitas maneiras diferentes de pensar. Como Chen (2010, p. 62) afirma, “identificar-se culturalmente não implica apenas lembrar o que já fomos”, mas também implica que devemos nos reinventar.
O precedente nos levou à terceira origem, inspirada no trabalho do designer Fernando Álvarez Romero (2014). Álvarez Romero baseia-se no trabalho do filósofo e teólogo suíço Josef Estermann, que compara as tradições filosóficas do Ocidente e dos povos andinos (para mais informações, ver ESTERMANN, 2006, 2008). Com base nessa comparação, Álvarez Romero (2014) propõe que um polylogue deve operar em duas direções: primeiro, ele media entre diferentes culturas (através de uma abordagem intercultural similar às já apresentadas); segundo, ele articula o conhecimento produzido (na ciência, no empirismo, como sabedoria aplicada, bem como de tecnologias e técnicas de diferentes origens) para transformar não uma realidade, mas realidades; não um mundo, mas mundos. Nessa visão, participantes de um polylogue não podem presumir que um conceito específico possa ser definido dentro dos parâmetros de apenas uma certa cultura, porque senão expressões de outras culturas que não satisfaçam esta definição a priori poderiam ser facilmente (des-)qualificadas como "pensamentos mágicos", ou "etno-filosofia" etc.
Com base no exposto, o conceito de polylogue parece ser relevante para se repensar a produção e a comunicação científicas por meio da introdução sutil de um novo formato em um periódico acadêmico. Enquanto formato, o polylogue procura auxiliar a produção de conhecimento da qual participa uma multiplicidade de vozes. O ponto de partida pode ser um conceito (autonomía, no nosso caso, como veremos mais adiante), que pode ser desafiado ou melhor compreendido através da articulação de diferentes perspectivas. Desta forma, conceitos podem ser redefinidos através da interação de diferentes vozes, produzindo novos conhecimentos e promovendo crescimento profissional e pessoal para os envolvidos. Se fossem capazes de apoiar estes processos coletivos, os periódicos acadêmicos poderiam se tornar uma plataforma de transição em direção à valorização de formas plurais de se compreender a realidade, o conhecimento, assim como em direção a uma produção de conhecimento compartilhada e colaborativa, entre o interior e o exterior da academia. Essas foram algumas das premissas que guiaram nosso trabalho coletivo em direção a um polylogue, que descrevemos na próxima seção.
3O número especial do SDRJ e o polylogue
Em janeiro de 2017, começamos a organizar uma Chamada de Trabalhos para o SDRJ sobre “Autonomía | Design Strategies for Enabling Design Process”, que poderia viabilizar o mapeamento de novas estratégias de design que visassem processos de design autônomos (BOTERO; DEL GAUDIO; GUTIÉRREZ BORRERO, 2017). A chamada respondeu a um entendimento particular do conceito de autonomía desenvolvido na América Latina, como um “processo cultural, ecológico e político que envolve formas autônomas de existência e tomada de decisão” (ESCOBAR, 2016, p. 141). Perguntamo-nos o que essa concepção particular de autonomía poderia significar a partir da perspectiva do design e do projetar. Se, segundo Escobar (2016), autonomía significa promover condições para que os coletivos possam efetuar mudanças e mudar de acordo com suas tradições, permitindo que “toda comunidade pratique o design de si mesma” (Escobar, 2016, p. 16), este conceito questionaria diversas práticas de design para empoderamento de comunidades amplamente difundidas. Pareceu-nos que discutir esse tipo de autonomía exigiria também que os designers considerassem outros tipos de designs, incluindo “designs do Sul” (ver, por exemplo: GUTIÉRREZ BORRERO, 2015; TUNSTALL, 2016) e uma descolonização do design (TLOSTANOVA, 2017).
A ideia da chamada começou como uma conversa apenas entre os três autores deste artigo (Alfredo, Andrea e Chiara). Uma conversa sobre (e através do) cruzamento de culturas, continentes, trajetórias e aspirações. Estamos localizados em e/ou vivendo na Colômbia, Finlândia, Itália e Brasil, e também vivemos em, e passamos por, outros países e lugares ao longo do processo. A chamada foi, portanto, uma maneira de provocar nossos colegas a pensar em um conceito que nos pareceu intrigante e com o qual nos preocupamos. Queríamos discutir este posicionamento particular tanto com acadêmicos que compartilhavam nossa perspectiva quanto com aqueles que não compartilhavam. A ideia era ampliar nosso entendimento sobre o tema da autonomía de maneira polilocal. Organizar uma Chamada de Trabalhos pareceu uma forma interessante de fazer isso, ao mesmo tempo em que nos permitiu conectar pessoas localizadas em diferentes lugares, trabalhando sobre ideias semelhantes ou relacionadas.
Entre outubro de 2016 e dezembro de 2017, vários acadêmicos ao redor do mundo juntaram-se a nós em nossa troca de ideias. Em primeiro lugar, recebemos os artigos submetidos e tivemos a oportunidade de ler e contribuir no trabalho destes autores. Em segundo lugar, também tivemos trocas de e-mail, conversas presenciais e videoconferências com outros acadêmicos interessados na chamada, que queriam discutir o tópico conosco. Começamos a nos perguntar: se várias vozes estão tentando discutir conosco fora dos artigos, como poderíamos incluir alguns destes pontos de vista - e outros - na rica troca que estávamos testemunhando sobre o tema da chamada de trabalhos? Como apresentado anteriormente, buscávamos reunir vozes e perspectivas de acadêmicos do Design comprometidos em valorizar a contribuição de diversas áreas, geográficas e intelectuais. Se direcionamos nosso esforço para a promoção de discursos de design mais ricos e inclusivos - como o design através da autonomía nos pede - não poderíamos tolerar não “mudar as formas como mudamos” (ESCOBAR, 2016, p. 140).
Entre dezembro de 2017 e junho de 2018, lançamo-nos na experimentação e no ensaio. Foi o momento em que o conceito de polylogueemergiu e começou a tomar forma. Queríamos estimular um processo de polyloguecapaz de explorar formas criativas de entender, contribuindo para as ideias de cada um, e de escrever. Após os artigos científicos terem sido selecionados, reunidos e refinados, decidimos amplificá-los e fomentar a conversa, incluindo vários autores que trabalhavam com tópicos semelhantes. A fim de construir o polylogue, identificamos três etapas principais: compartilhar, trocar e evoluir.
No etapa “compartilhar”, contatamos alguns estudiosos do Design que consideramos serem vozes relevantes e rebeldes em relação a repensar o design, e que estão interessados em questões além do padrão civilizatório moderno, capitalista e ocidental - perspectiva subjacente à nossa chamada. Convidamos esses estudiosos a escrever “peças de uma conversação”. Cada peça poderia ser uma apreciação a partir da chamada (tanto concordando quanto discordando de aspectos dela) ou uma reflexão despertada pela própria chamada. O convite explicava que a peça teria que ser escrita de forma mais experimental do que científica. Alguns estudiosos aceitaram, alguns declinaram, alguns não responderam ao nosso convite - como é de se esperar ao se estar em um espaço aberto de produção de conhecimento. No final, dez pessoas aceitaram participar através de sete peças - algumas trabalharam juntas para produzir suas “peças de conversação”.
A etapa "trocar" começou quando recebemos a primeira versão das contribuições: nós as compartilhamos online com todos os colaboradores. Dessa forma, e provocados por nós, eles tiveram a possibilidade de ler uns as peças dos outros. Pedimos a todos que reagissem e contribuíssem nas peças dos demais, da maneira como preferissem (por exemplo, comentando uma passagem, destacando algo, fazendo uma pergunta, etc.). Algumas trocas contribuíram com ideias e referências adicionais (Figura 1), outras planejaram colaboração adicional (Figura 2) e outras reiteraram suas ideias e pensamentos (Figura 3).
Fig. 1: Captura de telas do processo do polylogue: conectar, expandir, comentar (esta não é a diagramação final). Fonte: Autores, 2018.
Fig. 2: Captura de telas do processo do polylogue: conectar, expandir, comentar (esta não é a diagramação final). Fonte: Autores, 2018.
Fig. 3: Captura de telas do processo do polylogue: conectar, expandir, comentar (esta não é a diagramação final). Fonte: Autores, 2018.
Na etapa seguinte, “evoluir”, os autores tiveram a possibilidade de voltar às suas contribuições originais e desenvolvê-las com base nas reflexões provocadas pelos comentários. Produzimos a versão final do polyloguetecendo as últimas versões das peças com fragmentos das conversas ocorridas.
O polylogueé composto por sete peças: Autonomous design and the emergent transnational critical design studies field, por Arturo Escobar; Ideas of Autonomia: Buzzwords, Borderlands and Research through Design, por Ann Light; Design, Development and the Challenge of Autonomy,por Barbara Szaniecki, Liana Ventura e Mariana Costard; Autonomy, collaboration and light communities. Lessons learnt from social innovation, por Ezio Manzini; Moving forward together,por Rosan Chow; Autonomía, the vā, tino rangatiratanga and the design of space, por Anna-Christina (Tina) Engels-Schwarzpaul e Leali‘ifano Albert Refiti; Design, a ‘Philosophy of Liberation’ & Ten Considerations, por Tony Fry.
O polylogueé composto pelo lugar, pela combinação destas peças, pelos fragmentos dos nossos comentários, tornados públicos, e por uma introdução que escrevemos (Towards a polylocal polylogue on designs and autonomías - an intro).
4Discussão e considerações finais
A seção anterior descreve a arqueologia do nosso polylogue polilocal, apontando alguns momentos decisivos de concepção e evolução. Em relação ao que ele representou e representa em termos de produção de conhecimento participativo e colaborativo dentro do design, o polylogue é tanto um processo quanto um resultado. Além disso, pode ser entendido também como uma atividade de design aberta e interminável entre várias pessoas que avançam, experimentalmente, em um nível teórico e empírico através de um processo de compartilhamento e abertura de atividades de pesquisa e projetos de design. Deste processo, destacam-se duas características principais: experimentação e participação. Ambas devem ser consideradas por qualquer pessoa interessada em realizar atividades inclusivas de produção de conhecimento acadêmico. Abordado como experimentação em formas alternativas de produção de conhecimento, um polylogue deve estar mais interessado na participação do que no controle. Concordando com Vine Deloria Jr., que escreveu que "experimentação é participação; o conhecimento é uma expansão de nossa capacidade de formular e compreender nossas relações com o cosmos" (2012, p. 57), pensamos que experimentar é participar, com consciência de si mesmo como um todo. A esse respeito, vemos várias maneiras pelas quais o polylogue fez avançar nosso processo de produção de conhecimento mútuo.
Em primeiro lugar, criou uma “poligamia comunicativa” que nos permitiu estabelecer relações comunicativas frutíferas (casamentos de ideias) entre discursos. Os textos foram abertos ao escrutínio, ideias foram destacadas, comentadas ou questionadas, às vezes, devagar, às vezes, rapidamente. Embora nem todos contribuíssem, muitos incorporaram algumas reflexões em suas versões subsequentes. Comparada a uma revisão por pares mais tradicional, a poligamia comunicativa é um processo iterativo mais participativo e mais reativo. Como as comunicações são curtas, elas deixam rastros, são identificáveis, e algumas combinações interessantes de reflexões emergem (e potencializam colaborações futuras). Por meio da poligamia comunicativa, um polylogue parece capaz de promover o avanço e a evolução de ideias de maneira participativa: os artigos não estão lá para serem avaliados, mas para serem acompanhados.
Em segundo lugar, ao longo do período de atividade do polylogue, as peças funcionaram como uma plataforma para uma “polifonia de posições” e disposições. Compartilhamos diferentes pontos de vista sobre a ideia de design e de autonomía. Isso foi feito em termos conceituais, mas também espaciais e temporais, já que aqueles que participaram estão ainda em diferentes países. Também falamos e escrevemos em um “inglês internacional” temperado com diferentes sabores e sons idiomáticos (português, espanhol, italiano, samoano e alemão). Todas essas posições foram mantidas vivas pelos timestamps dos nossos comentários, pelas notificações em nossos e-mails e pelos bits na tela. A polifonia, no entanto, foi talvez mais audível para aqueles que participaram em tempo real, do que para os futuros leitores da revista, que não poderão ter acesso à totalidade do espectro.
Em terceiro lugar, ao descrever esta configuração “final”, ou este encontro “cosmopolita” de pessoas de diferentes lugares, o polylogue também articulou, por determinado tempo, um fórum policardinal de praticantes de design que estavam, às vezes, distantes, e outras vezes, polilocados. Ler, escrever e reescrever manteve algumas das orientações geográficas vivas, mas também nos aventuramos a propor que, após este exercício, estaríamos melhor posicionados para além das posições Norte, Sul, Leste e Oeste.
Portanto, para nós, todo a edição especial e o polylogue funcionaram através de uma abordagem intercultural, bem como um tipo de design intercultural (GUTIÉRREZ BORRERO, 2018, 2014), que abrange níveis de conhecimento e realidade (baseado no entendimento dos nossos mundos, na produção sobre o conhecimento, na exploração de como agir e agir dentro deles). Uma simulação ao vivo de uma conversação múltipla, que aspiramos continuar expandindo, tanto em frequência, quanto em número de interlocutores.
Como formato e processo, nosso polylogue atual também apresenta limitações e restrições que devem ser reconhecidas. Em fase com os prazos de produção e com o fato de que o processo começou apenas no meio do processo editorial do número especial, aconteceram inúmeras complicações com outros processos que estavam fora do nosso controle. Como em qualquer projeto interinstitucional (DILLE; SÖDERLUND, 2011), o tempo continua sendo uma variante da qual é difícil escapar. Os diferentes ambientes organizacionais de cada colaborador e suas próprias temporalidades específicas levaram a um desajuste temporal, comum neste tipo de projeto. Isso significa que, nesta situação, os processos participativos não podem ser totalmente desenvolvidos e podem até ser dificultados (DEL GAUDIO; FRANZATO; OLIVEIRA, 2017). A esse respeito, não só poderíamos ter dedicado mais tempo à participação, comentando e destacando, mas também, com mais tempo, teríamos podido projetar e experimentar um processo mais adequado a nossas diferentes temporalidades.
Para alguns participantes, a abertura do polylogue a qualquer tipo de contribuição sobre o tema da edição especial funcionou como uma limitação. Conforme nos relataram, alguns acharam difícil contribuir com reflexões sobre questões abordadas por outros participantes, distantes de suas próprias questões. Em outras palavras, eles não puderam (ou não se sentiram confortáveis em) deslocar seu próprio foco ou perspectiva sobre o tópico e abri-lo para outros focos. Como resultado direto dos participantes que não comentaram, alguns colaboradores receberam menos feedback e sugestões sobre seu trabalho do que outros.
Embora a polinização cruzada de ideias tenha ocorrido com base nas contribuições recebidas, ao final, a natureza autoral do conhecimento produzido ainda era predominante. O processo foi mais colaborativo do que participativo. Decidimos publicar as conversas como contribuições individuais, embora no início do processo tenhamos mantido o formato final de saída em aberto. Ao final, pareceu mais correto com o espírito do processo deixar claras as atribuições, traços e trechos das conversas paralelas vivas nas versões finais. Desta forma, quisemos mostrar como as vozes se entrelaçaram e produziram uma polifonia, embora ela possa ter sido mais audível para nós mesmos. O nosso compromisso parcial de enfrentar o desafio de uma produção multi-autoral também teve que lidar com (e enfrentar) as possibilidades limitadas dos meios bidimensionais (a página), um espaço que não é necessariamente propício para hospedar e representar um processo multidimensional polifônico polilocal.
No futuro, esperamos continuar experimentando e ensaiando com novos formatos, processos e polylogues. Os primeiros passos incluirão a exploração de como abrir o polylogue para mais pessoas, ampliando-o em alcance e profundidade. Devemos também investigar e ensaiar como o polylogue pode apoiar uma discussão mais aberta e com uma discordância de tópicos controversos com perspectivas conflitantes. A ideia de ensaio contínuo é, particularmente, apropriada para descrever o que precisa acontecer a seguir. Sentimos e pensamos que, enquanto trabalhávamos em inglês (e não na língua materna de muitos dos envolvidos no processo), tropeçamos, fizemos buracos e nem sempre nos entendemos uns aos outros. Mas talvez, um dia nos entenderemos, e isso irá ecoar em outros cenários e públicos. Finalmente, projetamos e trabalhamos no polylogue com a aspiração de encorajar outros processos similares. Talvez, outros ensaios já estejam em andamento. Portanto, consideramos este artigo apenas como mais um passo no caminho de ensaiar uma polifonia polilocal na produção de conhecimento acadêmico e, esperamos, além. Essas considerações finais podem ser entendidas mais como um convite do que como um encerramento: estamos abertos a explorar mais as possibilidades do polylogue com todos que se interessem, e que busquem fazer crescer o coro policardinal do design!
Referências
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Chiara Del Gaudio is a designer, Doctor in design. Professor of Design of the University of Vale do Rio dos Sinos. She studies participatory and collaborative design, social innovation, strategic design, designer action in fragile and conflict-affected urban areas.
Andrea Botero is a designer. Researcher at the Department of Information Processing Science of the University of Oulu. She studies services, media and technologies for communities.
Alfredo Gutiérrez Borrero is a zootechnologist, Specialist in university teaching. Associate Professor of Industrial Design of the Jorge Tadeo Lozano University. Permanent member of the Planning Board of the magazine Proyectodiseño, since 1995.
How to quote this text: Del Gaudio, C., Botero, A. and Borrero, A. G., 2018. Rehearsing a polylocal polyphony in academic knowledge production. V!RUS, Sao Carlos, 17. [e-journal] [online] Available at: <http://www.nomads.usp.br/virus/virus17/?sec=4&item=6&lang=en>. [Accessed: 15 October 2024].
ARTICLE SUBMITTED ON AUGUST 28, 2018
Abstract:
In this article, we reflect on the possibilities and ways of creating alternative formats for both collaborative and participatory academic knowledge production processes, and on their potentialities. In particular, we look into the concept of polylogue, and how we used it to experiment with a format for collective knowledge production, as guest editors of a recent special edition of the Strategic Design Research Journal (SDRJ). We describe the motivations and origins of our polylogue experiment, and we introduce its process and challenges. We conclude by proposing that a polylogue makes public and accessible meta-reflections and conversations by promoting: communicative polygamy, polyphony of positions and polycardinal forum. These three situations articulate some of the possibilities and limitations of the format that we should continue exploring and rehearsing.
Keywords: Collaboration, Knowledge production, Journals, Polylogue, Academic writing
The special issue, Designing, sensing, thinking through autonomía(s), published on August 2018 by the Strategic Design Research Journal (SDRJ), features a special section called polylogue. This polylogue is, in practical and straightforward terms, a collective multi-authored conversation weaved together, via commenting and collective processing of several individually authored pieces discussing the call for papers (CfP) of the special issue. Its authors participated, by actively contributing in each other's knowledge production; and collaborated, by working together and sharing their contribution toward a common goal, through the CfP process and to its result. Moreover, we chose to make public and visible parts of the thinking process, and the resources that as individuals and as a collective we deployed, in order to materialize our taking part, in a plural way. The polylogue is the result of an ongoing search for spaces for exchange, co-production, and collaborative growth within academia; specifically, in our case, within the design research community. It is an experimental activity to understand what it takes to produce and foster this kind of participatory spaces for knowledge production, for decision-making, and for everyday design activity.
Our interest in exploring new formats stems from two interlocked issues. On the one hand, as researchers, we have been noticing and experiencing the current lack of space for discussion and for collective knowledge production in many academic and scientific venues. On the other hand, as participatory design (PD) scholars and practitioners, we have been experimenting with ways to open up public spaces where different and diverging voices can express themselves in design processes. We notice that there has been a dissonance between our modes of engagement: academic reporting seemed more lonely and restricted than our design practices. Could participatory practices inform better our knowledge production practices?
The limitations and crisis of current knowledge production and communication processes in academia have been gaining attention in diverse fields. There are many factors involved in it. One of the main key aspects of the crises relates to time. As pointed out by Berg and Seeber (2016), the process of corporatization, through which universities have been going through, has meant that processes are mostly valued in regards to their productivity. Franck Donoghue (as quoted by Berg and Seeber, 2016, p. 8) stresses how “market categories of productivity, efficiency, and competitive achievement, not intelligence or erudition, already drive … the academic world”. As a consequence of this drive, there seems to be a lack of resources for researching as well as for initiating collective processes of knowledge production. Participatory processes of knowledge production require both tangible and intangible resources that take time to develop, and whose return on investment is not immediate. They also demand attitudes that favour collective dimensions instead of individual ones. Such processes need to be nurtured and might not always sit comfortably with narrow productivity metrics.
A second crucial influencing factor is the structure of scientific events. In our own field of Design, we can observe wide offering and proliferation of academic events, which nonetheless mostly serve as venues for dissemination. Only a few of them are designed to foster actual discussion and exchange, since only a few provide enough time for intense and thorough discussion of the presented works. Most of the events make room for presenting as many papers as possible. For instance, it is common to organise many parallel sessions while allocating a short time for paper presentations, and a shorter time for questions. As participants of several of these events, we have also observed that the time for questions is rarely used for constructive debate; instead, people seem to dwell more on asking details. This is a dynamic that, in our opinion, does not constitute an exchange, but rather a process of unilateral giving.
In addition to the lack of time and the problematic structures existing in face-to-face opportunities, journals and forums, which are quintessential spaces for advancing knowledge and communicating, asynchronously also take the form of barriers. In fact, journals tend to constitute unilateral means for communication. With notable exceptions, journal papers end up being considered as spaces through which certain individuals - the authors - elaborate their findings, express some thoughts about a specific topic, and direct them at someone else - an audience. Of course, the audience can read, learn and might eventually be able to deploy this knowledge. However, in most of the journals in our area there are no spaces for purposeful exchange and collaborative knowledge production among researchers. There is of course exchange happening between reviewers and editors, with prospective authors whose papers are in need of improvement. Suggestions are given to the authors to help them improve the quality of their work, or in some specific cases, a reader may contact the authors privately on his or her own initiative. These types of exchanges are not documented nor included in the original design of a journal’s modus operandi. A specific situation is constituted by call for papers (CfP) set up based around specific topics. Specific CfPs allow those involved to obtain contributions and information (through papers) about others working with similar issues. However, this is again a very unilateral way of exchanging.
Broadly speaking, even if journals make it possible to communicate research, they also strengthen particular models of argumentation and specific ideas of authorship that are easy to measure. Because of this, they are one of the preferred evaluation metrics of productivity used within scientific fields. In addition to their measurement impact, in the current academic landscape of design research, journals also value specific kinds of knowledge production: knowledge that is codified in written texts and mostly produced in English. On one side, this means that papers should be written according to particular conventions and logics amenable to English language. These types of logics have become a de-facto standard for scientific rationality (Visvanathan, 2009) and endanger plurality. The predominance of English brings with it several opportunities, like a common medium, and certain shared criteria for assessing the results. At the same time, it also prevents researchers (and design) from embracing the production of knowledge and its communication in more participatory, inclusive, cross-cultural, cross-disciplinary, and transdisciplinary ways. This situation also prevents contributions from researchers who do not master the English language, or whose culture and practices do not fit within English and its particular scientific rationality. At least in design research, there is a predominance of certain debates, theories and preoccupations of the global North, with the exclusion or invisibility of lateral and southern voices (see Pérez-Bustos, 2017, for similar questioning). This, in turn, reflects on education and practice, when only certain theories and debates are replicated by teachers and professors in higher education design courses all around the world. Taking into consideration the above points, we posed several questions when working on our special edition. How could academic design research writing be more inclusive and participatory? How can we foster North-South exchange, and foster participation, collaboration and exchange of knowledge? How can we foster participation and collaboration between people with common interests, but who are unable to meet each other and work together due to infrastructural issues?
Throughout the last few years, we have been working on alternative configurations for research and academic events: for example, by introducing roundtables for discussion at SBDS (Simpósio de Design Sustentável) since its 5th edition, and by trying out the fishbowl discussions format at the Participatory Design Conference. This paper aims to present another step in this process: our attempt at turning scientific journals into spaces for participatory and collaborative knowledge production across dispersed design research fields. The experiment that will be presented in this paper seeks to challenge simplistic ideas of authorship, to foster forms of collaboration in academic writing, and participation in other researchers’ knowledge production. In order to do this, this paper introduces an experimental process on designing, promoting and implementing collaborative knowledge spaces by means of a “polylogue” (expanding from dialogue) in an academic journal.
2Polylogue
The word Polylogue is a combination of two Greek concepts: poly- that means “much, many”, and -logos meaning “discourses” or “reasons”. In developing this idea, we identified three references which constitute the origins of the term for us. First, we borrow from the French linguist Catherine Kerbrat-Orecchioni (2004), who uses the term to refer to communicative interactions among multiple participants. In her work, she identifies and questions the deep-seated tendency to assume communicative interactions as something that happens between just two individuals, which leads to the assumption that this form of interaction is the prototype of all interaction forms. However, since she realizes that this assumption is hardly questioned, Kerbrat-Orecchioni (2004) prefers to use the concept of polylogue, instead of dialogue, to explicitly draw attention to multiplicity.
The second origin can be traced back to the work of the Taiwanese philosopher Hsueh-i Chen (2010). Hsueh-i Chen borrows the concept of polylogue from the contemporary Austrian philosopher Franz Martin Wimmer. In his work, polylogue represents a means to overcome Eurocentrism in philosophical thought for intercultural communication. According to Chen (2010), many (poly) words, voices, discourses or reasons (logos) intersect in two ways. The first one is a sort of chatty cacophony in which everyone talks (or writes) at the same time and nobody listens (or reads) to anyone, producing a state of non-communication and exchange. The second one is more optimistic (and ideal) and considers the polylogue as a medium to reconcile and articulate reasonably many different ways of thinking. As Chen (2010, p.62) states, “identifying ourselves culturally not only entails remembering what we have already been”, but it also implies that we must reinvent ourselves.
The foregoing led us to the third origin that is inspired by the work of designer Fernando Álvarez Romero (2014). Álvarez Romero (2014) draws on the work of the Swiss philosopher and theologian Josef Estermann, who compares the philosophical traditions of the West and the Andean peoples (for more information, see Estermann, 2006, 2008). Based in this comparison, Álvarez Romero (2014) proposes that a polylogue should operate in two directions: first, it mediates between different cultures (through an intercultural approach similar to those already presented); and second, it articulates the knowledge that is produced (in science, empiricism, as applied wisdom, as well as of technologies and techniques of different origins) to transform not a reality, but realities; not a world, but worlds. In this view, those engaged in a polylogue cannot assume that a specific concept can be defined within the parameters of just a certain culture, because otherwise expressions of other cultures that will not satisfy this a priori definition could then be easily (de-)qualified as “magic thoughts”, or “ethno-philosophy”, etc.
Based on the foregoing, the concept of polylogue seems to be relevant for re-designing scientific production and communication by means of subtly introducing a new format in an academic journal. As a format, the Polylogue seeks to support knowledge production in which a multiplicity of voices participate. The starting point can be a concept (autonomía, as we will see in our case later), which can be challenged or further understood through the articulation of different perspectives. In this way, concepts can be redefined through the interaction of different voices, producing new knowledge and promoting professional and personal growth for those implicated. If able to support these collective processes, academic journals could become a platform for a transition towards valuing plural ways of understanding reality, knowledge, as well as towards shared and collaborative inside-outside academy knowledge production. These were some of the premises that guided our collective work towards a polylogue, which we describe in the next section.
3The SDRJ special issue and the polylogue
On January 2017, we started organizing a CfP for the SDRJ on “Autonomía | Design Strategies for Enabling Design Process”, which could make it possible to map emerging design strategies for enabling autonomous design processes (Botero, Del Gaudio and Gutiérrez Borrero, 2017). The CfP responded to a particular understanding of the concept of autonomía developed in Latin America, as a “cultural, ecological and political process that involves autonomous forms of existence and decision making” (Escobar, 2016, p.141). We wondered what this particular conception of autonomía could mean from the perspective of design and designing. If, according to Escobar (2016), autonomía means supporting conditions for collectives to be able to effect change and to change according to their traditions, allowing “every community [to] practice the design of itself” (Escobar, 2016, p. 16), the concept would challenge several widespread design practices for community empowerment. It seemed to us that discussing this type of autonomía would also require designers to consider other types of designs, including “designs from the South” (see e.g.: Gutiérrez Borrero, 2015;Tunstall, 2016) and a decolonizing of design (Tlostanova, 2017).
The idea of the CfP started as a conversation between just the three of us (Alfredo, Andrea and Chiara). A conversation on (and by) the crossing of cultures, continents, trajectories and aspirations. We are located in/living in/from Colombia, Finland, Italy and Brazil, we lived in and passed through other countries and places throughout the process. The CfP was thus a way for us to provoke our peers to think about a concept we found intriguing and we cared about. We wanted to discuss this particular take, both with scholars who shared our perspective as well as with ones who did not. The idea was to increase our understanding on the topic of autonomía polylocally. Organizing a CfP seemed to us to be an interesting way to do that, at the same time as it would allow us to connect with people located in different places from us, working on similar or related ideas.
From October 2016 to December 2017, several scholars around the world joined us in our exchange of ideas. First, we received the paper submissions and had the opportunity to read and to contribute to these authors’ work. Secondly, we also had email exchanges, face-to-face conversations and video conferencing calls with other scholars interested in the CfP who wanted to discuss the topic with us. We started wondering: if several voices are trying to discuss with us outside of the papers, how can we include some of those points of view - and others - in the rich exchange we were witnessing on the topic of the CfP? As previously stated, we were seeking to gather voices and perspectives of design scholars engaged in valuing the contribution of diverse geographical and intellectual areas. If our effort was directed towards promoting richer and more inclusive design discourses - as designing through autonomía implied - we could not tolerate not “changing the ways we change” (Escobar, 2016, p.140).
In December 2017 and June 2018, we threw ourselves into experimentation and rehearsal. At this point, the concept of polylogue emerged and started taking form. We wanted to foster a polylogue process capable of exploring creative ways of understanding, contributing to each other’s ideas, and writing. Once the research articles were selected, gathered and refined, we decided to amplify them and foster the conversation by including several authors who work with similar topics. To construct the polylogue, we identified three main steps: to share, to exchange and to evolve.
In the “to share” step, we contacted some design scholars who we considered as relevant and rebel voices in rethinking design and who are interested in issues beyond the modern, capitalistic and western civilizational pattern, the perspective underlying our CfP. We invited them to write “pieces of a conversation”. Each piece could be a statement about the CfP (to agree as well as to disagree with aspects of it), or a reflection that the call itself raised. The invitation stated how the piece would be written in more experiential terms than in academic way. Some scholars accepted, some declined, some did not answer our invitation - as it is supposed to be in an open space for knowledge production. In the end, ten people agreed to participate through seven pieces - some of them worked together to produce their “piece of conversation”.
The “to exchange” step started when we received the first version of the contributions: we shared them online amongst all contributors. In this way, they had the possibility, provoked by us, to take a look at each other’s pieces. We asked everybody to react as well as to contribute to them as they preferred (i.e. by commenting on a passage, highlighting something, asking a question, etc.). Some exchanges contributed with ideas and further resources (Figure 1), others planned further collaboration (Figure 2), and others reiterated their ideas and thoughts (Figure 3).
Fig. 1: Screenshots of the polylogue process: linking, expanding, commenting (not final layout). Source: Author, 2018.
Fig. 2: Screenshots of the polylogue process: linking, expanding, commenting (not final layout). Source: Author, 2018.
Fig. 3: Screenshots of the polylogue process: linking, expanding, commenting (not final layout). Source: Author, 2018.
In the next step, “to evolve”, the authors had the possibility of going back to their original contributions, and evolving them based on the thoughts provoked by the comments. We produced the final version of the polylogue by weaving the last versions of the pieces with fragments of the conversations that took place.
The polylogue consists of 7 pieces: Autonomous design and the emergent transnational critical design studies field, by Arturo Escobar; Ideas of Autonomia: Buzzwords, Borderlands and Research through Design, by Ann Light; Design, Development and the Challenge of Autonomy, by Barbara Szaniecki, Liana Ventura, Mariana Costard; Autonomy, collaboration and light communities: Lessons learnt from social innovation, by Ezio Manzini; Moving forward together, by Rosan Chow; Autonomía, the vā, tino rangatiratanga and the design of space, by Anna-Christina (Tina) Engels-Schwarzpaul and Leali‘ifano Albert Refiti; Design, a ‘Philosophy of Liberation’ & Ten Considerations, by Tony Fry (Note of editors: This special SDRJ issue is available at: <http://revistas.unisinos.br/index.php/sdrj/index>).
The place, the combination of these pieces, fragments of our comments made public and an introduction written by us (Towards a polylocal polylogue on designs and autonomías - an intro) constitute the polylogue.
4Discussion and final considerations
The previous section outlines the archaeology of our polylocal polylogue by pointing out some crucial moments of its conception and evolution. In regards to what it represented and represents in terms of participatory and collaborative knowledge production within design, the polylogue is both a process and a result. Moreover, it can also be understood as an open-designed and never-ending design activity among several people that experimentally progress on a theoretical and empirical level through a process of sharing and opening up research activities and design projects. Two main features of this process stand out: experimentation and participation. Both should be considered by anyone interested in undertaking inclusive academic knowledge production activities. Approached as experimentation into alternative ways of knowledge production, a polylogue should be more interested in participation than in control. Following Vine Deloria Jr., who wrote that: "experimentation is participation; knowledge is an expansion of our ability to formulate and comprehend our relationships with the kosmos" (2012, p.57), we think that to experiment is to take part, with consciousness of oneself as a whole. In this regard, we see several ways in which the polylogue advanced our mutual knowledge production process.
First, it created a “communicative polygamy” that allowed us to establish fruitful communicative relationships (marriages of ideas) between discourses. Texts were open to scrutiny, ideas were highlighted, commented on or questioned, sometimes slowly, and sometimes fast. While not everybody contributed, many did incorporate some reflections in their subsequent versions. Compared to a more traditional peer review, communicative polygamy is a more participatory iterative process and a more reactive one. Since communications are kept short, they leave traces and are identifiable, and a few interesting combinations of thought appear (and potential future collaborations). Through communicative polygamy, a polylogue seems able to foster idea advancement and evolution in a participatory manner: the papers are not there to be assessed but to be accompanied.
Secondly, throughout the polylogue activity period, the pieces worked as a platform for a “polyphony of positions” and dispositions. We laid down different points of view towards the idea of design and autonomía. This was done in conceptual terms but also in spatial and temporal terms, since those of us who participated are located in different countries. We also speak and write in “international English” seasoned with different idiomatic flavours and sounds (Portuguese, Spanish, Italian, Samoan and German). All these positions were kept alive by the timestamps of our comments, the notifications in our emails, and the bits in the screen. The polyphony, however, was perhaps more audible for those of us who participated in real time, than to the future readers of the journal, who will not be able to register the entire spectrum.
Thirdly, in describing this “final” configuration, or this “cosmopolitan” encounter of people from different places, the polylogue also articulated for a some time a polycardinal forum of design practitioners who were sometimes far apart and sometimes polylocated. Reading, writing and rewriting kept some of the geographical orientations alive, but we also ventured to propose that after this exercise we would be better positioned beyond North, West, East and South positions.
Therefore, for us, the whole special edition and the polylogue work through an intercultural approach, as well as a kind of intercultural design (Gutiérrez Borrero, 2014), which spans across levels of knowledge and reality (based on the understanding of our worlds, on the producing on knowledge, on exploring how to act and to act within them). A live simulation of a multiple conversation that we aspire to continue expanding both in frequency and number of interlocutors.
As a format and process, our current polylogue also features limitations and constraints that should be acknowledged. In line with production deadlines and with the fact that the process started only in the middle of the special issue editorial process, there were many entanglements with other processes outside of our control. As in any inter-institutional project (Dille and Söderlund, 2011), time keeps lingering as a variant that is difficult to escape from. The different organizational environments of each contributor and their own specific temporalities led to a temporal misfit that is common in this type of project. This situation means participatory processes must be fully developed, and can even hinder them (Del Gaudio, Franzato and Oliveira, 2017). In this regard, not only could we have had devoted more time to participation, commenting and highlighting, but also, with more time, we could have designed and experimented on a process capable of fitting better within our different temporalities.
For some participants, the openness of the polylogue to any kind of contribution about the topic of the special issue acted as a limitation. Some of them, as they reported to us, found it difficult to contribute with reflections on issues addressed by other participants that they felt to be far from their own. In other words, they could not (or were not comfortable with) dislocate their own focus or perspective on the topic and open it up to different ones. As a direct result of some participants not commenting, some contributors received less feedback and suggestions on their work than others.
Even though cross pollination of ideas occurred based on the contributions received, the authorial nature of the knowledge produced was still predominant. The process was more collaborative than participatory. We decided on publishing the pieces of conversation as individual contributions, although at the beginning of the process we kept the final output format open. In the end, it felt truer to the spirit of the process to leave the attributions clear and traces and snippets of our parallel conversations alive in the final versions. In this way, we wanted to show how voices intertwined and produced polyphony albeit that one may have been more audible for ourselves. Our partial compromise to address the challenge of multiple authors also had to deal with (and face) the limited possibilities of two-dimensional means (the page), a space that is not necessarily conducive to hosting and representing polylocal polyphonic multidimensional process.
In the future, we hope to continue experimenting and rehearsing with new formats and processes and new polylogues. The first steps will include exploring how to open up the polylogue to more people, extending reach and depth. We should also investigate and rehearse how the polylogue might support better open discussion and dissent of controversial topics with conflicting perspectives. Continuing rehearsal is particularly appropriate to describing what needs to happen next. We felt and thought that while we worked in English (not the mother tongue of many of those involved in the process), we stumbled, we made holes and we did not understand each others always, but perhaps we will one day; and this will echo in other scenarios and audiences. Finally, we designed and worked on the polylogue with the aspiration to encourage other similar processes; some other rehearsals may already be in progress. Therefore, we consider this paper as just another step on the path of rehearsing a polylocal polyphony in academic knowledge production and, hopely, beyond. These final considerations could be understood more as an invitation than a closing argument: we are open to further explore the polylogue possibilities with everyone caring and seeking to let the polycardinal design chorus grow!
References
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