Geisa Bugs é arquiteta e urbanista, Mestre em Tecnologias Geoespaciais e Doutora em Planejamento Urbano e Regional. É docente no Centro Universitário Ritter dos Reis - UniRitter nos cursos de graduação e pós graduação. Pesquisa nas áreas de projeto e planejamento urbano, participação pública e Sistemas de Informação Geográfica, cartografia digital e dados espaciais.
Fábio Bortoli é arquiteto e urbanista e Doutor em Arquitetura. É docente no Centro Universitário Ritter dos Reis - UniRitter, nos cursos de graduação e pós graduação. É pesquisador na área de concentração 'Projeto como investigação: arquitetura e cidade'.
Como citar esse texto: BUGS, G.; BORTOLI, F. Participação ativista-colaborativa utilizando cartografias digitais.V!RUS, São Carlos, n. 17, 2018. [online] Disponível em: <http://www.nomads.usp.br/virus/virus17/?sec=4&item=9&lang=pt>. Acesso em: 07 Out. 2024.
ARTIGO SUBMETIDO EM 28 DE AGOSTO DE 2018
Resumo
Este artigo discute como o uso de cartografias digitais, no contexto das TIC, possibilita formas colaborativas de produção e compartilhamento de informações sobre as cidades em processos de criação coletiva. São apresentados fundamentos teórico-críticos sobre participação e colaboração na produção de informações e cartografias digitais e são discutidos exemplos de plataformas que utilizam colaborativamente ferramentas digitais de representação de dados espaciais, tirando partido da dinâmica do ativismo e das mídias sociais. Assume-se, ao final, que o mapeamento coletivo e a colaboração online podem contribuir para constituir formas emergentes de participação e de organização da sociedade civil.
Palavras-Chave: Cartografias digitais, Colaboração, Participação, TIC, Ativismo
1Introdução
Com a revolução das tecnologias digitais, estamos passando por uma mudança de paradigma de um mundo baseado no material para um mundo baseado nas informações (FELICE, 2007). A ubiquidade das TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) está produzindo ambientes urbanos que são completamente diferentes de tudo o que se experimentou até agora. É um novo contexto, em que um grupo muito maior de pessoas pode se engajar (ROCHA; PEREIRA, 2011; PFEFFER et al., 2013; MARTINS et al., 2017).
As TIC estão transformando a maneira como as pessoas se comunicam e interagem. Elas fomentam novas formas de socialização, consumo, produção de conhecimento, cidadania e ativismo. Hoje em dia, é muito mais fácil e rápido acessar e visualizar informações na Internet, e informação é poder. Na sociedade atual, em que o público interage mais facilmente entre si e mesmo com o governo, é inegável a ampliação dos canais de participação cidadã. As tecnologias digitais estão mudando também as formas de relação dos habitantes com o espaço urbano (BUGS, 2014).
Neste sentido, ferramentas digitais com serviços de mapas online, as cartografias digitais, expandem os limites da compreensão do espaço urbano. Consequentemente, o interesse e a capacidade dos habitantes em participar das decisões que afetam o seu espaço de vivência urbana estão aumentando (BUGS, 2014). As diversas metodologias, através das quais vários tipos de conhecimento espacial são produzidos, utilizados e trocados, estão sendo amplamente influenciadas pela adoção em massa de ferramentas SIG (Sistemas de Informação Geográfica) na Web, fruto da chamada revolução geoespacial (HUDSON-SMITH; CROOKS, 2008; BATTY et al., 2010). Muitas iniciativas têm sido postas em prática através do fornecimento de uma interface na forma de mapa online interativo para facilitar a troca de informações espaciais ou mesmo a criação dessas informações.
Ao mesmo tempo, grandes empresas de tecnologia e organizações não governamentais se voltam para a criação de ferramentas de localização que possibilitem o controle e a exploração comercial das bases cartográficas digitais e das informações coletadas pelos usuários destes sistemas (FISHER, 2013). Ao uso comercial, somam-se as questões relacionadas à privacidade e às estratégias de disseminação da informação (verdadeira ou não), tão presentes nos dias atuais e que ameaçam potencialmente as formas como as sociedades têm se organizado (LISSARDY, 2017).
Tendo em vista as revoluções digital e geoespacial, bem como os novos dinamismos da sociedade contemporânea resultantes, vislumbra-se a emergência de uma nova vertente participativa, aqui denominada ativista-colaborativa, a qual está sendo consideravelmente apoiada pelo uso das TIC e da cartografia digital. Assim sendo, o artigo aborda formas emergentes de participação e colaboração a partir de iniciativas e projetos que estão contribuindo para a construção coletiva da cidade e o compartilhamento de informações sobre aspectos da vida urbana em meio virtual, através da utilização de cartografia digital, a fim de ampliar o debate sobre modos de participação e colaboração.
2Processos contemporâneos de construção coletiva e compartilhamento de informações
2.1 Cultura da colaboração
O fenômeno da produção coletiva em massa, ou crowdsourcing (HOWE, 2006), utiliza o conhecimento e o trabalho voluntário de internautas para resolver problemas, criar conteúdo ou desenvolver novas tecnologias. Trata-se de um trabalho de cooperação e colaboração entre um grande número depessoas com interesses comuns que partilham conhecimentos e dividem tarefas para construir conteúdos (ROCHA; PEREIRA, 2011).
Howe (2006) explica que o crowdsourcing operacionaliza a sabedoria das multidões e fornece um mecanismo para aproveitar a inteligência coletiva de usuários online para fins produtivos. A sabedoria das multidões é um termo oriundo do livro The Wisdom of Crowds,de Surowiecki (2004), sobre a agregação de informação em grupos. No livro, o autor examina vários casos em que o sucesso de uma solução depende de seu surgimento a partir de um grande número de participantes. Com base em investigações empíricas, ele conclui que, sob as circunstâncias corretas, os grupos são, muitas vezes, mais inteligentes do que as pessoas mais inteligentes neles. A ideia fundamental é a de o todo ser capaz de se autocorrigir, gerando conteúdos mais confiáveis do que aqueles produzidos por um indivíduo apenas (BUGS, 2014).
Talvez o maior exemplo de colaboração em massa seja a Wikipédia, um dos sítios Web mais acessados atualmente. A enciclopédia livre e gratuita é construída continuamente através de um sistema de gerenciamento de conteúdo, que cria um repositório de informações atualizáveis facilmente por seus usuários, a Wiki (BUGS, 2014). A revista Nature Online comparou a qualidade dos artigos encontrados na Enciclopédia Britânica com a Wikipédia, e chegou à conclusão de que se aproximam em termos de precisão científica, segundo Fischer (2011).
Para Fischer (2011), paulatinamente nos afastamos de um mundo em que um pequeno número de pessoas define regras, cria produtos e toma decisões, na direção de um mundo em que todas as pessoas são dotadas de meios para participar e contribuir ativamente na resolução de problemas pessoalmente significativos, o que ele caracteriza como "cultura da participação". Para o autor, esta cultura da participação oferece oportunidades para enfrentar grandes problemas da sociedade, tais como: problemas de uma magnitude que indivíduos e grandes equipes não podem resolver sozinhos; problemas de natureza sistêmica que exigem a colaboração de muitos atores diferentes; problemas que exigem alto grau de envolvimento e dedicação; e problemas de modelagem única.
Ainda conforme o autor, as pessoas desejam se engajar quando podem decidir e, no fim, valorizam muito mais as soluções feitas por elas. Porém, é inconveniente forçar as pessoas a serem contribuintes ativos em atividades pessoais irrelevantes. Isso pode ser ilustrado pelas ferramentas modernas do tipo faça você mesmo, com as quais as pessoas precisam executar tarefas que anteriormente seriam realizadas por trabalhadores qualificados. Embora essa mudança forneça liberdade e controle, também força as pessoas a agirem como contribuintes em contextos em que elas não têm a experiência e o conhecimento necessários para fazer essas tarefas. Por fim, o autor conclui que todas as pessoas querem tanto ser o consumidor – em atividades pessoalmente irrelevantes, quanto um contribuinte ativo – em atividades pessoalmente significativas (FISCHER, 2011).
Portanto, as TIC potencializam a capacidade do ser humano de produzir colaborativamente. Esse potencial tem sido usado também para mudar a conduta dos habitantes com relação ao espaço urbano, fomentando o engajamento cívico e o ativismo online.
2.2 Ativismo online
Desde os primórdios, as TIC potencializaram as mobilizações populares e o engajamento cívico (BUGS, 2014). Por exemplo, por um longo período da história, os livros eram copiados apenas em Latim e com temas religiosos, inacessíveis às pessoas comuns, mas, com a invenção da imprensa, a mídia impressa comercial ajudou as pessoas a se entenderem como parte de uma coletividade mais ampla (CASTELLS, 1983). Hoje, a Internet já é apontada como sendo mais fortemente associada ao engajamento cívico do que o consumo de mídias impressas e televisuais e a discussão face a face (ROTHBERG, 2008).
Na Internet, o ativismo encontra mais adeptos, dada a facilidade de conexão entre as pessoas, a velocidade do fluxo das informações, e o baixo custo operacional. O Greenpeace, por exemplo, pratica o ciberativismo há muito tempo, sendo que hoje mais da metade dos seus colaboradores o faz através da Internet. Outro exemplo é o Avaaz, rede global de ativistas, disponível em 15 línguas, que coordenouem 2010 a mobilização que conseguiu mais de dois milhões de assinaturas a favor da aprovação da lei da Ficha Limpa no Brasil (BUGS, 2014).
Contudo, existem críticas ao ciberativismo. A mais comum se refere à exclusão digital. Outra crítica contundente trata do "ativismo preguiçoso", termo que diz respeito àquelas situações em que as pessoas participam de causas na Internet apenas para “aliviar a consciência” (MEIRELES, 2010), curtindo uma página do Facebook e assinando petições, porém o engajamento fora da Internet (ações de caridade, trabalho voluntário, engajamento político, etc.) é quase nulo. Mesmo assim, a adesão de internautas a causas online só cresce (BUGS, 2014).
2.3 Mídias sociais
O fenômeno das mídias sociais refere-se a um grupo de aplicações Web que permitem a criação e troca de conteúdos gerados pelos usuários (KAPLAN; HAENLEIN, 2010). São aplicações projetadas para permitir a interação social através do compartilhamento e da criação colaborativa de informação nos mais diversos formatos (música, vídeo, fotos, etc.). Nas mídias sociais, os usuários compartilham todo o tipo de informações sobre si e interagem com outras pessoas (ROCHA; PEREIRA, 2011).
Kaplan e Haenlein (2010) classificam as mídias sociais em interativas, expressivas e colaborativas. As mídias sociais interativas são aquelas em que os usuários interagem comentando os conteúdos que encontram nos sítios (atualmente, quase todas as aplicações apresentam esta funcionalidade). As mídias sociais expressivas são aquelas em que quem escreve está expressando uma opinião ou explanando algum assunto (p. ex. blogs e Twitter). Já as mídias sociais colaborativas são aquelas em que os usuários colaboram diretamente uns com os outros produzindo novos conteúdos em conjunto (p. ex. Wiki).
Destaca-se também o grande número de aplicações de mídias sociais que utilizam os serviços de GPS (Sistema de Posicionamento Global) e de mapas online para indicar onde o usuário se encontra e procurar por contatos seus que estejam próximos desse local, como o FourSquare. Para Pereira et al. (2013), essas aplicações se configuram em um novo modo de interação do cidadão com o espaço urbano que pode alterar profundamente a forma como as pessoas leem as cidades, pois o lugar onde o cidadão está localizado contextualiza pesquisas, o que pode atribuir novos significados ao espaço físico em questão.
Portanto, conforme Pereira et al. (2013, p. 1), as mídias sociais configuram-se em "um espaço que favorece o estabelecimento de uma nova sociabilidade", um "ambiente privilegiado para o desenvolvimento e partilha de opiniões e um local de chamada à ação que reconfigura o espaço urbano". Dinâmicas como essas refletem em novas formas de relacionamento com os pares, com o espaço urbano, e mesmo com o governo.
Não obstante, recente escândalo conhecido como ‘The Cambridge Analytica Files’ revelou uma face obscura e preocupante das mídias sociais: dados pessoais de milhões de usuários foram extraídos do Facebook e utilizados pela empresa Cambridge Analytica para traçar perfis psicológicos, os quais foram então úteis para direcionar propaganda política e fake news de modo a gerar engajamento online para causas reconhecidas como de extrema-direita (CADWALLADR; GRAHAM-HARRISON, 2017). As ações orquestradas podem ter influenciado dois grandes eventos em duas democracias consolidadas: o referendo que decidiu o Brexit, no Reino Unido, e a eleição presidencial que culminou com a vitória de Donald Trump, nos EUA, ambos em 2016.
2.4 Formas emergentes de participação
A participação pode ser definida como “um processo de tomada de decisão aberto à cidadania envolvendo temas que, direta ou indiretamente, afetam a vida de grupos e indivíduos no uso e apropriação de um determinado território urbano” (POZZOBON, 2008, p. 20). Essa definição permite a distinção entre situações de participação e de não participação associadas ao modelo tradicional de governo, no qual os eleitos são os decisores políticos, os quais, tradicionalmente, com a ajuda de especialistas, tomam as decisões (ROWE; FREWER, 2005). Entretanto, alternativamente, as tecnologias digitais suportam o que pode ser considerado um novo tipo de participação "auto-organizada", diferentemente da participação "legalizada", que se refere a atividades iniciadas pela comunidade, de baixo para cima (HORELLI, 2013).
Staffans (2004) identificou duas vertentes no discurso participativo: a democrática, a qual defende a transparência, a deliberação e o bom governo; e a ativista, que defende a inovação, a busca por melhores soluções, projetos de baixo para cima e utilização de dados abertos, características da era da informação, conforme Figura 1.
Na vertente democrática, há uma forte conexão entre a participação e a formulação de políticas e a governança. Isso também se reflete na teoria que, ao longo dos anos, tem enfatizado a natureza social e institucional do planejamento participativo (STAFFANS et al., 2010). Diferenças ideológicas sobre participação cidadã e debates sobre o seu lugar no governo estão relacionados conceitualmente com a centralização e a descentralização da autoridade administrativa. Particularmente, a participação com fins democráticos representa uma aplicação do princípio descentralizador, que assume o propósito de delegar autoridade de tomada de decisão para um número mais amplo de pessoas (MILAKOVICH, 2010).
A vertente ativista, por sua vez, promove a colaboração e uma maior interação entre os interessados. Inclui a ideia da capacidade de os cidadãos participarem efetivamente das atividades em tempo real através do uso das TIC, produzindo conhecimento em ambientes online. Teoricamente, no entanto, não tem havido muita discussão sobre se as instituições estarão dispostas a abrir-se a este debate público de baixo para cima (STAFFANS et al., 2010). Visualizar o cidadão como coprodutor é uma concepção diferente, mas altamente relevante de participação, que não deve ser menosprezada. Este tipo de papel ativo é um ingrediente essencial nas tentativas mais contemporâneas para capacitar as comunidades locais a agir em seus próprios interesses, segundo Milakovich (2010).
Destarte, emerge um novo espectro de participação, o qual, apesar de possuir objetivos semelhantes aos da participação tradicional, tais como melhorar a qualidade da vida urbana, se utiliza de outros meios para alcançá-los e não é direcionado por ações governamentais (BUGS, 2014), ou seja, são iniciativas de baixo para cima. Essa participação ativista-colaborativa está diretamente ligada ao uso das TIC e da cartografia digital.
2.5 Produção cartográfica digital colaborativa
A revolução digital teve impactos transformadores na natureza dos SIG e em questões de produção e uso da informação geográfica. A partir da chamada revolução geoespacial, ferramentas SIG e informações geográficas se tornaram mais abertas e acessíveis ao público em geral (HUDSON-SMITH; CROOKS, 2008; BATTY et al., 2010; BUGS; REIS, 2016). Uma quantidade significativa de informações da Web começou a ser indexada pela sua componente espacial e exibida nos serviços de mapas online. Em outras palavras, o mapa passou a ser uma parte importante dos serviços de busca por informações na Web (BATTY et al., 2010) e, em muitos casos, tornou-se o suporte dessas informações.
A cartografia digital também é utilizada por uma variedade de sítios Web para explorar o mapeamento voluntário e combinar a funcionalidade de um sitecom a de outro, isto é, criar mashups (misturar conteúdo de mais de uma fonte para criar um novo serviço completo) de mapas (HUDSON-SMITH; CROOKS, 2008; BUGS; REIS, 2016). Os mashups apareceram na Web pela primeira vez em 2004, mas a aparição do Google Maps e sua API aberta, em 2005, facilitou tremendamente essa tarefa. É quase impossível contabilizar o número de mashups de mapas que vêm sendo desenvolvidos na Web ultimamente. Para se ter uma ideia, em agosto de 2008 havia 1.740 e, em fevereiro de 2010, esse número já havia subido para 2.153 mashups de mapas, segundo Batty et al. (2010).
Os usuários, por sua vez, utilizam esses serviços para criar e distribuir, de forma proativa, sua própria informação geográfica. Tal atuação tem sido designada por termos como Neogeography (Nova geografia) (TURNER, 2006) e VGI – Volunteered Geographic Information (Informação Geográfica Voluntária) (GOODCHILD, 2007), os quais se referem ao aproveitamento de ferramentas SIG e mapas online para criar e disseminar dados geográficos voluntariamente (BUGS; REIS, 2011).
Informações geográficas e ferramentas que tempos atrás eram exclusivamente utilizadas por especialistas estão agora ao alcance de qualquer pessoa que navegue pela Web. Diferentemente do passado, quando as instituições eram as principais responsáveis pela criação e distribuição de informações geoespaciais, agora qualquer pessoa pode facilmente produzir um mapa e publicá-lo online (BUGS; REIS, 2016; MARTINS et al., 2017).
Neste contexto, bases cartográficas abertas são disponibilizadas gratuitamente e construídas coletivamente, de maneira descentralizada, colaborativa e voluntária. Dois exemplos bastante conhecidos são Wikimapia e OpenStreetMap. Os dois fornecedores oferecem seus mapas sob licenças de uso que possibilitam a utilização desde que creditada a fonte e que quaisquer alterações/melhorias executadas também sejam oportunizadas para a comunidade. O Mapbox usa as bases do OpenStreetMaps para oferecer serviços pagos de mapeamento global, por exemplo.
As bases proprietárias, por sua vez, são construídas por empresas e liberadas, em níveis diferentes de utilização, para usuários domésticos de forma gratuita, ou empresas como serviço pago. Google Maps, Nokia, ESRI e TomTom são alguns dos maiores representantes desse setor e abarcam boa parte desse mercado. O Google Maps foi uma das primeiras bases acessíveis para uso e visualização gratuitas, por volta de 2005, mas, ao longo do tempo, vários de seus serviços passaram a ser comercializados. Atualmente, é possível usar as bases do Google Maps e suas APIs (Interface de Programação de Aplicativos) para criar mapas e APPs próprios e disponibilizá-los aos usuários finais, mas, dependendo do nível de utilização, esse uso será pago. Ainda, pode-se colaborar na produção de informação do Google Maps através da plataforma MyMaps, onde é permitido usar as bases para produção de mapas próprios, e da plataforma colaborativa Google Places, a qual utiliza estratégia de gamificação para engajar usuários na produção de informação, avaliação e documentação de lugares. A plataforma Google Places possui informações de 100 milhões de lugares ao redor do mundo, recebendo 25 milhões de atualizações voluntárias por dia, realizadas por mais de 1 bilhão de usuários ativos por mês (GOOGLE CLOUD, 2018).
As informações fornecidas pelo Google Maps são, em muitos aspectos, mais completas e mais precisas que as governamentais, e extensas a ponto de poderem ser consideradas parte da infraestrutura da informação (FISHER, 2013). Já o OpenStreetMap, visto como o principal concorrente do Google Maps (também graças às contribuições de empresas como Microsoft, Foursquare e Telenav), busca evitar que o mapeamento digital se constitua em monopólio privado. O certo é que as bases digitais de informações cartográficas já são estratégicas para diversos setores econômicos, e seu controle exclusivo por empresas privadas levanta sérias questões em relação ao acesso e à privacidade dos usuários.
Ainda assim, o mapeamento colaborativo tem sido utilizado de várias formas para registrar e compartilhar informações sobre a cidade, potencializando a criação de uma “cidade virtual”, que ajuda cidadãos em suas tarefas diárias, ou, em casos extremos, a evitar obstáculos perigosos. Mapas colaborativos digitais, para Ribeiro e Lima (2012), “são construídos coletivamente pela alimentação de conteúdos por parte de seus colaboradores/usuários” e “centrados no valor de uso, isto é, na possibilidade de micro-interpretações, nas quais a utilização do mapa como mediação entre os indivíduos e o território é a questão substancial”. Os mesmos autores ressaltam o potencial desses recursos para ampliar as possibilidades de reconfiguração subjetiva e apropriação dos lugares, marcada pela experimentação do espaço.
3Iniciativas
Dado esse cenário, são apresentados a seguir exemplos de projetos e/ou iniciativas que tiram partido das TIC e da cartografia digital para a construção coletiva de conhecimento e compartilhamento de informações sobre as cidades em processos de criação coletiva.
3.1 Eventos de violência urbana
Algumas plataformas colaborativas funcionam para registrar, consolidar informações e divulgar a ocorrência de eventos de violência urbana em cidades brasileiras. A plataforma colaborativa Fogo Cruzado (fogocruzado.org.br), originalmente desenvolvida e lançada pela Anistia Internacional Brasil, em 2016, atualmente é um projeto autônomo, coordenado pelo Instituto Update, com sede em São Paulo. O Fogo Cruzado disponibiliza aplicativos para dispositivos móveis (Figura 2) e um website para consulta. O serviço é gratuito e utiliza base do Google Maps para registrar tiroteios que são notificados pelos usuários do aplicativo, por canais de comunicação, como WhatsApp, Twitter e Facebook, além de informações coletadas da imprensa. Antes da publicação de uma informação, sua veracidade é checada com os canais disponíveis e classificada entre quatro categorias: tiroteio com vítimas fatais, tiroteio com feridos, tiroteio sem vítimas e múltiplos tiroteios no local. Relatórios mensais são disponibilizados, com as estatísticas dos registros. Atualmente, funciona nas cidades do Rio de Janeiro e de Recife.
De forma semelhante, o OTT – Onde Tem Tiroteio (ondetemtiroteio.com.br) recebe registros via aplicativo e redes sociais, verifica as informações com uma rede de moradores locais e disponibiliza informações sobre trocas de tiros nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo. Funciona apenas em aplicativos para dispositivos móveis que utilizam como base o OpenStreetMap (Figura 3).
Ainda na questão da segurança pública, o WikiCrimes (www.wikicrimes.org) permite que os usuários visualizem e pesquisem eventos criminais no mapa (Figura 4). Usuários cadastrados podem inserir marcadores no local dos crimes e fornecer detalhes, além de classificar os crimes por categorias. A página exibe automaticamente estatísticas sobre as contribuições. A preocupação de seus criadores era a de que as vítimas nem sempre registram ocorrências e a polícia monopoliza os dados. Assim, com as informações criadas de forma colaborativa, torna-se uma ferramenta contra a criminalidade e a favor da transparência. O WikiCrimes é uma iniciativa de pesquisadores da UFPE – Universidade Federal de Pernambuco.
Fig. 2: Aplicativo Fogo Cruzado para mapeamento de eventos de violência urbana. Fonte: Fogo Cruzado, 2018. Disponível em: <https://lh3.googleusercontent.com/cRwtLixBCi8y9NnKjunlOce-y2rrfvC9cnUcfmNnglUE7g5ZzfdBWIQAjcSDbraQHxs=w2520-h970-rw>. Acesso em 25 out. 2018.
Fig. 3: Aplicativo Onde Tem Tiroteio para mapeamento de eventos de violência urbana. Fonte: Onde Tem Tiroteio, 2018. Disponível em: <https://lh3.googleusercontent.com/v9InJVF9bGyhoBSvaXJVb9fsLn38tB1v0dTnGgnyOqYyLa79Jxcrtg1IfrZ3ZxenXQ=w2520-h970-rw>. Acesso em 25 out. 2018.
Fig. 4: Site WikiCrimes para mapeamento de eventos de violência urbana. Fonte: WikiCrimes, 2018. Disponível em
3.2 Ações da sociedade civil organizada
As bases digitais também possibilitam que grupos organizados desenvolvam e comuniquem seus arranjos espaciais. O Distrito C, ou Distrito Criativo de Porto Alegre (distritocriativo.wordpress.com), se intitula um “Polo de Economia Criativa, Economia do Conhecimento e da Experiência”, formado por aproximadamente 100 artistas e empreendedores, os quais se distribuem na porção norte do centro da cidade, na região conhecida como 4º Distrito. Ao utilizar a base digital do Google Maps (Figura 5), o Distrito C explicita sua lógica de organização espacial: aqui, a cartografia é ferramenta de congregação e gestão, facilitando a colaboração dos seus usuários para fins de seu objetivo coletivo: “fazer do Polo Distrito C um espaço de participação, experimentação, criação coletiva e inovação, construído a partir dos próprios empreendedores” (URBS NOVA, 2018).
Similarmente, a comunidade Placemaking Brasil (placemaking.org.br) utiliza a API do Google Maps (Figura 6) para localizar seus representantes nacionais em um banco de dados aberto, no qual os usuários podem se inscrever voluntariamente.
Fig. 5: Mapeamento do Distrito C de Porto Alegre desenvolvido através do Google My Maps. Fonte: URBS NOVA, 2018. Disponível em: <https://www.google.com/maps/d/viewer?mid=1Hfz2GdrHJH8rpoYQZt4QCKnGnHg&ll=-30.021086272012685%2C-51.21127422280506&z=16>. Acesso em 13 ago. 2018.
Fig. 6: Mapeamento do Placemaking Brasil desenvolvido através do Google My Maps. Fonte: Placemaking Brasil, 2018. Disponível em: <https://www.google.com/maps/d/viewer?mid=1QgPG6E7kCzJ9rVCopnw90mesa4I&ll=-30.07886307404851%2C-51.11523453695145&z=12>. Acesso em 16 ago. 2018.
3.3 Gestão da infraestrutura e serviços urbanos
A colaboração de usuários em cartografias online também possibilita registros coletivos que são suporte à gestão urbana. Colab.re (www.colab.re) é uma rede social, com aplicativo para dispositivos móveis, que opera em todas as cidades brasileiras. O aplicativo permite que o usuário localize no mapa e registre diversos tipos de problemas em infraestrutura urbana, como os relacionados à limpeza, ao calçamento, à pavimentação ou ao transporte público (Figura 7). Os registros são disponibilizados para todos os usuários do app, e algumas prefeituras, como é o caso da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, acompanham essas contribuições dos usuários para encaminhamento de propostas de solução. De modo similar, o site FixMyStreet (www.fixmystreet.com) recebe relatórios, enviados através do seu website e aplicativo móvel, sobre diversos tipos de problemas urbanos, tais como despejo ilegal de lixo, buracos em pavimento, problemas com iluminação pública e mobiliário urbano. Os registros são divulgados publicamente e encaminhados aos governos locais. A plataforma cobre o território do Reino Unido, com bases do Ordinance Survey (órgão oficial) e do Open Street Map.
Outra iniciativa nesse sentido é o site Open Green Map (www.opengreenmap.org), que oferece aos usuários “uma ferramenta para mapear os recursos ecológicos, culturais e cívicos significativos localizados em suas comunidades” (OPEN GREEN MAP, 2018), a qual abrange atualmente 55 países. O foco é o mapeamento de iniciativas sustentáveis, de alimentação saudável e economia solidária, que são agrupadas em três categorias: Vida Sustentável, Natureza, e Cultura e Sociedade (Figura 8). Os objetivos são mapear, divulgar e facilitar o acesso às iniciativas verdes, centralizando informações e diminuindo custos de design e produção. O site utiliza mapas-base do Google Maps como principal recurso para que usuários colaborem, através de seu site ou de aplicativos para dispositivos móveis.
Fig. 7: Aplicativo Colab.re para registro de problemas em infraestrutura urbana. Fonte: Colab.re, 2018. Disponível em: <https://lh3.googleusercontent.com/hXnMyWaXIsZ19R36v-zNZIgnC1Sj3-reF8hx0ka0CFxyKS3vZcbPLo4FAurbav2iv1k=w2520-h970-rw>. Acesso em 25 out. 2018.
Fig. 8: Site Open Green Map para mapeamento dos recursos ecológicos, culturais e cívicos. Fonte: Open Green Map, 2018. Disponível em:<https://www.opengreenmap.org/greenmap>. Acesso em 17 ago. 2018.
3.4 Cenários participativos
Mapas digitais colaborativos também podem ser utilizados para construir e compartilhar cenários e projetos. O site Visionmaker.nyc (visionmaker.us/nyc), criado pela Wildlife Conservation Society, disponibiliza ferramentas lastreadas em informações estatísticas para elaboração de cenários de ocupação territorial para a cidade de Nova Iorque, as quais, combinadas, podem simular ecossistemas naturais e artificiais. Cada usuário pode criar seu cenário (chamado de ‘Vision’) para uma área da cidade: “Visions são a combinação única de ecossistemas e cenários de estilo de vida e clima que representam sua visão para uma área da cidade de Nova York” (VISIONMAKER.NYC, 2018). Uma Vision pode ser compartilhada e alterada por outros usuários, permitindo a interação e a investigação coletiva sobre a realidade e o futuro da cidade (Figura 9). As Visions podem ser comparadas através de indicadores relativos à água, ao carbono, à biodiversidade, à população e à economia, sendo que cada indicador apresenta estimativas de input, armazenamento e output.
Fig. 9: Tela da plataforma Visionmaker.nyc, que permite a elaboração de cenários urbanos para a cidade de Nova Iorque. Fonte: Visionmaker.nyc, 2018. Disponível em: <https://visionmaker.us/>. Acesso em: 16 ago. 2018.
4Considerações finais
Os exemplos apresentados ilustram casos em que as pessoas contribuem com informações sobre eventos relacionados às atividades do seu cotidiano na cidade ou, pelo menos, as produzem de forma ‘espontânea’ através do uso das TIC e da cartografia digital. Algumas das iniciativas são caracterizadas por uma mobilização coletiva que busca alterar aspectos da realidade urbana, como, por exemplo, as ações da sociedade civil; outras buscam dar visibilidade para determinadas questões, tais como os eventos de violência urbana. E algumas, inclusive, indicam direcionamentos para ações governamentais, como as de suporte à gestão da infraestrutura urbana.
Inegavelmente, os recentes avanços tecnológicos estão produzindo novos dinamismos na sociedade contemporânea, um contexto caracterizado pelo alargamento do espaço público, surgimento de novas interfaces com o governo, ampliação dos canais de mobilização e engajamento, oportunidades para as pessoas moldarem seu ambiente, e expansão dos limites da compreensão do espaço urbano. Esses fenômenos e tendências estão fomentando um discurso emergente, aqui denominado participação ativista-colaborativa, a qual é caracterizada por iniciativas de baixo para cima, práticas colaborativas, inovação, auto-organização, produção de informação de forma contínua e orientada ao coletivo, e a noção de que melhores soluções e ideias surgem a partir do envolvimento de diversas pessoas.
Pode-se questionar qual a relevância prática dessas iniciativas. Talvez para influenciar a tomada de decisão, tais processos demandariam uma remodelação das práticas estabelecidas, já que o aproveitamento das informações produzidas pelos cidadãos de forma voluntária e espontânea ainda é uma questão em debate nas instituições. No entanto, muitas dessas iniciativas são institucionalizadas quando tomam relevância (p. ex. Porto Alegre CC), e outras atingem seus objetivos sem precisar formalidade ou alcançar grande publicidade. São, portanto, esferas de participação dispersas e atomizadas, que prescindem de formalização, e entende-se que neste ponto reside a sua relevância para o alargamento da participação do público.
Em tempo, há de se manter constante preocupação com a cooptação dos meios de participação, colaboração e ativismo por iniciativas que visam de alguma maneira a manipular os usuários. As notícias de influência do uso das mídias sociais em eleições, por exemplo, começam a revelar, inclusive, que grande parte de seu potencial de engajamento e multiplicação de ideias pode ser utilizada para conduzir a opinião pública de forma pouco consciente, em processos que não são mediados em domínio público.
Por fim, ao abordar a participação ativista-colaborativa utilizando cartografias digitais, espera-se contribuir para o alargamento do debate e do entendimento sobre formas de participação e colaboração, com atenção especial para aquelas que são de iniciativa da sociedade civil.
Referências
BATTY, M.; HUDSON-SMITH, A.; MILTON, R.; CROOKS, A. Map mashups, Web 2.0 and the GIS revolution. Annals of GIS, v. 16, n. 1, p. 1-13, 2010.
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Geisa Bugs is an architect, she holds a Master degree in Geospatial Technologies and a Doctor degree in Urban and Regional Planning. She teaches at the Centro Universitário Ritter dos Reis - UniRitter, both in undergraduate and postgraduate courses. She works on urban planning and design, public participation and Geographic Information Systems, digital cartography, and spatial data.
Fábio Bortoli is an architect and Doctor in Architecture. He teaches at the Centro Universitário Ritter dos Reis - UniRitter, both in undergraduate and postgraduate courses. He is a researcher on 'Design as a research: architecture and the city'.
How to quote this text: Bugs, G. and Bortoli, F., 2018. Activist-collaborative participation using digital cartographies. Translated from Portuguese by Adriana Moreira de Lima and Rafael Lamonatto dos Santos. V!RUS, Sao Carlos, 17. [e-journal] [online] Available at: <http://www.nomads.usp.br/virus/virus17/?sec=4&item=9&lang=en>. [Accessed: 07 October 2024].
ARTICLE SUBMITTED ON AUGUST 28, 2018
Abstract:
This article discusses how the use of digital cartography, in the context of ICT, enables collaborative forms of production and sharing of information about cities in collective creation processes. We present theoretical-critical foundations on participation and collaboration in the digital cartography and information production, and discuss examples of platforms, which take advantage of the activism and social media dynamics and use collaborative digital tools to represent spatial data. In the end, one can assume that collective mapping and online collaboration can contribute to foster emergent forms of civil society participation and organization.
Keywords: Digital cartography, Collaboration, Participation, ICT, Activism
1Introduction
With the digital revolution, we are going through a paradigm shift, from a material-based world to an information-based world (Felice, 2007). The ubiquity of ICT (Information and Communication Technology) is producing urban environments that are completely different from anything experienced so far. It is a new context, in which a much larger group of people can engage (Rocha and Pereira, 2011; Pfeffer, et al., 2013; Martins, et al., 2017).
ICTs are transforming the way people communicate and interact. They foster new forms of socialization, consumption, production of knowledge, citizenship and activism. Nowadays, it is much easier and faster to access and view information on the Internet, and information is power. In today's society, in which the public interacts more easily with one another and even with the government, the expansion of citizen participation channels is undeniable. Digital technologies are also changing the inhabitants’ relations with the urban space (Bugs, 2014).
In this sense, digital tools with online mapping services -the digital cartographies-expand the limits of the comprehension of the urban space. Consequently, the inhabitants’ interest and the ability to participate in the decisions that affect their urban living space are increasing (Bugs, 2014). The several methodologies through which various types of spatial knowledge are produced, used and exchanged, are being largely influenced by the mass adoption of GIS (Geographic Information System) tools on the Web, the result of the so-called geospatial revolution (Hudson-Smith and Crooks, 2008; Batty, et al., 2010). Many initiatives have been put into practice by providing an interactive online map interface to facilitate the exchange of spatial information or even the creation of such information.
At the same time, large technology companies and non-governmental organizations turn to the creation of localization tools that allow the control and commercial exploitation of digital cartographic bases and information collected by users of these systems (Fisher, 2013). In addition to the commercial use, there are questions related to privacy and strategies of information dissemination (valid or not) that nowadays potentially threaten organized society forms (Lissardy, 2017).
Considering the digital and geospatial revolutions, as well as the new dynamics of the contemporary society resulting from it, one can glimpsethe emergence of a new participatory dimension, here called activist-collaborative, which has been considerably supported by the use of ICT and digital cartography. Thus, the article addresses emerging forms of participation and collaboration from initiatives and projects that are contributing to the collective construction of the city and the sharing of information on aspects of urban life in a virtual environment, through the use of digital cartography, in order to broaden the debate on modes of participation and collaboration.
2Contemporary processes of collective construction and information sharing
2.1 The culture of collaboration
The phenomenon of collective mass production, or crowdsourcing (Howe, 2006), uses the knowledge and voluntary work of Internet users to solve problems, create content or develop new technologies. It is a cooperation and collaboration work between a large number of people with common interests who share knowledge and split tasks to build contents (Rocha and Pereira, 2011).
Howe (2006) explains that crowdsourcing operationalizes the wisdom of crowds and provides a mechanism for harnessing the collective intelligence of online users for productive purposes. The wisdom of crowds is a term from Surowiecki (2004) book on the aggregation of information into groups. In the book, the author examines several cases in which the success of a solution depends on its emergence through a large number of participants. Based on empirical research, he concludes that, under the right circumstances, groups are often smarter than the smartest people in them. The fundamental idea is that the whole is capable of self-correcting, generating more reliable contents than those produced by an individual only (Bugs, 2014).
Perhaps the greatest example of mass collaboration is Wikipedia, one of the most commonly accessed websites today. The open and free encyclopedia is continuously built through a content management system, which creates a repository of information easily updated by its users, the Wiki (Bugs, 2014). The journal Nature Online compared the quality of articles found in the Encyclopedia Britannica with Wikipedia and concluded that they are similar in terms of scientific accuracy, according to Fischer (2011).
Fischer (2011) states that we are gradually moving away from a world in which few people define rules, create products and make decisions, towards a world in which all people have the means to participate and actively contribute to the resolution of personally significant problems, which he characterizes as a "culture of participation". For the author, this culture of participation offers opportunities to address major societal problems, such as: problems of a magnitude that individuals and large teams cannot solve on their own; problems of a systemic nature that require the collaboration of many different actors; problems that require a high degree of involvement and dedication; and unique modeling problems.
According to the author, people wish to engage when they can decide, and, in the end, they value much more the solutions they make. However, it is inconvenient to force people to be active contributors in irrelevant personal activities. Modern do-it-yourself tools illustrate it, in which people need to perform tasks that were previously performed by skilled workers. While this change provides freedom and control, it also forces people to act as contributors in contexts where they do not have the experience and knowledge to do such tasks. Finally, the author concludes that all people want to be both the consumer – in personally irrelevant activities, andan active contributor – in personally meaningful activities (Fischer, 2011).
Therefore, ICTs enhance human capacity to produce collaboratively. This potential has also been used to change the conduct of the inhabitants in relation to the urban space, fostering civic engagement and online activism.
2.2 Online Activism Since its early days, ICTs have enhanced popular mobilization and civic engagement (Bugs, 2014). For example, for a long time in history books were copied only in Latin, with religious themes, inaccessible to ordinary people. However, with the invention of the press, commercial print media helped people understand each other as part of a broader collective (Castells, 1983). Today, the Internet is identified as being more associated with civic engagement than the consumption of printed and televised media and face-to-face discussion (Rothberg, 2008). Activism finds more supporters on the Internet, given the ease of connection between people, the speed of information flow, and the low operating cost. Greenpeace, for example, has been practicing cyber-activism for a long time, and today more than half of its volunteers do it via the Internet. Another example is Avaaz, a global network of activists, available in 15 languages, which in 2010 coordinated the mobilization that reached more than two million signatures in favor of the Ficha Limpa Act in Brazil (Bugs, 2014). However, there are criticisms on the cyber-activism. The most common refers to digital exclusion. Another striking criticism mentions the "lazy activism", a term that refers to situations in which people participate in causes on the Internet only to "relieve their consciousness", liking a Facebook page and signing petitions (Meireles, 2010), but their engagement outside the Internet (charity, voluntary work, political engagement etc.) is almost null. Even so, the adherence of Internet users to online causes only grows (Bugs, 2014). 2.3 Social media
The phenomenon of social media refers to a group of Web applications that allow the creation and exchange of content generated by users (Kaplan and Haenlein, 2010). They are applications designed to allow social interaction through the sharing and collaborative creation of information in the most diverse formats (music, video, photos, etc.). In social media, users share all kinds of information about themselves and interact with other people (Rocha and Pereira, 2011).
Kaplan and Haenlein (2010) classify social media as interactive, expressive and collaborative. Interactive social media are those in which users interact by commenting on the content they find on the websites (currently, almost all applications have this functionality). Expressive social media are those in which the writer is expressing an opinion or explaining some subject (e.g. blogs and Twitter). Collaborative social media, on the other hand, are those in which users collaborate directly with one another by producing new content together (e.g., Wiki).
Also noteworthy is the large number of social media applications that use GPS (Global Positioning System) and online mapping services to indicate the user location and look for contacts that are close to that location, such as Foursquare. According to Pereira, et al. (2013), these applications set in a new way of citizen interaction with the urban space that can profoundly alter the way people read cities, because the place where the citizen is located contextualizes researches, which can attribute new meanings to the physical space in question.
Therefore, to Pereira, et al. (2013, p. 1, our translation), social media can be defined as a "space that favors the establishment of a new sociability", a "privileged environment for the development and sharing of opinions and a place of call to action which reconfigures the urban space". Dynamics such as these reflect new forms of relationship with peers, with urban space, and even with the government.
Nevertheless, the recent scandal known as 'The Cambridge Analytica Files' revealed a dark and disturbing face of social media. Personal data of millions of users were extracted from Facebook and used by Cambridge Analytica company to build psychological profiles, which were then useful to direct political propaganda and fake news to engender online engagement for causes recognized as of the far right political spectrum (Cadwalladr and Graham-Harrison, 2017). The orchestrated actions may have influenced two major events in two established democracies: the referendum that decided Brexit in the UK and the US presidential election that culminated in Donald Trump's victory, both in 2016.
2.4 Emerging forms of participation
Participation can be defined as "a decision-making process open to citizenship involving themes that directly or indirectly affect the lives of groups and individuals in the use and appropriation of a given urban territory" (Pozzobon, 2008, p.20, our translation). This definition allows the distinction between situations of participation and non-participation associated with the traditional governance model, in which those elected are the decision makers (Rowe and Frewer, 2005). However, alternatively, digital technologies support what can be considered a new type of "self-organized" participation, unlike "legalized" participation, which refers to community-initiated, bottom-up activities (Horelli, 2013).
Staffans (2004) identified two strands in participatory discourse: the democratic, which advocates transparency, deliberation and good governance; and the activist, which advocates innovation, the search for better solutions, bottom-up projects and the use of open data, characteristics of the information age, as Figure 1 shows.
On the democratic strand, there is a strong connection between participation and policy formulation and governance. This is also reflected in the theory that, over the years, has emphasized the social and institutional nature of participatory planning (Staffans, et al., 2010). Ideological differences about citizens’ participation and debates about their place in government are conceptually related to the centralization and decentralization of administrative authority. Particularly, participation for democratic purposes represents an application of the decentralization principle, which assumes the purpose of delegating decision-making authority to a wider number of people (Milakovich, 2010).
The activist strand, in turn, promotes collaboration and greater interaction among its stakeholders. It includes the idea of citizens' ability to effectively participate in real-time activities through the use of ICT, producing knowledge in online environments. Theoretically, however, there has not been much discussion about whether institutions will be willing to open themselves to this bottom-up public debate (Staffans, et al., 2010). Viewing the citizen as a co-producer is a different but highly relevant conception of participation, which should not be overlooked. This type of active role is an essential ingredient in more contemporary attempts to empower local communities to act in their own interests, according to Milakovich (2010).
Thus, a new spectrum of participation emerges, which, despite having objectives similar to those of traditional participation, such as improving the quality of urban life, takes advantage of other means to achieve the goals and is not orientated by governmental actions (Bugs, 2014), that is, they are bottom-up initiatives. This activist-collaborative participation is directly linked to the use of ICT and the digital cartography.
2.5 Collaborative digital cartographic production
The digital revolution had transformative impacts on the nature of GIS and on the production and use of geographic information. From the so-called geospatial revolution, GIS tools and geographic information have become more open and accessible to the public (Hudson-Smith and Crooks, 2008; Batty, et al., 2010; Bugs and Reis, 2016). A significant amount of web information began to be indexed by its spatial component and displayed in online map services. In other words, the map has become an important part of the information search services on the Web (Batty, et al., 2010) and, in many cases, has become the support of this information.
Digital mapping is also used by a variety of websites to explore voluntary mapping and combine the functionality of one website with another, that is, creating maps mashups (mixing content from more than one source to create a new service) (Hudson-Smith and Crooks, 2008; Bugs and Reis, 2016). The mashups first appeared on the Web in 2004, but the emergence of Google Maps and its open API (Application Programming Interface) in 2005 made this task tremendously easier. It is almost impossible to count the number of map mashups that have been developed on the web lately. To get an idea, in August 2008, there were 1,740, and by February 2010, this number had already risen to 2,153 map mashups, according to Batty, et al. (2010).
Users, in turn, use these services to proactively create and distribute their own geographic information. This work has been designated by terms such as Neogeography (Turner, 2006) and VGI (Volunteered Geographic Information) (Goodchild, 2007), which refers to the use of GIS tools and online maps to voluntarily create and disseminate geographic data (Bugs and Reis, 2011).
Geographic information and tools that were once exclusively used by specialists are now available to anyone who browses the Web. Differently from the past, when institutions were primarily responsible for creating and distributing geospatial information, now anyone can easily produce a map and publish it online (Bugs and Reis, 2016; Martins, et al., 2017).
In this context, open cartographic databases are freely available and constructed collectively in a decentralized, collaborative and voluntary way. Two well-known examples are Wikimapia and OpenStreetMap. Both providers offer their maps under licenses that allow usage as long as the source is credited, and that any changes/improvements made should be available to the community. Mapbox uses the OpenStreetMaps databases to offer paid global mapping services, for example.
Proprietary databases, in turn, are built by companies and released, at different levels of use, for home users for free, or for companies as a paid service. Google Maps, Nokia, ESRI and TomTom are some of the biggest agents in the industry and cover a lot of that market. Google Maps was one of the firstfreely accessible base map around 2005, but over time, several of its services have been turned into paid services. One can now use Google Maps bases and their APIs to create maps and their own apps and make them available to end users, but depending on the level of use, it will be paid. In addition, one can collaborate with the Google Maps information production through the MyMaps platform, where a base for own maps production are available; and the Google Places collaborative platform, which uses a gamification strategy to engage users in the production of information, evaluation and documentation of places. Google Places platform has information from 100 million places around the world, receiving 25 million voluntary updates per day from more than 1 billion active users per month (Google Cloud, 2018).
The information provided by Google Maps is, in many aspects, more comprehensive and more accurate than that of governments’, and extensive enough to be considered part of the information infrastructure (Fisher, 2013). OpenStreetMap, seen as the main competitor of Google Maps (also thanks to contributions from companies such as Microsoft, Foursquare and Telenav), seeks to prevent digital mapping from becoming a private monopoly. It is certain that the digital bases of cartographic information are already strategic for several economic sectors, and their exclusive control by private companies raises serious questions regarding access and users’ privacy.
Even so, collaborative mapping has been used in many ways to record and share information about the city, leveraging the creation of a "virtual city", which helps citizens in their daily tasks or, in extreme cases, avoid dangerous obstacles. Digital collaborative maps, for Ribeiro and Lima (2012,p. 43-44, our translation), "are collectively constructed by the content feeding of their collaborators/users" and "centered on the use-value, that is, the possibility of micro-interpretations, in which the use of the map as mediation between individuals and territory is the substantial issue". The same authors emphasize the potential of these resources to expand the possibilities of subjective reconfiguration and appropriation of places, marked by the experimentation of space.
3Initiatives
Given this scenario, we present bellow examples of projects and/or initiatives that take advantage of ICT and digital cartography for knowledge collective construction and sharing of information about cities in collective creation processes.
3.1 Urban violence events
Some collaborative platforms work to record, consolidate information and publicize the occurrence of urban violence events in Brazilian cities. The Fogo Cruzado collaborative platform (http://fogocruzado.org.br), originally developed and launched by Amnesty International Brazil in 2016, is currently an autonomous project, coordinated by the Update Institute, based in São Paulo. Fogo Cruzado offers mobile application (Figure 2) and a reference website. The service is free and uses Google Maps' base to record shootings that are reported by app users through communication channels like WhatsApp, Twitter and Facebook, as well as information collected from the press. Before the publication of information, its veracity is checked with available channels and classified into four categories: fatal shooting, wounded by shooting, victimless shooting and multiple shootings on the spot. Monthly reports are made available, with registration statistics. It currently operates in the cities of Rio de Janeiro and Recife.
Fig. 2: Fogo Cruzado app to map events of urban violence. Source: Fogo Cruzado, 2018. Available at: <https://lh3.googleusercontent.com/cRwtLixBCi8y9NnKjunlOce-y2rrfvC9cnUcfmNnglUE7g5ZzfdBWIQAjcSDbraQHxs=w2520-h970-rw> [Accessed 25 October 2018].
Similarly, OTT - Onde Tem Tiroteio (http://ondetemtiroteio.com.br) receives records through its app and social media, verifies the information with a network of local residents and provides information on shootings in the cities of Rio de Janeiro and São Paulo. It only works on mobile applications that use OpenStreetMap base (Figure 3).
Still on the issue of public security, WikiCrimes (www.wikicrimes.org) allows users to view and search for criminal events on the map (Figure 4). Registered users can insert markers at the crime scene on the map and provide details, as well as classify crimes by categories. The page automatically displays statistics on contributions. The creator’s concern was that the victims do not always register occurrences and the police monopolize the data. Thus, with the information created in a collaborative way, it becomes a tool against crime and in favor of transparency. WikiCrimes is an initiative of researchers from Federal University of Pernambuco - UFPE.
Fig. 3: Onde Tem Tiroteio app to map urban violence events. Source: Onde Tem Tiroteio, 2018. Available at: <https://lh3.googleusercontent.com/v9InJVF9bGyhoBSvaXJVb9fsLn38tB1v0dTnGgnyOqYyLa79Jxcrtg1IfrZ3ZxenXQ=w2520-h970-rw> [Accessed 25 October 2018].
Fig. 4: WikiCrimes website to map urban violence events. Source: WikiCrimes, 2018. Available at: <http://www.wikicrimes.org/main.html> [Accessed 23 August 2018].
3.2 Actions of organized civil society
Digital databases also enable organized groups to develop and communicate their spatial arrangements. District C, or Creative District of Porto Alegre (www.distritocriativo.wordpress.com), is entitled as a "Pole of Creative Economy, Knowledge and Experience Economy", formed by approximately 100 artists and entrepreneurs, who are distributed in the northern portion of the city center, in the region known as fourth District. Using the Google Maps base (Figure 5), District C makes explicit its spatial organization logic: here cartography is a congregation and management tool, facilitating its users collaboration for the purpose of the collective goal: “to make from District C a space of participation, experimentation, collective creation and innovation, built by the entrepreneurs themselves" (URBS Nova, 2018, n.p., our translation).
Similarly, the Placemaking Brazil community (placemaking.org.br) uses the Google My Maps (Figure 6) to locate its national representatives in an open database in which users can voluntarily subscribe.
Fig. 5: Mapping of District C of Porto Alegre developed through Google My Maps. Source: URBS Nova, 2018. Available at: <https://www.google.com/maps/d/viewer?mid=1Hfz2GdrHJH8rpoYQZt4QCKnGnHg&ll=-30.021086272012685%2C-51.21127422280506&z=16> [Accessed 13 August 2018].
Fig. 6: Placemaking Brazil mapping developed through Google My Maps. Source: Placemaking Brazil, 2018. Available at: <https://www.google.com/maps/d/viewer?mid=1QgPG6E7kCzJ9rVCopnw90mesa4I&ll=-30.07886307404851%2C-51.11523453695145&z=12> [Accessed 16 August 2018].
3.3 Urban infrastructure and services management
User collaboration in online cartographies also enables collective records that give support to the urban management. Colab.re (www.colab.re) is a social network with an app for mobile devices that operates in all Brazilian cities. The app allows the user to locate and record on the map various types of problems in urban infrastructure, such as those related to cleaning, pavement or public transportation (Figure 7). The records are made available to all users of the app, and some city halls, such as the Municipality of Porto Alegre, accompany these users' contributions for the forwarding of solution proposals. Equivalent, the FixMyStreet website (www.fixmystreet.com) receives reports sent through its website and mobile app about various types of urban problems, such as illegal garbage disposal, potholes, lighting and urban furniture problems. The records are publicly disclosed and forwarded to local governments. The platform covers the territory of the United Kingdom, with Ordinance Survey (official agency) and Open Street Map databases.
Another initiative in this direction is the Open Green Map website (www.opengreenmap.org), which offers users "a tool to map the ecological, cultural and civic resources significant located in their communities" (Open Green Map, 2018, n.p., our translation), currently covering 55 countries. The focus is the mapping of sustainable initiatives, healthy eating and solidarity-based economy, which are grouped into three categories: Sustainable Living, Nature, and Culture and Society (Figure 8). The objectives are to map, disseminate and facilitate access to green initiatives, centralizing information and reducing design and production costs. Open Green Map has Google Maps as the primary resource for users to collaborate through its website or mobile app.
Fig. 7: Application Colab.re to register urban infrastructure problems. Source: Colab.re, 2018. Available at: <https://lh3.googleusercontent.com/hXnMyWaXIsZ19R36v-zNZIgnC1Sj3-reF8hx0ka0CFxyKS3vZcbPLo4FAurbav2iv1k=w2520-h970-rw> [Accessed 25 October 2018].
Fig. 8: Site Open Green Map to map ecological, cultural and civic resources. Source: Open Green Map, 2018. Available at: <https://www.opengreenmap.org/greenmap> [Accessed 17 August 2018].
3.4 Participative scenarios
Collaborative digital maps can also be used to build and share scenarios and projects. The Visionmaker.nyc (https://visionmaker.us/) website, created by the Wildlife Conservation Society, provides statistical-backed tools for the development of land-use scenarios for New York City, which, combined, can simulate natural and man-made ecosystems. Each user can create their own scenery (called a 'Vision') for an area of the city: "Visions are the unique combination of ecosystems and lifestyle and climate scenarios that represent your vision for an area of New York City" (Visionmaker.NYC, 2018, n.p.). A Vision can be shared and altered by other users, allowing interaction and collective research on the reality and future of the city (Figure 9). Visions can be compared through water, carbon, biodiversity, population, and economy indicators, with each indicator providing input, storage, and output estimates.
Fig. 9: Screen of the platform Visionmaker.nyc, which allows the elaboration of urban scenarios for the city of New York. Source: Visionmaker.nyc, 2018. Available at: <https://visionmaker.us/> [Accessed 16 August 2018].
4Final Remarks
The examples presented illustrate cases where people contribute with information about events related to their daily activities in the city or at least produce them spontaneously through the use of ICT and digital cartography. Some of the initiatives are characterized by a collective mobilization that seeks to change aspects of urban reality, such as civil society actions; others seek to give visibility to certain issues, such as urban violence events. Some, even, indicate directions for governmental actions, such as those to support the management of urban infrastructure.
Undoubtedly, recent technological advances are producing new dynamisms in contemporary society, a context characterized by the expansion of public spaces, the emergence of new interfaces with governments, broadening of mobilization and engagement channels, opportunities for people to shape their environment, and expansion of understanding of urban space. These phenomena and tendencies are fostering an emerging discourse, here termed activist-collaborative participation, which is characterized by bottom-up initiatives, collaborative practices, innovation, self-organization, information production in a continuous and collective-oriented way, and the notion that better solutions and ideas arise from the involvement of several people.
One can question the practical relevance of these initiatives. Perhaps, a reshaping of established practices would be necessary to influence decision-making, since the use of information produced by citizens voluntarily and spontaneously is still a matter of debate in institutions. However, many of these initiatives are institutionalized when they become relevant (e.g. Porto Alegre CC), and others achieve their goals without formality or great publicity. They are, therefore, scattered and atomized spheres of participation, which are not formalized, and one can understand that in this point lies their relevance for broadening public participation.
In time, one need to keep constant concern for the cooptation of the means of participation, collaboration and activism by initiatives that somehow intend to manipulate users. News on the use of social media to influence elections, for example, begin to reveal that much of their potential for engagement and multiplication of ideas can be used to lead public opinion in an unaware way, in processes that are not mediated within the public domain.
Lastly, in approaching activist-collaborative participation using digital cartographies, we hope to contribute to broadening the debate and understanding of forms of participation and collaboration, with special attention to those that are civil society initiatives.
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