A construção da memória vol. 2

Devido ao grande número de bons artigos submetidos e avaliados em agosto de 2017, o Comitê Editorial da revista V!RUS decidiu manter o tema da Construção da Memória na edição 16 [semestre 01.2018], permitindo, assim, a publicação de mais trabalhos selecionados, em dois volumes consecutivos.

O texto a seguir, da chamada de julho de 2017, expressa o atual entendimento e as expectativas do Comitê Editorial e do Nomads.usp em relação ao assunto.

A construção da memória

Memória é entendida, em diversas áreas do conhecimento, como a capacidade de armazenar e restaurar informação, ou o suporte desse armazenamento, ou a própria informação preservada. Não é, portanto, difícil considerar um filme, uma fotografia, um mapa ou uma lápide como sendo, per se, registros de informações imediatamente acessadas quando visualizados. Menos óbvio é identificar esse caráter nas edificações, nos espaços da cidade, em áreas florestais urbanas ou não, e nas manifestações sociais, culturais e políticas.

Instrumento de poder, a memória preservada contempla, muitas vezes, os valores defendidos por grupos dominantes - políticos, religiosos ou econômicos -, auxiliados pelos meios de comunicação disponíveis, elaborando, por vezes, falsas verdades que passam a integrar discursos históricos e livros escolares. Pois a memória é o que permite que um povo construa sua história através de processos marcados por consensos e dissensos sobre o que deverá constituir, no futuro, suas referências e lembranças.

A revista V!RUS quer reunir reflexões sobre os processos de construção da memória em nossos dias. O papel dos chamados big data na constituição de registros que viesam opiniões e visões de mundo; o lugar das edificações, objetos e espaços físicos considerados de interesse histórico, artístico, arquitetônico ou paisagístico; os riscos de gentrificação em processos de requalificação urbana envolvendo entornos históricos; as contribuições das artes visuais, cênicas e digitais enquanto registro e crítica da memória; os processos de decisão sobre o que deve ser resgatado e preservado para gerações futuras e de que maneiras; os critérios de escolha do que é registrado e do que é omitido nos cada vez mais numerosos mapeamentos digitais; o lugar dos valores de grupos sociais historicamente objeto de dominação, como, no Brasil, os indígenas, os negros, e também as mulheres e as diversas orientações de gênero; a história de populações migrantes e a preservação de seus valores culturais; o status quo da formulação e execução de políticas públicas culturais e a consolidação de valores que elas induzem; a cartografia social como estimuladora de processos capazes de incentivar a construção coletiva da história de uma comunidade; os planos diretores urbanos e a ação dos diversos atores nas cidades que definem a preservação ou destruição de entornos físicos e sociais; o aporte da informática em ações de armazenamento e restauração de informações, são temas de grande interesse para esta chamada.

Em um futuro próximo ou distante, do que vamos nos lembrar? De que maneiras vêm sendo construídas essas lembranças, e por quem? Quais as novas formas colaborativas de construção coletiva da memória? As respostas a essas perguntas estão, certamente, no entrelaçamento dinâmico das questões pontuadas acima, entendido a partir de perspectivas distintas mas complementares - histórica, tecnológica, política, econômica, artística, ambiental, comportamental, social, dentre outras.

Interessam-nos igualmente relatos e reflexões sobre aspectos técnicos da construção da memória, como a efemeridade dos suportes digitais e os novos repositórios da memória; o sentido de se recuperar técnicas construtivas e saberes populares em diversas áreas; o uso de plataformas BIM visando a preservação e o compartilhamento de informações sobre o projeto, a execução e o ciclo de vida dos ambientes construídos; o papel de cinematecas, bibliotecas, mediatecas e afins; os métodos de pesquisa e ensino utilizados em áreas que trabalham diretamente com a construção da memória, como história, geografia, arqueologia, museologia, ciência da informação, educação, ciências sociais, mas também cinema, arquitetura e urbanismo, música e design.

DATAS IMPORTANTES

Julho de 2017: Chamada de trabalhos
27 de Agosto de 2017: Prazo final para recebimento de submissões
Dezembro de 2017: Lançamento da V!RUS 15 "A construção da memória vol. 1"
Junho de 2018: Lançamento da V!RUS 16 "A construção da memória vol. 2"

The construction of memory

Due to a large number of high-grade articles submitted to V!RUS in August 2017, the journal's Editorial Committee decided to keep the theme of The Construction of Memory in the next issue, number 16 [semester 01.2018], thus allowing the publication of more selected works, in two consecutive volumes.

The following text, from the call for papers of July 2017, expresses the current understanding and expectations of the Editorial Committee and Nomads.usp researchers on the subject.

The construction of memory

Memory is understood in several areas of knowledge as the ability to store and restore information, or the support of such storage, or the preserved information itself. It is therefore not difficult to consider a film, a photograph, a map or a gravestone as being, per se, records of information accessed immediately when viewed. Less obvious is to identify this character in buildings, city spaces, urban or rural forest areas, and social, cultural, and political manifestations.

As an instrument of power, preserved memory often prioritizes the values defended by dominant groups - political, religious or economic - aided by the media, sometimes elaborating false truths that become part of historical discourses and school books. The memory is what allows a nation to build its history through processes marked by consensus and disagreements about what should be, in the future, their references and rememberings.

The V!RUS journal aims to bring together reflections on the memory construction processes nowadays. The role of the so-called big data in the constitution of records that influence opinions and worldviews; The place of buildings, objects and physical spaces considered of historical, artistic, architectural or landscape interest; The risks of gentrification in urban requalification processes involving historical environments; The contributions of the visual, scenic and digital arts as both record and criticism of memory; The decision-making processes on what should be rescued and preserved for future generations and in what ways; The criteria for choosing what is recorded and what is omitted in the increasingly numberless digital mappings; The place of the values of social groups historically dominated, as in Brazil, indigenous people, blacks, as well as women and the various gender orientations; The history of migrant populations and the preservation of their cultural values; The status quo of the formulation and execution of cultural public policies and the consolidation of the values they induce; Social cartography as a stimulator of processes capable of encouraging the collective construction of the history of a community; The urban master plans and the action of the various actors in the cities that define the preservation or destruction of physical and social environments; The contribution of information technology in operations of storage and information restoration are topics of great interest for this call.

In the near or distant future, what are we going to remember? In what ways have these remembrances been built, and by whom? What are the new collaborative forms of collective memory construction? The answers to these questions lie in the dynamic interweaving of the issues outlined above, understood from distinct but complementary perspectives - historical, technological, political, economic, artistic, environmental, behavioral, social, among others.

We are also interested in reports and reflections on technical aspects of the construction of memory, such as the ephemerality of digital media and new repositories of memory; The sense of recovering constructive techniques and popular knowledge in several areas; The use of BIM platforms aimed at preserving and sharing information about the design, execution and lifecycle of the built environments; The role of film archives and cinematheques, libraries, mediatheques and the like; The research and teaching methods employed in areas that work directly with the construction of memory, such as history, geography, archeology, museology, information science, education, social sciences, but also cinema, architecture, urbanism, music and design.

IMPORTANT DATES

July 2017: Call for papers
August 27th, 2017: Deadline for receipt of submissions
December 2017: Release of V!RUS 15 "The construction of memory vol. 1"
June 2018: Release of V!RUS 16 "The construction of memory vol. 2"