O historiador e um método: a memória social de um desastre via hashtag

Taciana Sene Lúcio

Taciana Sene Lúcio é historiadora e Mestre em História, Política e Bens Culturais. É pesquisadora do Larhud - Laboratório em Rede de Humanidades Digitais, do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia - IBICT. Dedica-se ao estudo dos meios de acesso à memória social produzida na Internet e seus usos enquanto fonte histórica. tazsene@gmail.com


Como citar esse texto: LÚCIO, T. S. O historiador e um método: a memória social de um desastre via hashtag. V!RUS, São Carlos, n. 20, 2020. [online]. Disponível em: <http://www.nomads.usp.br/virus/virus20/?sec=4&item=16&lang=pt>. Acesso em: 25 Abr. 2024.

ARTIGO SUBMETIDO EM 10 DE MARÇO DE 2020


Resumo

O ciberespaço é um ambiente de atuação da sociedade civil de extrema importância nas atividades urbanas do contemporâneo. Os objetos digitais contidos no ciberespaço são fontes históricas em potencial. Explorar um caminho possível à produção dessas fontes é o objetivo deste estudo. Aqui, encontram-se questões metodológicas identificadas no percurso seguido por um historiador, leigo em tecnologias digitais, que explorou um método de produção de documentos históricos sobre um desastre, empregando um buscador e uma hashtag. O artigo traz um breve histórico das hashtags, justifica o emprego dessa ferramenta e sugere recursos importantes a serem observados ao definir as palavras-chave. Indica o protocolo de ação usado para lidar com a hipertextualidade dos objetos coletados e salvos. Finalmente, oferece um panorama do conteúdo presente na documentação produzida e acessível via link, e aponta complicadores e potenciais identificados no método empregado.

Palavras-chave: Objeto digital, História, Hashtag, Memória social, Desastre de Mariana



1 Introdução: por que o historiador deve explorar métodos que empregam objetos digitais?

A ideia de que estamos em uma “era digital” ilustra a relevância da produção de artefatos digitais em detrimento dosjá conhecidos artefatos analógicos. Apesar de estes manterem seu lugar de importância, são aqueles que têm gerado questionamentos impactantes ao ofício do historiador. Com diversas formas e conteúdos, esses artefatos digitais, resultado da prática cotidiana no ciberespaço, impactam diferentes dimensões sociais e geram problemáticas a serem exploradas pelos cientistas de nosso tempo.

Entendemos que o historiador produz documentos (CERTEAU, 1982). Reconhecemos que a coleta de dados, testemunhos, imagens e outras tantas formas de vestígio (BLOCH, 2001) são parte essencial de nosso ofício, uma vez que a narrativa histórica deve se basear em evidências (HARTOG, 2011). Assumimos que a relação com essas evidências também se modifica à medida que surgem novas configurações nos espaços que as armazenam. Neste caso, o ciberespaço é instável e flexível, atualizável e passível de apagamentos. Por isso, é necessária disponibilidade do historiador para encarar tais mudanças em prol da ampliação dos meios de realizar seu ofício. É preciso se adaptar.

Este estudo apresenta a experiência de um historiador que emprega um motor de busca não pago e uma ferramenta digital de indexação para produzir documentos e compor a memória social de um acontecimento. O maior desafio dessa experiência foi saber “como” realizá-la, uma vez que as reações do meio digital aos métodos empregados eram imprevisíveis.

Roy Rosenzweig (2003) problematizou a produção e o controle de artefatos digitais. Questionou se o historiador do futuro teria que lidar com a abundância ou a escassez de informações produzidas digitalmente. Não havia, no ano de 2003, e ainda não existia, no ano de 2019, aparato técnico que garantisse que artefatos digitais produzidos no presente estarão disponíveis para o estudo de historiadores, no futuro. 

Além da problemática de estarem ou não disponíveis, reconhecemos que os objetos digitais possuem características específicas e que, para identificá-las, precisamos explorá-los. Questionando quais informações esses objetos contemplarão, Pimenta (2016) defende que, uma vez que a sociedade está culturalmente imersa nas práticas digitais, e que estas, por sua vez, envolvem o emprego de objetos técnicos, a relação entre prática e técnica é essencial para a produção de conhecimento (PIMENTA, 2016). Disto evidencia-se a importância de pesquisas exploratórias que possam suscitar diferentes perspectivas envolvendo objetos digitais de cunho técnico e objetos digitais oriundos de práticas específicas da era digital.   

Em entrevista, o professor Daniel Alves da Universidade Nova de Lisboa afirmou que a superabundância de dados talvez seja o desafio mais significativo a ser enfrentado pois, provocaria mudanças na forma como “o historiador constrói sua visão do passado” (ALVES, 2017, p. 4). A elaboração sobre um passado exige dos historiadores embasamento documental, sendo, portanto, um exercício intimamente ligado à produção de documentos.

Explorar a produção de fontes históricas nato digitais1 exige considerar que o ambiente digital é composto de uma infinidade de ambientes, sendo cada um deles projetado para sustentar, de maneira mais satisfatória, formatos específicos de artefatos, ao mesmo tempo em que oferecem funções e ferramentas distintas. Citando alguns exemplos, existem: para vídeos, o Youtube; para imagens, o Instagram; para pequenos textos, o Twitter. Alguns ambientes, como blogs e websites, suportam mais de um formato. Entre as ferramentas, citamos os buscadores e indexadores de conteúdo, por exemplo, o Google e a hashtag, respectivamente. Longe de esgotarmos as problemáticas que circundam esse exercício, acreditamos que, oferecendo uma perspectiva originada de um estudo empírico, contribuímos para o aperfeiçoamento de métodos e/ou criação de ferramentas que venham a auxiliar os historiadores do futuro no emprego dessas fontes.  

Os dados aqui apresentados foram obtidos em uma pesquisa desenvolvida durante os anos de 2017 e 2018 no PPGHPB (FGV/CPDOC)2. Tomando em empréstimo orientações e experiências de ciências focadas na comunicação, computação, informação e sociologia, elaboramos e conduzimos um estudo exploratório, empregando as hashtags #SOSRioDoce e #1AnoDeLamaELuta como palavras-chave. Desta forma, recuperamos memórias digitais produzidas em motivação do desastre ocorrido em 5 de novembro de 2015 no subdistrito de Mariana, Minas Gerais (Brasil).Empregamos uma ferramenta digital de busca, o Google, para recuperar, através de uma ferramenta indexadora – a hashtag –, artefatos digitais contemporâneos produzidos em virtude do desastre de Mariana.

2 Método: criar amostras, salvar documentos e organizar dados

Para analisarmos a estabilidade da recuperação dos objetos digitais referentes ao desastre, executamos três Testes de Recuperação (TR) com cada uma das hashtags, nos mesmos padrões, mas em datas diferentes. Essas repetições geraram três respostas para uma mesma pergunta, e a comparação entre os resultados possibilitou a conferência dos dados recuperados e a identificação de possíveis mudanças nos resultados. Ou seja, com essas três amostras fomos capazes de identificar o aparecimento ou desaparecimento de objetos digitais. O Quadro 1, a seguir, discrimina as datas de realização de cada Teste.

Quadro 1: Cronograma de realização dos testes. Fonte: Autora, 2020.

É impossível fugir de todas essas influências ou mesmo compreender todas as decisões tomadas pelos buscadores ao fornecerem os resultados. Ativar a navegação anônima (Ctrl+Shift+N)3 e definir filtros que orientem os resultados contribui para a redução de certas influências e da presença de informações fora do escopo da pesquisa. No Google, aplicamos os seguintes filtros para a #SOSRioDoce: Qualquer país> Em qualquer idioma> (Intervalo personalizado) 1 de nov de 2015 - 30 de nov de 2015> Classificar por data> Todos os resultados. Para a #1AnoDeLamaELuta as opções de filtragem foram as mesmas, modificando apenas o Intervalo personalizado para 1 de nov de 2016 - 30 de nov de 2016 (#1AnoDeLamaELuta foi criada apenas no ano de 2016). A cada TR concluído, foi realizado o Salvamento de Resultado de Busca (SRB) e, em seguida, cada URL presente no resultado de busca foi acessado e o conteúdo transformado em PDF. 

Os objetos digitais são capazes de manter a hipertextualidade até mesmo depois de serem transformados em PDF. Os hipertextos estabelecem vínculos entre informações de fontes distintas e de diferentes formatos, provocam diversos “nós”, e através de diferentes links constroem uma rede de associações com outros documentos (LÉVY, 2010). A hipertextualidade ampliou significativamente as possibilidades de escolha sobre o que validar ou não nos resultados de busca e exigiu que adaptássemos nosso método incluindo critérios de organização e protocolos que definissem o alcance de nossas observações. 

Para itens que continham subitens, ou seja, que indexavam outras publicações contemplando os critérios predeterminados, estes subitensforam considerados como ramificações do item que os originou. Por exemplo, o Item 26, ao direcionar para outra publicação pertinente, gerou o 26-1 e assim sucessivamente, 26-2, 26-3. Estando com todos os SRB dos três Testes e com todos os conteúdos de cada Item recuperados e salvos em PDF, passamos para a coleta de informações. 

Os protocolos de atuação foram dois. Primeiro, um conteúdo compartilhado por terceiros sempre tinha seu produtor original identificado, e o URL de acesso à publicação era salvo. Segundo, para que os conteúdos acessados por hipertextualidade fossem considerados, era preciso que a hashtag buscada estivesse presente neles. A identificação da validação ou não dos objetos recuperados, assim como os demais dados extraídos desses conteúdos, foi organizada em planilhas do Excel, gerando um banco de dados estruturado.  

Os atributos empregados na organização dos dados foram definidos no decorrer da pesquisa, com o objetivo de facilitar a observação das informações coletadas nas publicações recuperadas. As colunas contendo Item, Limpeza, Descritivo, Data da Publicação, URL e Notas foram importantes, respectivamente, para: quantificar, selecionar, transcrever ou explicar conteúdos, confirmar data, registrar endereço da publicação e acrescentar informações extras sobre o objeto digital recuperado. Através dos atributos @usuário, hashtag e Plataforma identificamos, respectivamente: os atores responsáveis pela publicação; as etiquetas indexadas às etiquetas principais; os ambientes digitais que possibilitaram o acesso aos conteúdos contendo as hashtags pesquisadas.

A estruturação da planilha com as informações originadas da documentação produzida foi o primeiro resultado obtido. Planilhas e publicações em formato PDF estão disponíveis no “Corpus Documental #SOSRioDoce e #1AnoDeLamaELuta” através de endereço eletrônico (LÚCIO, 2018).

3Hashtag: entendendo essas etiquetas

A hashtag é uma etiqueta digital com capacidade de organizar e indexar informações (CALEFFI, 2015; BOYD et al., 2017). Inicialmente realizada por profissionais da informação, a indexação com hashtags é uma prática cada vez mais comum entre usuários não especializados da Internet, que usufruem da autonomia de etiquetar suas próprias publicações e publicações de terceiros. A popularização do emprego de hashtag aconteceu através do Twitter, com o incentivo do tecnólogo Chris Messina. Em 2007, Messina propôs informalmente aos administradores da rede o uso do símbolo hash (#) como estratégia de etiquetagem para organizar as publicações. Desde então, a empresa passou a utilizar e a incentivar o uso de etiquetas (tags) nos tweets (BOYD et al., 2017). 

Este símbolo já havia sido empregado em tecnologias de comunicação anteriores às redes sociais (CARLSEN, 1996). Foram os programadores, porém, os responsáveis por sua utilização como símbolo # (hash) operador de uma função (BOYD et al., 2017; SALAZAR, 2017). A função hash utiliza um algoritmo que cria índices facilitadores na recuperação de conteúdo, donde o símbolo que a opera ter sido inspiração para a concepção do que hoje conhecemos como hashtag

Atualmente, essas etiquetas temáticas são produzidas e reproduzidas em diferentes plataformas e as memórias digitais indexadas por elas estão abrigadas em diferentes servidores. Sua capacidade indexadora contribui para que conteúdos criados por diferentes usuários sejam recuperados pelos buscadores e agrupados para, então, serem avaliados enquanto um conjunto de informações sobre um mesmo tema. De fato, são inúmeros os objetivos e motivos pelos quais uma hashtag é inserida em um conteúdo.

As hashtags podem surgir ad hoc, provocadas por acontecimentos recentes, e praeter hoc, com a finalidade de centralizar diálogos e outros conteúdos sobre eventos futuros (BRUNS, STIEGLITZ, 2012). A cada reutilização de uma mesma hashtag criada com objetivos específicos, entende-se que seus usuários endossam a finalidade predefinida para tal etiqueta. E o que essas etiquetas manifestam, sempre se expressa através dos termos que as compõem. A linguista Paola M. Caleffi identificou que, além de categorizar, a hashtag tem servido para enfatizar o que foi dito, avisar, expressar sentimentos ou emoções pessoais, apoiar eventos ou movimentos, auto zombaria, promoção de marca, e participação em bate papo ou conferência (CALEFFI, 2015). 

Exemplos do emprego de hashtags mostram o vínculo entre os termos que as compõem e motivações do uso das etiquetas, além de reforçarem a versatilidade dessa ferramenta: #sandiegofire foi utilizada pela primeira vez em 2007, indexando informações sobre estradas abertas e outras questões práticas referentes ao incêndio que acontecia na região de San Diego (Califórnia, EUA); #ForumZLu e #archivesforfuture, utilizadas por participantes durante debates no primeiro Fórum Z, cujo tema era “Arquivos para a era digital” (SPIRINELLI, 2017); #sidibounzid, utilizada por manifestantes insatisfeitos com o governo de Ben Ali, após a publicação do vídeo da autoimolação de um jovem da cidade de Sidi Bouzid;  #occupywallstreet, associada ao movimento norte americano reivindicador de justiça social que ocupou a Wall Street no Distrito Financeiro em New York (Castells, 2013); #SGMemory, foi etiqueta encabeçada pelo Estado de Singapura e resultou em mais de 38 mil tweets referentes a Singapura, constituindo um acervo de memórias (TANG, 2013).

Essas práticas reforçam a atuação do usuário da Internet como um produtor – e ainda que de maneira leiga, organizador – de objetos digitais. Seja publicando uma foto de família, um comentário no decorrer de um evento, divulgando ideias sobre um movimento ou, simplesmente, expressando um sentimento. 

O desastre ocorrido, no ano de 2015, em Mariana, Minas Gerais, gerou diversas manifestações públicas na rede indexadas por diferentes hashtags. Dentre tantas, ad hoc foi criada a #SOSRioDoce que, divulgada pelo perfil @sosriodoce, incitava a ocorrência de um Twitaço e tornou-se uma Trend Topic. Praeter hoc a #1AnoDeLamaELuta, divulgada pelo MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens, indexou conteúdos propagados com o objetivo de convidar a sociedade para uma Marcha que aconteceria no aniversário de um ano do desastre.

Essas etiquetas foram escolhidas por terem sido criadas em momentos distintos e com objetivos distintos. Enquanto a #SOSRioDoce indexou objetos digitais criados durante os dias em que a lama tóxica atingia diversas cidades até chegar ao litoral capixaba, a #1AnoDeLamaELuta foi etiqueta empregada já quase um ano após o desastre, indexando objetos digitais. Tais objetos estimulavam o exercício de lembrar do desastre, e pleiteavam, para este, um espaço na memória social desse passado que, recente, ainda impacta a vida dos atingidos.

Escolher a hashtag a ser empregada como palavra-chave é uma das formas de colaborar com a filtragem da temática do conteúdo que deseja encontrar. Por isso, é importante conhecer o contexto de criação da etiqueta. Mesmo que essa não seja uma estratégia totalmente funcional, ela favorece uma maior circunscrição de objetos digitais. Formadas por palavras, enquanto expressões manifestas em etiquetas, as hashtags transmitem juízos, valores e perspectivas, que, endossados por seus usuários,criticam ou enaltecem seus contextos. Este entendimento se estende inclusive às hashtags empregadas em associação com as que utilizamos como palavra-chave.

4Google: o que as amostras nos contaram sobre o buscador

Empregando a trend topic, #SOSRioDoce, obtivemos um resultado quantitativo bem mais significativo do que com a #1AnoDeLamaELuta. Chegamos a acessar com a #SOSRioDoce 95 objetos digitais em um dos testes, enquanto com a #1AnoDeLamaELuta, o máximo obtido foi de 19 objetos. Observar os ambientes onde encontramos esses objetos trouxe uma noção da ampliação de ciberespaços considerados como receptivos a esse tipo de etiquetagem. À medida que a hashtag passou a indexar conteúdos em ambientes digitais diversificados, identificá-los se tornou um exercício histórico de reconhecimento da sua aplicação e uma estratégia para avaliar sua funcionalidade enquanto mecanismo de recuperação no ciberespaço. Para distinguir os “lugares” acessados pelo buscador via hashtag, estabelecemos, já no decorrer da pesquisa, uma tipologia contendo: API (Application Programing Interface); Blog; Plataforma (de crowdfunding ou de compartilhamento de vídeo); Rede social; Produtora de conteúdos variados; Revista online; Website de notícias. 

A oscilação nas amostras provocou diferentes possibilidades de acesso a diferentes conteúdos, em diferentes ambientes digitais. Em cada TR realizado, as fontes acessadas através da mesma hashtag não foram idênticas, assim como os ambientes que as disponibilizavam também não, o que refletiu diretamente na tipologia dos conteúdos recuperados. Entre os ambientes digitais que ofereceram acesso a conteúdos com a #SOSRioDoce, tivemos o aumento gradativo de APIs de recuperação de imagem do Instagram. Apesar do Mulpix e o Imgrum estarem presentes já desde o TR1, as publicações recuperadas através deles oscilaram, tanto em conteúdo como em quantidade. O aumento de APIs permite interpretarmos que tais ferramentas, Picstoc e SocImage, não faziam parte do escopo de APIs acessados pelo Google nos períodos em que se ausentaram dos TRs.

As amostras capturadas no decurso dos três testes realizados com a #1AnoDeLamaELuta indicam que, durante o TR 2 e o TR 3, ausentaram-se do resultado de busca 11 itens que estavam presentes no TR 1, sendo eles conteúdos criados em um website de notícias, uma rede social e um website. O período em que o pesquisador realiza a busca, também influencia nos resultados. Ficou claro que, quanto mais distante da data do acontecimento, menor é o resultado de memórias obtidas, especialmente com a hashtag que não se tornou trend topic

Resultados obtidos com a pesquisa reforçaram, especialmente, a característica instável do ciberespaço. No entanto, o uso maciço de aparelhos digitais conectados em rede é um dos aspectos a ser superado pelos historiadores em prol da produção histórica conciliada ao uso de objetos digitais.

5#SOSRioDoce e #1AnoDeLamaELuta: os @usuários dessas etiquetas

As amostras indicaram uma produção continuada de tweets realizados pelo usuário @agenciamosca, iniciada às 6h08min do dia 13 de novembro e interrompida às 8h48min do mesmo dia, destacando este usuário como o maior propagador de conteúdos com a #SOSRioDoce. Entre as 6h08min e 6h43min, @agenciamosca esteve próximo a alcançar a frequência de uma publicação por minuto. Os conteúdos acessados através da #1AnoDeLamaELuta, não ofereceram indicativos de nenhum usuário como propagador principal da etiqueta, mas, observando os testes isoladamente, identificamos que, no TR 1, o MAB Nacional (Movimento dos Atingidos por Barragens)  foi o que mais utilizou a etiqueta em suas publicações, e que todos esses conteúdos desapareceram dos resultados obtidos nos testes seguintes. 

Em sua grande maioria, a documentação originada dos testes realizados com a #SOSRioDoce registrou o uso de perfis de redes sociais criados por indivíduos ou empresas relacionados a atividades de marketing e comunicação na web, tendo alguma conexão com a cidade de Governador Valadares (uma das atingidas). Já a #1AnoDeLamaELuta foi mais empregada por páginas de instituições, não se destacando através de perfis de redes sociais.

6 Hashtags que denunciam, informam, localizam e marcam o tempo

Associadas à #SOSRioDoce, etiqueta que pede Socorro para um rio, identificamos outras 135 hashtags presentes nos conteúdos recuperados no decorrer dos três testes, entre elas etiquetas contendo nomes de cidades, pedindo orações, socorro e doações. Ainda assim, segundo documentação, as hashtags mais reproduzidas em conjunto com a #SOSRioDoce mantiveram um tom informativo e de denúncia. Foram elas: #estamossemágua, #imprensacalada, #nãofoiacidentefoicrime, #riodocemorto. 

Entre as localizações geográficas identificadas através de hashtags associadas, identificamos a #BentoRodrigues, etiqueta com o nome do primeiro subdistrito atingido pelos dejetos; a #RioDoce, referente ao rio que serviu como uma calha para a lama tóxica; #GovernadorValadares, que lembra a cidade impactada com uma significativa crise hídrica provocada pelo desastre; #EspíritoSanto, referente ao segundo Estado a receber os dejetos; #Linhares e #Regência, esta referente a um distrito e aquela referente a um município, ambos localidades por onde a lama passou antes de desembocar no Oceano Atlântico.

Entre as localidades que destoaram do trajeto percorrido pelos dejetos, a #Paris chamou atenção por referenciar uma localidade em outro continente. A associação entre #Paris e #SOSRioDoce se justificou pois, no mesmo mês em que a lama escoava pelos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo, a cidade de Paris foi alvo de diversos atentados. Tal associação expõe o vínculo criado entre acontecimentos distintos, que, evocada através das redes, aglutinou memórias nato digitais de um determinado período dentro de um contexto intercontinental. Diferentemente da #SOSRioDoce, identificamos, através dos documentos, que a #1AnoDeLamaELuta foi associada a apenas 32 hashtags, sendo mais reproduzidas a #RiodeGente, cujos termos buscam ilustrar a proporção de pessoas atingidas com tal desastre, e a #NãoFoiAcidente, etiqueta em tom de denúncia. 

A primeira informação fornecida pela #1AnoDeLamaELuta é temporal e diz respeito ao transcurso de ‘1Ano’. Os termos seguintes adjetivam este ‘1Ano’ como sendo ‘DeLamaELuta’. Essa marca temporal chamou a atenção para sua real funcionalidade ao identificarmos uma mudança ou adaptação dos usuários ao empregarem essa hashtag. Em setembro de 2017, a poucos meses de completar dois anos do desastre de Mariana, alguns usuários passaram a utilizar a #2AnosDeLamaELuta, que consideramos uma etiqueta de continuidade à #1AnoDeLamaELuta.  Hoje, já é possível encontrar, na rede, conteúdos sobre o desastre indexados através da #3AnosDeLamaELuta e da #4AnosDeLamaELuta, vinculados, inclusive, a conteúdos que tratam de rompimentos de outras barragens posteriores àquele de Bento Rodrigues.

7 O desastre de Mariana: uma breve história contada com artefatos digitais

Em 5 de novembro de 2015, uma das barragens da Samarco Mineração S.A — empreendimento de propriedade da Vale S.A. e da BHP Billiton — se rompeu e a lama tóxica que ela continha espalhou-se e destruiu por completo o subdistrito de Bento Rodrigues, no município de Mariana, Minas Gerais, Brasil. Centenas de pessoas ficaram desabrigadas e dezessete morreram (MINAS GERAIS, 2016). A lama gerou um desastre ambiental cujas consequências levarão, no mínimo, cem anos para serem revertidas. Espalhando-se por mais de seiscentos quilômetros, chegando ao Rio Doce, a lama aliou-se à correnteza, percorreu centenas de quilômetros, cruzou o Estado de Minas Gerais, alcançou o Estado do Espírito Santo, por onde seguiu até desaguar no Oceano Atlântico.

Cinco dias após o rompimento, buscando dar visibilidade à tragédia, a jornalista Silvana Soares teve a iniciativa de criar na rede social Facebook um perfil nomeado @sosriodoce e, dois dias depois, através do @sosriodoce, passou a instigar outros usuários a utilizarem a #sosriodoce com o propósito de gerar um tuitaço5 (SOARES, 2015). Como pode ser visto na Figura 1, às 4h03min do dia 13 de novembro de 2015, @aminygusmao publicou, em seu Twitter: “Já estamos nos trends!!! #SOSRioDoce” (TR1 Item 26-16-1).

Fig. 1: Captura de imagem da publicação feita por AminyGusmão. Fonte: Gusmão, 2015. Disponível em: https://twitter.com/aminygusmao/status/665137990528835584. Acesso: 27 abr. 2020.

Nesse mesmo dia, @agenciamosca dedicou-se intensamente, por cerca de duas horas ininterruptamente, à produção de pequenas frases indexadas com a #SOSRioDoce, como por exemplo: no TR 1, Item 26-21 “Precisamos de ajuda” (AGÊNCIA MOSCA, 2015a); TR1, Item 26- 34 “Muita tristeza” (AGÊNCIA MOSCA, 2015b); TR1, Item 26-13 “Não podemos ser ignorados” (AGÊNCIA MOSCA, 2015c); TR 1, Item 26-26 “Precisamos ser socorridos” (AGÊNCIA MOSCA, 2015d); TR 1 Item 26-29 “Queremos água” (AGÊNCIA MOSCA, 2015e). O emprego da trend topic em diversas publicações no Twitter destacou este usuário em três resultados de busca, que, realizados em meses distintos do ano de 2017, possibilitaram a interpretação de que @agenciamosca foi o maior propagador da #SOSRioDoce. Em 18 de novembro de 2015, a revista digital HuffPost Brasil (TR 2-Item 10) publicou uma matéria contendo, segundo esta, dados fornecidos pelo DAPP/FGV, que apontavam a #SOSRioDoce como a hashtag mais utilizada na rede durante os sete dias seguintes ao desastre (HUFFPOST, 2015). 

Entre inúmeras publicações, identificamos outras hashtags empregadas junto à #SOSRioDoce que pediam socorro, doações, oração: #doeágua, #doeáguamineral, #doeamoremlitros, #ore, #oremosporParis, #oremospormariana, #OrePorParis, #prayforparis, #PrayForWorld, #sosbentorodrigues, #sosES, #SOSEspiritoSanto, #sosgovernadorvaladares, #sosgv, #sosMariana, #SOSMarianamg, #sosMG, #sosminas, #SOSMinasGerais, #SOSRegência, #SOSRioDoce, #sosvaladares. O sentimento de solidariedade levou à distribuição de água, realizada por diferentes entidades e pessoas da sociedade civil, e estimulou a manifestação de expressões artísticas de diferentes formas. Como pode ser observado na Figura 2, Flavio Wetten criou um desenho no qual mãos em posição de prece, ao mesmo tempo em que dividem o espaço entre as palavras Rio Doce e Paris, unem duas tragédias num contexto temporal.

Fig. 2: Captura de imagem da publicação feita por @duplacarioca. Fonte: Wetten, 2015. Disponível em: https://mulpix.com/post/1118202448067916274.html. Acesso em: 7 jul. 2019. 

Indexado pela #SOSRioDoce, encontramos o poema Lira Itabirana (1984) de Carlos Drummond de Andrade (Figura 3).

Fig. 3: Captura de imagem da publicação feita no Blog de Myrian Figueiredo por Anônimo. Fonte: Anônimo, 2015. Disponível em: http://myriamfigueiredo.blogspot.com/2015/11/municipio-de-pirapora-e-ministerio.html. Acesso em: 27 abr. 2020. 

A Figura 4 mostra fotografias, também indexadas com a #SOSRioDoce, que retratam o rio antes e depois do desastre. 

 

Fig. 4: Imagem capturada de uma publicação do Facebook. Retrata a “Foz do Rio Doce em Regências (Linhares/ ES). Fonte: Bethânia Zanata, 2015. Disponível em: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1027309667320246&set=a.653586234692593&type=1&theater. Acesso em: 27 abr. 2020.

Enquanto o Governo do Estado de Minas Gerais trabalhava na identificação das áreas impactadas pelo desastre, as memórias digitais compartilhadas em rede eram indexadas, tanto com hashtags contendo o nome das cidades diretamente atingidas, quanto através de hashtags contendo, inclusive, a localização de pessoas solidárias aos atingidos. Isso trouxe uma pequena noção do alcance das informações referentes a tal desastre: #belohorizonte, #Brasil, #brasilia, #EspíritoSanto, #ES, #ibituruna, #minasgerais, #Paris #pracaduquedecaxias, #riodejaneiro, #sãopaulo, #uberlandia, #vilavelha, #vitória.

Já quase um ano após o desastre, em 27 de setembro de 2016, um chamado foi publicado nas redes sociais com a seguinte mensagem: “#1ANODELAMAELUTA (Figura 5). O crime do Rio Doce jamais vai ser esquecido! 31/10 a 02/11 Marcha de Regência a Mariana. 03/11 a 05/11 Encontro dos Atingidos em Mariana. Lutar é organizar para os direitos conquistar” (#1ANODELAMAELUTA, 2016a). A publicação foi feita pelo MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens, uma organização nacional cuja origem data do final da década de 1970.

Fig. 5: Imagem capturada do vídeo publicado no Youtube em 27 de setembro de 2016. Fonte: MAB, 2016. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=x8lAs7sRrGs&feature=youtu.be. Acesso em: 27 abr. 2020.

A marcha convocada através da #1AnoDeLamaELuta fez do aniversário do desastre um momento para lembrar a tragédia e medir as resoluções tomadas até aquele instante. Segundo publicação do MAB, estariam presentes no encontro diversas entidades, como: a Arquidiocese de Mariana, a Rede de médicos e médicas populares, o Conselho Nacional de Direitos Humanos, o Ministério Público Federal e o Ministério Público do Estado de Minas Gerais (TR 1, Item 8).

Em 1 de novembro de 2016, quase um mês após o chamado e a divulgação da #1AnoDeLamaELuta, o usuário @criolo.oficial publicou um vídeo, que, produzido pelo Greenpeace e Oloko Records, exibe o artista Criolo recitando um poema: 

Naquela barragem da mente
Se escondia um perigo
O que os olhos não veem
O coração se afunda no lixo
Mente podre que esconde o sumiço
Do amor mais puro do mundo
Morre gente,
Morre planta,
Morre bicho.
Dentro de mim corria um rio,
Um tanto verdade
E outro tanto fingido (CRIOLO, 2016).

O poema, indexado com a hashtag #1AnoDeLamaELuta foi compartilhado em diversas redes sociais.

Em 2 de novembro de 2016, um dia após o poema ganhar destaque na rede, o Mídia Ninja, uma rede livre de midiativismo, registrou outro tipo de manifestação artística. A Figura 6 mostra uma cena da intervenção realizada pelo Levante da Juventude na cidade de Ipatinga (MG), que recebia a “Marcha de #1AnoDeLamaELuta, que faz[ia] o percurso de destruição da lama da Samarco” (midianinja, TR 1, Item 13-3).

Fig. 6: Imagem capturada de publicação feita pelo midianinja no Instagram. Cena de uma intervenção para receber a Marcha de #1AnoDeLamaELuta em Ipatinga/MG. Fonte: Mídia Ninja, 2016. Disponível em: https://www.instagram.com/p/BMUhdWshQcc/?tagged=1anodelamaeluta. Acesso em: 27 abr. 2020.

No transcorrer do mês de novembro, com a marcha de Regência até Mariana, diferentes personagens públicos aderiram ao movimento. Conforme mostra a Figura 7, o prefeito de Baixo Gandú, netobarros_65, foi um desses personagens. Durante o encontro realizado na Arena de Mariana, ele posou para uma foto segurando um cartaz com os dizeres “#1AnoDeLamaELuta Somos Tod@s Atingid@s”.

Fig. 7: Imagem capturada de publicação feita por @netobarros_65 no Instagram. Imagem de Neto Barros, então prefeito de Gandú uma das cidades atingidas.  Fonte: Neto Barros, 2016. Disponível em: https://www.instagram.com/p/BMW2lpmhcBS/?tagged=1anodelamaeluta. Acesso em: 27 abr. 2020.

Acessamos depoimentos de populares, também indexados à #1AnoDeLamaELuta, sobre as consequências do desastre em suas vidas. No TR1, Item 2 encontramos o depoimento de Sonia, moradora de Gesteira, que relatou que sua filha começou a ter sintomas de diarreia, manchas no corpo e febre após a chegada da lama, e afirmou que rejeitos teriam sido utilizados para fazer o calçamento da cidade (MAB, 2016b). Outros depoimentos dedicaram- se a descrever como era o meio ambiente de Barra Longa. No TR1-Item 3, Claudineia afirmou que “[o] nome Barra Longa é porque se formava uma longa barra entre os rios do Carmo e Gualacho”. Segundo D. Geralda, “[e]ra lindo, o Rio Gualacho com uma água clarinha, se encontrava com Rio do Carmo que tinha uma água bem escura” (MAB, 2016c, p. 1). Um ano depois do desastre, a Figura 8 retrata como a água continuava barrenta.

Fig. 8: Imagem capturada de publicação feita pelo MAB Nacional. Fonte: Leandro Taques e Maxwell Vilela, 2016. Disponível em: https://www.dropbox.com/sh/sxiaf9pyrhqzyc8/AAAx4CEghPYL0WsAxy-2gr9za/Publica%C3%A7%C3%B5es%20%231AnoDeLamaELuta/TR%201%20%231AnoDeLamaELuta-%206set2017/3.pdf?dl=0. Acesso em: 27 abr. 2020. 

Sobre a recuperação de espaços atingidos pela lama em Barra Longa, o depoimento de uma comerciante e proprietária de imóvel acusava a inoperância na reforma dos imóveis, uma vez que, segundo ela, sua casa teria sido entregue sem portas ou janelas. O distrito de Bento Rodrigues já não existe mais, mas, observando a Figura 9, sabemos que antes do desastre, provavelmente na casa de número 63 de alguma rua, os passantes se deparavam com uma plaquinha anunciando “VENDE-SE SORVETE PICOLÉ”.

Fig. 9: Foto tirada em Bento Rodrigues e publicada pelo catracalivre no Instagram. Fonte: Matheus Castro, 2016. Disponível em: https://www.instagram.com/p/BMcqHG6gE21/?tagged=1anodelamaeluta. Acesso em: 27 abr. 2020.

Essas informações são fragmentos da reconstituição da memória social do desastre de Mariana, e, especialmente, são o exercício de contar uma história sobre a história de documentos acessados e produzidos através de duas hashtags que indexam memórias digitais sobre um mesmo evento.

Dentre o que ainda não foi contado, destacamos que, caso tivéssemos realizado somente os TRs dos meses de dezembro, não acessaríamos as histórias de Sonia, Claudinéia e Dona Geralda. Também não saberíamos que os precursores das hashtags pesquisadas foram @SOSRioDoce, primeiro perfil criado para estimular o uso da #SOSRioDoce, e MAB Nacional, precursor do uso da #1AnoDeLamaELuta. Isto porque, em todas as amostras, a presença desses dois usuários foi significativamente reduzida. A explicação para tal pode estar associada aos ensinamentos de Langville e Meyer (2006) sobre a redução do status de recomendação. Talvez por serem páginas de movimentos engajados em causas específicas, tanto @SOSRioDoce quanto o MAB Nacional tenham sido interpretados como de pouco discernimento visto que possuem um posicionamento constante sobre determinadas temáticas. Isto pode explicar sua redução – ou remoção, no caso do MAB – dos resultados de busca, diferentemente da @agenciamosca que, apesar de se manifestar, é um perfil empresarial que possivelmente publica conteúdos sobre outros diversos temas.

Isto significa que, mesmo sendo o perfil precursor no uso de uma etiqueta, isto não assegura que ele esteja presente ou de alguma forma tenha seus conteúdos indicados no resultado de busca.

8 Conclusões

Os conteúdos acessados e apresentados neste estudo expressam a diversidade de informações que pode ser extraída das memórias digitais presentes na coleção criada e ilustram o potencial dos objetos nato digitais como fonte histórica aos historiadores do futuro. Seja no estudo sobre as mobilizações em rede, formas de expressão e organização da sociedade ou para reconstituir um acontecimento passado.

Além de oferecer data, hora, localização, personagens e imagens, os documentos digitais produzidos através do estudo são produto da memória social elaborada sobre o desastre provocado pelo rompimento da Barragem do Fundão. Os objetos digitais e os métodos empregados para acessá-los conduzem o historiador à elaboração de uma memória social digital que contém, inclusive, esquecimentos. Estes, por sua vez, são operados por diferentes dimensões envolvidas na existência desses artefatos digitais. 

As escolhas metodológicas iniciais foram revistas e adaptadas durante quase todo o percurso, exigindo a criação de protocolos, imputação de limites de observação e estabelecimento de tipificações. Ainda que esperadas, estas adaptações só puderam ser mensuradas por nós através da empiria.

A replicação desse estudo certamente levará o pesquisador a outros cenários, atores e conteúdos, ou seja, a outra história. E ainda assim, ao utilizar a #SOSRioDoce e a #1AnoDeLamaELuta ele estará também acessando objetos digitais que endossam o contexto em que essas etiquetas foram criadas. Utilizar hashtags como forma de acessar informações na rede é buscar atores e conteúdos que se expressam sobre um mesmo assunto, e esse método é favorável aos historiadores que buscam memórias sociais relativas a temas específicos.

Reconhecemos o potencial de abundância documental da Internet, mas, considerando especialmente o buscador empregado, nos deparamos com um ambiente restritor e indutor da informação, o que reforça a necessidade de criação de mecanismos de busca específicos ao ofício do historiador.  

Finalmente, ainda que tenhamos constituído um banco de dados acessível, sempre há a possibilidade de ele ser apagado ou desaparecer, o que faz do formato impresso uma garantia a mais na preservação desses documentos, aumentando os custos em nome de uma suposta ampliação da possibilidade de preservação. Também é relevante reconhecermos que, apesar de acessarmos registros audiovisuais, foi inviável fazer o download desses vídeos, o que nos fez mais uma vez contar com a (im)permanência dos acessos via link das publicações.

Referências

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1 Também conhecidas como Born digital ou fontes nascidas digitais, são aquelas originadas de conteúdos criados em formato digital, por exemplo, materiais colhidos no ciberespaço como capturas de tela, fotografias, arte digital, dados de navegação, conteúdos de websites, programas, etc.

2 Programa de Pós-Graduação em História, Política e Bens Culturais (Fundação Getúlio Vargas/ Centro de Pesquisa e Documentação Contemporânea).

3 A navegação anônima impede a gravação de certas informações recebidas no navegador. Isto não quer dizer que essas informações não podem ser rastreadas de outras formas.

4 Mulpix, Imgrum, Picstoc e SocImage são API’s interfaces de programação de aplicativos do Instagram. São ferramentas que utilizam os dados do sistema do Instagram para oferecer resultados de busca.

5 Uma forma de manifestação realizada através do Twitter, onde o objetivo é destacar uma #hashtag e, consequentemente, o tema que a permeia.

The historian and a method: the social memory of a disaster via hashtags

Taciana Sene Lúcio

Taciana Sene Lúcio is a historian and Master in History, Politics and Cultural Assets. She is a researcher at Larhud - Laboratory in Digital Humanities Network, of the Brazilian Institute of Information in Science and Technology - IBICT. She studies access to the social memory produced on the Internet and its uses as a historical source. tazsene@gmail.com


How to quote this text: Lúcio, T. S., 2020. The historian and a method: the social memory of a disaster via hashtag. V!rus, Sao Carlos, 20. [online] Available at: <http://www.nomads.usp.br/virus/virus20/?sec=4&item=16&lang=en>. [Accessed: 25 April 2024].

ARTICLE SUBMITTED ON MARCH 10, 2020


Abstract

Cyberspace is an operating environment of civil society of extreme importance in contemporary urban activities. Digital objects in cyberspace are potential historical sources. The objective of this study is to explore a possible way to produce these sources. Here, one can find methodological issues identified along a path followed by a historian, a laywoman in digital technologies, who explored a method of producing historical documents about a disaster using a search engine and a hashtag. The article provides a brief history of hashtags, justifies the use of this tool, and suggests important resources to observe when defining keywords. It indicates the action protocol used to deal with the hypertextuality of the collected and saved objects. Finally, it provides an overview of the content present in the documentation produced, which is accessible via a link and points out the complications and potentials identified in the employed method.

Keywords: Digital object, History, Hashtag, Social memory, Mariana disaster



1 Introduction: why should the historian explore methods that employ digital objects?

The idea that we are in a "digital age" illustrates the relevance of the production of digital artifacts to the detriment of the already known analog artifacts. Although the latter still have great importance, the first have generated impactful questions to the historian's craft. With various forms and contents, the digital artifacts, which result from the everyday practice in cyberspace, impact different social dimensions and generate problems to be explored by scientists of our time.

We understand that the historian produces documents (Certeau, 1982). We recognize that the collection of data, testimonies, images, and so many other forms of a trace (Bloch, 2001) are an essential part of our profession since the historical narrative must be based on evidence (Hartog, 2011). We assume that the relationship with this evidence also changes as new configurations arise in the spaces that store these pieces. In this case, cyberspace is unstable and flexible, upgradeable, and erasable. Therefore, the historian needs to face such changes in favor of broadening the means of carrying out his profession. We have to adapt.

This study presents the experience of a historian who employs an unpaid search engine and a digital indexing tool to produce documents and compose the social memory of an event. The biggest challenge of this experiment was to know "how" to perform it since the reactions of the digital environment to the methods employed were unpredictable.

Roy Rosenzweig (2003) problematized the production and control of digital artifacts. He questioned whether the historian of the future would have to deal with the abundance or scarcity of digitally produced information. Between 2003 and 2019, there was no technical apparatus that guaranteed the availability of digital artifacts produced in the present for the study of historians in the future. 

Besides the problem of whether available or not, we recognize that digital objects have specific characteristics and that, to identify them, we need to explore them. Questioning which information these objects will contemplate, Pimenta (2016) defends that, since society is culturally immersed in digital practices and that these, in turn, involve the use of technical objects, the relationship between practice and technique is essential for the production of knowledge (Pimenta, 2016). This highlights the importance of exploratory research that can elicit the different perspectives involving technical digital objects and digital objects from specific practices of the digital era.   

In an interview, Professor Daniel Alves of Universidade Nova de Lisboa stated that the overabundance of data is perhaps the most significant challenge to be faced because it would cause changes in the way "the historian builds his vision of the past" (Alves, 2017, p. 4). The elaboration on a past requires from historians a documental basis and is, therefore, an exercise closely linked to the production of documents.

Exploring the production of born-digital historical sources1 requires considering that the digital environment is composed of a multitude of environments, which each is designed to support, in a more satisfactory way, specific formats of artifacts while offering distinct functions and tools. Citing some examples, there are: for videos, Youtube; for images, Instagram; for small texts, Twitter. Some environments, such as blogs and websites, support more than one format. Among the tools, we mention the search engines and content indexers, for example, Google and hashtag, respectively. Far from exhausting the problems that encompass this exercise, we believe that, by providing a perspective derived from an empirical study, we contribute to the improvement of methods and/or the creation of tools that will help future historians to use these sources.

The data presented herein were obtained in research developed during the years 2017 and 2018 in PPGHPB (FGV/CPDOC)2. Applying guidelines and experiences from communicational, computational, informational, and social sciences, we prepared and conducted an exploratory study using the hashtags #SOSRioDoce and #1AnoDeLamaELuta as keywords. This way, we recovered digital memories produced due to the disaster that occurred on November 5, 2015, in the subdistrict of Mariana, Minas Gerais (Brazil). We employed a digital search tool, Google, to recover contemporary digital artifacts produced in the context of the Mariana disaster through an indexing tool – the hashtag.

2 Method: create samples, save documents and organize data

To analyze the stability of the recovery of digital objects related to the disaster, we executed three Recovery Tests (TR) with each hashtag, in the same standards but on different dates. These repetitions generated three answers to the same question and the comparison of the results allowed us to check the recovered data and identify potential changes in the results. That is, with these three samples we were able to identify the appearance or disappearance of digital objects. Table 1 below details the dates on which each test was conducted.

Table 1: Schedule of tests performed. Source: Author, 2020.

It is impossible to escape all these influences or even understand all the decisions made by the search engines in providing the results. Enabling incognito browsing (Ctrl+Shift+N)3 and setting filters that guide the results contribute to the reduction of certain influences and the presence of information outside the scope of the search. At Google, we apply the following filters to #SOSRioDoce: Any country > In any language > (Custom Interval) November 1, 2015 - November 30, 2015 > Sort by date > All results. For #1AnoDeLamaELuta, we applied the same filtering options with a different custom interval from November 1, 2016 - November 30, 2016 (#1AnoDeLamaELuta was created only in the year 2016). After the completion of each TR, Search Result Saving (SRB) was performed and then each URL present in the search result was accessed and the content transformed into PDF. 

Digital objects are capable of carrying their hypertextuality even after their conversion into PDF. The hypertext establishes links between pieces of information of different sources and formats, generates different "nodes", and build a network of associations with other documents through different links (Lévy, 2010). Hypertextuality significantly expanded the choice of what to validate or not in the search results and required us to adapt our method by including organizational criteria and protocols to define the scope of our observations. 

For items that contained sub-items, i.e., that indexed other publications contemplating the predetermined criteria, these sub-items were considered as branches of their original items. For example, when Item 26 directed to another relevant publication, it generated 26-1, and so on, 26-2, 26-3. With all the SRBs of the three Tests and having the contents of each Item recovered and saved in PDF, we moved on to the collection of information. 

There were action protocols. First, a content shared by third parties always had its original producer identified, and the URL to access the publication was saved. Second, for considering the contents accessed by hypertextuality, they needed to have the searched hashtag. The identification of the validation, or not, of the recovered objects, as well as the other data extracted from these contents, were organized in Excel spreadsheets, which generated a structured database.

The attributes employed in the organization of the data were defined during the survey to facilitate the observation of the information collected in the recovered publications. The columns containing Item, Cleanup, Description, Publication Date, URL, and Notes were important, respectively, to: quantify, select, transcribe or explain contents, confirm the date, register publication address, and add extra information about the recovered digital object. Through the attributes @user, hashtag, and Platform we identified, respectively: the actors responsible for the publication; the tags indexed to the main tags; the digital environments that allowed access to the contents containing the searched hashtags.

The structuring of the spreadsheet with the information about the produced documentation was the first result obtained. Spreadsheets and publications in PDF format are available in "Documentary Corpus #SOSRioDoce and #1AnoDeLamaELuta" through an electronic address (Lúcio, 2018).

3Hashtag: understanding these tags

The hashtag is a digital tag capable of organizing and indexing information (Caleffi, 2015, Boyd et al., 2017). Initially carried out by professionals of the informational field, the indexation with hashtags is an increasingly common practice among non-specialized Internet users, who enjoy the autonomy of tagging their publications and third-party publications. The use of hashtags became popular with Twitter and was encouraged by the technologist Chris Messina. In 2007, Messina informally suggested to the network administrators the application of the hash (#) symbol as a tagging strategy to organize publications. Since then, the company has used and encouraged the use of tags in tweets (Boyd et al., 2017). 

This symbol had already been used in communication technologies prior to social networks (Carlsen, 1996). However, programmers were the great responsible for its use as the # (hash) symbol operator of a function (Boyd et al., 2017, Salazar, 2017). The hash function uses an algorithm that creates indexes that facilitate content retrieval. The symbol that operates the process was the inspiration for the conception of what we know today as the hashtag. 

Currently, these theme tags are produced and reproduced on different platforms and the digital memories they index are hosted on different servers. Its indexing capacity contributes to the retrieval and compilation of the content created by different users through search engines, leading to their evaluation as a set of information on the same theme. In fact, there are countless objectives and reasons for the insertion of a hashtag into the content.

The hashtags may arise ad hoc, conceived by recent events, and praeter hoc, focusing on debates and other content on future events (Bruns, Stieglitz, 2012). Each reuse of the same hashtag created for a specific purpose is understood as the endorsement of users regarding the default purpose for that tag. The manifestation of these tags is always expressed through the terms that compose them. The linguist Paola M. Caleffi identified that, besides categorizing, the hashtag has served to emphasize things said, warn, express personal feelings or emotions, support events or movements, self-mockery, brand promotion, and participation in chat or conference (Caleffi, 2015). 

Examples of the use of hashtags show the link between their terms and the motivations for the use of tags besides reinforcing the versatility of this tool: #sandiegofire was used for the first time in 2007, indexing information on open roads and other practical issues related to the fire that took place in the San Diego region (California, USA); #ForumZLu and #archivesforfuture, was used by participants during debates at the first Z Forum, whose theme was "Archives for the digital age" (Spirinelli, 2017); #sidibounzid, was used by protesters dissatisfied with Ben Ali's government after the publication of the video of the self-immolation of a young man from the city of Sidi Bouzid; #occupywallstreet, associated with the U.S. social justice movement that occupied Wall Street in the Financial District in New York (Castells, 2013); #SGMemory, was a tag headed by the State of Singapore that resulted in more than 38,000 tweets referring to Singapore and constituted a collection of memories (Tang, 2013).

These practices reinforce the Internet user's performance as a producer – an organizer even in a lay way – of digital objects, whether publishing a family photo, a comment during an event, spreading ideas about a movement, or simply expressing a feeling. 

The disaster that occurred in 2015 in Mariana, Minas Gerais, generated several public manifestations in the network that were indexed by different hashtags. Among so many, the ad hoc #SOSRioDoce, posted by the profile @sosriodoce, incited people to tweet about the issue and became a Trending Topic. Praeter hoc, the #1AnoDeLamaELuta, released by MAB - Movimento dos Atingidos por Barragens (Movement of Dam-Affected People), indexed contents aiming to invite society to a march that would take place on the first year after the disaster.

These tags were chosen because they were created at different times and with different objectives. While #SOSRioDoce indexed digital objects created during the days when toxic mud hit several cities until it reached the coast of Espírito Santo, #1AnoDeLamaELuta was a tag used almost a year after the disaster, indexing digital objects. Such objects stimulated the exercise of remembering the disaster and called for a space in the social memory of this past that still impacts the lives of people affected.

Using the hashtag as the keyword is a way to collaborate with the filtering of the content you want to find. Therefore, it is important to know the context of tag creation. Even if this is not a fully functional strategy, it favors greater preciseness regarding digital objects. Formed by words, as expressions manifested in tags, the hashtags transmit judgments, values, and perspectives, which, endorsed by their users, criticize or praise their contexts. This understanding extends even to hashtags employed in association with others we use as keywords.

4Google: what samples told us about the search engine

Using the trending topic #SOSRioDoce, we obtained a much more significant quantitative result than with #1AnoDeLamaELuta. In one of the tests, we managed to access 95 digital objects with #SOSRioDoce, while we obtained the maximum of 19 objects with #1AnoDeLamaELuta. The observation of the environments where we found these objects provided an idea concerning the expansion of cyberspaces considered receptive to this type of tagging. As the hashtag started to index content in diverse digital environments, its identification became a historical exercise of recognizing its application and a strategy to evaluate its functionality as a recovery mechanism in cyberspace. To distinguish the "places" accessed by the search engine via hashtag, we established, during the search, a typology containing API (Application Programming Interface); Blog; Platform (crowdfunding or video-sharing); Social network; various content producer; Online magazine; News website. 

The oscillation in the samples generated different possibilities of accessing different contents in different digital environments. In each TR performed, the sources accessed through the same hashtag were not identical, as well as the environments provided them, reflecting directly on the typology of the recovered contents. Among the digital environments that offered access to content with #SOSRioDoce, we had the gradual increase of Instagram image recovery APIs. Although using Mulpix and Imgrum4 since TR1, the publications recovered through them have oscillated both in content and quantity. The increase of APIs allows us to interpret that such tools, Picstoc and SocImage, were not part of the scope of APIs accessed by Google in the periods when they were absent from TRs.

The samples captured during the three tests performed with #1AnoDeLamaELuta indicate that 11 items from TR 1, whose contents were created on a news website, a social network, and a website, were absent during TR 2 and TR 3. The period in which the researcher conducts the search also influences the results. It became clear that the further away from the date of the event, the smaller the result of memories obtained, especially with a hashtag that did not become a trending topic

The results obtained with the research especially reinforced the unstable character of cyberspace. However, the massive use of networked digital devices is one of the aspects that historians should overcome in favor of a historical production reconciled with the use of digital objects.

5#SOSRioDoce and #1AnoDeLamaELuta: the @users of these tags

The samples indicated a continuous production of tweets made by user @agenciamosca, which started at 6:08 am on November 13 and stopped at 8:48 am on the same day and became the biggest content multiplier with #SOSRioDoce. Between 6:08 am and 6:43 am, @agenciamosca was close to reaching the frequency of one publication per minute. The contents accessed through #1AnoDeLamaELuta did not indicate any user as the main multiplier of the tag. However, observing the tests individually, we identified that, in the TR 1, the MAB Nacional (Movement of Dam-Affected People) was the user that most applied the tag in publications, whose contents disappeared from the results obtained in the following tests. 

Most of the documentation originated during the tests performed with #SOSRioDoce registered the use of social network profiles created by individuals or companies related to marketing and communication activities on the web and associated with Governador Valadares, one of the affected cities. The #1AnoDeLamaELuta, however, was more employed by pages of institutions and did not stand out through social network profiles.

6 Hashtags that report, inform, locate, and mark the time

Associated with #SOSRioDoce, a tag that asks for help for a river, we identified other 135 hashtags present in the contents recovered during the three tests. Most of these tags contained city names or claims for prayers, help, and donations. Still, according to documentation, the hashtags most reproduced in association with #SOSRioDoce sustained an informative and reporting tone. Namely: #estamossemágua, #imprensacalada, #nãofoiacidentefoicrime, #riodocemorto. 

Among the geographical locations identified through associated hashtags, we identified the #BentoRodrigues, a tag with the name of the first subdistrict hit by the waste; the #RioDoce, referring to the river that carried out the toxic mud; #GovernadorValadares, a city that held a significant water crisis caused by the disaster; #EspíritoSanto, referring to the second State to receive the waste; #Linhares and #Regência, a municipality and a district, respectively, where the mud passed before reaching the Atlantic Ocean.

Among the localities that were off the path of the waste, #Paris called attention for referring to a locality in another continent. The association between #Paris and #SOSRioDoce took place because the city of Paris was the target of several attacks in the same month the mud flowed throughout the States of Minas Gerais and Espírito Santo. This association reveals the link created between distinct events, which agglutinated born-digital memories, evoked through the networks, of a given period within an intercontinental context. Differently from #SOSRioDoce, the documents presented the association of #1AnoDeLamaELuta with only 32 hashtags. The most reproduced tags were the #RiodeGente, whose terms seek to illustrate the proportion of people affected by such disaster, and the #NãoFoiAcidente, a tag that has a denunciation character. 

The first information provided by the #1AnoDeLamaELuta is temporal and relates to the '1Ano' (1 year) period after the disaster. The following terms qualify this '1Year' as 'DeLamaELuta' (of mud and struggle). This timestamp caught our attention to its actual functionality after we identified a change or adaptation of users by employing this hashtag. In September 2017, a few months before the disaster complete two years, some users started using #2AnosDeLamaELuta, which we consider a tag of continuity to #1AnoDeLamaELuta. 

Today, it is already possible to find, on the web, contents about the disaster indexed through #3AnosDeLamaELuta and #4AnosDeLamaELuta, which are also linked to contents that deal with subsequent ruptures of dams.

7 The Mariana disaster: a brief story told with digital artifacts

On November 5, 2015, one of the dams of Samarco Mineração S.A. – an enterprise owned by Vale S.A. and BHP Billiton – collapsed, spread a toxic mud, and destroyed the subdistrict of Bento Rodrigues, in the municipality of Mariana, Minas Gerais, Brazil. Hundreds of people were left homeless and seventeen died (Minas Gerais, 2016). The mud caused an environmental disaster whose consequences will take, at least, a hundred years to reverse. Spread over six hundred kilometers and reaching Rio Doce, the mud was embodied by the river, covered hundreds of kilometers, crossed the State of Minas Gerais, reached the State of Espirito Santo, where it continued until reaching the Atlantic Ocean.

Five days after the collapse, seeking to give visibility to the tragedy, journalist Silvana Soares took the initiative to create a profile named @sosriodoce on Facebook. Two days later, through @sosriodoce, she started to instigate other users to use #sosriodoce aiming to generate a 5 (Soares, 2015). As we can see in Figure 1, at 4:03 am on November 13, 2015, @aminygusmao published on her Twitter: "We are already in the trends!! #SOSRioDoce" (TR1 Item 26-16-1).

Fig. 1: Image capture of the publication by AminyGusmão. Source: Gusmão, 2015. Available at:  https://twitter.com/aminygusmao/status/665137990528835584 [Accessed 27 April 2020].

That same day, @agenciamosca dedicated intensely, for about two hours uninterruptedly, to the production of small phrases indexed with #SOSRioDoce. For example: in TR 1, Item 26-21 "We Need Help" (Agência Mosca, 2015a); TR 1, Item 26- 34 "Very Sad" (Agência Mosca, 2015b); TR 1, Item 26-13 "We Cannot Be Ignored" (Agência Mosca, 2015c); TR 1, Item 26-26 "We Need Help" (Agência Mosca, 2015d); TR 1 Item 26-29 "We Want Water" (Agência Mosca, 2015e). The use of the trending topic in several publications on Twitter emphasized this user in three search results conducted in different months of 2017, which allowed us to conclude that @agenciamosca was the biggest multiplier of #SOSRioDoce. On November 18, 2015, the digital magazine HuffPost Brasil (TR 2-Item 10) published an article with data provided by DAPP/FGV that indicated the #SOSRioDoce as the most used hashtag in the network during the seven days following the disaster (HuffPost, 2015). 

Among many publications, we identified other hashtags employed with #SOSRioDoce that asked for help, donations, and prayer: #doeágua, #doeáguamineral, #doeamoremlitros, #ore, #oremosporParis, #oremospormariana, #OrePorParis, #prayforparis, #PrayForWorld, #sosbentorodrigues, #sosES, #SOSEspiritoSanto, #sosgovernadorvaladares, #sosgv, #sosMariana, #SOSMarianamg, #sosMG, #sosminas, #SOSMinasGerais, #SOSRegência, #SOSRioDoce, and #sosvaladares. The feeling of solidarity led to the distribution of water by different entities and people from civil society and stimulated the manifestation of artistic expressions in different ways. As we can see in Figure 2, Flavio Wetten created a drawing of hands in a prayer position between the words Rio Doce and Paris, merging two tragedies in a temporal context.

Fig. 2: Image capture of the publication by @duplacarioca. Source: Wetten, 2015. Available at: https://www.instagram.com/p/-Eipi0D3N7/?igshid=sb3o1fgh6j0 [Accessed 07 July 2019]. 

Indexed with the #SOSRioDoce, we find the poem Lira Itabirana (1984) by Carlos Drummond de Andrade (Figure 3).

Fig. 3: Image capture of the publication made in Myrian Figueiredo's Blog by Anonymous. Source: Anonymous, 2015. Available at: http://myriamfigueiredo.blogspot.com/2015/11/municipio-de-pirapora-e-ministerio.html [Accessed 27 April 2020].

Figure 4 shows photographs also indexed with the #SOSRioDoce. The images portray the river before and after the disaster.

Fig. 4: Image captured from a Facebook post. It portrays the "Foz do Rio Doce em Regências (Linhares/ ES). Source: Bethânia Zanata, 2015. Available at: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1027309667320246&set=a.653586234692593&type=1&theater [Accessed 27 April 2020]

While the Government of the State of Minas Gerais worked on the identification of the areas impacted by the disaster, the networked shared digital memories were indexed with hashtags containing the names of the cities directly affected and the location of people in solidarity with those affected. This brought a small notion about the scope of the information concerning such disaster: #belohorizonte, #Brasil, #brasilia, #EspíritoSanto, #ES, #ibituruna, #minasgerais, #Paris #pracaduquedecaxias, #riodejaneiro, #sãopaulo, #uberlandia, #vilavelha, #vitória.

Almost a year after the disaster, on September 27, 2016, a call was published on social networks with the following message: "#1ANODELAMAELUTA (Figure 5). The crime of the Rio Doce will never be forgotten! 10/31 to 11/02 March from Regência to Mariana. 11/03 to 11/05 Meeting of the Affected in Mariana. Fighting is organizing to conquer the rights" (MAB, 2016c). The publication was made by MAB - Movimento dos Atingidos por Barragens, a national organization whose origin dates back to the years of 1970.

Fig. 5: Image captured from the video published on Youtube on September 27, 2016. Source: MAB, 2016. Available at: https://www.youtube.com/watch?v=x8lAs7sRrGs&feature=youtu.be [Accessed 27 April 2020].

The march called through #1AnoDeLamaELuta made the anniversary of the disaster a moment to remember the tragedy and evaluate the resolutions taken until that moment. According to MAB's publication, several entities would be present at the meeting, such as the Archdiocese of Mariana, the Network of popular male and female doctors, the National Council of Human Rights, the Federal Public Prosecution Office, and the Public Prosecution Office of the State of Minas Gerais (TR 1, Item 8).

On November 1, 2016, almost a month after the call and release of #1AnoDeLamaELuta, the user @criolo.oficial published a video produced by Greenpeace and Oloko Records showing the artist Criolo reciting a poem: 

Naquela barragem da mente
Se escondia um perigo
O que os olhos não veem
O coração se afunda no lixo
Mente podre que esconde o sumiço
Do amor mais puro do mundo
Morre gente,
Morre planta,
Morre bicho.
Dentro de mim corria um rio,
Um tanto verdade
E outro tanto fingido (CRIOLO, 2016).

The poem, indexed with the hashtag #1AnoDeLamaELuta, was shared on several social networks.

On November 2, 2016, one day after the prominence of the poem throughout the internet, Mídia Ninja, a network of media activism, recorded another type of artistic manifestation. Figure 6 shows a scene from the intervention carried out by Levante da Juventude (Youth Uprising) in the city of Ipatinga (Minas Gerais, Brasil), which received the caption "March of #1AnoDeLamaELuta, which makes [made] the path of destruction of Samarco’s mud" (@midianinja, TR 1, Item 13-3).

Fig. 6: Image captured from @midianinja’s Instagram. The scene of an intervention held during the March of #1AnoDeLamaELuta, in Ipatinga/MG. Source: Ninja Media, 2016. Available at: https://www.instagram.com/p/BMUhdWshQcc/?tagged=1anodelamaeluta [Accessed 27 June 2020].

In November, during the march from Regência to Mariana, different public figures joined the movement. Figure 7 shows the mayor of Baixo Gandú, @netobarros_65, as one of these representatives. During a meeting held at the Mariana Arena, he posed for a photo holding a poster with the words "#1AnoDeLamaELuta Somos Tod@s Atingid@s".

Fig. 7: Image captured from publication by @netobarros_65 on Instagram. Image of Neto Barros, mayor of Baixo Gandú, which was one of the affected cities.  Source: Neto Barros, 2016. Available at: https://www.instagram.com/p/BMW2lpmhcBS/?tagged=1anodelamaeluta [Accessed 27 April 2020].

We accessed people’s testimonials, also indexed to the #1AnoDeLamaELuta, about the consequences of the disaster on their lives. In TR1, Item 2, we found the testimony of Sonia, a resident of Gesteira, who reported that her daughter began to have symptoms of diarrhea, body spots, and fever after the arrival of the mud. She also said that the residual waste was used to make the city's paving (MAB, 2016b). Other testimonies were dedicated to describing how the environment of Barra Longa was before the incident. In TR1-Item 3, Claudineia stated that "[the] name Barra Longa is because a long bar was formed between the rivers of Carmo and Gualacho". According to Mrs. Geralda, "[it] was beautiful, the Gualacho River, with clear water, met Carmo River that had very dark water" (MAB, 2016c, p.1). One year after the disaster, Figure 8 depicts how the water remained muddy.

Fig. 8: Image captured from a publication made by MAB Nacional. Source: Leandro Taques and Maxwell Vilela, 2016. Available at: https://www.dropbox.com/sh/sxiaf9pyrhqzyc8/AAAx4CEghPYL0WsAxy-2gr9za/Publica%C3%A7%C3%B5es%20%231AnoDeLamaELuta/TR%201%20%231AnoDeLamaELuta-%206set2017/3.pdf?dl=0 [Accessed 27 April 2020].

Concerning the recovery of the spaces hit by the mud in Barra Longa, the testimony of a merchant and property owner accused the inoperativeness in the restoration of the properties. According to her, her house was brought back without doors or windows. The district of Bento Rodrigues no longer exists but, looking at Figure 9, we know that before the disaster, probably in house number 63 of some street, passers-by came across a sign announcing "WE SELL ICE CREAM AND POPSICLE".

Fig. 9: Photograph of Bento Rodrigues published by @catracalivre on Instagram. Source: Matheus Castro, 2016. Available at: https://www.instagram.com/p/BMcqHG6gE21/?tagged=1anodelamaeluta [Accessed 27 April 2020].

These pieces of information are fragments of the social memory reconstitution of the Mariana disaster and, especially, the exercise of telling a story about the history of documents accessed and produced through two hashtags that index digital memories about the same event.

Among the things we did not tell, we highlight that we would not have access to the stories of Sonia, Claudinéia, and Mrs. Geralda if we had only carried out the TRs for December. Also, we would not know that the precursors of the researched hashtags were @SOSRioDoce, the first profile created to stimulate the use of #SOSRioDoce, and MAB Nacional, the precursor of the use of #1AnoDeLamaELuta. This happens because, in all samples, the presence of these two users was significantly reduced. The explanation for this may be linked to the ideas of Langville and Meyer (2006) about the reduction of the recommendation status. Perhaps, the pages of @SOSRioDoce and MAB Nacional, which are movements engaged in specific causes, have been interpreted as having little discernment since they have a constant positioning on certain themes. This may explain their reduction – or removal, in the case of MAB – in the search results, differently from @agenciamosca, which, despite manifesting, is a business profile that possibly publishes different kinds of content.

Consequently, even though the profile is a precursor to the use of a tag, this does not ensure its presence or the indication of its content through the search results.

8 Conclusions

The contents accessed and presented in this study express the diversity of information that can be extracted from digital memories present in the created collection and illustrate the potential that innate digital objects have as a historical source to future historians. Whether to study network mobilizations, forms of expression, and social organization or reconstitute a past event.

Besides offering date, time, location, characters, and images, the digital documents produced through the study are a product of the social memory about the disaster caused by the collapse of the Fundão Dam. The digital objects and methods used to access them lead the historian to the preparation of a digital social memory that also contains forgetfulness. These, in turn, are operated by different dimensions involved in the existence of these digital artifacts. 

The initial methodological choices were reviewed and adapted during almost the entire course, requiring the creation of protocols, imputation of observational limits, and establishment of typifications. Although expected, we could only measure these adaptations through empiric research.

The replication of this study will certainly lead the researcher to other scenarios, actors, and contents, that is, to another story. And yet, by using #SOSRioDoce and #1AnoDeLamaELuta, he will also be accessing digital objects that endorse the context in which these tags were created. The use of hashtags to access information on the network is related to the search for actors and content that express on the same subject. This method can help historians that search for social memories related to specific themes.

We recognize the potential of abundant documentation on the Internet. However, considering especially the search engine employed, we face a restrictive and information-inducing environment that reinforces the necessity to create search engines specific to the historian profession.  

Finally, even though we have set up an accessible database, there is always the possibility of its deletion or disappearance. This makes the printed format an extra guarantee of the preservation of these documents, increasing the costs on behalf of a supposed extension of the possibility of preservation. It is also relevant to recognize that, although we accessed audiovisual records, we were not able to download these videos, which once again made us rely on the (im)permanence of access via links of publications.

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1 Born-digital are sources originated from content created in digital format, for example, materials collected in cyberspace such as screenshots, photographs, digital art, navigation data, website content, programs, etc.

2 Graduate Program in History, Politics and Cultural Property (Fundação Getúlio Vargas/Contemporary Research and Documentation Center).

3 Incognito browsing prevents the recording of certain information received in the browser. This does not mean that this information cannot be traced in other ways.

4 Mulpix, Imgrum, Picstoc and SocImage are Instagram's API's application programming interfaces. These are tools that use Instagram's system data to provide search results.

5 A form of protesting through Twitter, in which the goal is to highlight a hashtag and, consequently, the theme that permeates it.