Estratégias de ensino virtual de Cidade Saudável em um cenário pandêmico

Ana Maria Girotti Sperandio, Carlos Henrique Tristão de Camargo, Marina Corona Cosmo, Rafael de Souza Salomão

Ana Maria Girotti Sperandio é ortoptista sanitária, mestre e doutora em Saúde Pública, com pós-doutorado na área de Saúde e Urbanismo. É professora permanente do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura, Tecnologia e Cidade da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP. É pesquisadora líder do grupo de pesquisa em Metodologias do Planejamento Urbano e Cidades Saudáveis da mesma instituição. amgspera@fec.unicamp.br http://lattes.cnpq.br/8025911450693443

Carlos Henrique Tristão de Camargo é arquiteto e urbanista, e estudante especial do Programa de Pós-graduação em Arquitetura, Tecnologia e Cidade, da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da UNICAMP. chcamargo@gmail.com http://lattes.cnpq.br/3926389562560833

Marina Corona Cosmo é arquiteta e urbanista, e pesquisadora junto ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura, Tecnologia e Cidade da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da UNICAMP, com foco em Cidades Resilientes. marinaccosmo@gmail.com http://lattes.cnpq.br/5732757778204075

Rafael de Souza Salomãoé arquiteto e urbanista, e estudante especial do Programa de Pós-graduação em Arquitetura, Tecnologia e Cidade, da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da UNICAMP. rasalomao@yahoo.com.br http://lattes.cnpq.br/0002135055383995


Como citar esse texto: SPERANDIO, A. M. G.; COSMO, M. C.; CAMARGO, C. H. T.; SALOMÃO, R. S. Estratégias de ensino virtual de cidade saudável em um cenário pandêmico. V!RUS, São Carlos, n. 21, Semestre 2, dezembro, 2020. [online] Disponível em: <http://www.nomads.usp.br/virus/virus21/?sec=4&item=7&lang=pt>. Acesso em: 27 Abr. 2024.

ARTIGO SUBMETIDO EM 23 DE AGOSTO DE 2020


Resumo

Diante da emergência da pandemia de Covid-19, adequações a curto prazo foram necessárias para adaptar o ensino e as pesquisas de campo para o meio digital. O presente artigo tem como objetivo descrever e apontar estratégias que viabilizam aproximações entre a universidade e as comunidades, demonstrando a realização de processos participativos, dialógicos e emancipatórios que possibilitaram transformações positivas na realidade local dessas populações. Um novo modelo de monitoramento virtual de projetos de intervenções urbanas para a cidade saudável em situação de pandemia foi identificado. Embasadas no método observacional-explicativo, as visitas aos projetos se realizaram por meio da plataforma digital adotada pela Universidade. Por meio das visitas virtuais, os integrantes dos projetos relataram a implementação das intervenções visando o Planejamento Urbano para Cidade Saudável, possibilitando à Universidade monitorá-los, partindo dos relatos dos seus stakeholders e da comunidade. Os projetos apresentados evidenciam exemplos criativos e de baixo custo na escala local (micro), capazes de transformar a realidade local e em convergência com as premissas da promoção e proteção da saúde.

Palavras-chave : Planejamento urbano, Ensino à distância, Tecnologias sociais leves, Cidades saudáveis, Covid-19



1 Introdução

Diante da emergência da pandemia de Covid-191 – doença causada pelo vírus Sars-Cov-22 e responsável por inúmeros casos de contágio e mortes em todo o mundo3 – emergiram adaptações abruptas nas formas como ocorrem as relações sociais e nos modos de vida dentro dos espaços urbanos. Restrições de deslocamento foram necessárias para viabilizar o distanciamento social, uma das medidas capazes de minimizar a disseminação da doença (WHO, 2020).

Populações de diferentes países tiveram suas vidas afetadas em múltiplos aspectos e, consequentemente, precisaram conceber e reinventar adaptações a curto prazo na tentativa de prosseguir com atividades essenciais. Porém, apesar de configurar um problema que atingiu todos os estratos sociais dos meios urbanos, a pandemia provou ser implacável com os mais vulneráveis, como os moradores de rua e favelas, trabalhadores informais, minorias e demais comunidades à margem das políticas públicas. O surgimento da pandemia tornou urgente repensar a estrutura da sociedade, o sistema econômico, a maneira de se relacionar e, sobretudo, as formas de se comunicar e compartilhar conhecimentos (SANTOS, 2020).

No Brasil, as instituições de ensino superior têm papel de destaque no desenvolvimento de pesquisas e projetos para comunidades vulneráveis, ações e programas de combate à desigualdade social. Em relação à Covid-19, destacou-se o protagonismo das universidades em relação ao desenvolvimento de iniciativas, ações e ideias de combate à pandemia dentro do contexto emergencial. Contudo, a fim de manter o andamento das atividades de forma segura, estas instituições também precisaram buscar alternativas e adaptações para conciliar o distanciamento social com o desenvolvimento e monitoramento de pesquisas. Para tal, as plataformas digitais disponíveis e consolidadas como ferramentas tecnológicas demonstraram respostas acessíveis e rápidas para acomodar as atividades básicas de ensino e pesquisa. A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) propôs adequações4 da pedagogia, possibilitando novos espaços para a continuidade das atividades acadêmicas durante a pandemia.

A Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC-UNICAMP), juntamente com o Laboratório de Investigações Urbanas (LABINUR) seguiram as recomendações da Universidade na maioria dos seus cursos, como sucedeu na disciplina Planejamento Urbano como Promotor da Cidade Saudável do programa de pós-graduação em Arquitetura, Tecnologia e Cidade, da linha Cidade: Planejamento e Projeto Urbano. Essa disciplina propõe estudos, investigações e reflexões acerca do Planejamento Urbano para a Cidade Saudável e estratégias de ações intersetoriais, participação social, autonomia e empoderamento de comunidades.

Este artigo tem como objetivo descrever e apontar estratégias virtuais que viabilizam aproximações entre a Universidade e as comunidades estudadas, evidenciando processos participativos, dialógicos e emancipatórios que possibilitam transformações positivas da realidade local dessas populações, mesmo em modo virtual, otimizando recursos tecnológicos disponíveis. A adaptação digital foi possibilitada por meio da utilização de tecnologias como smartphones e notebooks, que facilitaram a implantação de um novo modelo alternativo e flexível, o que permitiu o monitoramento de intervenções urbanas para a cidade saudável em situação de pandemia.

2 Uma abordagem pedagógica dialógica e virtual

Além da formação profissional e produção intelectual, a pós-graduação tem como objetivo o desenvolvimento de professores e pesquisadores com capacidade crítica e criativa em suas ações, compromissados com os avanços sociais no Brasil (DANTAS, 2004). A aproximação entre a Universidade e as diferentes realidades urbanas das comunidades possibilita a construção de pontes entre saberes intelectuais e técnicos da academia e os saberes culturais da comunidade.

Tendo isso em vista, a pedagogia dialógica como essência da prática da educação libertadora se dá pela vivência da realidade local, integrando experiências, respeitando as diferenças e estimulando o pensamento crítico diante de assuntos cotidianos que concernem àquela realidade (FREIRE, 1987). Essa pedagogia esteve presente tanto nas intervenções de planejamento urbano saudável quanto na própria abordagem disciplinar. O contato – mesmo que virtual – com experiências de projetos comunitários foi fundamental para consolidar os conteúdos teóricos, a partir das práticas de planejamento urbano com foco na cidade saudável. Boaventura Santos (2020) corrobora a observação de experiências vivas no território para a produção do conhecimento, dizendo que:

Os intelectuais devem aceitar-se como intelectuais de retaguarda, devem estar atentos às necessidades e às aspirações dos cidadãos comuns e saber partir delas para teorizar. De outro modo, os cidadãos estarão indefesos perante os únicos que sabem falar a sua linguagem e entender as suas inquietações. (SANTOS, 2020, p. 14)

Portanto, o intercâmbio de conhecimentos entre a Universidade e a comunidade por meio de experiências pedagógicas virtuais possibilitou o entendimento das realidades das comunidades locais e a aplicabilidade das ferramentas do planejamento urbano com foco na cidade saudável.

3 Adaptações do ensino e pesquisa em tempos de pandemia

A disciplina Planejamento Urbano como Promotor da Cidade Saudável foi realizada entre março e agosto de 2020, contemplando alternativas para enfrentamentos das dificuldades do aprendizado à distância. Os estudos se basearam nos temas do Planejamento Urbano, Promoção da Saúde e Cidade Saudável, preexistentes no conteúdo original da ementa. Ademais, devido ao momento de pandemia, foram incluídos artigos de jornais e revistas científicas sobre a ação do vírus nas cidades, conteúdo pertinente e diretamente relacionado aos desafios urbanos abordados na disciplina.

O primeiro desafio na adaptação do ensino virtual foi ajustar a programação preexistente da disciplina sem que as práticas e estudos fossem prejudicados. Os alunos foram consultados e puderam opinar sobre a manutenção ou não dos estudos no momento pandêmico. Com adesão unânime, o desafio do aprendizado adaptado tornou-se coletivo e os alunos passaram a ter maior protagonismo no desenvolvimento das atividades. As interações dos alunos, participações nos debates, assiduidade e envolvimento se mostraram fundamentais para a construção do conteúdo disciplinar no ambiente virtual.

Para adaptar os recursos presenciais às atividades nas quais a participação do aluno foi indispensável para alcançar o conhecimento coletivo, foram utilizados, com maior frequência, recursos de interação, como: músicas e vídeos temáticos; debates sobre os temas abordados; sínteses dos aprendizados através de desenhos e palavras-chave; atividades que exploravam conhecimentos técnicos específicos; elaboração individual e coletiva de maquetes eletrônicas; além de outras alternativas que se mostraram eficazes na colaboração coletiva à distância, sempre com foco no planejamento urbano para uma cidade saudável.

Com o objetivo de complementar os conhecimentos teóricos e preservar o conteúdo previamente programado na ementa, foram organizadas visitas remotas aos estudos de caso, utilizando a plataforma digital adotada pela universidade: o Google Meets5. Essa ferramenta permitiu a observação dos relatos dos gestores municipais, stakeholders6 e de representantes das comunidades, bem como a visualização dos resultados, a partir das premissas da cidade saudável. O monitoramento das visitas foi baseado no método observacional-explicativo (GIL, 2008), para compor os momentos vivenciados remotamente e acompanhar os resultados dos projetos nas comunidades.

Ao minimizar a necessidade de deslocamento, a plataforma digital possibilitou uma importante mudança na dinâmica do ensino remoto em relação ao presencial. A princípio, as visitas presenciais foram previamente programadas em localidades próximas à Universidade, a fim de que os alunos participassem do cronograma de atividades sem restrições financeiras quanto aos custos de transporte. Com a adaptação virtual das visitas, a locomoção coletiva deixou de ser uma dificuldade, permitindo ampliar o espectro dos estudos de casos para outras localidades, agregando ao conteúdo da disciplina uma visualização diversificada de intervenções urbanas em regiões distintas do país, conforme é possível observar na Figura 1.

Fig. 1: Programação das visitas, antes e durante a pandemia de coronavírus. Fonte: Autores, 2020.

As visitas ocorreram de modo virtual em quatro cidades: Conchal e Santa Bárbara d’Oeste, no Estado de São Paulo, Borba e Tefé, no Estado do Amazonas. Dessa forma, as atividades à distância possibilitaram, sem custos, a aproximação da academia às realidades urbanas adversas. A Figura 2 ilustra um dos convidados apresentando o projeto na sala virtual.

Fig. 2: Agricultor indígena que integra a equipe do horto de plantas medicinais recepcionando professora e alunos em Santa Bárbara d´Oeste, SP. Fonte: Autores, 2020.

As localidades contempladas nas visitas integram a Rede de Municípios Potencialmente Saudáveis7 , cuja missão é colaborar na construção das políticas públicas em caráter participativo e articuladas por meio dos diferentes representantes sociais. O trabalho em rede, principalmente em situação de pandemia, pode estimular resultados diferenciais para a resolução de problemas e promoção da saúde nas cidades.

4Planejamento urbano e cidades saudáveis: contextos desenvolvidos na disciplina

A disciplina Planejamento Urbano como Promotor da Cidade Saudável propôs como conteúdo teórico estudar as conexões entre o ambiente e a saúde das pessoas, bem como seu processo de aprimoramento e evolução ao longo da história da humanidade até os dias atuais. Esse conhecimento foi permeado e possibilitado por meio de estudos de trabalhos multidisciplinares que integram a geografia, epidemiologia, sociologia e planejamento urbano. As discussões propostas evidenciaram que saúde e qualidade de vida, conceitos profundamente imbricados e escassos no desenvolvimento do planejamento urbano brasileiro, são metas a serem construídas socialmente.

Historicamente, o debate acerca da influência do ambiente físico-social na saúde das pessoas passou a se aproximar das noções de Cidades Saudáveis na década de 1970. Lalonde8 foi pioneiro ao propor, em 1974, que as melhorias da saúde da população seriam fruto não somente de investimentos no setor de saúde, mas, principalmente, de mudanças no meio físico-social e no estilo de vida das pessoas (BRANDÃO, 2010). A promoção da saúde foi definida na Carta de Ottawa (BRASIL, 2002) – um documento norteador de diretrizes e estratégias de promoção da saúde e base das premissas da Cidade Saudável – como “[...] o processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle desse processo” (BRASIL, 2002, p. 1). A partir desse momento, a saúde das pessoas passou a ser entendida em um conceito amplo, para além da ausência das doenças, priorizando o bem-estar das populações e a promoção de ambientes saudáveis.

O Projeto Europeu de Cidades Saudáveis e a Rede de Cidades e Vilarejos Saudáveis de Quebec, criados em 1986, configuraram as primeiras redes de municípios voltados para a efetivação da Promoção da Saúde na escala das cidades, denominadas Cidades Saudáveis (BRANDÃO, 2010). No contexto brasileiro, a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) afirma o compromisso do Estado brasileiro com a ampliação e melhoria das ações e políticas públicas de Promoção da Saúde. A PNPS (SAÚDE, 2017) foi baseada em uma visão ampliada do conceito de saúde, corroborando com a Carta de Ottawa (BRASIL, 2002) no que diz respeito “[...] à equidade, à melhoria das condições e dos modos de viver e à afirmação do direito à vida e à saúde, dialogando com as reflexões dos movimentos no âmbito da promoção da saúde.” (SAÚDE, 2017, p. 6).

A aproximação da Promoção da Saúde com a forma de planejar as cidades tem se tornado fundamental diante dos desafios enfrentados pelo urbanismo contemporâneo como: o crescimento populacional, déficit habitacional e a expansão urbana, atualmente agravados pela situação pandêmica. O desenvolvimento de cidades saudáveis depende de uma forte conexão entre o poder público e as comunidades locais (BRANDÃO, 2010) e é possibilitado a partir da orientação de recursos e serviços públicos para a aplicação de ferramentas voltadas para a promoção da saúde e do bem-estar dos cidadãos. As principais ferramentas para o planejamento urbano saudável abordadas por este artigo são as tecnologias sociais leves e as políticas públicas de saúde.

Caracterizadas pela apropriação pela comunidade, inovação, sustentabilidade ambiental, flexibilidade e pelo seu baixo custo, as tecnologias sociais leves alicerçam e produzem mudanças locais emancipatórias, garantindo transformações sociais sustentadas ao longo do tempo. Essas ferramentas podem ser definidas como um “[...] conjunto de técnicas, metodologias transformadoras, desenvolvidas e/ou aplicadas na interação com a população e apropriadas por ela, que representam soluções para inclusão social e melhoria das condições de vida” (ITS BRASIL, 2004, p.26). A aplicabilidade das tecnologias sociais leves, assim como as políticas públicas para o município saudável, convergem com as recomendações da Organização Mundial da Saúde a respeito da inserção da saúde no planejamento urbano e em todas as políticas (UN-HABITAT and WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2020; DE LEEUW, 2017b).

5As visitas virtuais: utilizando ferramentas do planejamento urbano para cidades saudáveis em tempo de pandemia

As visitas virtuais e monitoramento das ferramentas do planejamento urbano para cidade saudável (tecnologias sociais leves e políticas públicas) foram realizadas em dias distintos ao longo do semestre. A primeira visita virtual ocorreu com os participantes da Horta de Plantas Medicinais, Aromáticas e Condimentares localizada ao lado de uma escola pública9 na cidade de Santa Bárbara d'Oeste, interior do Estado de São Paulo. Este projeto envolve a comunidade da cidade, universidades, escola pública, stakeholders , entre outras lideranças, e é um exemplo claro de como é possível viabilizar projetos, programas e iniciativas de interesse social saudável a partir do engajamento de uma comunidade. A segunda visita virtual foi à horta comunitária de Conchal, interior do Estado de São Paulo. Projeto semelhante ao de Santa Bárbara d ́Oeste, porém com suas peculiaridades, uma vez que os canteiros são cultivados e administrados cada um por uma família. A terceira visita virtual refere-se aos municípios de Tefé e Borba, situados no interior do Amazonas. A stakeholder local apresentou a Unidade Básica de Saúde fluvial, uma embarcação com serviços sociais e de saúde, utilizada para atender às comunidades ribeirinhas.

Considera-se importante destacar três momentos distintos que referem-se às visitas virtuais, a respeito das etapas em comum da implementação dos projetos: 1) antes: a mobilização sociopolítica deu origem ao movimento e seus desdobramentos iniciais; 2) durante: o desenvolvimento de alianças, costurando redes e coalizões entre a comunidade, o poder público e a Universidade, e formando frentes de trabalho para a implementação dos projetos; 3) depois: o funcionamento do projeto em sua práxis e a capacidade de reverberação das ações para transformar a realidade local e inspirar novas iniciativas.

5.1Práticas saudáveis em Santa Bárbara d’Oeste, SP

Situado ao lado de uma escola pública, o horto de plantas medicinais de Santa Bárbara d'Oeste complementa as atividades de ensino e também atende à comunidade. A visita virtual foi conduzida por quatro convidados: uma médica sanitarista que também é uma importante stakeholder do projeto e três integrantes da comunidade local, sendo a diretora da escola, o agricultor indígena da tribo Caetés – que compartilha seus conhecimentos ancestrais sobre plantas e receitas – e a cozinheira da escola, que ajuda nas atividades do horto e nas aulas de culinária.

Conforme relatou a diretora da escola, a idealização do horto na cidade partiu da médica sanitarista (stakeholder) e, para a implantação e implementação, contou com o apoio do poder público local que cedeu o terreno ocioso contíguo à escola. O suporte promovido pela Rede de Municípios Potencialmente Saudáveis e pelas universidades foi fundamental para o sucesso do projeto, graças ao oferecimento de cursos e oficinas para a capacitação e o letramento dos gestores e da comunidade local. A aproximação acadêmica introduziu à comunidade conhecimentos a respeito da Promoção da Saúde e conceitos básicos de botânica necessários para o manejo das espécies cultivadas. O trabalho conjunto e intersetorial entre comunidade, poder público e as Universidades possibilitou a implantação e a sustentabilidade do projeto ao longo dos anos.

Fig. 3: Canteiro de Plantas Medicinais do horto de Santa Bárbara d ́Oeste, SP. Fonte: LABINUR / FEC-UNICAMP, 2019.

Durante a visita virtual, os estudantes e pesquisadores puderam observar como a horta comunitária – uma tecnologia social leve aplicada na escala micro – demonstrou potencial de transformação do espaço físico e social, uma vez que, além de ser relativamente simples de ser implantada, é de baixo custo e pode ser moldada e transformada de acordo com a realidade e as especificidades locais. De acordo com os relatos, o horto conta com mais de 50 plantas medicinais que são cultivadas pelos alunos, desde o Jardim até o quinto ano do ensino fundamental, conforme apresentado na Figura 3. A abordagem educativa adotada é subsidiada pela multidisciplinaridade de conhecimentos sobre as plantas cultivadas no local, que consubstancia o letramento das crianças e, consequentemente, dos seus familiares.

Nesse projeto, a horta está fortemente vinculada à escola, não apenas na merenda escolar, mas também no aprendizado cotidiano. Os alunos aprendem a teoria sobre as espécies que são cultivadas no horto, para depois utilizarem os conceitos na prática e de forma participativa, seja cuidando das hortas e aprendendo sobre as plantas, seja nas aulas de culinária onde aprendem a ter uma alimentação saudável, baseada em vegetais e hortaliças cultivadas nas hortas. Hábitos alimentares saudáveis podem impactar também na prevenção de doenças não-transmissíveis como diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares.

Ao final da visita virtual ao horto de Santa Bárbara d ́Oeste foi possível constatar a importância da articulação dos desejos individuais e coletivos para a realização deste projeto, e como ele próprio tem autonomia para se ampliar através da sua capilaridade e intra e intersetorialidade. A comunidade local se une para mudar os hábitos de vida e difundir conhecimentos, e se conecta para reverberar os resultados do local para o global – “glocal” (DE LEEUW, 2017a, p. 21). Observou-se nas falas dos participantes a presença da amorosidade, resgate dos saberes populares e valorização da cultura local no projeto que promove a conexão das pessoas com o território onde vivem – ou seja, estimula o sentimento de pertencimento.

5.2As hortas comunitárias de Conchal, SP

Na segunda visita, os projetos voltados para a Promoção da Saúde e participação social da comunidade de Conchal foram apresentados através de relatos sobre os processos de concepção e efetivação da principal stakeholder local. Servidora pública no município, ela é responsável por projetos da área da saúde e bem-estar, desempenhando a conexão entre a comunidade e o poder público municipal. A cidade conta com vários projetos que visam a prevenção da doença e a promoção e proteção da saúde, dentre os quais: a horta comunitária vinculada à saúde da família e instalada em um bairro vulnerável da cidade; a academia da Saúde do SUS, com atividades ao ar livre; coleta seletiva de lixo com reciclagem e consequente geração de renda para a população local; acessibilidade e mobilidade urbana; e o jardim sensitivo, com recursos provenientes de parceria público-privada com as empresas locais.

Atualmente, Conchal conta com 16 canteiros, cada um cuidado por uma família. A horta produz sustento às comunidades, garantindo a segurança alimentar, e estimula a microeconomia da cidade, gerando renda para as famílias através da comercialização dos excedentes nas feiras locais. A experiência da horta comunitária também foi aplicada dentro do Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS) de Conchal, contribuindo para a melhoria da saúde física e mental dos pacientes. A gestora do projeto relatou que a implantação das hortas foi viabilizada por meio da triangulação do poder público municipal, a Universidade e comunidade. A expectativa da stakeholder é que, no futuro, cada uma das cinco Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município tenha ao menos um canteiro de plantas medicinais que possam ser prescritas para os pacientes.

As dificuldades encontradas na implantação dos projetos perpassam por questões como a conciliação entre os desejos individuais, a conscientização e a motivação coletiva. A gestora narrou um episódio a respeito dessas dificuldades que aconteceu durante as primeiras etapas da limpeza do terreno para implantação da horta.

Assim como em Santa Bárbara d ́Oeste, os canteiros de Conchal trouxeram melhorias na qualidade de vida para as comunidades e contribuíram para a integração social e aumento do bem-estar físico e mental das pessoas, em decorrência do contato com a natureza e da educação para uma alimentação saudável.

5.3Promoção da saúde nas comunidades ribeirinhas de Tefé, AM e Borba, AM

A última visita expositiva realizada pelo grupo foi recepcionada pela enfermeira e stakeholder dos projetos nas cidades de Tefé e Borba, localizadas no Estado do Amazonas. Segundo os relatos, ambas as cidades possuem deficiências quanto ao oferecimento de equipamentos para os serviços de atenção à saúde. Tefé adotou uma política pública que visa a atenção básica à saúde com atendimentos médicos e sociais às dezoito comunidades ribeirinhas, cujo acesso é feito pelas vias fluviais, através de barcos denominados Unidades Básicas de Saúde Fluvial (UBSF). A solução, ilustrada na Figura 4, é fundamental para promover a saúde dos moradores dessas regiões, uma vez que considera as especificidades territoriais para aproximar a comunidade das práticas saudáveis.

Os barcos utilizados para o atendimento à população ribeirinha e indígena abrigam atualmente serviços de atenção básica de saúde da família, além de atendimento odontológico e coleta de exames. Segundo a líder local, o incremento de serviços oferecidos apenas foi possível após a melhoria da infraestrutura e acomodações por meio de novos barcos, financiados por recursos federais.

Fig. 4: Unidade Básica de Saúde Fluvial de Tefé, AM. Fonte: Maria Adriana Moreira, 2020.

O atendimento de atenção básica à saúde oferecido nos barcos é humanizado e intenta o respeito à cultura e os saberes locais. A UBSF não visa apenas tratar a doença, mas também promover a saúde e proteger a vida, transformando a realidade local por meio de valores como respeito às diversidades, amorosidade, solidariedade e dialogicidade. Por não se restringir apenas à consulta, a Unidade também estimula a formação de redes de apoio locais, cria a oportunidade de diálogo e compartilhamento de conhecimentos a respeito de uma alimentação saudável e incentiva a realização atividades físicas. Além da UBSF, a cidade de Borba, por sua vez, também propôs estimular a prática de atividades físicas, por meio dos projetos das academias ao ar livre que, além de combaterem o sedentarismo, proporcionam interações e estreitamentos das relações sociais.

Da mesma forma que as experiências de Conchal e Santa Bárbara d’Oeste, os projetos do Amazonas são capazes de contribuir para a melhoria da saúde das populações por meio de práticas que proporcionam bem-estar direta e indiretamente. De maneira direta, através da prevenção e tratamento de doenças e incentivo à prática de exercícios; e de maneira indireta, graças ao estímulo à formação de redes para tomada de decisões, ao uso e apropriação dos espaços públicos, às autonomias individual e coletiva, ao letramento e à integração das comunidades.

6 Monitoramento virtual das ferramentas de planejamento urbano

O monitoramento das intervenções urbanas para a cidade saudável por meio das visitas virtuais foi fundamental para identificar as premissas da promoção da saúde no âmbito do planejamento urbano, além de acompanhar os resultados obtidos pelos projetos. Essas premissas foram apresentadas na Mandala SPERANDIO (SPERANDIO; BLOES, 2020, p. 6), ilustrada na Figura 5, e convergem para o planejamento urbano com foco na cidade saudável, situado no centro da figura. Os elementos apontam para um processo dialógico e participativo na governança local que busca a cooperação e a corresponsabilização entre os indivíduos nos processos decisórios da cidade. Esta Mandala foi utilizada como instrumento para identificar as premissas do planejamento urbano para a cidade saudável nos projetos apresentados durante as visitas virtuais.

Fig. 5: Mandala SPERANDIO: planejamento urbano para a cidade saudável. Fonte: Ana Maria Girotti Sperandio, 2020.

Utilizada para avaliação do planejamento para cidade saudável, a Mandala permitiu, mesmo à distância, identificar as premissas da promoção da saúde nos relatos dos projetos, apresentadas a seguir no Quadro 1.

Quadro 1: Identificação das premissas da promoção da saúde para o Planejamento Urbano para a Cidade Saudável contempladas na Mandala SPERANDIO e suas interpretações - LABINUR / FEC-UNICAMP. Fonte: Autores, 2020.

Dada a capilarização das redes e o conhecimento compartilhado entre seus integrantes, os projetos ocupam e transformam o espaço urbano. Além do mais, dotam o território de atividades que cumprem a função social, uma vez que tornam factível a transformação das áreas urbanas degradadas ou subutilizadas em locais de encontro, troca de experiências e diálogo, proporcionando oportunidades para aumentar a saúde e bem-estar dos moradores que vivem naquele local (SPERANDIO, BLOES, 2020).

Por meio das visitas virtuais, os integrantes dos projetos relataram a implementação das intervenções visando o planejamento urbano para cidade saudável, possibilitando à Universidade monitorá-los partindo dos relatos dos seus stakeholders e da comunidade. Os projetos apresentados evidenciam exemplos criativos e de baixo custo na escala local (micro), capazes de transformar positivamente a realidade local e em convergência com as premissas da promoção e proteção da saúde. Através das falas dos stakeholders, foi possível observar o estreitamento das relações sociais no contexto local e a consequente formação de coalizões consubstanciando uma rede de solidariedade e apoio essencial para a resiliência das comunidades em tempos de pandemia, assim como em quaisquer outras adversidades.

Dentre os conceitos identificados nos projetos, destacam-se: a autonomia individual, que possibilitou iniciativas voltadas para a independência e autocuidado; a coletividade, que possibilitou a autonomia coletiva a partir das autonomias individuais, garantindo a sustentabilidade dos avanços obtidos no âmbito local e semeando e florescendo avanços em escalas superiores; os espaços urbanos para o cultivo sustentável e sem agrotóxicos de hortaliças e legumes, além da inserção desses alimentos na dieta, reduzindo o consumo de alimentos processados e ultraprocessados; a participação social da comunidade em todas as etapas de implementação dessas ferramentas, promovendo a governança local; a continuidade dessas ferramentas, que se devem perpetuar independente da troca das gestões, uma vez que estão incorporadas às realidades das comunidades locais.

Ressalta-se ainda que, a despeito de todas as adversidades encontradas na cidade que segrega, exclui, discrimina e insensibiliza, tais ferramentas da cidade saudável apresentadas durante as visitas foram capazes de reverberar positivamente, em virtude de estarem baseadas em valores humanos como solidariedade, afetividade, ética, humanidade, respeito às diversidades e amorosidade.

7 Considerações finais

Ao longo das visitas virtuais, o envolvimento e integração da comunidade local e a academia – promovendo, compartilhando conhecimento e reconhecimento de formas contra-hegemônicas de planejamento urbano – foi essencial para possibilitar um aprofundamento nas discussões e reflexões a respeito da promoção da saúde no contexto do planejamento urbano. Os relatos possibilitaram a identificação de elementos da Mandala SPERANDIO (SPERANDIO, BLOES, 2020, p. 6) que convergem para o planejamento de uma cidade saudável nos projetos apresentados.

A partir das visitas virtuais, foi possível monitorar a implementação de ferramentas do planejamento urbano com foco na promoção da saúde nas comunidades. Os relatos observados destacaram o papel desempenhado pela Universidade na difusão do conhecimento para além das suas instalações físicas, seja na capacitação dos stakeholders e no respaldo técnico das atividades desenvolvidas, seja no monitoramento e divulgação dos experimentos realizados, mesmo diante dos impedimentos consequentes da pandemia.

A aproximação entre o planejamento urbano e a saúde, durantes as aulas, possibilitou o entendimento de que os valores e princípios relacionados à promoção da saúde coletiva nos meios urbanos são fundamentais para a melhoria do bem-estar e qualidade de vida nas cidades. A relação intrínseca entre determinantes da saúde e cidade saudável levantou questionamentos sobre as “ausências” dos conceitos relacionados à saúde nos documentos norteadores das políticas públicas do planejamento urbano brasileiro. Apesar da afirmação dos conceitos ampliados de saúde inseridos na PNPS (SAÚDE, 2017), o Estatuto da Cidade (BRASIL, 2001) que regulamenta a política urbana brasileira, por exemplo, não aborda diretamente a promoção da saúde. Tendo isso em vista, como produto final da disciplina foi elaborada uma proposta coletiva de um novo Estatuto da Cidade (BRASIL, 2001), incorporando valores, princípios e diretrizes para o planejamento urbano com foco na Cidade Saudável, e estimulando, através de um documento legal, a reverberação das ferramentas estudadas nas visitas virtuais.

O processo de aproximação da Universidade e as comunidades, por meio das plataformas digitais, apontou para uma nova maneira de ampliar o alcance e o impacto da academia em projetos por todo o país, uma vez que estreita laços e distâncias, com pouco custo, ao incorporar as tecnologias de monitoramento às estratégias tradicionais. Com resultados positivos, tanto para o monitoramento quanto para o aprendizado, a experiência do acompanhamento virtual de projetos poderá ser adaptada a diversas áreas e disciplinas oferecidas pelas universidades para facilitar sua interação com a sociedade.

Assim, o processo adaptativo e pedagógico da disciplina, considerando os meios virtuais, possibilitou a prática de métodos alternativos de monitoramento de projetos, de ensino, de pesquisa e extensão, destacando-se os seguintes aspectos: primeiro, mesmo com as mudanças das gestões locais e em situação adversa de pandemia, os processos participativos e em movimento em rede tiveram continuidade, o que ratifica a importância da triangulação Universidade, comunidade e gestão local; e segundo, as estratégias de ensino virtual adotadas para viabilizar a disciplina possibilitaram desenvolver as capacidades e habilidades para aplicação dos conhecimentos adquiridos, além de viabilizarem a utilização das ferramentas disponíveis de avaliação para o planejamento urbano para a cidade saudável em curto período de tempo e à distância, considerando o cenário pandêmico, evidenciando as plataformas digitais como catalisadoras da aproximação entre a Universidade e a sociedade.

Referências

BRANDÃO, I. Aspectos importantes para um município que quer ser saudável. In: SPERANDIO, A. M. G.; MACHÍN, D. G.; FORTUNATO, M. A. B. (Eds.). Políticas Integradas em Rede e a Construção de Espaços Saudáveis: boas práticas para a Iniciativa do Rostos, Vozes e Lugares. 1. ed. Brasília, Brazil: Organização Pan-Americana da Saúde, 2010. p. 31–60.

BRASIL. Lei 10.257, de 10 de julho de 2001. Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências, 2001.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Projeto Promoção da Saúde. As Cartas da Promoção da Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde, Projeto Promoção da Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2002.

DANTAS, F. Responsabilidade social e pós-graduação no Brasil: idéias para (avali)ação. Revista Brasileira de Pós-Graduação, v. 1, n. 2, 11, 2004.

DE LEEUW, E. Cities and Health from the Neolithic to the Anthropocene. In: DE LEEUW, E. (Org.); SIMOS, J. (Org.). Healthy Cities: The Theory, Policy, and Practice of Value-Based Urban Planning. New York: Springer, 2017a. p. 3-30.

DE LEEUW, E. From Urban Projects to Healthy City Policies. In: DE LEEUW, E. (Org.); SIMOS, Jason (Org.). Healthy Cities: The Theory, Policy, and Practice of Value-Based Urban Planning. New York: Springer, 2017b. p. 407-437.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. Editora Atlas SA, 2008. ISBN 978-85-224-5142-5.

ITS BRASIL. Caderno de Debate – Tecnologia Social no Brasil. São Paulo: ITS, 2004.

JOHN HOPKINS UNIVERSITY & MEDICINE. Covid-19 Map. Disponível em: https://coronavirus.jhu.edu/map.html. Acesso em: 07 ago. 2020.

LALONDE, M. A New Perspective on the Health of Canadians. Ottawa: Government of Canada, 1974. Disponível em: http://www.phac-aspc.gc.ca/ph-sp/pdf/perspect-eng.pdf. Acesso em: 06 nov. 2020.

MILES, S. Stakeholder Theory Classification: A Theoretical and Empirical Evaluation of Definitions. Journal of Business Ethics, v. 142, n. 3, p. 437–459, 1 maio 2017.

OPAS/OMS Brasil. OMS afirma que COVID-19 é agora caracterizada como pandemia. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=6120:oms-afirma-que-covid-19-e-agora-caracterizada-comopandemia&Itemid=812. Acesso em: 07 maio 2020.

REDE DE MUNICÍPIOS POTENCIALMENTE SAUDÁVEIS. Apresentação. Disponível em: http://www.redemunicipiosps.com.br/contato/. Acesso em: 04 nov 2020.

SANTOS, B. S. A cruel pedagogia do vírus. Coimbra: Edições Almedina, 2020.

SAÚDE, Ministério Da. Política Nacional de Promoção da Saúde: PNPS: Anexo I da Portaria de Consolidação no 2, de 28 de setembro de 2017, que consolida as normas sobre as políticas nacionais de saúde do SUS. [s.l: s.n.].

SPERANDIO, A. M. G.; BLOES, R. B. Community Urban Gardens: Social Instrument for Healthy and Health-Promoting Cities. In: Leal Filho W.; Wall T.; Azul A.; Brandli L.; Özuyar P. (eds). Good Health and Well-Being. Encyclopedia of the UN Sustainable Development Goals. Springer, Cham. 2020.

SPERANDIO, A. M. G. Estratégias do planejamento urbano e da promoção da saúde: a mandala da cidade saudável. Revista Intellectus, v. 5, abril-junho, 11, 2020.

UN-HABITAT and WORLD HEALTH ORGANIZATION. Integrating Health In Urban And Territorial Planning: A Sourcebook. Geneva: UN-HABITAT and World Health Organization, 2020. Licence: CC BY-NC-SA.

WHO. Considerations in adjusting public health and social measures in the context of Covid-19: interim guidance. WHO Headquarters, 2020. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/considerations-in-adjusting-public-health-and-social-measures-in-the-context-of-covid-19-interim-guidance. Acesso em: 20 ago. 2020.

1 Declarada como pandemia pela Organização Mundial da Saúde, no dia 11 de março de 2020 (OPAS/OMS BRASIL, 2020).

2 Síndrome respiratória aguda grave do coronavírus 2, do inglês Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2.

3 Número atualizado de mortes globais pela Covid-19. Fonte: JOHN HOPKINS UNIVERSITY & MEDICINE. Covid-19 Map, 2020. Disponível em: https://coronavirus.jhu.edu/map.html. Acesso em: 7 ago. 2020.

4 A Unicamp determinou que, durante a pandemia, todas atividades acadêmicas que seriam presenciais se adaptassem às plataformas virtuais. Portanto, as visitas virtuais que seriam in loco ocorreram de maneira remota por meio das tecnologias disponíveis.

5 Aplicativo para videoconferência do Google.

6 Segundo Miles (2017) há inúmeras definições do conceito, podendo ser compreendido como: um grupo ou um indivíduo influente, colaborador ou requerente que exerce algum tipo de influência e algum tipo de contato entre o objeto e a liderança, de maneira contratual ou não (MILES, 2017).

7 Mais informações no site da Rede de Municípios Potencialmente Saudáveis. Disponível em: http://www.redemunicipiosps.com.br/contato/. Acesso em: 4 nov. 2020.

8 Ministro da Saúde do Canadá na década de 1970.

9 EMEFEI, acompanhados da Professora Maria Augusta Canto Camargo Bilia.

Virtual teaching strategies on the Healthy City in a pandemic scenario

Ana Maria Girotti Sperandio, Carlos Henrique Tristão de Camargo, Marina Corona Cosmo, Rafael de Souza Salomão

Ana Maria Girotti Sperandio is a Sanitary Orthoptist, master, and doctor in Public Health, with a post-doctorate in Health and Urbanism. She is a permanent professor at the Graduate Program in Architecture, Technology, and the City of the Faculty of Civil Engineering, Architecture and Urbanism at the State University of Campinas - UNICAMP, Brazil. She is the leader of the research group on Urban Planning and Healthy Cities Methodologies at the same institution. amgspera@fec.unicamp.br http://lattes.cnpq.br/8025911450693443

Carlos Henrique Tristão de Camargo is an architect and urbanist, and a special student of the Graduate Program in Architecture, Technology, and City, at the Faculty of Civil Engineering, Architecture, and Urbanism at the State University of Campinas, UNICAMP, Brazil. chcamargo@gmail.com http://lattes.cnpq.br/3926389562560833

Marina Corona Cosmo is an Architect and Urbanist, and a researcher at the Graduate Program in Architecture, Technology, and the City at the Faculty of Civil Engineering, Architecture, and Urbanism at the State University of Campinas, UNICAMP, Brazil, focusing on Resilient Cities. marinaccosmo@gmail.com http://lattes.cnpq.br/5732757778204075

Rafael de Souza Salomão is an architect and urbanist, and a special student of the Graduate Program in Architecture, Technology, and City, at the Faculty of Civil Engineering, Architecture, and Urbanism at the State University of Campinas, UNICAMP, Brazil. rasalomao@yahoo.com.br http://lattes.cnpq.br/0002135055383995


How to quote this text: Sperandio, A. M. G., Cosmo, M. C., Camargo, C. H. T., Salomão, R. S., 2020. Virtual teaching strategies on the Healthy City in a pandemic scenario. Translated from Portuguese by Carlos Henrique Tristão de Camargo, Maria Corona Cosmo, and Rafael de Souza Salomão. V!RUS, 21, December. [online] Available at: <http://www.nomads.usp.br/virus/virus21/?sec=4&item=7&lang=en>. [Accessed: 27 April 2024].

ARTICLE SUBMITTED ON AUGUST 23, 2020


Abstract

Due to the emergence of the COVID-19 pandemic, short-term readjustments were necessary to adapt teaching and field research activities to the digital environment. This article aims to describe and point out strategies that made possible approximations between the University and communities, demonstrating the development of participatory, dialogical, and emancipatory processes, which enable positive transformations in the local reality of those communities. Such strategies indicate a new model of virtual monitoring of urban planning interventions for the healthy city within a pandemic situation. Based on the observational-explanatory method, it has been possible to visit the intervention projects through the digital platform adopted by the University. Project members narrated about the implementation of interventions of Urban Planning for a Healthy City, enabling the University to monitor them based on reports from its stakeholders and the community. The projects presented show creative and low-cost examples on the local (micro) scale capable of changing the local reality in convergence with the premises of health promotion and protection.

Keywords: Urban planning, Distance learning, Light social technology, Healthy cities, COVID-19



1Introduction

Due to the emergence of the COVID-19 pandemic1 – a disease caused by the Sars-Cov-2 virus2 and responsible for countless cases of contagion and deaths worldwide3 (data available in the QR Code in Figure 1) – abrupt adaptations regarding social relations and ways of life in urban spaces emerged. Displacement restrictions were needed to enable social distance, one of the measures capable of minimizing the spread of disease (WHO, 2020).

As populations worldwide had their lives affected in multiple aspects by COVID-19, they had to conceive and reinvent short-term adaptations in an attempt to maintain essential activities. That said, despite affecting people of all income levels in urban areas, the pandemic proved to be most relentless to the most vulnerable, such as the homeless, people living in slums, precarious workers, minorities and other communities on the margins of public policy. The outbreak of the pandemic highlighted the urgency of rethinking the structure of society, economic systems, social relations, and, above all, the ways through which knowledge is communicated and shared (Santos, 2020).

In Brazil, higher education institutions have a prominent role in developing research and projects for vulnerable communities and in actions and programs to combat social inequality, what becomes even more relevant in the context of COVID-19 and the need to develop initiatives, actions, and ideas to combat the pandemic. However, in order to ensure safe activities, these institutions also needed to find alternatives and adaptations to reconcile social distancing with the development and monitoring of research. To this end, the digital platforms available to these institutions, now consolidated as technological tools, have showcased examples of accessible and agile responses to accommodate basic teaching and research activities. The State University of Campinas [Universidade Estadual de Campinas] (Unicamp), for instance, proposed adaptations4 to pedagogical activities that allowed for new spaces for the continuity of academic activities during the pandemic.

The Unicamp Civil Engineering, Architecture and Urban Planning School (FEC-UNICAMP), in partnership with the university’s Urban Research Laboratory [Laboratório de Investigações Urbanas] (LABINUR), followed the guidance issued by the University for most of its courses. One example is the Urban Planning as a Promoter of Healthy Cities course, part of the FEC’s Architecture, Technology, and City postgraduate program (City: Planning and Urban Project). This course proposes studies, investigations and reflections on Urban Planning for Healthy Cities and discusses strategies for intersectoral actions, social participation, autonomy, and community autonomy and empowerment.

This article aims to describe and highlight strategies that can help bring academia and the local communities being studied closer together, showcasing participatory, dialogical, and emancipatory processes that led to positive transformations in the local reality of these communities – even if through virtual means – by optimizing available technological resources. Adaptations for use of digital technologies were made feasible through the use of devices such as smartphones and notebooks, which made it easier to implement a new alternative and a flexible model that allowed for the effective monitoring of urban planning for healthy cities interventions in a pandemic scenario.

2 A dialogical and virtual pedagogical approach

More than professional training and intellectual production, postgraduate programs aim to train educators and researchers to employ critical and creative skills in their actions, committed to driving social progress in Brazil (Dantas, 2004, Portuguese only). Bringing academia closer to the different urban realities of communities makes it possible to build bridges between academia’s intellectual and technical knowledge and the cultural knowledge of communities.

Cognizant of the above, dialogical pedagogy becomes the essence of liberating education practices that occur through the experience of local reality, integrating experiences, respecting differences, and fostering critical thinking in the face of everyday matters that concern that reality (Freire, 1987). This pedagogy was present both in urban planning for healthy cities interventions and in the educational approach itself. Contact (even if virtual) with experiences from community projects was fundamental to consolidate the theoretical content taught in the course by providing exposure to urban planning practices focused on promoting healthy cities. Boaventura Santos (2020) corroborates the importance of observing living experiences in the territory for the production of knowledge:

Intellectuals must accept themselves as rear-guard intellectuals; they must be attentive to the needs and aspirations of ordinary citizens and know to start from them when theorizing. Otherwise, citizens will be defenseless before the only ones who can speak their language and understand their concerns (Santos, 2020, p. 14, our translation).

As such, the exchanging of knowledge between academia and community, as produced through virtual pedagogical experiences, allows participants to understand the local communities' realities and the applicability of urban planning tools focused on promoting healthy cities.

3Adaptations to education and research activities in pandemic times

The Urban Planning as a Promoter of Healthy Cities course was taught from March to August 2020, with alternative technologies implemented to address the difficulties associated with distance learning. Studies were based on the Urban Planning, Health Promotion and Healthy City core themes described in the original course syllabus. Besides those, and in light to the pandemic, articles from newspapers and scientific magazines about how the virus was progressing in cities were also included, as this is relevant content that directly relates to the urban challenges addressed in the course.

The first challenge in adapting virtual teaching was to adjust the course's pre-existing syllabus without harming practices and studies. Students were consulted and gave their opinion on whether or not studies should continue during the pandemic. By unanimous consent, the challenge of virtual and adapted learning became a collective one, and students started playing a greater role in the development of activities. Student-to-student interaction, participation in the debates, attendance and engagement proved to be fundamental for the construction of course content in a virtual environment.

Interactive resources were used more frequently to adapt methodologies meant for face-to- face encounters to activities in which student participation was essential to achieve collective knowledge. These included: thematic songs and videos; debates on the topics covered; syntheses of learning through drawings and keywords; activities that explored specific technical knowledge; individual and collective development of electronic models; and other alternatives that have proven to be effective for distance collaboration, always focusing on urban planning for healthy cities.

To complement theoretical knowledge and preserve the content previously outlined in the syllabus, remote visits to case studies were organized using the digital platform adopted by Unicamp (Google Meets5) . The tool allowed students to listen to direct accounts by municipal managers, stakeholders6 and representatives of the communities, as well as to observe results achieved based on healthy city premises. The monitoring of visits was based on the 5 Google’s video conferencing application. 6 According to Miles (2017), there are countless definitions of this concept, which can be understood as: a group or an influential individual, collaborator, or claimant who exerts some type of influence on and has some type of contact between purpose and leadership, whether contractually or not (Miles, 2017). observational-explanatory method (Gil, 2008, Portuguese only) in order to remotely reconstitute the moments experienced and monitor the results of projects inside communities.

By minimizing the need for displacement, the digital platform made it possible to drive important changes in the dynamics of distance learning compared to face-to-face learning. Initially, face-to-face visits had been scheduled in locations close to the university so that students could participate in the activities while avoiding budgetary restrictions regarding transport costs. However, once virtual technologies were employed for these visits, collective displacement was no longer a difficulty, allowing the project to expand the cover of case studies to farther locations, adding value to the course in the form of diversified views of urban interventions in different regions of the country, as can be seen in Figure 1.

Fig. 1: Schedule of visits before and after the coronavirus pandemic. Source: Authors, 2020.

Virtual visits were organized to four cities: Conchal and Santa Bárbara d'Oeste (in the state of São Paulo, southeastern Brazil); and Borba and Tefé (in the State of Amazonas, in northern Brazil). The remote model made it possible, without additional costs, to bring academia closer to adverse urban realities. Figure 2 illustrates one of the guests presenting his project in a virtual meeting room.

Fig. 2: Indigenous farmer who is a member of the medicinal plant garden project team welcomes a teacher and students in Santa Bárbara d’Oeste State of São Paulo, Brazil). Source: Authors, 2020.

The locations included in the visits are part of the Potentially Healthy Municipalities Network [Rede de Municípios Potencialmente Saudáveis]7 , whose mission is to foster participatory public policy making in coordination with different social representatives. Networking, especially in a pandemic situation, can promote innovative solutions to issue and promote health in cities.

4Urban planning and healthy cities: contexts developed in the course

The main purpose of the Urban Planning as a Promoter of Healthy Cities course is to study the connections between the environment and people's health, as well as how this process has improved and evolved throughout the history of humanity to the present day. This was permeated and made possible through studies of multidisciplinary works that integrate geography, epidemiology, sociology and urban planning. The proposed discussions showed that health and quality of life, concepts that are deeply intertwined but seldom considered in tandem for the development of Brazilian urban planning, are goals that must be built socially.

Historically, the debate on the influence of the physical-social environment on people's health steered towards the notion of Healthy Cities in the 1970s. Lalonde8 was a pioneer in proposing, in 1974, that improvements in the health of the population would be the result not only of investments in the healthcare sector, but rather (and chiefly) the outcome of changes in the physical-social environment and people's lifestyles (Brandão, 2010, Portuguese only). Health Promotion was defined in the Ottawa Charter for Health Promotion (As cartas da promoção da saúde, 2002, Portuguese only) – a guiding document for health promotion strategies and the basis for the premises of Healthy Cities – as “[...] the process of enabling people to increase control over, and to improve, their health and life quality” (As cartas da promoção da saúde, 2002, our translation). From that moment on, people's health started to be understood as a broader concept, going beyond the mere absence of disease to prioritizing population well-being and the promotion of healthy environments.

The European Healthy Cities Network and the Quebec Healthy Cities and Towns Network, created in 1986, were the first networks of municipalities aimed at implementing Health Promotion at a city scale under the Healthy Cities moniker (Brandão, 2010, Portuguese only). In the Brazilian context, the National Health Promotion Policy [Política Nacional de Promoção da Saúde], or PNPS (2017, Portuguese only) reaffirmed the Brazilian State's commitment to expanding and improving public health promotion actions and policies. The PNPS was based on an expanded view of the concept of health which was more closely aligned with the Ottawa Charter concerning “[...] equity, the improvement of living conditions and ways of life and the affirmation of the right to life and health, in dialogue with the reflections of health promotion movements" (PNPS, 2017, p. 6, our translation).

Bringing Health Promotion closer to city planning has become fundamental in facing the challenges of contemporary urban planning, such as population growth, housing deficits and urban expansion, all of which are currently being aggravated by the pandemic. The development of healthy cities depends on a strong connection between public authorities and local communities (Brandão, 2010, Portuguese only), made possible through the steering of public resources and services towards the application of tools aimed at promoting the health and well-being of citizens. The main tools for healthy urban planning addressed in this article are light social technologies and public health policies.

Characterized by community ownership, innovation, environmental sustainability, flexibility and low cost, light social Technologies underpin and produce emancipatory changes at the local level, ensuring sustained social transformations over time. These tools can be defined as a "[...] set of transformative techniques and methodologies developed and/or applied through engagement with the population and appropriated by it that drive solutions for social inclusion and the improvement of living conditions" (ITS Brasil, 2004, p. 26, our translation). The applicability of soft social technologies, as well as healthy cities public policies, are in line with the recommendations of the World Health Organization regarding the inclusion of health in urban planning and in all policies (UN-Habitat and World Health Organization, 2020; De Leeuw, 2017b).

5Virtual visits: using urban planning for healthy cities tools in pandemic times

The virtual visits to projects and the monitoring of urban planning for healthy cities tools (light social technologiesand public policies) happened on different days throughout the semester. The first virtual visit was organized with participants from the Medicinal, Aromatic and Spice Plants Garden project, carried out next to a public school9 in Santa Bárbara d'Oeste, a city located in the countryside of the State of São Paulo (southeastern Brazil). This project involves city residents, universities, public schools, stakeholders and other leaders, and is a clear example of how it is possible to create projects, programs, and initiatives of healthy social interest through community engagement. The second virtual tour was of the community garden of Conchal, also located in countryside São Paulo State. The project is similar to Santa Bárbara d'Oeste’s, albeit with its own peculiarities: each of the plant beds are cultivated and managed by one family. The third virtual tour was to the municipalities of Tefé and Borba, both in Amazonas, a State in northern Brazil. The local stakeholders presented the Fluvial Primary Healthcare Unit [Unidade Básica de Saúde Fluvial], i.e. a vessel that brings social and health services to riverside communities.

It is important to highlight three distinct moments of the virtual visits as they relate to the common stages of project implementation: 1) before: socio-political mobilization giving rise to the movement and its initial developments; 2) during: the development of alliances, networks and coalitions between community, government and academia and the forming of work fronts for the implementation of projects; 3) after: the project working with its own specificities and the capacity of reverberating actions to transform local reality and inspire new initiatives.

5.1Healthy practices in Santa Bárbara d'Oeste (State of São Paulo)

Located next to a public school, the medicinal plant garden in Santa Bárbara d'Oeste complements teaching activities and also serves the local community. The virtual visit was conducted by four guests: a public health physician who is also an important stakeholder of the project and three members of the local community: the school principal, an indigenous farmer from the Caetés tribe – who shares her ancestral knowledge about plants and recipes – and the school cook, who helps with garden activities and cooking classes.

As reported by the school principal, the idea for the garden came from the public health physician (stakeholder). Its deployment and implementation relied on support from the local government, which ceded the idle land contiguous to the school. The support provided by the Potentially Healthy Municipalities Network [Rede de Municípios Potencialmente Saudáveis] and universities was fundamental to the success of the project, namely in the form of courses and workshops for the training and literacy of managers and the local community that provided them with knowledge on Health Promotion and the basic concepts necessary for the management of cultivated species. Joint, cross-cutting work between community, government and academia is what has made it possible to implement and sustain the project over the years.

Fig. 3: Medicinal Plant Garden in Santa Bárbara d’Oeste, countryside São Paulo State (southeastern Brazil). Source: LABINUR/FEC/UNICAMP, 2019.

During the virtual visit, students and researchers were able to observe how the community garden – a soft social technology applied at a micro scale – showcased the potential to transform physical and social spaces in relatively simple ways that are also low-cost and can be shaped and transformed according to local realities and specificities. According to the accounts received, the garden has more than 50 medicinal plants that are cultivated by students from kindergarten to the fifth year of elementary school, as shown in Figure 3. The multidisciplinary knowledge provided on the cultivated plants is an important addition to the school’s curriculum that fosters the literacy of children and, consequently, their families.

The garden is strongly linked to the school in this project, not only as an addition to school meals, but also as part of everyday learning. Students are taught about the species cultivated in the garden, and then use the concepts in practice and in a participatory fashion, be it by taking care of the gardens and learning about plants or during cooking classes in which they learn about healthy eating through the vegetables being grown in them. Healthy eating habits can also impact the prevention of noncommunicable diseases such as diabetes, hypertension and cardiovascular diseases.

The virtual visit of the Santa Bárbara d'Oeste garden made it possible for Unicamp’s students to see the importance of articulating individual and collective desires for the realization of this project, and how it has the autonomy to expand through its capillarity and intra- and inter- sectorality. The local community comes together to change life habits and spread knowledge and connects to reverberate results from local to global – or “glocal” (De Leeuw, 2017a, p. 21). The accounts from participants revealed a strong sense of loving lovingness, the recovery of traditional knowledge and appreciation of local culture in this project that promotes connections between people and the territory in which they live – in other words, that fosters a sense of belonging.

5.2Community gardens in Conchal (State of São Paulo)

On the second visit, the students were introduced to the projects focused on Health Promotion and social participation in the Conchal community, presented by the local stakeholder chiefly responsible for their design and implementation. A civil servant in the city, she is responsible for healthcare and well-being projects, acting as a liaison between the community and the municipal government. The city has a number of projects focused on disease prevention and health promotion and protection, including: a community garden focused on family health promotion planted in a vulnerable neighborhood in the city; the SUS10 Health and Fitness Center [Academia de Saúde do SUS], which organizes outdoor activities; a selective collection project with recycling and distribution of the proceeds to the local population; an accessibility and urban mobility project; and a sensory garden, built with funds from a public-private partnership with local businesses.

Conchal currently has 16 plant beds, each cared for by one family. The gardens provide sustenance to the communities, ensuring food security, and creating microeconomic stimulus for the city by generating income for families through the sale of surpluses at local farmer’s markets. The community garden experience was also applied at the Conchal Psychosocial Services Center, where it has contributed to improvements in the physical and mental health of patients. The project manager reported that the implementation of the gardens was made possible through a triangulation of efforts between the municipal government, academia, and the community. Her expectation is that, in the future, each of the five Primary Health Centers [Unidades Básicas de Saúde] in the municipality will have at least one medicinal plant garden that can be used in prescriptions issued to patients.

Difficulties encountered in implementing the projects range across issues like reconciling individual desires, awareness raising and collective motivation. For instance, the project manager narrated difficulties they faced during the first stages, namely in clearing the land to plant the vegetable garden.

As was the case in Santa Bárbara d’Oeste, the Conchal plant beds brought quality-of-life improvements to local communities and fostered social integration and physical and mental well-being for people, chiefly as a result of contact with nature and healthy eating awareness.

5.3Health Promotion in the riverside communities of Tefé and Borba (State of Amazonas)

The students’ last study visit was welcomed by the nurse who is the chief stakeholder of the projects being developed in the cities of Tefé and Borba, located in the State of Amazonas, northern Brazil). According to her account, both cities face shortages in equipment for health care services. Tefé adopted a public policy aimed at primary health care, with provision of medical care and social assistance to 18 riverside communities that are only accessible by boat. The project is called Fluvial Primary Care Center [Unidade Básica de Saúde Fluvial], or UBSF. The solution, illustrated in Figure 5, is fundamental for the health promotion of the region’s residents, as it addresses the territorial specificities involved in fostering healthy practices in the community.

The boats that serve the riverside and indigenous populations currently feature primary family health services, a dental care clinic and infrastructure to collect samples for medical exams. According to the stakeholder interviewed, the additional services offered were only made possible after improvements to infrastructure and accommodation, namely the commissioning of new boats financed by federal funds.

Fig. 4: Fluvial Primary Health Center [Unidade Básica de Saúde Fluvial] in Tefé, State of Amazonas, northern Brazil). Source: Maria Adriana Moreira, 2020.

The primary health care offered on the boats is humanized and intent on respecting local cultures and knowledge. The UBSF aims not only to treat the disease, but also to promote health and protect life, transforming local realities through values such as respect for diversity, love, solidarity, and dialogue. Since it’s not restricted to medical appointments alone, the UBSF also fosters the formation of local support networks, creates opportunities for dialogue and knowledge sharing on healthy eating, and encourages physical activity. In addition to the Fluvial Primary Health Center, the city of Borba also proposed activities to promote physical activity through open-air gyms. The goals are to provide an alternative to sedentary lifestyles while offering opportunities for closer interactions and social relationships.

Similar to the experiences in Conchal and Santa Bárbara d'Oeste, the projects in the State of Amazonas can contribute to improving the health of populations through practices that foster well-being, both directly (through the prevention and treatment of diseases and encouraging the practice of exercise) and indirectly (by fostering the creation of networks for decision making, the use and appropriation of public spaces, individual and collective autonomy, literacy and community integration).

6Remote monitoring of urban planning tools

The monitoring of urban planning for healthy cities interventions through virtual visits was essential in identifying how health promotion premises played a role in urban planning, as well as for direct knowledge of the projects' results. These premises, represented in the Sperandio Mandala (Sperandio, Bloes, 2020, p. 6) illustrated in Figure 6, converge towards urban planning with a focus on healthy cities. The elements point to a dialogical and participatory process in local governance that fosters cooperation and shared responsibility between individuals in the city's decision-making processes. This Mandala was used as an instrument to identify the premises of urban planning for healthy cities that were foundational to the projects presented during the virtual visits.

Fig. 5: Sperandio Mandala: urban planning for healthy cities. Source: Ana Maria Girotti Sperandio, 2020.

Using the Mandala to assess the planning of healthy cities activities allowed us, even at a distance, to identify the health promotion premises present in the accounts provided by the project members, which we present below in Table 1.

Table 1: Identification of Urban Planning for Healthy Cities health promotion premises contemplated in the Sperandio Mandala and its interpretations – LABINUR/FEC/UNICAMP. Source: Authors, 2020.

Relying on the capillarity of networks and the knowledge shared among their members, the projects occupy and transform urban spaces. Furthermore, they provide the territory with activities that fulfill a social role, since they make it possible to transform degraded or underutilized urban areas into places for meetings, exchanges of experiences and dialogue, offering opportunities to increase the health and well-being of their residents (Sperandio, Bloes, 2020).

During the virtual visits, project members reported on the progress of urban planning for healthy cities interventions, allowing Unicamp to monitor them based on direct accounts from their stakeholders and the community. The projects presented show creative and low-cost examples at the local (micro) scale capable of positively transforming local realities that converge towards health promotion and protection premises. The accounts received from the stakeholders revealed the development of closer social ties in the local context and the consequent formation of coalitions, consolidating a network of solidarity and essential support for community resilience, be it in the face of a pandemic or any other adversity.

Among the many concepts identified in the projects, the following stand out: individual autonomy, which made initiatives aimed at independence and self-care possible; collectivity, which allowed for collective autonomy based on individual autonomies, guaranteeing the sustainability of the progress achieved at the local level and the sowing and flourishing of advances at larger scales; urban spaces for sustainable, pesticide-free cultivation of vegetables and legumes, in addition to the inclusion of these staples in the local diet, reducing the consumption of processed and ultra-processed foods; social participation of the community in all stages of implementation of these tools, promoting local governance and the continuity of the tools, which are expected to endure regardless of changes in political power because they are incorporated into the realities of local communities.

It is also noteworthy that, despite all the adversities found in cities which, like all cities, segregate, exclude, discriminate and desensitize, these healthy municipal tools presented during the visits were able to reverberate positively, which was only possible because they were based on human values such as solidarity, affectivity, ethics, humanity, respect for diversity and lovingness.

7Final considerations

Throughout the virtual visits, the involvement and integration of local community and academia — promoting and sharing knowledge and recognizing counter-hegemonic forms of urban planning — was essential in promoting deeper discussions and reflections on health promotion in the context of urban planning. The accounts received made it possible to identify the Sperandio Mandala premises (Sperandio, Bloes, 2020, p. 6) which converge towards healthy city planning in the projects presented.

The virtual visits also made it possible to monitor the implementation of health-promotion-focused urban planning tools in the communities. The local community accounts received highlighted the role played by the Unicamp in the dissemination of knowledge beyond its borders, be it in the training of stakeholders, in the technical support provided for the activities developed or in the monitoring and dissemination of the experiments carried out, even in the face of the consequent impediments created by the pandemic.

Bringing urban planning and health together during classes allowed for the understanding that the values and principles related to the collective promotion of health in urban areas are fundamental if one seeks to improve well-being and quality of life in cities. The intrinsic relationship between health determinants and a healthy city raised questions about the "absences" of health-related concepts in the guiding documents of public policies for Brazilian urban planning. Despite the expanded health concepts reaffirmed in the PNPS (2017), the Statute of City [Estatuto da Cidade] (Estatuto da Cidade, 2001, Portuguese only), a major guiding document of Brazilian urban policy, for example, does not directly address health promotion. With this in mind, and as a final deliverable of the course, a collective proposal for a new Statute of City [Estatuto da Cidade] was prepared, incorporating values, principles, and guidelines for urban planning that focus on Healthy Cities and seeks to incorporate into a legal document the reverberations of the tools studied during the virtual visits.

The process of bringing academia and communities together through digital platforms pointed to a new way of expanding the reach and impact of academia in projects across the country. It creates closer ties and bridges long distances, at little cost, by incorporating monitoring technologies to traditional strategies. Given its positive results, both for monitoring and learning, the experience of virtual project monitoring can be adapted to various areas and courses offered by universities to facilitate their interaction with society.

As such, the initiative of the course to adapt pedagogical processes in order to rely on digital tools made it possible to practice alternative methods of project monitoring, education, research, and outreach, with emphasis on two main aspects. First, despite changes in local government and the adverse scenario brought in by the pandemic, participatory and continuous network building processes persisted, which confirms the importance of triangulation between academia, community and local governments. Second, the virtual teaching strategies adopted to make the course feasible also made it possible to develop skills and abilities for application of the knowledge acquired, including for the use of urban planning for healthy cities assessment tools, remotely and in very short time spans — as was prompted in this case by the pandemic scenario. This highlights the role of digital platforms as catalysts in the process of bringing academia and society closer together.

Referências

Brandão, I., 2010. Aspectos importantes para um município que quer ser saudável. In: A. M. G. Sperandio, D. G. Machin, M. A. B. Fortunato. eds. Políticas integradas em rede e a construção de espaços saudáveis: boas práticas para a iniciativa do rostos, vozes e lugares. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde. p. 31-60.

Dantas, F., 2004. Responsabilidade social e pós-graduação no Brasil: ideias para (avali)ação. Revista Brasileira de Pós-Graduação, [online], p.160-172, Available at: http://ojs.rbpg.capes.gov.br/index.php/rbpg/article/view/46/43. [Accessed: 25 November 2020].

De Leeuw, E., 2017. Cities and Health from the Neolithic to the Anthropocene. In: De Leeuw, E., Simos, J. orgs. Healthy Cities: The Theory, Policy, and Practice of Value-Based Urban Planning. New York, N.Y.: Springer. p. 3-30.

De Leeuw, E., 2017. From Urban Projects to Healthy City Policies. In: E.De Leeuw, E., Simos, J. Healthy Cities: The Theory, Policy, and Practice of Value-Based Urban Planning. New York, N.Y.: Springer. p. 407-437.

Estatuto da Cidade 2001. SI 2001/10257. Brasília: Presidência da República.

Freire, P., 1987. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

Gil, A. C., 2008. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas SA.

ITS Brasil, 2004. Caderno de Debate – Tecnologia Social no Brasil. São Paulo: ITS.

Johns Hopkins Coronavirus Resource Center, 2020. COVID-19 Map [online] Available at: https://coronavirus.jhu.edu/map.html. [Accessed: 5 November 2020].

Lalonde, M., 1981. A new perspective on the health of Canadians: a working document. [e-book]. Available at: http://www.phac-aspc.gc.ca/ph-sp/pdf/perspect-eng.pdf. [Accessed: 6 November 2020].

Miles, S., 2017. Stakeholder Theory Classification: A Theoretical and Empirical Evaluation of Definitions. Journal of Business Ethics. 142(3), p. 437-459 [online], Available at: https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs10551-015-2741-y. [Accessed: 24 November 2020].

Ministério da Saúde, 2002. As Cartas da Promoção da Saúde. Brasília: Editora MS.

OPAS/OMS Brasil, 2020. OMS afirma que COVID-19 é agora caracterizada como pandemia. [online]. Available at: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=6120:oms-afirma-que-covid-19-e-agora-caracterizada-como-pandemia&Itemid=812. [Accessed: 10 November 2020].

Política Nacional de Promoção da Saúde 2017. Brasília: Presidência da República.

Rede de Municípios Potencialmente Saudáveis, n. d. Apresentação. [online] Available at: http://www.redemunicipiosps.com.br/contato/. [Accessed: 6 November 2020].

Santos, B. S., 2020. A cruel pedagogia do vírus. Coimbra: Edições Almedina

Sperandio, A. M. G., Bloes, R. B., 2020. Community Urban Gardens: Social Instrument for Healthy and Health-Promoting Cities. In: Leal Filho, W., Wall, T., Azul, A., Brandli, P., Özuyar. eds. Good Health and Well-Being. Encyclopedia of the UN Sustainable Development Goals: Springer.

Sperandio, A. M. G., 2020. Estratégias do planejamento urbano e da promoção da saúde: a mandala da cidade saudável. Intellectus Revista Acadêmica Digital, [online]. Available at: http://www.revistaintellectus.com.br/ArtigosUpload/64.766.pdf. [Accessed: 24 November 2020].

UN–HABITAT and WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2020. Integrating health in urban and territorial planning: A sourcebook. Geneva: UN-Habitat and World Health Organization.

territorial planning: A sourcebook. Geneva: UN-Habitat and World Health Organization. World Health Organization, 2020. Considerations in adjusting public health and social measures in the context of COVID-19. [online] Available at: https://www.who.int/publications/i/item/considerations-in-adjusting-public-health-and-social-measures-in-the-context-of-covid-19-interim-guidance. [Accessed: 6 November 2020].

1 Declared as a pandemic by the World Health Organization, on March 11, 2020 (OPAS/WHO Brazil, 2020).

2 Severe Acute Respiratory Syndrome of coronavirus 2.

3 Updated global death toll from Covid-19. Source: JOHN HOPKINS UNIVERSITY & MEDICINE. Covid-19 Map, 2020. Available at: https://coronavirus.jhu.edu/map.html. Accessed: 07 August, 2020.

4 Unicamp determined that, during the pandemic, all face-to-face academic activities should be adapted to rely on digital platforms. As such, all visits initially planned to take place on-site happened remotely, through use of available technologies.

5 Google’s video conferencing application.

6 According to Miles (2017), there are countless definitions of this concept, which can be understood as: a group or an influential individual, collaborator, or claimant who exerts some type of influence on and has some type of contact between purpose and leadership, whether contractually or not (Miles, 2017).

7 For more information, see the website of the Potentially Healthy Municipalities Network [Rede De Municípios Potencialmente Saudáveis] (Portuguese only), n.d.. [Online]. Available at: http://www.redemunicipiosps.com.br/contato/. Accessed: November 4, 2020.

8 Canadian Minister of Health in the 1970s (Lalonde, 1981).

9 Professora Maria Augusta Canto Camargo Bilia Municipal Elementary School.

10 Unified Healthcare System [Sistema Único de Saúde – SUS].