Multiterritorialidade, Cultura e Redes Sociais: Espacialidades híbridas, práticas do movimento Hip Hop no Rio de Janeiro

Emika Takaki, Glauci Coelho

Emika Takaki é Arquiteta e Pesquisadora em Urbanismo na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Glauci Coelho é Arquiteta e Pesquisadora em Urbanismo na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Como citar esse texto: TAKAKI, E.; COELHO, G. Multiterritorialidade, Cultura e Redes Sociais: Espacialidades híbridas, práticas do movimento Hip Hop no rio de Janeiro. V!RUS, São Carlos, n. 4, dez. 2010. Disponível em: <http://www.nomads.usp.br/virus/virus04/?sec=4&item=3&lang=pt>. Acesso em: 27 04 2024.

Resumo

Trazemos para o debate como o movimento Hip Hop constrói espacialidades híbridas no cenário urbano e desenha sua coexistência periférica na cidade do Rio de Janeiro. Este trabalho teve como objetivos dar visibilidade à cultura hip hop e investigar a inserção de comunidades virtuais nos territórios híbridos da cidade. Um dos mecanismos de atuação do movimento hip hop se dá através de sites de relacionamento e das redes sociais virtuais. Assim, a partir das comunidades virtuais observam-se a construção de uma multiterritorialidade resultante da sobreposição de territórios capaz de romper os limites temporais e geográficos. Esta pesquisa foi desenvolvida no período entre setembro de 2008 e abril de 2010, resultando em relatórios textuais e fotográficos. Nossa metodologia foi baseada em pesquisa em campo e em sites de relacionamento (wikis, orkut, twitter e blogs) do movimento hip hop. A partir de uma investigação exploratória e não estruturada, identificamos que estas redes sociais virtuais são caracterizadas por um sentimento de pertencimento, senso comum e forte interação social. As redes sociais virtuais comprovam que o ciberespaço é considerado um incremento do capital social e cultural. Entender esta interface digital permite uma melhor compreensão da expansão de novas formas de redes sociais e de ampliação do capital social em nossa sociedade.

Palavras chaves: multerritorialidade, hip hop, cultura, espaço público, identidade.

Apresentação

Trazemos para este debate como o movimento hip hop na cidade do Rio de Janeiro constrói espaços simbólicos em que a população apóia sua identidade, exprime sentimento de pertencimento e cria seu patrimônio cultural. Este trabalho tem como objetivos dar visibilidade à cultura hip hop e investigar a inserção de comunidades virtuais nos territórios híbridos da cidade. Ressaltamos que um dos mecanismos de atuação do movimento hip hop se dá através de sites de relacionamento e das redes sociais virtuais.

Assim, a partir destas comunidades virtuais observa-se a construção de uma multiterritorialidade resultante da sobreposição de territórios capaz de romper os limites temporais, sendo definida pelo ‘encaixe’ em diferentes escalas e dimensões. Vale observar que os eventos ora citados, e divulgados também pelas redes sociais, encontram materialidade sempre em espaços de domínio público na cidade, como um dos muitos pontos desta rede que desenha sua coexistência periférica no cenário urbano, transformando e (re)-significando espaços urbanos em lugares de encontro.

Nossa construção teórico-metodológica foi baseada em pesquisa em campo com diversas incursões entre setembro de 2008 e abril de 2010 que resultaram em relatórios textuais e fotográficos, em sites de relacionamento do movimento hip hop visualizados nas páginas dos wikis, orkut, twitter e blogs, além de argumentações teóricas sobre cultura híbrida, espaços públicos e multiterritorialidade trazidas conseqüentemente por Canclini (2000, 2006), Teixeira Coelho (1986, 1997), Huet (2001) e Haesbaert (2004).

Com efeito, é válido compreender que o acesso à cultura universal deve ser combinado com a valorização dos processos criativos dos grupos e movimentos culturais da comunidade, para que a sua experiência, o seu saber e a sua visão de mundo interpenetrem o tecido social e gerem uma nova qualidade de vida, diferente da aridez da ‘modernidade’ impulsionada pela homogeneização cultural.

Considerações sobre cultura, espaço público e hibridismo

A cultura é considerada um ‘catalisador’ de urbanidades e um instrumento de inclusão social, pois potencializa e estimula o sentimento de pertencimento e identidade cultural de comunidades. Valorizando os movimentos culturais como territórios culturalmente expressivos criam-se possibilidades de trocas entre um número mais significativo de atores sociais. Neste processo, levam-se em consideração as diferenças e as experiências, criando condições para que a sociedade se transforme e se aperfeiçoe.

Com isso, entendemos que o movimento cultural do hip hop, ao se manifestar na cidade, possibilita uma relação de alteridade e aproximação com o Outro. Ao interagir e retirar da cultura símbolos, resignifica os espaços urbanos e resgata a socialização da vida pública. Torna-se válido delinear sobre os percursos e uso da cultura nos projetos e políticas urbanas contemporâneas. Werthein aponta que a cultura é “capital social” capaz de mobilizar,

[...] por estimular o sentimento de pertencimento a um projeto coletivo, a participação, a promoção de atitudes que favoreçam a paz e o desenvolvimento sustentado, o respeito a direitos, enfim, a capacidade da pessoa humana e das comunidades de regerem o seu destino (WERTHEIN, 2003, p.16).

Nesse sentido, a cultura aparece como um espaço social privilegiado de práticas, representações, símbolos e rituais que os jovens buscam para demarcar suas identidades. Tal potencial da cultura se confirma na colocação feita por Gilberto Gil, quando aponta que esta se constitui no espaço social como um “eixo construtor das identidades, como espaço privilegiado de realização da cidadania e de inclusão social e, também, como fato econômico gerador de riquezas” (GIL, 2003, p.9).

O que se observa é o deslocamento da cultura de uma posição subordinada para uma posição estratégica nas políticas urbanas contemporâneas, nas quais observamos um crescente número de ações culturais que visam à promoção da identidade local e inclusão social. Na maioria dos casos, o espaço público – rua – passa a ser o ‘palco’ de muitas destas manifestações culturais. Segundo Faria,

[...] a rua é o reino da comunidade. Podemos dizer que ela é o lugar por excelência das manifestações culturais da comunidade. (Assim, como local mais próximo à comunidade.)1 A experiência demonstrou que os lugares culturalmente apropriados pela população têm sido valorizados. [...] Há hoje uma ida às ruas pró-movimentos culturais (FARIA, 2003, p.40).

Dentro da construção acima, a rua é o local perfeito para a materialização das ações culturais e o movimento hip hop se converteu numa forma de comunicação eficaz nas periferias da cidade. Veremos que tal diálogo com as diversas localidades da cidade também se estabelece através das redes sociais virtuais que espacializam a cultura hip hop no Rio de Janeiro.

O hip hop é aquele que convida à manifestação da vida pública, convertendo-se no próprio lugar de afetividade propício à construção e afirmação de identidades, ao mesmo tempo em que cria o espaço físico para sua manifestação. Como citado por Martins (2005, p.41), no espaço público, os jovens criam espaços próprios de urbanidade que se transformam em territórios culturalmente expressivos nos quais diferentes identidades são elaboradas.

Acreditamos que são os laços culturais e identitários que unem indivíduos e enraízam comunidades. Na atualidade, culturas e identidades distintas são postas lado a lado, propiciando novas mesclas sócio-culturais. Na maioria das vezes, as culturas encontram novas materialidades e assumem novos aspectos. Para Teixeira Coelho (1997, p.125) e Canclini (2000, p.19), tornam-se híbridas e são resultados das diversas mesclas interculturais.

Assim, damos destaque ao movimento hip hop no Brasil como exemplo do processo de hibridização cultural que, segundo Leal (2007, p.20), teve sua origem na década de 70 nos Estados Unidos, mais precisamente nos subúrbios de Nova Iorque e de Chicago; chega ao Brasil na década de 80 e recebe influencias de diversas culturas locais.

De acordo com Fochi a cultura hip hop nasceu a partir de ações para conter as constantes guerras e disputas entre as gangues da periferia de Nova Iorque, a alternativa foi promover uma organização interna utilizando recursos da própria comunidade, sem depender de apoio político governamental. Em seu relato, o autor expõe a seguinte afirmativa:

Além de estratégia para atrair os jovens e conter disputas e violência entre as gangues, a música, dança e arte do hip hop, funcionam como elementos de promoção da cultura. Para fazer as letras, inventar novos passos de dança e expressões artísticas, é preciso conhecer a realidade, conhecer história, estar engajado. Dessa forma, promove-se a conscientização e a inserção social dos indivíduos - ou pelo menos, inserção e conscientização quanto à dura realidade que se encontram (FOCHI, 2007, p.62).

A Cultura Híbrida do hip hop no Brasil e sua multerritorialidade

Tratamos da cultura híbrida do hip hop através da experiência vivida no espaço das redes sociais virtuais, que ilustra a sua multiterritorialidade. Entendemos que o movimento hip hop é capaz de articular um território-rede coeso a partir de sua espacialização virtual, pois pontua no espaço físico da cidade lugares experienciáveis. Assim, para entendermos estas implicações, utilizamos o conceito de multerritorialidade por Haesbaert (2004, p.348):

[A multiterritorialidade é] resultante do domínio de um novo tipo de território, o território-rede em sentido estrito (...). Aqui, a perspectiva euclidiana de um espaço-superfície contínuo praticamente sucumbe à descontinuidade, à fragmentação e à simultaneidade de territórios que não podemos mais distinguir claramente onde começam e onde terminam ou, ainda, aonde irão ‘eclodir’, pois formações rizomáticas também são possíveis.

Nesse aspecto, aplicamos o conceito de rizoma para trazermos à tona a noção de multiterritorialidade da cultura hip hop e sua interação no território das redes sociais virtuais. O queremos dizer é que a cultura hip hop possui um caráter rizomático, pois não precisa de um ponto fixo de encontro e é conectável virtualmente (podendo materializar-se em qualquer ponto da cidade). Segundo Deleuze e Guattari um rizoma é “conectável em todas as suas dimensões, desmontável, reversível suscetível de receber modificações constantemente" (DELEUZE; GUATTARI, 1995, p.22).

Assim, ressaltamos a multiterritorialidade de uma cultura de manifesto e que no Brasil se recria ao se hibridizar com a cultura do lugar. Lugar este, parafraseando Canclini (2006, p.327):

1 [N. A.]. Nota das autoras.

a partir do qual vários artistas latino-americanos escrevem, pintam ou compõem músicas, [e que] já não é a cidade na qual passaram sua infância, nem tampouco é essa na qual vivem há alguns anos, mas um lugar híbrido, no qual se cruzam os lugares realmente vividos.

Tais considerações nos colocam frente a um território apropriado pelos aspectos vividos, no qual se destaca a atuação do tempo como capaz de imprimir no lugar a diversidade da cultura hip hop. Observamos que o tempo atua não somente no espaço propriamente dito, mas também no espaço virtual de encontro, o que para Haesbaert é:

mais do que [...] superposição espacial, [...], trata-se hoje, principalmente com o novo aparato tecnológico-informacional à nossa disposição, de uma multiterritorialidade não apenas por deslocamento físico como também por ‘conectividade virtual’, a capacidade de interagirmos à distância, influenciando e, de alguma forma, integrando outros territórios. (HAESBAERT, 2004, p.13).

Nesse aspecto remarcamos as redes sociais identitárias do movimento hip hop que divulgam não só eventos, mais, sobretudo tentam delimitar de alguma forma sua origem e fixação de sua presença em “território nacional” com características particulares à cultura brasileira, mas sem se desvincular da sua ideologia fundadora nos guetos norte-americanos. Bastos aponta para algumas características do movimento hip hop:

a opressão, marginalização, violência, privação de cultura e lazer é uma realidade percebida e sentida de forma parecida pelos moradores de periferia de qualquer lugar do mundo. No entanto, o diálogo com a cultura local, com o popular, com o regional faz com que o Movimento hip hop adquira características singulares que o diferencia e legitima dentro das peculiaridades políticas, sociais, culturais e raciais locais. (BASTOS, 2008, p. 35).

De acordo com Bastos (2008), o movimento hip hop no Brasil surge em meados da década de 80 em São Paulo e no ABC Paulista. Suas primeiras manifestações ocorreram na Praça Ramos em São Paulo e na rua 24 de Maio, também na região central. Segundo Ribeiro (2009, p.4):

Este tipo de dança de rua, denominada genericamente como break, é a primeira manifestação do hip hop no Brasil, e passa a ser executada na Praça Ramos, na Estação de Metrô da São Bento e na Galeria 24 de Março, destacando-se neste período as equipes de dança Funk & Cia, onde se destaca o ‘pai’ do break nacional Nelson Triunfo, e a equipe de break dance Jabaquaras.

O movimento hip hop se difundiu pelo Brasil e pelo mundo através desses três elementos: o break, o graffiti e o rap. Para Fochi, estes elementos “funcionam como um meio, um instrumento de propagação daquilo que alguns autores denominam o quarto – e, ao nosso ver, mais importante – elemento do hip hop: o conhecimento” (FOCHI, 2007, p.64). Um dos principais fatores da consolidação e fortalecimento da cultura de rua foi ter, como base de sustentação, a conscientização e o conhecimento.

Com efeito, é importante observar que o hip hop também se recria como cultura de rua e de resistência social no espaço virtual das redes sociais, sempre apoiado nos quatro pilares que se converteram nas suas formas de comunicação. De acordo com Yuka (2007, p.15):

seu romantismo ideológico sobrevive a duras penas num plano periférico muito maior, nas favelas de todo Terceiro Mundo. É a partir da periferia dos países pobres que ele se projeta no futuro, anunciando seu mais novo elemento: informação. Daí a importância de se entender sua identidade e seu crescimento em suas diversas áreas de ação.

Percebemos, através das colocações históricas de Fochi (2007), Bastos (2008), Ribeiro (2009) e Leal (2008), que o movimento é carregado de um potencial transformador de realidades, ou seja, a capacidade que ele tem para transformar sua cultura, que encontra no Brasil grande acolhida, e que é em parte devido ao fato da cultura hip hop representar um lugar simbólico de construção identitária, por isto o espaço propício à construção e reafirmação da identidade da periferia social.

Acreditamos que o hip hop, como cultura, é capaz de expressar sua multiterritorialidade, pois é facilmente hibridizável com a cultura local; como também destaca, no espaço urbano, territórios híbridos. De acordo com Haesbaert (2004, p.344):

a existência do que estamos denominando multiterritorialidade, pelo menos no sentido de experimentar vários territórios ao mesmo tempo e de, a partir daí, formular uma territorialização efetivamente múltipla, não é exatamente uma novidade, pelo simples fato de que, se o processo de territorialização parte do nível individual ou de pequenos grupos, toda relação social implica uma interação territorial, um entrecruzamento de diferentes territórios. Em certo sentido, teríamos vivido sempre uma ‘multiterritorialidade’.

O hip hope suas redes sociais virtuais: coexistência periférica e urbana

O movimento hip hop desenha sua coexistência através das comunidades virtuais que recriam múltiplos territórios na cidade do Rio de Janeiro. Ressaltamos que, as comunidades sociais virtuais estabelecem laços sociais e constroem uma interação mútua entre indivíduos que, segundo Primo (1997, p.2), “se reúnem por um senso comum, e não por mera agregação geográfica.

Já para Rheingold (1993), o conceito de comunidade virtual pode ser entendido como um grupo de pessoas que se relacionam no ciberespaço, criam redes sociais e sentimento de comunidade2. Para Fernback e Thompson, as comunidades virtuais consistem em relações sociais formadas no ciberespaço através do contato repetido em um limite ou local específico (como uma conferência eletrônica) simbolicamente delineado por tópico ou interesse” (FERNBACK; THOMPSON, 1995, apud PRIMO, 1997, p.8).

Com efeito, identificamos que o movimento hip hop possui grande atuação e alcança grande visibilidade através de sites de relacionamento e comunidades virtuais, tais como o orkut, blogs, sites, twitter, facebook, myspace, entre outros. Observação esta que é o foco de nossa análise, onde buscamos entender a atuação dos mesmos no ciberespaço e sobreposição na cidade.

Para Silva e Gonzaga (2009, p.6) o desenvolvimento das tecnologias de comunicação no espaço fez com que a proximidade das culturas tornasse a sua coexistência mais palpável. Utilizamos aqui o conceito de espaços de coexistência que, segundo Augras, “no espaço de coexistência, os homens tecem redes que os aproximam e os afastam, organizando o mundo de maneira a assegurar áreas recíprocas de movimentação” (AUGRAS, 1981, apud LOPES, 2009, p.23). Neste sentido, visualizamos o território como algo dinâmico, através dos constantes movimentos, ritmos, fluxo e rede que, de acordo com Haesbaert (2007, p. 281), é dotado de significado e expressividade.

Assim, a partir de uma investigação exploratória e não estruturada, identificamos que estas redes sociais virtuais são caracterizadas por um sentimento de pertencimento, senso comum e forte interação social. Estas comunidades virtuais são formalizadas através de um discurso político e ideológico, com forte engajamento social e atuação comunitária. Por exemplo, no blog “Visão da Favela”3 são postadas mensagens de protesto e posição com relação à sociedade:

[sic] Tem uma grande diferença em viver com o dinheiro e viver pelo o dinheiro. Conheço muita gente que dedicou uma grande parte das suas vidas ao rap, e esses continuam sendo referência para acreditarmos que o rap é acima de tudo um víeis para divulgarmos nossos problemas sociais e nossos opressores. A filosofia do nosso coletivo irá continuar acreditando e trabalhando para a evolução e o esclarecimento de nosso papel nessa sociedade de classes, de racista, oportunista, pelegos e simpáticos dos rico (FIELL, 2007).

A idéia de forte cunho ideológico colocada é também difundida por DJ Marquinhos através do site “Marquinho DJ Black Music4,

[sic] Os negros ainda são minoria quando o assunto é o mundo executivo. Os motivos? Em geral, a falta de uma educação de qualidade, desde o ensino fundamental até a universidade. Mas existem avanços e as ações afirmativas colaboram muito para a formação de uma elite negra (MARQUINHOS, 2009).

[sic] Na zona oeste da cidade, em Padre Miguel, em uma comunidade chamada ‘Ponto Chic’, surgiu há cerca de dez anos, um grupo de ‘resistência cultural’ chamado ‘Point Chic Charm’. Bastou uma caixa de som, um repertório requintado de black music às alturas para aglutinar os saudosistas que passavam por ali e ficavam a recordar os bons tempos do reinado de James Brown e seus discípulos. Não demorou muito e virou um grande ponto de encontro da negrada, aos domingos, onde quem gostava de ouvir e dançar boa música poderia chegar, trazer a família e seus amigos. Era uma iniciativa dos irmãos negros Eduardo e Ângelo Oliveira. Que depois convidaram os dj´s, Jorge Sucesso, Beto Barra e Jhony, para comandar o baile. O movimento cresceu [...] (MARQUINHOS, 2009).

Neste sentido, destacamos a atuação das redes virtuais sociais do hip hop como um território de resistência, que recria espaços de coexistência na cidade. Pode-se dizer que o cunho ideológico desse movimento é materializado através do protesto (figura 1) e reivindica a presença da periferia urbana como ator social ativo, não sujeito à cultura do outro, mas atuante no processo de formação da sociedade.

Figura 1: Flyer de divulgação da 5ª Festa da Consciência Negra realizada sob o Viaduto de Madureira em 2008 que confirma o caráter reivindicatório e de afirmação da cultura negra do Movimento hip hop, e que neste momento tomou como slogan a frase dita por Barack Obama “Sim nós podemos” - Fonte: Arquivo particular dos autores – outubro de 2008.

2 Tradução livre das autoras do original “Virtual communities are places where people meet, (...) Point of view, along with identity, is one of the great variables in cyberspace."

3 http://visaodafavelabr.blogspot.com

4 http://marquinhodjblackmusic.blogspot.com

Já noutros sites de relacionamento, como o orkut, identificamos uma interação maior dos participantes (também classificados como membros) a partir dos tópicos nas comunidades, divulgação de eventos, músicas, vídeos. A comunidade virtual chamada GBCR5, originária na favela da Rocinha, vê o hip hop como um instrumento de transformação na vida dos jovens e propõe projetos socioculturais ligados ao movimento cultural na comunidade.

A partir de tais considerações, identificamos que a maioria das comunidades virtuais funciona, em primeiro lugar, como um veículo de comunicação para divulgação de eventos, encontros, festas, cursos de capacitação, oficinas, entre outros, além de atuar como multiplicadores dos pontos das redes sociais. Os blogs estão conectados através de links, em que um tem acesso à rede do outro, tal como se fosse uma ‘grande praça’ – território para divulgação e colocação das idéias.

O blog Visão da Favela, que é claramente um destes pontos da rede virtual, e que tem na ‘figura’ de MC Fiell um dos seus mais ativos veiculadores, faz parte desses multiterritórios das experiências vividas pelo ciberespaço. Em seu blog, divulga mensagens de cunho político (figura 2) e cria um território de luta e resistência,

[sic] Através desse espaço, espero conhecer vários subversivos que intensamente tentam mudar algo nas suas vidas e nas dos seus semelhantes... Sabemos que a paz e liberdade é uma grande utopia em nosso país, Porem não podemos ficar de braços cruzados esperando algo das autoridades... Temos que fazer a nossa parte exigir nossos direitos, não aceitar tudo que nos propõem facilmente... Se nos unirmos e nos organizarmos tudo pode ser possível; mais enquanto não: Isso só favorece a oposição. Saibam todos que, ‘A REVOLUÇÃO NÃO SERÁ TELEVISIONADA’. (FIELL, 2010).

Destacamos no blog Visão da Favela o anúncio de divulgação da “Cartilha Popular do Santa Marta: abordagem policial” (figura 2) que tem o objetivo de informar ao morador como são os procedimentos da abordagem policial e orientar a comunidade sobre seus direitos e postura,

[sic] Na quarta feira 24/03/2010 as 16:30h subimos ao auto do morro Santa Marta para distribuir a cartilha. A cartilha popular do Santa Marta sobre abordagem policial nasceu da necessidade dos moradores da comunidade de conter excessos e abusos da ação policial, através da afirmação de seus direitos. Sua intenção é fortalecer a consciência de que o morador da favela deve ser respeitado pelo poder público e por seus agentes. Para isso, a cartilha descreve os limites da ação da polícia e orienta os moradores sobre qual a melhor maneira de agir em uma abordagem e nos casos de violações de seus direitos. Venha já buscar a sua cartilha. (FIELL, 2010).

Figura 2: Divulgação da Cartilha Popular do Santa Marta: abordagem policial - Fonte: Arquivo particular dos autores – março de 2010.

Observarmos nada mais que a experiência da multiterritorialidade, que segundo Haesbaert (2004) inclui a reterritorialização via ciberespaço, através das múltiplas ‘ideias’ que se encontram ao redor do simbolismo do hip hop. O que impulsiona o encontro está na identidade, muito mais que no lugar físico. O espaço físico percebido pela lente da multiterritorialidade do movimento do hip hop é pulverizado no espaço da cidade.

O processo de visibilidade do movimento hip hop através das redes virtuais é espacializado no espaço físico, o que observamos é a pulverização do hip hop em diversos bairros e municípios da região metropolitana da cidade (figura 3).

Figura 3: Mapa dos Bairros do Rio de Janeiro onde ocorrem festas e eventos ligados ao movimento hip hop. Fonte da imagem: Imagem Google Earth (Acesso em: 19 de abril 2010). Fonte de dados: sites citados no artigo.

Na figura 4, a partir das redes virtuais, foram identificados os eventos, festas, oficinas e cursos que permeiam o movimento hip hop no Rio de Janeiro. Isso mostra a abrangência do movimento que percorre o espaço urbano atingindo uma gama diversa de lugares que se encontram nos sites de relacionamentos quando seus membros lá depositam suas impressões e experiências dos eventos.

Figura 4: Mapa dos eventos de hip hop no Rio de Janeiro segundo os produtores de eventos. Fonte da imagem: Imagem Google Earth (Acesso em: 19 de abril 2010). Fonte de dados: sites citados no artigo.

Considerações finais

Buscamos dar visibilidade ao movimento Hip Hop através de suas redes sociais virtuais e sua inserção nos múltiplos territórios da cidade do Rio de Janeiro. Ao construir espacialidades híbridas, a cultura Hip Hop coexiste no espaço urbano periférico e cria novos cenários que perpassam o espaço real e sobrepõe-se ao virtual.

As comunidades virtuais, blogs, wikis, orkut e twitter comprovam que o ciberespaço é considerado um incremento do capital social e cultural. Entender esta interface digital permite uma melhor compreensão da expansão de novas formas de redes sociais e de ampliação do capital social em nossa sociedade. Deste modo, o hip hop pode ser considerado uma força que impulsiona e induz, é a própria cultura em ação que ultrapassa barreiras não só físicas, mas também socioculturais.

Procuramos demonstrar como a cultura hip hop pode recuperar o sentido de lugar, pois é vivenciado afetivamente e é capaz de reafirmar a natureza ‘libertadora dos guetos’. Deste modo, observamos o movimento hip hop como um território de resistência, pois dá visibilidade para aquele que vive nas periferias da cidade do Rio de Janeiro, como também dá suporte aos indivíduos na produção de suas próprias redes (sociais e virtuais), num sentido que aponta para a construção de múltiplos territórios que se apropriam e resignificam, cotidianamente, os espaços públicos da cidade.

Neste sentido, observamos como as redes sociais virtuais se encaixam de forma efetiva na divulgação e na difusão da ideologia do movimento hip hop no Brasil, e sua reafirmação na cidade ao espacializar sua história. Lembramos que, para aqueles que são adeptos do seu sistema de idéias, este pode ser uma das ‘últimas saídas’ encontradas como possibilidade multiplicadora da ideologia de paz, tolerância e manifestação do outro – periférico como criador cultural.

Referências Bibliográficas

BASTOS, P. N. Ecos de espelhos. Movimento Hip Hop do ABC Paulista: sociabilidade, intervenções, identificações e mediações sociais, culturais, raciais, comunicacionais e políticas. 2008. Dissertação (Mestrado em Ciência da Comunicação). Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.

CANCLINI, N. G., Culturas híbridas. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2000.

___________. Estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006.

COELHO, T. Usos da cultura: políticas de ação cultural. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1986.

___________. Dicionário Crítico de Política Cultural. São Paulo: Iluminuras, 1997.

DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil platôs Volume 1: Capitalismo e esquizofrenia. Rio de Janeiro: Editora 34, 1995.

FARIA, H. Políticas Públicas de Cultura e Desenvolvimento Humano nas Cidades. In: BRANT, Leonardo (org). Políticas Culturais Vol. 1. São Paulo: Editora Manole, 2003. p.35-54.

FIELL, R. Blog Visão da Favela. Blogspot, 2007. Disponível em: <http://visaodafavelabr.blogspot.com/> Acesso em: 20 mai. 2010.

FOCHI, M. A. B. Hip hop brasileiro: tribo urbana ou movimento social? FACOM. Revista de Comunicação da FAAP, v. 17, p. 61-69, 2007. Disponível em: <http://www.faap.br/revista_faap/revista_facom/facom_17/fochi.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2010.

GBCR. Blog GBCR. Blogspot, 2009. Disponível em: <http://gbcrh2.blogspot.com/> Acesso em: 20 mai. 2010.

GIL, G. Apresentação. In: UNESCO (org.).Políticas culturais para o desenvolvimento: uma base de dados para a cultura. Brasília: UNESCO Brasil, 2003. p.9-10. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001318/131873por.pdf> Acesso em: 21 set. 2008.

HAESBAERT, R. Dos múltiplos territórios à multiterritorialidade. São Paulo, 2004. Disponível em: <http://w3.msh.univ-tlse2.fr/cdp/documents/CONFERENCE%20Rogerio%20HAESBAERT.pdf> Acesso em: 20 jan. 2010.

_________. O mito da desterritorialização: do “fim dos territórios” à multi-territorialidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.

HUET, B., Espaços públicos, espaços residuais. In: ALMEIDA, Marco Antonio Ramos (org) Os Centros das Metrópoles. São Paulo: Editora Terceiro Nome, 2001.

LEAL, S. J. de M. Acorda Hip Hop! Despertando um movimento em transformação. Rio de Janeiro: Editora Aeroplano, 2007.

LOPES, J. R. Territorialidades urbanas, desigualdades e espaços de coexistência. XXVIII International Congress of the Latin American Studies Association. Rio de Janeiro: LASA 2009 Rethinking Inequalities. Disponível em: <http://lasa.international.pitt.edu/members/congress-papers/lasa2009/files/LopesJoseRogerio.pdf> Acesso em: 20 mai. 2010.

MARTINS, C. H. dos S. Os bailes de charme: espaços de elaboração de identidades juvenis. In: Revista Ultima década, nº 22., p.39-62, Valparaíso: CIDPA, 2005.

MARQUINHO. Blog Marquinho Dj Black Music. Rio de Janeiro. 2009. Disponível em: <http://marquinhodjblackmusic.blogspot.com> Acesso em: 19 mai. 2010.

PRIMO, A. A emergência das comunidades virtuais. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 20., 1997, Santos. Anais… Santos: 1997. Disponível em: <http://www.pesquisando.atraves-da.net/comunidades_virtuais>. Acesso em: 22 mai. 2010.

RHEINGOLD, H. The Virtual Community: Homesteading on the Electronic Frontier. Perseus Books, 1993. Disponível em: <http://www.rheingold.com/vc/book/> Acesso em: 28 jul. 2009.

RIBEIRO, C. C. R. . Interação cultural e social do movimento hip hop. Revista Palmares (Brasília), v. ano V, p. 48-55, 2009. Disponível em:< http://www.palmares.gov.br/_temp/sites/000/2/download/artigoccrr09.pdf> Acesso em: 20 jan 2010.

SILVA, R. H. A. de; MIGLIANO, M. Redes Culturais em Territórios Urbanos. XXVIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 2005, Rio de Janeiro. Disponível em: <http://galaxy.intercom.org.br:8180/dspace/bitstream/1904/18423/1/R1702-2.pdf > Acesso em: 20 jan. 2010.

WERTHEIN, J. Introdução.In: UNESCO(org.).Políticas culturais para o desenvolvimento: uma base de dados para a cultura. Brasília: UNESCO Brasil, 2003, p.9-20. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001318/131873por.pdf>. Acesso em: 21 set. 2008.

YUKA, M. Prefácio. In: LEAL, Sérgio José de Machado (org). Acorda Hip Hop! Despertando um movimento em transformação. Rio de Janeiro: Editora Aeroplano, 2007.

Multi-territoriality, Culture and Social Networks: Hybrid spatiality and practices of Hip Hop movement in Rio de Janeiro

Emika Takaki, Glauci Coelho

Emika Takaki is an Architect and Researcher in Urbanism at Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brazil.

Glauci Coelho is an Architect and Researcher in Urbanism at Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brazil.

How to quote this text: Takaki, E. and Coelho, G., 2010. Multi-territoriality, Culture and Social Networks: Hybrid spatiality and practices of Hip Hop movement in Rio de Janeiro. Translated from Portuguese by Gilfranco Alves and Fábio Queiroz, V!RUS, 04, [online] Available at: <http://www.nomads.usp.br/virus/virus04/?sec=4&item=3&lang=en>. [Accessed: 27 04 2024].

Abstract

We bring on the debate how hip hop movement constructs hybrid spatialities in the urban scene and how it delineates its peripheral coexistence in the city of Rio de Janeiro. This work aimed to give visibility to hip hop culture and to nvestigate the inclusion of virtual communities in the hybrid territories of the city. One of the action mechanisms of hip hop movement works through social networking sites and virtual social networks. Thus, from the virtual communities it is observed the construction of a multi-territoriality resulting from the overlapment of territories able to disrupt temporal and geographic boundaries. This research was conducted in the period between September 2008 and April 2010, resulting in textual and photographic reports. Our methodology was based on field research and research on social networking sites (wikis, orkut, twitter and blogs) of hip hop movement. From an exploratory and unstructured research, we identified that these virtual social networks are characterized by a feeling of belonging, common sense and intense social interaction. Virtual social networks show that cyberspace is considered an increase of social and cultural capital. Understanding this digital interface allows a better understanding of the expansion of new forms of social networks and of elargement of social capital in our society.

Keywords: multi-territoriality, hip hop, culture, public space, identity.

Presentation

We bring to this debate how hip hop movement in Rio de Janeiro constructs symbolic spaces in which population supports their identity, expresses a feeling of belonging and creates its cultural heritage. This paper aims to give visibility to hip hop culture and to investigate the inclusion of virtual communities in the hybrid territories of the city. We emphasize that one of the action mechanisms of hip hop movement works through social networking sites and virtual social networks.

Thus, from these virtual communities it has been observed the construction of a multi-territoriality resulting from the overlapment of territories able to disrupt temporal boundaries, been defined by the “splice” at different scales and dimensions. It is worth observing that the events mentioned here, and disclosed also for social networking, find their materiality always in public spaces in the city, as one of many points in this network that delineates its peripheral coexistence in the urban scene, transforming and (re)-signifying urban spaces into gathering places.

Our theoretical and methodological construction was based on field research with several incurtions between September 2008 and April 2010 that resulted in textual and photographic reports, on social networking sites of hip hop movement displayed on the pages of wikis, orkut, twitter, and blogs, besides theoretical argumentation on hybrid culture, public spaces and multi-territoriality consequently brought by Canclini (2000, 2006), Teixeira Coelho (1986, 1997), Huet (2001) and Haesbaert (2004).

Indeed, it is worthwhile to understand that access to universal culture should be combined with the appretiation of community’s creative processes of groups and cultural movements, so that its experience, its knowledge and its vision of the world interpenetrate social fabric and generate a new quality of life, different from the aridity of ‘modernity’ incentivated by cultural homogenization.

Considerations on culture, public space and hybridity

Culture is considered a "catalyst" of urbanities and an instrument of social inclusion, therefore enhances and stimulates the feeling of belonging and cultural identity of communities. Valuing cultural movements as culturally significant territories there create opportunities for exchanges between a larger number of social actors. In this process, differences and experiences are taken into consideration, creating conditions for society to be transformed and improved.
Thus, we believe that cultural movement of hip hop, in manifesting itself in the city, allows a relation of alterity and approximation with the Other. By interacting and removing symbols from culture, it re-signifies urban spaces and rescues the socialization of public life. It becomes valid delineating on the routes and use of culture in contemporary urban policies and projects. Werthein indicates that culture is “social capital” capable of mobilizing,

‘by stimulating the feeling of belonging to a collective project, participation, promotion of attitudes that promote peace and sustainable development, respect to rights, finally, the ability of human beings and communities to abide their destiny.’ (WERTHEIN, 2003, p.16).

In this sense, culture appears as a privileged social space of practices, representations, symbols and rituals that young people seek to establish their identities. This potential of culture is confirmed in the placement made by Gilberto Gil, when he indicates is constitutes itself in the social space as an "constructor axis of identities, as a privileged space for the attainment of citizenship and social inclusion, as well as economic fact generator of richeness" (GIL, 2003, p.9).

What is observed is the shift in the culture from a subordinate position to a strategic position in contemporary urban politics, in which we observe a growing number of cultural actions aimed at promoting local identity and social inclusion. In most cases, the public space – street – becomes the "stage" of many of these cultural manifestations. According to Faria (2003, p.40):

‘the street is the kingdom of the community. We can say it is the place par excellence of community’s cultural manifestations. [Thus, as the closest site to the community.]1 Experience has shown that places culturally appropriate by population have been valorized. (...) There is now a pro-cultural movement on the streets.’

Within the this construction, the street is the perfect place for the materialization of cultural actions and hip hop became a effective way of communication on the suburbs of town. We will see that this dialogue with the various localities of the city is also established through virtual social networks that spatialized hip-hop culture in Rio de Janeiro.

Hip hop is one that calls for manifestation of public life, becoming the very place favorable to the construction of affection and affirmation of identities, at the same time it creates the space for its manifestation. As quoted by Martin (2005, p.41), in public space, young people create their own spaces of urbanity that become culturally significant territories in which different identities are developed.

We believe they are the identity and cultural ties that unite individuals and root communities. Currently, disparete cultures and identities are set side by side, providing new socio-cultural blends. In most cases, cultures find new materiality and assume new aspects. For Teixeira Coelho (1997, p.125) and Canclini (2000, p.19), they become hybrid and are the result of various mixtures blends. Thus, we highlight the hip hop movement in Brazil as an example of cultural hybridization process that, according to Leal (2007, p.20), had its origin in the 70’s in United States, more precisely in the suburbs of New York and Chicago; arrives in Brazil in the 80’s and receives influences from various cultures.

According to Fochi hip hop culture was born from actions to contain the constant wars and disputes between gangs in the suburbs of New York, the alternative was to promote an internal organization using resources of the community itself, without relying on government political support. In his report, the author exposes the following statement:

‘Beyond strategy to attract young people and contain disputes and violence between gangs, hip hop’s music, dance and art function as promotion elements of culture. To make the letters, inventing new dance moves and artistic expression, it is necessary knowing the reality, knowing history, beeing engaged. Thus, we promote awareness and social inclusion of individuals – or at least, integration and awareness of the harsh reality in witch they are.’ (FOCHI, 2007, p.62).

The hybrid culture of hip hop in Brazil and its multi-territoriality

We treat the hybrid culture of hip hop through the experience lived in the space of virtual social networks, which illustrates its multi-territoriality. We understand that the hip hop movement is able to articulate a coherent territory-network from its virtual spatialization, as scores in the physical space of the city experiential places. Thus, to understand these implications, we use the concept of multi-territoriality by Haesbaert:

‘The multi-territoriality is (...) resultant of the domain of a new type of territory, the territory-network in the strict sense (...). Here, the Euclidean perspective of a continuous space-surface almost succumbs to discontinuity, fragmentation and simultaneity of territories that we can not distinguish anymore clearly where they begin and where they end, or even, where they will ‘hatch’ because rhizomatic formations are also possible.’ (HAESBAERT, 2004, p.348).

In this respect, we apply the concept of the rhizome to bring to light the notion of multi-territoriality of hip hop culture and its interaction within virtual social networks territory. What we mean is that hip hop culture has a rhizomatic character as it doesn’t need a fixed meeting point and been virtually pluggable (materializing anywhere in the city). According to Deleuze and Guattari (1995, p. 22) a rhizome is "connectable in all its dimensions, removable, reversible, susceptible to constant modification".

Thus, we emphasize the multi-territoriality of a manifest culture that, in Brazil, recreats by hybridizing with local culture. This local, paraphrasing Canclini (2006, p.327):

‘from which several Latin American artists write, paint or compose music, [and that] is no longer the city where they passed tjeir childhood, nor is this where they live for a few years, but a hybrid place, where they cross the places really lived.’

Such considerations bring us face to an experienced territory appropriated by lived aspects, in which the role of time as capable of printing in place the diversity of hip hop culture is emphasized. We observed that the time acts not only within space itself but also in a virtual meeting space. For Haesbaert (2004, p.13):

1 Author’s note

‘more than (...) spatial superposition, (...), it is, today, especially with the new technological-informational apparatus at our disposal, a multi-territoriality not only by physical displacement as well as "virtual connectivity" the ability to interact at distance, influencing and, somehow, integrating other territories.’

In this regard we reschedule the identity social networking of hip hop movement that not only publicize events, but more especially, in some way try to define its origin and setting of their "nationwide " presence with specific characteristics of brazilian culture, but not relieving their founding ideology in american ghettos. Bastos (2008, p. 35) points some characteristics of hip hop movement:

‘Oppression, marginalization, violence, loss of culture and leisure is a reality perceived and felt similarly by the residents in peripheries anywhere in the world. However, dialogue with local culture, with popular, with regional, causes hip hop movement to acquire singular characteristics that differentiate and legitimate it within the political, social, racial and cultural local peculiarities.’

According to Bastos (2008), the hip hop movement has emerged in Brazil in the mid 80's in the city of São Paulo and in the ABC Paulista. Its first manifestations occurred in the Ramos Square in São Paulo and in the 24 de Maio Street, also in the central region. According to Ribeiro (2009, p.4):

‘This type of street dance, known generically as break, is the first manifestation of hip hop in Brazil, and begins to be performed in Ramos Square, in St. Bento Subway Station and in the 24 de Março Gallery, highlighting in this period the Funk & Cia dance teams, in which the "father" of brazilian break, Nelson Triunfo, and break dance team Jabaquara Breakers hightlight.’

The hip hop movement has spread throughout Brazil and the world through these three elements: break, graffiti and rap. To Fochi, these elements "work as a mean, a tool for spreading what some authors call the fourth – and, in our view, most important – element of hip hop: knowledge" (FOCHI, 2007, p.64). A major factor in the consolidation and strengthening of street culture was having, as a support base, awareness and knowledge.

Indeed, it is important to note that hip hop is also growing as street culture and social resistance in the virtual space of social networks, always resting on that four pillars that have converted in its forms of communication. According to Yuka (2007, p.15):

‘its ideological romanticism survives painfully in a much wider peripheral level in slums throughout the Third World. From the periphery of poor countries it is projected into the future, announcing its newest element: information. Hence the importance of understanding their identity and growth in diverse areas of action.’

We realize, through the historical placements of Fochi (2007), Bastos (2008), Ribeiro (2009) and Leal (2008), that movement is fraught with a potential for transforming realities, in other words, that it has the ability to transform its culture which finds great reception in Brazil and which is partly due to the fact that hip hop culture represent a symbolic place of identity construction, so a space adequate for construction and reaffirmation of social periphery identity.

We believe that hip-hop as culture is able to express their multi-territoriality because it is easily hybridizing with local culture; but it also highlights, in urban areas, hybrid territories. According to Haesbaert (2004, p.344)

‘The existence of what we are calling multi-territoriality, at least in the sense of experiencing several territories at once and, thereafter, formulating a effectively multiple territorialization, is not exactly a novelty, for the simple fact that if the process of territorialization starts from individual level or small groups, all social relations implie a territorial interaction, an interaction of different territories. In some sense, we would have always lived a "multi-territoriality.’

Hip hop and its social networking: peripheral and urban coexistence

The hip hop movement delineates its coexistence through virtual communities that embrace multiple territories in Rio de Janeiro. We emphasize that, virtual social communities establish social ties and build a mutual interaction between individuals that, according to Primo, "gather together from a common sense, and not by mere geographic aggregation” (PRIMO, 1997, p.2).

For Rheingold (1993) “virtual communities are places where people meet, (...) Point of view, along with identity, is one of the great variables in cyberspace”. To Fernback and Thompson (1995), virtual communities consist of ‘social relations formed in cyberspace through repeated contact in a limit or specific location (like an electronic conference) symbolically delineated by topic or interest’ (FERNBACK; THOMPSON, 1995, cited in PRIMO, 1997, p.8).

Indeed, we identify that the hip hop movement has great performance and achieves high visibility through social networking sites and virtual communities such as orkut, blogs, sites, twitter, facebook, myspace and others. This observation is the focus of our analysis, where we seek to understand the actions of those in cyberspace and the overlap in the city.

For Silva and Gonzaga (2009, p.6) the development of communication technologies in space permited the closeness of cultures making their coexistence more palpable. We used here the concept of spaces of coexistence that, according to Augras, "in the space of coexistence, men weave networks that approach and depart them, organizing the world so as to secure reciprocal movementation areas" (AUGRAS, 1981, cited in LOPES, 2009, p.23). In this sense, we view the territory as something dynamic, though their constant movement, rhythm, flow and network and that, according to Haesbaert (2007, p. 281), is endowed with meaning and expressiveness.

Thus, from an exploratory and unstructured research, we found that these virtual social networks are characterized by a feeling of belonging, common sense and strong social interaction. These virtual communities are formalized through an ideological and political discourse, with a strong social commitment and community action. For example, in the blog "Visão da Favela"2 are posted messages of protest and position in relation to society:

‘There is a big difference in living with the money and live for the money. I know many people who devoted a large part of their lives to rap, and these continue to be a reference because we believe that rap is above all a bias to disclose our social problems and our oppressors. The philosophy of our collective will keep believing and working towards the development and clarification of our role in this society of classes, racist, opportunist, toady and friendly to the rich.’ (FIELL, 2007).

The idea of strong ideological character is also broadcasted by DJ Marquinho’s site "Marquinho DJ Black Music"3,

‘Blacks are still the minority when it comes to the executive world. Why? In general, the lack of a quality education, from elementary school through university. But there are progress and affirmative actions quite collaborate to the formation of a black elite.’ (MARQUINHOS, 2009)

‘In the west of the city, in Padre Miguel, in a community called "Ponto Chic", appeared about ten years a group of "cultural resistance" called "Point Chic Charm". It took just one speaker, an exquisite repertoire of black music to the heights to bring together the nostalgic that passed by and stood to remember the good times of the reign of James Brown and his disciples. Not long after it became a major meeting point for the niggers on Sunday, where who liked to listen and dance to good music could come, bring family and friends. It was an initiative of the black brothers Angelo and Eduardo Oliveira that then asked dj's Jorge Sucesso, Beto Barra and Jhony to head the ball. The movement grew (...).’ (MARQUINHOS, 2009)

In this regard, we highlight the performance of virtual social networks of hip-hop as a resistance territory which creates opportunities for coexistence in the city. It may be said that the ideological character of this movement is materialized through protest (Figure 1) and claims the presence of urban periphery as active social actor, not subject to the culture of others, but active in the formation of society.

Figure 01: Flyer for divulgation of the “5th Festival of Black Consciousness” held under the Madureira Viaduct in 2008 that confirmed the nature of black culture claiming and assertation of hip hop movement, and this time took as slogan the phrase uttered by Barack Obama "Yes we can." Source: Particular archives of authors - October 2008.

In other social networking sites like orkut we identified a greater interaction of participants (also classified as members) from the topics in communitys, event announcements, music, videos. The virtual community called GBCR4, originating in the Rocinha slum, sees hip hop as a tool for transforming lives of young people and proposes cultural projects linked to the cultural movement in the community.

From these considerations, we found that most virtual communities work, first of all, as a communication vehicle for divulgation of events, meetings, parties, training courses, workshops among others, and act as multipliers of points of social networks. Blogs are connected by links where one has access to the network of another, as if it were a "big square" – a territory for dissemination and placement of ideas.

The blogVisão da Favela, which is clearly one of these points of the virtual network, which has the "figure" of MC Fiell one of its most active backers, is part of these multi-territory of the experiences lived in cyberspace. In his blog he divulgates messages with political character (Figure 2) and creates an territory of struggle and resistance:

‘Through this space I hope to meet more subversives that attempt intensely to change something in their lives and in those of their fellow... We know that peace and freedom is a great utopia in our country. But we can not sit idly waiting for something from the authorities ... We must do our part to demand our rights, not easily accepting everything that is proposed to us... If we unite and organize ourselves everything can be possible, while it doesn’t happen this only encourages the opposition. Become all knowing that, ‘THE REVOLUTION WILL NOT BE TELEVISED’. ’ (FIELL, 2007)

We detach in the blog Visão da Favela the divulgation of disclosure of "Popular Booklet of Santa Marta: police approach" (Figure 2) which aims to inform the residents on the procedures of police approach and to orient the community about their rights and posture,

‘On Wednesday 24/03/2010 4:30 pm we went to the hill of Santa Marta to distribute the booklet. The popular booklet of Santa Marta on police approach was borned from the needs of community residents to curb excesses and abuses of police action, by asserting their rights. His intention is to strengthen the awareness that the slum dweller should be respected by the government and its agents. The booklet describes the limits of police action and advises residents on how is the best way to act in an approach and in cases of violations of their rights. Come on now get his booklet.’ (FIELL, 2007).

Figure 2: Divulgation of the “Popular Booklet of Santa Marta: police approach”. Source: Particular archives of authors - March 2010.

We observed no further than the experience of multi-territoriality, that according to Haesbaert (2004) includes the reterritorialization via cyberspace through the multiple "ideas" surrounding the symbolism of hip hop. What drives the meeting lies in the identity, much more than in the physical place. The physical space perceived through the multi-territoriality lens of hip hop movement is sprayed in the city space.

The process of visibility of the hip hop movement through the virtual network is spatialized in real space, what we see is the spraying of hip hop in various neighborhoods and municipalities in the metropolitan area (Figure 3).

Figure 3: Map of neighborhoods of Rio de Janeiro where there are parties and events related to hip hop movement. Image source: Google Earth Image (Accessed: April 19, 2010). Data Source: Web sites mentioned in the article.

In figure 4, from virtual networks, were identified events, festivals, workshops and courses that involve the hip hop movement in Rio de Janeiro. This shows the of movement’s coverage that runs through the urban space reaching a diverse range of places that meet on social networking sites when its members deposit there their experiences and impressions of events.

Figure 4: Map of hip hop events in Rio de Janeiro according to event producers. Image source: Google Earth Image (Accessed: April 19, 2010). Data Source: Web sites mentioned in the article.

OuvirFinal Thoughts

We aimed to give visibility to the Hip Hop movement through their social networking sites and their insertion in multiple areas of the city of Rio de Janeiro. By constructing hybrid spatiality, Hip Hop culture coexists in the peripherical urban space and creates new scenarios that go through the real space and overlaps with the virtual.

Virtual communities, blogs, wikis, orkut and twitter prove that cyberspace is considered an increase in social and cultural capital. Understanding this digital interface allows a better understanding of the expansion of new forms of social networks and enlargement of social capital in our society. Thus, hip hop can be considered as a force that promotes and induces, it is the culture itself in action that goes beyond barriers not only physical but also social and cultural.

We attempt to demonstrate how hip hop culture can restore a sense of place as it is affectively experienced and it is able to reaffirm the “liberating nature of the ghettos". Thus, we see the hip hop movement as a resistance territory because it gives visibility to those who live on the peripheries of Rio de Janeiro, but also provides support to individuals in producing their own networks (social and virtual), in a sense that points to the construction of multiple territories that appropriate and reframe, daily, city's public spaces.

In this sense, we observe how virtual social networks fit effectively in divulgation and diffusion of the ideology of the hip hop movement in Brazil, and its reaffirmation in the city by spatializing its history. We remember that, for those who are followers of its system of ideas, this may be one of "last exits" founded possibility as multiplier of the ideology of peace, tolerance and expression of the other-peripheral as a cultural creator.

References

Bastos, P. N., 2008. Ecos de espelhos. Movimento Hip Hop do ABC Paulista: sociabilidade, intervenções, identificações e mediações sociais, culturais, raciais, comunicacionais e políticas.Communication Sciences Master Degree. Universidade de São Paulo.

Canclini, N. G., 2000. Culturas híbridas. São Paulo: Editora Universidade de São Paulo

___________., 2006. Estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo: Editora Universidade de São Paulo.

Coelho, T., 2006. Usos da cultura: políticas de ação cultural. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1986.

___________. Dicionário Crítico de Política Cultural. São Paulo: Iluminuras, 1997.

Deleuze, G. and Guatarri, F., 1995. Mil platôs Volume 1: Capitalismo e esquizofrenia. Rio de Janeiro: Editora 34.

Faria, H., 2003. Políticas Públicas de Cultura e Desenvolvimento Humano nas Cidades. In: BRANT, L., ed. 2003. Políticas Culturais Vol. 1. São Paulo: Editora Manole. p.35-54.

Fiell, R., 2007. Visão da Favela [blog]. Available at: <http://visaodafavelabr.blogspot.com/> [Accessed 20 MAY 2010].

Fochi, M. A. B., 2007. Hip hop brasileiro: tribo urbana ou movimento social? FACOM. Revista de Comunicação da FAAP, v. 17, p. 61-69. Available at: <http://www.faap.br/revista_faap/revista_facom/facom_17/fochi.pdf>. [Accessed 20 AUGUST 2010].

GBCR, 2009. Blog GBCR [blog]. Available at: <http://gbcrh2.blogspot.com/> [Accessed 20 MAY 2010]

Gil, G., 2003. Apresentação. In: Unesco, ed. 2003. Políticas culturais para o desenvolvimento: uma base de dados para a cultura. Brasília: UNESCO Brasil, 2003. p.9-10. Available at: <http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001318/131873por.pdf> [Accessed 21 SEPTEMBER 2008].

Haesbaert, R., 2004. Dos múltiplos territórios à multiterritorialidade, [online]. Available at: <http://w3.msh.univ-tlse2.fr/cdp/documents/CONFERENCE%20Rogerio%20HAESBAERT.pdf> [Accessed 20 JANUARY 2010]

___________, 2004. O mito da desterritorialização: do “fim dos territórios” à multi-territorialidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.

Huet, B., 2001. Espaços públicos, espaços residuais. In: ALMEIDA, M. A. R., ed. 2001. Os Centros das Metrópoles. São Paulo: Editora Terceiro NomE.

Leal, S. J. de M., 2007.Acorda Hip Hop! Despertando um movimento em transformação. Rio de Janeiro: Editora Aeroplano.

Lopes, J. R., 2009. Territorialidades urbanas, desigualdades e espaços de coexistência. In: 28th. International Congress of the Latin American Studies Association. Rio de Janeiro, Brazil, 2009. Available at: <http://lasa.international.pitt.edu/members/congress-papers/lasa2009/files/LopesJoseRogerio.pdf>. [Accessed 20 MAY 2010]

Martins, C. H. S., 2005. Os bailes de charme: espaços de elaboração de identidades juvenis. Ultima década, [magazine], nº 22, p.39-62.

Marquinho, 2009. Blog Marquinho Dj Black Music [blog]. Available at: <http://marquinhodjblackmusic.blogspot.com>. [Accessed: 19 MAY 2010].

Primo, A., 1997. A emergência das comunidades virtuais. 20th. CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO. Santos, Brazil. Available at: <http://www.pesquisando.atraves-da.net/comunidades_virtuais.pdf>. [Accessed 22 MAY 2010].

Rheingold, H., 1993. The Virtual Community: Homesteading on the Electronic Frontier. [online book] Perseus Books. Available at: <http://www.rheingold.com/vc/book/>. [Accessed 28 JULY. 2009]

Ribeiro, C. C. R., 2009. Interação cultural e social do movimento hip hop. Revista Palmares, year 5, p. 48-55. Available at: <http://www.palmares.gov.br/_temp/sites/000/2/download/artigoccrr09.pdf>. [Accessed 20 JANUARY 2010].

Silva, R. H. and Migliano, M., 2005. Redes Culturais em Territórios Urbanos.23rd. Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Rio de Janeiro, Brazil, 2005. Available at: <http://galaxy.intercom.org.br:8180/dspace/bitstream/1904/18423/1/R1702-2.pdf >. [Accessed 20 JANUARY 2010]

Werthein, J., 2003. Introdução.In: UNESCO, ed.2003.Políticas culturais para o desenvolvimento: uma base de dados para a cultura. Brasília: UNESCO Brasil p.9-20. Available at: <http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001318/131873por.pdf>. [Accessed: 21 SEPTEMBER 2008].

Yuka, M., 2007. Prefácio. In: LEAL, S. J. de M., ed. 2007. Acorda Hip Hop! Despertando um movimento em transformação.Rio de Janeiro: Editora Aeroplano, 2007.